Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
ANAHÍ: — Você vai o quê, Dulce?
EU: — Você escutou, Anahí. Ouviu muito bem, por sinal.
ANAHÍ: — Sim, mas queria confirmar se ouvi direito mesmo. Então, quer dizer que vai trabalhar com crianças órfãs?
EU (corrigindo): — Meninas.
ANAHÍ: — Como?
EU (arrancando um generoso pedaço de uma maçã verde): — Vou trabalhar com meninas órfãs, Anahí. Elas vão passar duas tardes comigo durante a semana e eu vou ler para elas, contar histórias. Já separei um monte de livros para começar. Lembra quando lemos A Droga da Obediência na escola? Pois então. Resolvi começar por ele e vou traduzi-lo para o inglês enquanto leio. Legal, né?
ANAHÍ: — Dá para parar de mastigar enquanto fala, ô sem noção?
EU: — Credo! Que estresse é esse, hein?
ANAHÍ: — Um cara chamado Alfonso. Conhece?
EU (engolindo a maçã depressa): — O que o imbecil fez dessa vez? Deu em cima da minha mãe ou, pior, da vovó Nair? — Não segurei o riso.
ANAHÍ: — Nada disso. Ele continua atrás de mim, fica me enchendo o saco, dizendo que você o dispensou e que não tem nada de mais a gente ficar.
EU: — Não foi bem uma dispensa, mas ele realmente sumiu. Para mim, foi ótimo. Agora, se você achar que não tem nada a ver...
ANAHÍ (com o tom de voz aumentando uns decibéis): — Cala a boca, Dulce! Eu não quero nada com aquele safado, cara de pau, ridículo. Você fica aí bancando a descolada, mas é porque não tem que aguentar o que eu tenho aguentado. Ele me liga quase todos os dias e fica no maior xaveco. Deve ser para eu te contar e fazer ciúmes em você.
EU: — Ou não. Vai ver que o Alfonso está mesmo a fim de você. Olha, Anahí, por mim, tudo bem. Sério mesmo. Eu não sinto mais nada por ele e não vou ficar chateada caso você resolva ter algo com ele, tá legal?
ANAHÍ (descontrolada): — Ô Dulce Maria, tem nexo isso que você está dizendo? Esse Alfonso é um mentiroso, um enrolador que não sabe manter a palavra. Disse que ia esperar por você, mas na primeira oportunidade caiu em tentação. E, quer saber, não sou eu quem devia estar dizendo isso, mas você mesma. Que ideia é essa de ficar empurrando o sacripantas para cima de mim, hein?
EU (com lágrimas de riso): — Sacripantas? Quem te ensinou essa palavra, hein? Seu bisavô?
ANAHÍ: — Se você mencionar o nome do Alfonso outra vez, vou desligar, Dulce. E também vou ficar sem te atender por um bom tempo.
EU: — Ei, tudo bem. Parei, viu?
ANAHÍ (mais calma): — Ótimo. Agora, me explica direito esse lance com a creche.
EU: — Não é creche, Anahí, é orfanato. Vou trabalhar como voluntária, porque fiquei realmente comovida com as meninas e suas histórias de vida. Já que eu só como, leio e durmo aqui na Krósvia, fazer algo produtivo vai ser, no mínimo, uma distração.
ANAHÍ: — E como pretende despistar os paparazzi?
EU: — Não vou sair de casa. As meninas vêm me encontrar aqui.
ANAHÍ: — Aposto que essa revolução tem um dedo do gostosão. Pode confessar.
EU: — Nem uma unha, se quer saber.
ANAHÍ: — Talvez seja uma forma de você se mostrar como uma pessoa altruísta e, consequentemente, subir no conceito dele.
EU (indignada): — Se fosse essa a minha intenção, eu seria uma fútil.
ANAHÍ: — Pelo visto, continua resistindo, né? Nada de admitir que gosta do Chris.
Até que eu já tinha assumido, mas só para mim. Desabafar com Anahí pelo telefone, mesmo ela sendo minha melhor amiga, não estava em meus planos.
EU: — É verdade. Não tem admissão. E vamos parar por aqui, certo? Principalmente porque a conta de telefone vai chegar mordendo o bolso do meu pai.
ANAHÍ (rindo de alívio): — Antes o dele do que o meu.
Na faculdade, durante as aulas do curso de Direito, eu aprendi que todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário. Mas, observando os rostinhos embevecidos das garotas do Lar Irmã Celeste, pus-me a questionar que tipo de ser humano é capaz de abandonar seus filhos. Sim, porque penso que existem pouquíssimas justificativas, ou melhor, só uma: a morte dos pais e a total falta de parentes próximos. Qualquer outro motivo não cola.
Elas chegaram ao castelo numa van. Vestiam o uniforme do orfanato — camisa branca, saia azul-marinho plissada, na altura do joelho, casaco da mesma cor, meias brancas e sapatos pretos. Nas costas, todas carregavam uma mochilinha.
Eram apenas dez garotas, com idades entre 6 e 10 anos. Na última hora, eu disse a tia Marieva que não precisava vir com elas. Se eu não fosse capaz de dar conta sozinha de algumas poucas crianças, como lidaria com audiências no fórum no futuro?
