Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Que saudade do anonimato! Ser uma pessoa pública implica privação — e invasão — de privacidade, além de desestruturar uma vida das mais pacatas, como a minha. Comecei a ter ideia da enormidade da situação no dia seguinte à cerimônia de apresentação. Eu bem achando que poderia dar uma volta pelo Centro de Perla com mamãe, vovó e Anahí, como se fosse uma turista feliz, mas Andrej e Irina cortaram meu barato assim que mencionei a possibilidade.
Meu pai perguntou se eu queria ser atropelada pelas câmeras dos jornalistas ou pisoteada pelos curiosos de plantão, que não desgrudavam da entrada do Palácio Sorvinski desde a noite anterior. A guarda do castelo teve que ser reforçada com mais nem sei quantos homens fardados e eu fui terminantemente proibida de sair desacompanhada. Por desacompanhada, entenda-se sem um ou dois guarda-costas truculentos.
Preciso confessar um fato por demais vergonhoso. A gente não deve rir da desgraça alheia, pois há sempre um imenso risco de que ela recaia sobre nós mesmos. É o que está acontecendo comigo. Nunca critiquei tanto uma pessoa como fiz ao ver a Xuxa, numa foto feita por um paparazzo, passeando por um shopping no Rio de Janeiro com seu yorkshire vaporoso e dois armários ambulantes ao lado dela. Pois é. O fato vergonhoso é que agora eu tenho meus próprios armários: Zlafer e Boris.
Resultado dessa medida disparatada: decidi que era melhor ficar em casa, na segurança de quatro paredes, do que sair e ser seguida por duas sombras gigantescas, de terno preto e óculos escuros. Nem se eu me chamasse Stefani Joanne Angelina Germanotta, vulgo Lady Gaga, eu desejaria isso para mim.
Mas, tadinhos, até que Zlafer e Boris eram gente boa. Nunca falavam nada, não me interrompiam jamais. Só ficavam parados, como duas estátuas. O problema eram o tamanho e a envergadura deles. Imaginem aqueles lutadores de MMA, as Artes Marciais Mistas. Então... É bem sinistro.
Sendo assim, em vez de passar dias agradáveis ao lado de mamãe, vovó e Anahí, andando despreocupadamente pelas ruas da capital, tive que me contentar com as imediações do castelo. Ou seja, foi um tédio só, até porque as três puderam aproveitar a liberdade delas, enquanto eu fiquei de castigo dentro de casa.
E tem gente que gosta de ser famosa.
Não demorou nada e minhas três convidadas brasileiras já estavam de partida. Por pouco não entrei em depressão, porque foi muito ruim vê-las indo embora e me deixando para trás.
Quase desejei nunca ter sido encontrada por meu pai. Eu disse quase.
Acabei estabelecendo uma rotina bem caseira: acordar por volta das 9h, levantar às 9h30, tomar café na cozinha com Karenina, caminhar na praia com Bruce, dar um mergulho e pegar um pouco de sol — quando o tempo ajudava, porque, como já disse, estávamos no outono —, voltar para casa, tomar um banho, almoçar com Irina e, às vezes, com Andrej, me enfiar na biblioteca e passar as demais horas do dia entocada, vivendo a vida através dos livros.
Havia dias um pouco diferentes. Eram aqueles em que eu me arriscava a cozinhar um pouco com Karenina. Da última vez, ensinei-a a fazer brigadeiro. Acredita que ela não conhecia esse doce tão popular no Brasil?
Eu ainda estava devendo a feijoada para tia Marieva. Mas nossas agendas — quero dizer, a dela, a de meu pai e a de Marcus — cismavam em não combinar.
Pelo menos eu recebia algumas visitas, especialmente de meus primos com cara de anjo — só cara mesmo. Mas a companhia deles era deliciosa. A gente se divertia horrores fazendo brincadeiras pelos incontáveis aposentos do castelo. Eu nem sabia que gostava tanto de crianças.
Outro dia, Giovana me fez passar horas debaixo de uma cabana improvisada, feita com lençóis e pregadores de roupa, lendo para ela um livro com apenas a luz de uma lanterna. Acabei dormindo sem terminar a história. Já Luce gostava de conversar e fazer perguntas, algumas um tanto constrangedoras, como querer saber com quantos anos dei meu primeiro beijo e em quem foi. Menti dizendo que foi aos 15 anos, mas, na verdade, meu primeiro beijo rolou aos 13, com um colega de escola chamado Vítor Fonseca. Detestei, principalmente porque Vítor usava aparelho e eu fiquei com um pouco de nojo, com medo de ter algum resto de comida agarrado nele. Eu sei. É nojento da minha parte, mas foi esse meu pensamento na hora. Fazer o quê?
Agora, Luka era um caso à parte. Ele era esperto, agitado, inteligente. Era necessária muita energia para acompanhar as peripécias do garoto. Até o Bruce se rendeu numa dessas ocasiões e desistiu de nos acompanhar numa ida à praia. Claro. O menino não deu sossego para o pobre cachorro.
No fim de dias como esses, era gostoso contar com a companhia de tia Marieva. Era sempre ela quem buscava os meninos e aproveitávamos esse tempo para nos conhecer melhor. Ela era tão jovem e engajada! Eu adorava ouvir suas histórias, principalmente sobre as meninas do orfanato onde ela trabalhava como voluntária.
— Você podia ir lá conhecer, Dulce — ela me convidou, enquanto tomávamos um maravilhoso café da tarde no terraço.
As crianças perambulavam por perto e, de vez em quando, beliscavam alguma coisa.
— Jura? Nossa, tia, eu adoraria! Não aguento mais ficar presa aqui, com aqueles dois trogloditas atrás de mim. Uma visita ao orfanato seria maravilhosa.
