Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Karenina avisou que ia entrar, mas eu continuei do lado de fora do chalé. Queria absorver tudo antes de ver o que me esperava lá dentro. Andei pela areia procurando sinais do passado, colocando-me no lugar de Catarina. Eu teria enlouquecido em meu primeiro mês ali. Como ela conseguira sobreviver por anos?
Um trovão barulhento me deu o maior susto e entrei correndo pela porta do chalé. Lamentei não ter levado minha máquina fotográfica, pois o que avistei era digno de ser fotografado. Eu fora transportada para dentro de um livro de história. Que lugar precioso!
Boquiaberta, passei os olhos lentamente pelos móveis e objetos de decoração da sala. Havia de tudo, desde um conjunto de sofás de veludo verde-esmeralda com espaldar de madeira negra até uma estante repleta de bibelôs antigos, raridades, talvez. O piso de madeira exibia lindos tapetes orientais. Só não me perguntem como ainda estavam ali depois de tantos anos. Meu bisavô Miroslav quisera punir sua jovem esposa privando-a de companhia, mas não poupara nada em conforto e ostentação. Mas garanto que ela teria trocado tudo por um casebre de palha se pudesse ter pessoas queridas a seu redor.
De vez em quando, minha atenção voltava para as mulheres que trabalhavam na limpeza dos cômodos do chalé. Mas eu apenas as ouvia. Não apareciam em meu campo de visão.
Continuei examinando os ambientes, ora chocada com a solidão que exalava de cada recanto, ora maravilhada com as relíquias existentes ali. Até a cozinha era peculiar, com seu fogão de ferro fundido e pia de porcelana branca, além da pequena mesa de dois lugares, tão lustrosa que parecia nova.
Corri os dedos na superfície de quase tudo que encontrei, como se meu toque pudesse captar o que Catarina sentira no passado. Posso garantir que tive a nítida impressão de que ela estava me mandando alguma mensagem do além, pois de uma hora para a outra pude perceber que meu sofrimento por Christopher era ínfimo perto do que minha ancestral devia ter passado.
O quarto dela se revelou o cômodo mais mágico do chalé. Ao colocar meus pés lá dentro, dei de cara com uma cama de casal com dossel, forrada por uma colcha de renda branca e almofadas de cetim rosa-chá. Duas das paredes eram cobertas por estantes de livros, ainda conservados ali. De lá, eu não escutava mais as mulheres trabalhando na limpeza.
Aposto que Catarina passava horas olhando-se no espelho da penteadeira instalada de frente para a cama e cheia de frascos de perfumes e cosméticos sobre o tampo de mármore. Minha nossa! Tudo parecia estar do jeito que ela deixara. Inacreditável.
De repente, um pensamento me passou pela cabeça. Será que... Puxei depressa as portas do armário e comprovei minha hipótese. Sim. Lá estavam os vestidos de Catarina, um a um, pendurados com esmero e precisão. Minhas mãos voaram até eles, não resistindo ao desejo de sentir a textura daqueles tecidos tão antigos, sobreviventes de uma época trágica.
No meio de todos eles, um em especial me chamou a atenção. Puxei-o do cabide com cuidado para não rasgar, afinal, quantos anos poderia ter? Tudo me levava a crer que se tratava de um traje de gala. Mas não foi esse detalhe que despertou minha curiosidade. Acontece que o vestido em questão era amarelo-ouro, tomara que caia, idêntico ao que aparecia em meu sonho recorrente. Coloquei-o na frente do corpo e me olhei no espelho. O reflexo era meu eu daquele sonho inexplicável. Eu tremi.
De volta ao armário, preparei-me para recolocar o vestido no lugar e respirei aliviada quando escutei passos atrás de mim. Não me virei para ver quem era, certa de que só poderia ser Karenina. Então, quis saber, sem olhar para trás:
— Por que tudo isso foi mantido aqui durante esses anos todos, Kare? — questionei, ajeitando o vestido no cabide. — É meio sinistro, não acha?
Silêncio.
A vida inteira eu duvidara da existência de fantasmas, mas, naquele instante, com minha adrenalina correndo solta nas veias, cogitei sair correndo e gritando de pavor pelo que poderia estar plantado atrás de mim.
— Totalmente sinistro.
Três coisas aconteceram assim que essa frase foi pronunciada:
1. Meu coração deu um salto mortal dentro do peito.
2. O vestido amarelo-ouro escorregou de minhas mãos e se espalhou pelo chão, bem a meus pés.
3. Eu me virei bruscamente e encontrei um par de olhos verdes transbordando um monte de sentimentos, todos por mim.
Minto. Foram quatro coisas. Também perdi a voz.
— Também me pergunto por que este chalé permanece intacto, principalmente por causa das circunstâncias que motivaram sua construção — Christopher disse, de uma forma tão natural como se estivéssemos batendo um papo informal há horas. — Mas o Andrej diz que é um tributo à antepassada de vocês.
Tum, tum, tum. Ainda era meu coração, totalmente acelerado.
