Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Fui levada às cegas até a sala de imprensa, a tempo de ouvir meu pai anunciar em krosvi e, depois, em inglês:
— Quero que todos conheçam finalmente minha filha, Dulce Maria Saviñon Markov, a princesa Dulce da Krósvia.
Por pura falta de iniciativa da minha parte, Chris me puxou consigo. Minha aparição na frente dos jornalistas provocou o caos. Todos começaram a falar ao mesmo tempo e flashes brilhantes espocaram diante de mim como se eu fosse a nova sensação de Hollywood.
Sorri timidamente, sem saber o que fazer. Sorte que Andrej segurou meu braço e me fez ficar entre ele e Chris para que os fotógrafos pudessem nos fotografar à vontade. Então, as perguntas recomeçaram, algumas em krosvi, outras em inglês e até em português!
— Dulce, como você se sentiu ao saber que era filha do rei Andrej?
— Dulce, como está sua vida depois de ter recebido essa notícia?
— Dulce, de uma universitária comum a uma princesa. Fale um pouco sobre essa reviravolta.
— Dulce, você pretende ficar definitivamente na Krósvia?
— Dulce, Dulce, Dulce!
Minha cabeça deu uma rodada legal e minhas pernas perderam a rigidez. Gente, eu ia desmaiar na frente daquele mundaréu de jornalistas, em rede nacional — e internacional também —, pagando o maior mico em minha primeira aparição pública. Mas Chris envolveu minha cintura com o braço e apoiou meu corpo no seu, mantendo-me de pé, enquanto Andrej solicitava:
— Amigos, por favor, vamos deixar as perguntas para outra ocasião. Dulce está cansada e ainda não entende o krosvi. Prometo marcar uma coletiva na semana que vem e então vocês poderão perguntar à vontade, certo?
Ouvi inúmeras reclamações, mas senti que, de certa forma, eles estavam satisfeitos. A notícia era quente e eu fiquei parada diante deles por tempo suficiente para que fizessem fotos e mais fotos.
— Só mais uma pergunta! — ouvi alguém gritar. — Dulce, você e o Chris Uckermann são irmãos ou namorados?
***
A água de minha banheira tinha a temperatura ideal, tanto para relaxar meu corpo quanto para aliviar as dores musculares. Do ombro aos dedos do braço direito, tudo latejava de tanto acenar para as pessoas na rua. Meus músculos faciais ficariam uns três dias sem voltar para o lugar, pois eu grudara no rosto um sorriso que não me abandonara ao longo de todo o trajeto pelas ruas de Perla.
Aconteceu também de, a certa altura, eu ficar com enjoo. Sou um pouco intolerante a passeios em veículos automotores que durem mais de meia hora e não atinei que deveria tomar um Dramin antes de me enfiar no conversível que nos levou para cada canto daquela cidade. Mas consegui me segurar e não vomitei, o que teria sido o fundo do poço para mim.
Christopher passou todos os segundos do malfadado desfile praticamente agachado no banco de trás. Até que foi engraçado — e prazeroso — vê-lo vermelho de vergonha por estar naquela situação um tanto quanto constrangedora. Pelo menos, não era só eu que estava pagando mico.
Mas nem tudo foi um martírio. Confesso que quase cheguei às lágrimas mais de uma vez — bem mais, aliás — em diversos momentos:
1. Na sacada do palácio: tive medo de levar uma pedrada ou um tiro de escopeta assim que encarei a população krosviana, a imprensa e os turistas do alto da sacada do Palácio de Perla. Depois do episódio da coletiva com os jornalistas, quando fiquei na maior saia- justa devido à pergunta ordinária que um repórter fez (falo mais sobre isso depois), achei que todo o restante seria um desastre. Portanto, qual não foi minha surpresa ao enxergar a multidão acenando para mim, aos gritos, como se eu fosse uma celebridade das mais amadas! Tinha gente abanando lencinhos e a maioria empunhava com o maior orgulho a bandeira da Krósvia, daquelas feitas de papel e palito de madeira. Não fui apedrejada. Pelo contrário. Recebi sorrisos, lágrimas, beijos enviados ao vento, tudo isso entremeado por um coro arrepiante: “Dul-ce! Dul-ce! Dul-ce!”. Foi lindo e mágico. Mais tarde, vi a cena com olhos de espectadora — baixei um vídeo no Youtube — e a classifiquei como surreal.
