Fanfics Brasil - 12 - O Pescador de Corações (PARTE 3) Simplesmente Dulce(adaptada)

Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: 12 - O Pescador de Corações (PARTE 3)

752 visualizações Denunciar


Ele aproveitou o percurso para contar a história do pirata Barba Longa para as garotas e elas ficaram tão ou mais impressionadas do que eu. Pena que Christopher não havia levado a moeda antiga para dar um susto nelas, como havia feito comigo.


Sentada numa pedra, meio longe de todo mundo, como boa observadora que sou, fiquei analisando a situação, tentando ser a mais imparcial possível. Chris era mesmo um cara diferente. Além de todas as características que já contei e repeti não sei quantas vezes, ele também sabia lidar com crianças. Na maior paciência, ele ensinou como segurar a vara e lançar o anzol até mesmo para as menores. Quando uma delas errava, Christopher a encorajava a tentar de novo. Ele evitava falar em krosvi para não me excluir, mas a afinidade que criou com as meninas levou-o a acabar se comunicando na língua materna deles, um ato inconsciente.


Tanta observação me deu sono. Eu acabei deitada sobre a pedra e nem vi quando cochilei. Só sei que tudo começou a perder o foco e as vozes foram ficando abafadas e distantes. Fui sugada por Morfeu.


— Você não vai se aproveitar de mim.


Os pingos de água fria e aquela voz de general me libertaram de meu sonho recorrente. Já me disseram que podemos sonhar uma história inteira durante um sono de 30 segundos. E foi justamente isso o que aconteceu comigo. Nem bem fechei os olhos, todo aquele drama de vestido amarelo, ventania, cabelos revoltos e olhares perdidos passou como um filme em minha cabeça. Esse enredo ainda era um mistério para mim.


— O quê? — ofeguei, assustada.


— Pensa que vai ficar numa boa, dormindo por aí, enquanto tomo conta de todas as meninas?


— As meninas? — Meu susto se elevou ao cubo. — O que houve?


Com um pulo, já estava de pé.


Chris começou a rir de um jeito gostoso, relaxado. Então, esticou o braço e tirou uma mecha de cabelo de meu rosto, ajeitando-a atrás da orelha. A sensação foi a mesma de ter sido eletrocutada numa cadeira elétrica.


— Calma, estou brincando. Não aconteceu nada. As meninas continuam bem ali. — Ele apontou para elas, mas continuou olhando diretamente em meus olhos. Temi que eles revelassem meu segredo mais bem guardado.


— Está na hora de voltar?


— Não. Está na hora de você tentar.


Não entendi, de verdade. Tentar o quê, minha mãe? Falar krosvi? Pilotar a moto dele?


Beijá-lo?


Chris pegou minha mão e me puxou consigo.


— Você agora vai pescar.


Retirei a mão e empaquei.


— Não. De jeito nenhum. Não tenho vocação para torturadora de animais. Já é bem difícil para mim ver vocês fazerem isso.


— Dulce, não estamos torturando nada. É só uma pescaria. Vem. Eu te ajudo.


Com a mão mais uma vez capturada, deixei Chris me arrastar até a beirada do lago. Olhei para as garotas com cara de “socorro”, mas elas só riram de mim e nenhuma tomou meu partido. Traidoras.


— Chris, é sério, me deixe fora dessa. Além de dó, eu tenho nojo de peixe, morto ou vivo.


Ele nem ligou. Limitou-se a me repassar as regras básicas, fazendo os gestos certos de modo que eu o imitasse.


— Pensei que bastasse lançar a isca na água e esperar o peixe fisgar, se fisgar — comentei, esforçando-me para copiar o que Chris fazia. — Em Minas Gerais, o estado onde moro, as pessoas têm o costume de ir a pesque-pagues. Geralmente, são sítios ou chácaras com lagoas e a gente tem que pagar para pescar. Se quiser, pode levar o peixe pescado para casa ou devolvê-lo à água.


— E o que isso tem de emocionante? — Christopher questionou.


— Absolutamente nada. — Eu ri. — É isso o que estou tentando dizer.