— Na verdade, penso que a família não quer se desfazer das coisas para não apagar a história.
Ele olhou para o chão e viu o vestido. Aproveitei o desvio de seu olhar para recobrar meu autocontrole.
Respira. Respira. Respira.
— Como você chegou aqui? — Tentei disfarçar meu pânico.
— De lancha, ué. A nado é que não foi. — Um momento sério como aquele e Christopher fazendo piada.
Outro trovão, agora mais alto, rasgou o céu. Estremeci.
— Onde está Karenina? E as outras mulheres?
— Já foram. — Chris não tentou se aproximar, mas sua voz estava cada vez mais sedutora e os olhos, cheios de malícia. Senti-me tonta. — Avisei que tomaria conta de você e que não se preocupassem. Eu disse para elas que só queria lhe fazer uma surpresa.
Ignorei a segunda parte da resposta de propósito.
— E a lancha? Como vamos voltar?
— Ora, Dulce, se vocês vieram em uma e eu em outra, ainda nos resta uma lancha para voltar, né?
— Então, vamos — eu disse com firmeza, abaixando-me para pegar o vestido do chão e pendurá-lo de volta no armário antes que estragasse.
Mas Chris parecia outra pessoa. Ele só moveu a cabeça, refutando minha proposta, e acrescentou:
— Não antes de eu te mostrar a surpresa.
Franzi a testa. Para que universo paralelo eu teria sido enviada? Nada daquilo fazia sentido.
— Venha aqui — ele me chamou.
— Chris, o que está acontecendo?
— Dulce, não seja chata. Venha ver o que eu trouxe para você. Christopher estendeu um braço em minha direção, oferecendo-se para me guiar. Eu até que me mexi, mas ignorei deliberadamente sua oferta. Não cairia na asneira de tocá-lo de novo.
Ele suspirou, acho que inconformado com meu gesto, mas não retrucou. Saí do quarto de Catarina e Chris me seguiu. Porém, quando percebi que não sabia para onde deveria ir, parei e cruzei os braços sobre o peito.
— Onde está a tal surpresa?
— Na cozinha.
Dessa vez, ele andou na frente e eu pude curtir a paisagem, quero dizer, pude me deleitar com a visão panorâmica de toda a retaguarda de Christopher. Ele ainda era um veneno para minha sanidade, especialmente vestido daquele jeito: calça jeans azul padrão, camisa preta de botão para fora da caça, jaqueta de couro e as velhas botas de combate que eu tanto amava.
Só eu mesma para viajar na aparência espetacular de Christopher depois dos dias de depressão que passara por causa dele. Prometi que procuraria um psiquiatra para analisar meu caso assim que retornasse a Belo Horizonte. Minha mãe deveria conhecer algum.
— Tcharã!
Como um mágico que acabava de finalizar um truque, Chris abriu os braços e apontou para a enorme cesta sobre a mesa da cozinha. Meu estômago roncou, pois associei a cesta a comida e me lembrei de que não tinha comido nada.
— É nosso piquenique particular. Tem de tudo aqui dentro, afinal, eu sei que você adora comer.
Fiquei vermelha. Então, na cabeça de Christopher eu era uma gulosa. Beleza de imagem.
— Ei, não precisa ficar envergonhada. Foi um elogio — ele esclareceu, aproximando-se um pouco. — Porque você é a única mulher que conheço que come com prazer, sem frescura. Mas, mesmo assim, tem um corpo perfeito.
Mulher? Corpo perfeito? Essas palavras não eram exatamente as que melhor caracterizavam minha pessoa.
Perplexa demais para falar, fiquei encarando a cesta. Outro trovão retumbou e a chuva finalmente começou a cair.
— Dulce, por que está tão calada? — Chris parou diante de mim, ficando a apenas um passo de distância.
Sentir seu cheiro — másculo, viril — me fez corar ainda mais.
— Não sei o que veio fazer aqui, Chris — reagi, ainda tonta de surpresa. Que nada! A quem queria enganar? Estava tonta de desejo, isso sim.
— Jura que não? — Ele segurou uma mecha de meu cabelo e prendeu-a atrás de minha orelha. — Não acredito que seja tão desligada.
— Do que você está falando? — gemi, quase inconsciente de meus movimentos.
— Estou falando de nós. De mim e de você. Do que sentimos um pelo outro. Fui claro agora?
Seus dedos não se desconectaram de mim. Com a mecha presa, Chris deslizou-os pela pele de meu pescoço, tocando-me tão levemente que mal dava para sentir. Ainda assim, era muito bom. Uma agonia, mas uma agonia maravilhosa.
— Nem um pouco — retruquei. — A que sentimentos você está se referindo? Só conheço o que há entre você e a Nome de... digo, a Laika.
Autor(a): leticialsvondy
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Meus reflexos mentais não foram rápidos o suficiente para processar a manobra que Christopher fez. Só sei que resultou nele prensando-me contra a mesa, que, apesar de pequena e antiga, era bem firme. — Dulce, tenho consciência de que errei com você — confessou, com os lábios tão próximos de meu rosto que pude ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*