2. No centro de Perla: quando o príncipe William da Inglaterra se casou com a plebeia Kate Middleton, eu nem quis ligar a TV para não ser mais uma brasileira a dar ibope a uma história que não era nossa, mas que estava sendo tratada como se fosse. Achei ridícula toda a atenção que a imprensa mundial dispensou ao fato e, deliberadamente, tive um ato de rebeldia. Durante a transmissão, passei o dia estudando e trabalhando, como se nada estivesse acontecendo. Para mim, não estava mesmo. Mas não pude ignorar os flashes que passaram mais tarde no telejornal noturno, nem as fotos que saíram em todos os periódicos do dia seguinte. E pensei que o tchauzinho armado de Kate, enquanto desfilava de carro pelas ruas de Londres, fora, no mínimo, artificial. Mas, coitada, como fui preconceituosa! É difícil ser natural numa situação dessas. Embora as câmeras tendam a focalizar o objeto famoso — no caso, Kate —, por trás delas, há milhares de pessoas com um único objetivo: demonstrar sua aprovação e respeito por aquela que está no veículo. Foi o que eu vi de meu ponto de vista e isso me emocionou de verdade. Não sei se meu tchau saiu artificial ou não, mas garanto que meus sentimentos foram 100% sinceros.
3. No estacionamento do palácio: após duas horas de tchaus e sorrisos, nosso conversível finalmente estacionou nos fundos do palácio. Foi um alívio. Nada se compara ao que senti assim que desci do carro e pisei no chão firme: leveza, sensação de dever cumprido, êxtase. Andrej, Chris e eu fomos recebidos por uma salva de palmas dos funcionários do Palácio de Perla, que entregaram um buquê de rosas para mim. Tive que chorar — de novo.
4. Na sala de estar do Palácio Sorvinski: fui recebida com honras de... bom, de uma princesa ao retornar para casa. Não só por minha querida família brasileira e minha melhor amiga, mas também por tia Marieva e seus filhos, além dos empregados do castelo. Minha mãe e minha avó choravam copiosamente, mas quem me surpreendeu mesmo foi Karenina. Com lágrimas nos olhos, ela me abraçou e disse que me considerava uma filha e que gostaria de me dar um presente muito caro e maravilhoso, mas tudo o que tinha era uma cesta de pães de queijo e mousse de chocolate meio amargo. Derreti.
***
Saí do banho e me enrolei num roupão. O baile para convidados especiais estava marcado para as 9h da noite. Então, eu tinha um tempo só para mim. Se bem que Anahí não tardaria a aparecer, pois só tinha ido tomar um banho também. Minha avó e minha mãe retornaram ao hotel, mas estariam de volta na hora do baile. Adivinha quem ficou de trazê-las? Isso mesmo: Chris.
Conectei-me à Internet e fui à caça de notícias sobre minha cerimônia de apresentação. Nem me dei ao trabalho de procurar os sites de notícias da Krósvia. Entrei direto nos brasileiros, rezando para as coisas estarem na maior calma e que a notícia de que uma brasileira era princesa na Europa fosse só uma brisa.
Ô ilusão! Minha foto estava na primeira página de todos os sites, em vários ângulos e cenários diferentes. As manchetes:
“Rei da Krósvia apresenta filha brasileira” — no terra.com.br
“Princesa brasileira encanta população de país europeu” — no globo.com
“Universitária mineira é filha do rei Andrej Marcov, da Krósvia” — no em.com.br
“Princesa brasileira esbanja simpatia e bom gosto na Krósvia” — na caras.uol.com.br
Bom gosto? Eu? Tive que rir. Mas fiquei realmente muito chocada com a quantidade de matérias sobre mim. Eram tantas que não consegui ler todas. Algumas publicaram até uma minibiografia, revelando informações que passavam longe da realidade, tipo, que eu era muito popular na faculdade e que meu pai me achara com a ajuda de um detetive. Bom, só se o Facebook tivesse mudado de nome.
Fiquei apreensiva ao ver minha mãe na boca da mídia também. Por um lado, era até uma divulgação positiva para o buffet. Em compensação, alguns veículos de comunicação pegaram pesado, referindo-se a ela como se fosse a bruxa má na história da princesa. Sacanagem. Andrej teria que reparar isso.
— Amiga — Anahí disse, entrando em meu quarto —, já recebi um monte de mensagens e ligações do pessoal de BH. Está todo mundo passado!
Segui o exemplo dela e chequei meu celular. Estava entupido de mensagens e ligações perdidas.
— Estou ferrada, não estou? — resmunguei, deixando o computador de lado.
— Dulce, só você para achar isso ruim — ela disse, desaprovando. — Tudo é tão incrível!
— Não se as pessoas ficam inventando coisas a seu respeito e deturpando a história toda! — Virei o computador para que Anahí pudesse tomar conhecimento do que eu havia acabado de ler.
— Sinistro, né? — ela admitiu, depois de um tempo. — Mas sem desespero. Isso tudo é de menos. Achei a cerimônia maravilhosa e você estava linda, serena, simpática, apesar de meio tímida. O povo te adorou e a imprensa foi à loucura. Ou seja, está tudo perfeito. Nada de pânico. Querendo ou não, Dulce, você vai ter que se acostumar com a mídia, aqui ou no Brasil. É melhor lidar com essa sua nova realidade numa boa.