Fiquei um dia inteiro por conta dos preparativos. Organizei a biblioteca de modo que parecesse mais aconchegante. Irina me ajudou a escolher umas almofadas bem coloridas e fofas, que deram um ar infantil à sala.
Separei vários títulos interessantes, mas deixei o livro de Pedro Bandeira, A Droga da Obediência, meu predileto na pré-adolescência, na frente de todos. Não que eu seja bairrista nem nada — ou só um pouco. Mas que mal tem priorizar meu país, o de nascimento mesmo?
Karenina preparou um banquete digno de chefes de Estado. Caprichou num cardápio condizente com o gosto das crianças e abusou de doces e guloseimas com zero teor de nutrientes.
Por tudo isso, meu coração só faltava transbordar no peito de tanta agitação. Eu queria que as meninas gostassem de passar o dia comigo, queria que elas se divertissem e ficassem à vontade.
Portanto, desci a escadaria da entrada do castelo parecendo um filhotinho de cachorro, ou seja, só faltei balançar o rabinho — caso tivesse um, é claro.
— Olá! — disse num tom alegre — Que bom que vocês chegaram!
As garotas sorriram timidamente, menos uma, que se manteve séria e deu um passo à frente. Logo deduzi que deveria ser uma espécie de líder, a que tinha a responsabilidade de falar pelas outras.
— Bom dia, princesa Dulce. Em nome de todas nós, eu gostaria de agradecer pelo convite — disse a menina, mais parecendo uma funcionária de telemarketing do que uma criança.
— Bom dia, minha linda. E me chame só de Dulce — pedi. — É mais fácil. Também gostaria de saber o nome de vocês. Mas vamos combinar uma coisa? Cada uma diz o seu. Legal assim?
Como se tivessem combinado, as meninas esperaram a líder falar primeiro.
— Eu sou Sofja. A Irmã Sonja pediu para eu tomar conta das outras. É que eu já tenho 10 anos e sou a mais velha do grupo.
— Que ótimo, Sofja! É uma responsabilidade muito grande. Parabéns.
Ela esboçou uma risada, deliciando-se com o elogio.
— Meu nome é Ekaterina — anunciou uma delas, talvez a menor de todas, com o peito estufado. — E meu aniversário está chegando. Vou fazer 7 anos no dia 8 de novembro. Vai ter bolo.
— Nossa, isso é maravilhoso! — exclamei, dando-lhe minha total atenção. Já vi que criança gosta disso. — Espero ser convidada, combinado?
— Hum-hum.
Em seguida, uma a uma, todas foram se pronunciando, não apenas revelando os nomes — alguns megadifíceis de pronunciar —, mas também complementando as apresentações com pequenos comentários sobre assuntos diversos. Achei tão divertido...
— Princesa Dulce, a Irmã Catja pediu que entregássemos isto para você. — Sofja retirou da mochila um embrulho impecável, feito com papel azul-piscina e fita amarela.
Peguei o pacote de suas mãos e, com cuidado, retirei a fita adesiva que prendia as laterais do papel. Lá dentro, havia uma toalha de banho branca, com meu nome bordado em ponto cruz numa das extremidades e uma tira de renda ornamentando uma das pontas.
— Que linda! — Fiquei emocionada com o gesto carinhoso.
— Foi a Sofja que bordou — alguém contou.
— Menina, como você é prendada! — elogiei. — Eu realmente adorei.
Fiz um sinal para que elas me acompanhassem e segui ao lado das garotas em direção ao interior do castelo.
Nenhuma delas conseguiu segurar os “ahs” e “ohs”. É a reação natural de todo mundo que entra pela primeira vez num castelo de verdade, digo, com moradores ainda vivos, se é que me entendem.
Deixei que as garotas perguntassem o que quisessem e admirassem tudo. Até mesmo eu ainda me impressionava com tanta ostentação e suntuosidade. Teríamos o dia inteiro para ler histórias e, se elas achassem mais interessante ficar perambulando pelo palácio, eu não me oporia.
— Nós podemos ir à praia? — indagou uma delas, Karol, eu acho.
— Karol! — Sofja puxou-a pela camisa e fechou a cara para ela. Ela devia ter recebido mil vezes a recomendação de não permitir que as colegas perdessem o controle.
Mas a pequena Karol não se intimidou.
— Nós trouxemos maiô. Colocamos na mochila, escondidos da Irmã Sonja. — Ela me olhou com a carinha mais fofa do universo, dessas que fazem gelo derreter. — Por favor...
Realmente, eu havia planejado de tudo, menos levar as garotas à praia. Em primeiro lugar, não queria me arriscar caso algumas — ou todas — não soubessem nadar e acabassem se afogando. Depois, estava fazendo frio. E não há nada neste mundo que eu deteste mais do que água gelada em minhas costas.
Autor(a): leticialsvondy
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— Bom, podemos combinar o seguinte... — disse, tentando ganhar tempo para elaborar uma ideia brilhante. — A gente vai à biblioteca primeiro. Quando nos cansarmos de ler, fazemos um piquenique na praia, mas sem usar roupa de banho por enquanto. Legal assim? Minha proposta foi aceita com entusiasmo. Para quem não vivia rodeada por crianç ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*