— Então, a gente pode combinar isso direito. É claro que preciso falar com seu pai e ajeitar tudo, de modo que você não corra riscos — disse ela, prevenida. — E podemos fazer isso quanto antes. As meninas gostam tanto de visitantes, especialmente de moças bonitas como você. E famosas. Pensa que elas não sabem?
Sorri. Mas estava com dor na consciência. Tia Marieva estava ali, toda solidária e dedicada, mesmo cheia de trabalhos e compromissos profissionais e pessoais. Eu sempre fui meio indiferente, não daquelas que chutam mendigos na praça, mas entre participar de ações solidárias e dar dinheiro, normalmente optava pela segunda alternativa. Conhecer o orfanato feminino poderia significar um recomeço.
— Eu topo! Mas acho melhor você falar com o Andrej. Ele anda muito protetor ultimamente.
— Com razão, não é?
E foi assim que nasceu minha nova missão. Do nada, eu deixei de ser expectadora para me tornar gente que faz. Ou que tenta, pelo menos.
Meu pai achou a ideia excelente. Encaixava-se direitinho com o futuro que ele almejava para mim: eu definitivamente instalada na Krósvia, realizando atividades condizentes com o papel de princesa, sendo sua representante na comunidade. Através de seus sonhos, eu me via vestida com um tailleur cor de pérola e coque no cabelo, quase uma Lady Di, com uma única diferença: o comprimento dos cabelos. Ah não, duas: não existia um príncipe em minha vida.
Mas Andrej quis articular tudinho do jeito dele. Quem disse que ele não poderia se tornar um pai impositivo? Foi assim:
1º: Nada de chamar atenção. A visita não seria divulgada para não alarmar a imprensa, e todos os envolvidos — inclusive as freiras do orfanato — deveriam manter a máxima discrição. Credo, pai, duvidar de irmãs de caridade? Essa foi demais.
2º: Jorgensen não seria o motorista da rodada, porque já estava ficando visado. Tia Marieva também não poderia me apanhar no castelo, pois pareceria suspeito. Achei essa lógica um pouco estranha. Tia Marieva ia muito ao palácio. Sua presença não levantaria suspeitas. Mas, enfim...
3º: Chris me levaria, mas não na BMW S1000RR, por razões que nem vou me dar o trabalho de explicar. O fato de ele ser figurinha constante no castelo lhe dava a invisibilidade necessária para não chamar atenção. Portanto ele, eu e vidros fumês éramos a equação perfeita.
Pena que, na prática, a continha maluca de meu pai tivesse um denominador fora do lugar.
No dia marcado para a visita ao Lar Irmã Celeste — sim, Celeste; a freira que dera nome ao orfanato não era krosviana —, Christopher apareceu de carro. Não entendo muito de marcas, mas sei reconhecer uma bela máquina. Chris surgiu num Audi R8 (li o nome na traseira) prateado, com óculos escuros Ray Ban no rosto e uma Laika muito empertigada no banco do carona. Quase não acreditei no que meus olhos estavam enxergando. Desejei nunca ter combinado nada com tia Marieva.
Respirei fundo umas cinco vezes para não perder meu autocontrole. Já era difícil ter consciência de que Nome de Cachorro vivia no mesmo planeta que eu, imagine dividir espaço com ela num carro apertado por quase duas horas (só de ida), sem mencionar o tempo que passaríamos no orfanato. Eu não merecia aquele castigo. Em quem eu deveria colocar a culpa por aquela mocreia estar estragando meu dia? Em Chris, no destino, em Deus?
Que saco!
Christopher saiu do carro e deu um sorriso torto. Fiquei sem ar ao vê-lo de jeans preto surrado, camiseta preta de malha, casaco de couro — preto — e botas de combate — adivinhem a cor? Aquilo não era um homem. Estava mais perto de um deus grego, ou que tal um galã de cinema meio bad boy, tipo Josh Hartnett. Hum...
Nossos olhares se encontraram de um modo caloroso e, mesmo que as lentes dos óculos estivessem bloqueando a visão dos olhos dele, pude sentir a atração.
— O que é isso? — ele perguntou, desviando o olhar para o pacote que eu levava nos braços.
Custei a raciocinar e entender a que ele havia se referido. Dei pela coisa uns bons segundos depois da pergunta.
— Brigadeiro — esclareci sucintamente. — Estou levando para as meninas do orfanato.
Chris fungou em cima do embrulho para sentir melhor o aroma do doce. Mas foi o cheiro dele que prevaleceu. Para mim, pelo menos.
— Hummm... Parece bom — observou. — Posso provar?
E, antes que eu respondesse, ele já estava enfiando a mão no embrulho. Sem pensar, dei um tapa nela, como as mães fazem com as crianças gulosas que não conseguem esperar a hora dos parabéns para comer as guloseimas.
Acho que minha atitude irritou Laika profundamente, pois ela abriu a porta do carro e saiu de lá pisando duro.
— Ei, amor, anda logo! esqueceu que não temos o dia todo?
millamorais_: Beijo? não sei, sinto que vai demorar um pouco, esse dois são tão cabeça dura ¬¬'. Sim ela é isso e mt mais!!
GiovannaPuentePortillaherrera: Que bom que está gostando gatenha fico muito feliz. Postado!!
Ana Clara: Oi gatenha!! Fico muito feliz que goste das fics *-*. Eu vou postar o outro livro dessa série(só não sei se vai ser no mesmo link)., só não postei dos outros pqrealmente eram livros únicos, não tinham continuação.
Gatenhas desculpa não ter postado ontem, é poeque eu fiquei sem net(essa p/orra vive caindo ¬¬'). Por não ter postado ontem, dois capitulos hj. O que era pra ter sido postado ontem e o de hj.
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*