— Eu sei. Não estou reclamando. O Andrej é um pai maravilhoso e tem feito por mim tudo o que está ao alcance dele. Acho que, com o tempo, acabo me acostumando — concordei.
— E aquela pergunta no final da coletiva? — Anahí levantou uma sobrancelha, desviando completamente o assunto. — Você já pensou na resposta?
— Ridículo aquele cara. Onde já se viu soltar uma dessas e sair impunemente? Ele merecia uns bons tapas na cara.
— Não concordo. Acho que ele merecia um troféu pela coragem de fazer aquela pergunta. Dulce, você tinha que ver sua cara. E a do Chris também.
— Fala sério, Anahí! De que lado você está, afinal de contas? Não quero ficar falando do Chris, não quero imaginar coisas a respeito dele e nem quero que você faça isso. Não existe nada entre nós, nem agora, nem nunca. Eu vou voltar para o Brasil e ele vai ficar aqui. Estou enrolada com o Alfonso e o Chris tem a Laika. Sou a filha perdida do rei e o enteado dele não lida bem com isso. Quer mais algum motivo para parar de falar nele ou já basta? — Terminei meu discurso quase gritando.
— Já acabou? — indagou Anahí, nem um pouquinho abalada, verificando concentradíssima as cutículas das mãos. — Pois para mim isso tudo é notícia velha. Você só não quer admitir, mas está caidinha pelo Chris. Pode tentar enganar todo mundo, até você mesma, mas não a mim, queridinha, que te conheço desde sempre.
— Ô Anahí...
— Não, calma aí que é minha vez de falar — cortou ela, ficando de pé na minha frente, com as mãos na cintura. — O Alfonso é um... um... idiota, por falta de adjetivo melhor. Ou pior, tanto faz. Enquanto você está aqui toda comportadinha, bancando a namorada fiel, ele está lá, saçaricando, varando as noites na balada, cada dia com uma companhia diferente. Eu nem ia te contar isso, mas acredito que estou no meu papel de melhor amiga aqui.
— Contar o quê? — indaguei, recostando-me nos travesseiros da cama. — Não estou assustada nem surpresa, se quer saber.
— Mas vai ficar agora, porque uma coisa é o cara ciscar feito galinha no terreiro alheio. — Anahí tomou fôlego. Ou foi coragem? — Outra é dar em cima da melhor amiga da quase- namorada dele. Pronto. Falei.
Abri a boca, depois fechei e a abri de novo. Mas não consegui falar nada por uns bons 15 segundos. Então, era por isso que Anahí sempre travava quando eu perguntava a ela sobre Alfonso. Também, né? Sendo assediada por alguém que deveria manter uma distância respeitosa, era para ela ficar no mínimo sem jeito, mesmo.
— Isso é horrível, Anahí.
— É, sim. Mas não foi culpa minha.
— Claro que não — concordei. Preferi me sentar para digerir melhor a notícia. — Mas não sabia que o Alfonso era um desses caras.
— Eu suspeitei desde o princípio — acrescentou. — Nunca gostei muito dele.
Fiquei tentando encontrar mentalmente sinais de que o cara por quem eu pensara estar apaixonada fosse um mulherengo. Eu devia ter sido muito cega.
— Tudo bem. Na verdade, não estou nem aí. Faz tempo que o Alfonso é meio que uma página virada na minha vida e esse lance horroroso não vai me afetar. Ele que se exploda.
— É isso aí! — Anahí ficou exultante. — Agora, o passo dois é reconhecer para si mesma que está louca pelo Chris. Tenta, Dulce. Você vai se sentir mais leve depois.
— Ha, ha, ha! Muito engraçado — desdenhei. Começava a sentir frio só com o roupão. — Anahí, presta atenção. Se eu estivesse... Preste atenção que eu não estou admitindo nada, só levantando uma hipótese, tá? Caso eu estivesse apaixonada pelo Christopher, se isso fosse verdade, eu seria a garota mais triste do mundo, porque, além de ele ter namorada, a Laika é, digamos, um mulherão, e eu não sou páreo para ela. Além disso, eles estão juntos há bastante tempo e não vejo problemas no paraíso dos dois. Aliás, não vejo nada, porque eu pouco encontro com ela. Então, não queira me juntar com o Chris, porque vai dar merda.
Autor(a): leticialsvondy
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— Laika. Que tipo de nome é esse, pelo amor de Deus? E foi com essa indagação forçada que Anahí resolveu ignorar meus argumentos solenemente. *** O que um vestido de alta costura não faz por uma mulher! De tanto comprar minhas roupas do dia a dia na C&A e na Renner, para mim elas eram o que havia de melhor. Como eu estav ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*