— Não, senhora. Deve ser chato pescar peixes confinados, mas esse não é nosso caso.


Olhei para o lago.


— Não?


— Dulce, esse lago é formado pelo mar. Se você mergulhar nele, vai enxergar por onde a água do oceano entra.


— Sério?! — exclamei. — Que bacana!


Chris balançou a cabeça, me desaprovando como se eu fosse uma tapada de carteirinha. E eu devia ser mesmo, porque a linha de meu anzol não ficava reta nem por decreto, enquanto a dele estava esticadinha.


— Dulce, você precisa fazer o movimento certo com os braços.


— Eu estou fazendo.


— Não está, não. Precisa fazer assim.


Em questão de milésimos de segundo, Christopher largou seu anzol no chão e passou por trás de mim. Antes que eu tivesse tempo de raciocinar sobre o que acontecia ali, ele encostou o corpo no meu e fechou sua mão direita sobre a minha. Meu corpo inteiro se enrijeceu com o contato e eu perdi a noção do que estava fazendo.


— Levante o braço até aqui.


Com a boca a centímetros de minha orelha, seu comando soou como um mantra inebriante. Tive que lutar para não fechar os olhos e deixar meu corpo se recostar no dele. De repente, eu me tornei ultrassensível. Podia sentir todos os músculos dele e também as batidas de seu coração, além do odor masculino que exalava. Tortura pura e lenta.


— Depois, lance a linha desse jeito.


Que linha? E eu lá ligava para aqueles movimentos de pesca idiotas? Se bem que era por causa deles que Christopher estava grudado em mim. Acho que vou amar pescarias para sempre.


Agora, sua barba por fazer fazia cócegas em minha nuca. E todas as partes de meu torturado corpo começaram a dar sinal de vida. Fui ficando lânguida e muito empolgada, a ponto de quase perder a rigidez nas pernas e cair de cara no lago.


Será que Christopher tinha ideia do que estava fazendo comigo? Já não era fácil quando não havia aproximação entre nós...


Mas ele não se afastou. Parecia tão entusiasmado como eu, preso naquele joguinho safado de sedução. Mais antigo e barato, impossível.


— Não deu certo — sussurrei, quase inaudível.


— Não. Vamos tentar de novo. — Com uma voz rouca, Christopher pronunciou pausadamente cada uma daquelas palavras, prolongando ao máximo aquele momento.


Só que, em vez de explicar os movimentos novamente, ele fez com que meus dedos abrissem e soltassem o anzol, que caiu no chão de qualquer jeito. Acariciou minha nuca com o nariz, abrindo espaço entre meus cabelos soltos, enquanto subia as mãos lentamente por meus braços, só deixando-os para segurar minha cintura.


A respiração dele se tornou mais difícil e pesada e dessa vez eu fechei os olhos para potencializar a sensação de seu toque. Apesar de minha pele estar quase toda coberta pelas roupas, sentia meu corpo queimar onde Chris tocava. Eu estava prestes a entrar em combustão na frente das dez meninas do Lar Irmã Celeste. Se aquilo não era loucura, não sei mais o que seria. Mesmo assim, eu só queria estar ali e em mais nenhum outro lugar no mundo.


E pelo jeito Chris queria o mesmo. Não havia dúvidas. Ele estava se aproveitando de mim, mas de uma forma boa. Seu nariz manteve o movimento através de meus cabelos, o que me deixou toda arrepiada.


Já fora beijada antes, é claro, muitas vezes até — ok, não tanto. Mas nenhum dos beijos que recebera chegou a ser tão excitante e sedutor quanto o toque sutil de Christopher. A frase “subindo pelas paredes” tinha acabado de ganhar uma nova versão.


— Dulce — ele sussurrou em meu ouvido, roçando os lábios em minha orelha, tão de leve que eu poderia ter apenas imaginado. — Eu...


— Ai, pesquei um! — alguém gritou.


Justamente na hora que as coisas estavam ficando quentes, muito quentes mesmo. Entretanto, elas ficaram frias num piscar de olhos, pois o susto fez Chris se deslocar para trás numa rapidez... Sobraram apenas o vácuo e uma sensação estranha de vazio. Meu corpo queria o dele de volta.


Só fui capaz de perceber de onde e por que o grito havia surgido quando meu cérebro tomou as rédeas da situação. Assim que voltei a pensar racionalmente, enxerguei Karol esforçando-se para puxar da água um peixe muito bem fisgado.


Como se nada tivesse acontecido momentos antes, Chris agiu como herói, dando a força necessária para que a menina conseguisse fazer o peixe emergir. E, com a ajuda dele, isso não demorou a acontecer. Em poucos segundos, o animal surgiu chacoalhando-se todo, lutando pela vida prestes a ir embora.


As garotas comemoraram com palmas. Estavam maravilhadas com o resultado da atividade que entrara na agenda do dia de maneira inusitada e tornara-se a sensação do passeio. Mesmo não tendo sido ideia minha, a pescaria completou a felicidade delas e só por isso eu já era grata a Christopher.


Por outro lado, meu corpo ainda tentava processar o fato de Chris e eu termos nos deixado levar pelo impulso, o que poderia ter tomado proporções medonhas caso tivéssemos sido flagrados pelas meninas. E eu não me perdoava por ter sido tão descuidada e tão óbvia. Minha aceitação às suas carícias pode ter revelado a ele o que eu sinto. Como eu sabia que o sentimento não era compartilhado — se fosse, ele não estaria com Nome de Cachorro —, tudo o que eu podia fazer era, além de lamentar, fingir que estava tranquila em relação ao fato. Se Chris quisesse se explicar e pedir desculpas, eu daria de ombros e perguntaria: “Está se desculpando por quê?”.


Eu não aguentaria ouvi-lo dizer que nosso esfrega-esfrega havia sido um erro e que não se repetiria mais, nem que ele tinha sido levado pelo calor do momento etc. Preferia seu silêncio a seu remorso.


— Dulce, venha ver o peixe que eu pesquei!


A vozinha excitada da pequena Karol me tirou de minha autorreflexão. Olhei para ela com um sorriso amarelo para disfarçar a angústia. Ignorei Chris deliberadamente.


— Puxa, que peixão! — E, realmente, era um dos grandes. — O que quer fazer com ele? Devolver para o lago ou levar para a Karenina preparar um assado?


Não sei de onde tirei tanta tranquilidade para falar sem gaguejar. Acho que foi o receio de me expor ainda mais.


— Posso mesmo ficar com ele? — Karol indagou, com uma súplica muito mal encoberta. — Queria tirar uma foto para mostrar para minhas amigas que não vieram hoje.


— Se o problema é esse, então está resolvido — Chris disse, muito à vontade por sinal. — Estou com meu celular e ele tem uma câmera excelente.


— Então eu quero uma foto que nem as dos pescadores de verdade!


Segurando o peixe pela cauda, Karol posou para a máquina. Enquanto eu torcia o nariz de nojo do bicho, ela e as outras meninas se divertiram, encorajadas por um Chris alegre e despreocupado. Por fim, acabei me rendendo e me juntei ao grupo para uma foto coletiva. Só não consegui encarar a câmera. Como poderia sorrir para o fotógrafo se eu mal conseguia olhar para ele?






Compartilhe este capítulo:

Autor(a): leticialsvondy

Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Ai. Meu. Deus! Eu queria sumir! Mas primeiro queria matar Christopher. Juro mato esse cara! Não fosse por ele, não estaríamos nessa enrascada internacional. Como eu sairia dessa agora? Eu deveria ter ficado no castelo com as meninas e só saído para ir à praia particular. Mas não. Tinha que ter dado ouvidos a Chris. Por que n ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 28



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59

    Eu posso morder esse rapaz *--*

  • millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25

    Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk

  • Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43

    Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3

  • Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23

    Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*

  • GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04

    A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando

  • Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10

    Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3

  • GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17

    Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua

  • millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25

    Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*

  • Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11

    Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*

  • Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56

    OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais