Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
— Não estou na fossa — discordei, ainda sem me levantar da cama.
— Claro que não. — Anahí revirou os olhos e me puxou pelas mãos. — Mesmo assim, vale a pena dar uma saída. Fiquei sabendo que o Tiago, aquele pedaço de mau caminho da Engenharia Mecatrônica, vai estar lá. Hum... Não ligaria nem um pouco de dar uns beijos nele. Nem você, espero.
— Pode parar. Se for para me obrigar a ficar com qualquer um hoje, eu me recuso a ir. Não quero beijar ninguém.
— Mas não é qualquer um, não, minha filha, é o Tiago. Ô!
É desse jeito. Anahí é que nem criança. Não sabe receber um não como resposta. Fiquei sem saída. Ou ia com ela àquela maldita festa ou aguentava sua ladainha descontrolada pelo resto da vida. Nem sei o que poderia ser pior. Mas pensei melhor e concluí que deixá-la insistir até a morte não era a opção mais adequada.
Tomei um banho rápido de chuveiro — que saudade da banheira de meu quarto no castelo! — e coloquei um vestido curto, simples e branco, para não fugir à tradição do réveillon. Liguei para minha mãe e avisei que tinha resolvido sair, o que muito a agradou.
Anahí e eu pegamos um táxi. Por mais que a corrida ficasse cara, seria mais seguro. Pois quem garantiria que não beberíamos todas?
Chegamos à festa por volta das 23h. Nunca vi tanta gente debaixo do mesmo teto. Parecia um mar de pessoas ensandecidas, sendo guiadas pela batida da música.
— Ai, que maravilha! — gritou Anahí ao se deparar com as possibilidades. Ela sempre defendia a seguinte teoria: quanto mais pessoas estivessem num lugar, maiores eram suas chances de conseguir um bom amasso durante a noite. — Acho que deve ter uns 20 gatos por metro quadrado. Uau! Deu até calor.
— Amiga, está fazendo calor, independente da quantidade de gatos que você esteja enxergando.
— Deixa de ser rabugenta, Dulce! Se joga na noite. E vê se esquece os problemas. Hoje é dia de curtir, de largar o passado para trás. Vamos beber!
A festa era do tipo open bar. Então, poderíamos beber à vontade, pois as bebidas estavam incluídas no preço da entrada. Mas, no nosso caso, sairiam de graça, já que tínhamos ganhado os ingressos.
— Hoje eu quero só Absolut. — anunciou Anahí aos berros, para fazer-se ouvir. E olhe que eu estava a dois passos dela.
— Vodca? Não sei, não... — respondi, temerosa. Uma vez eu tomara um porre de vodca, quando tinha acabado de completar 18 anos, e ficara mal, mas muito mal mesmo, a ponto de ter amnésia alcoólica. A última cena que ficara registrada em meu cérebro fora um poste e eu agarrada a ele para não cair de cara no chão. Quando recobrei a lucidez, já estava em casa, com a maior dor de cabeça e um balde ao lado de minha cama. Nem preciso explicar por quê, né?
— Ah, só um pouquinho não vai fazer mal.
— O problema é a gente ficar no “só um pouquinho”.
— Vamos tentar, ok?
E lá fomos nós! Começamos timidamente, mas nem bem chegamos aos últimos minutos do ano e já estávamos meio tontas. Ou melhor, eu estava. Porque, num determinado momento, acho que Anahí parou de beber. Pelo menos, não vi mais nenhum copo na mão dela.
E aí houve a contagem regressiva para o término do ano, seguida de uma chuva de papel prateado picado e muito champanhe estourando sobre a multidão. De repente, fui abraçada por pessoas que nunca tinha visto na vida, mas àquela altura não me importava muito com isso. Até que o calor humano estava agradável. Ou seria a Absolut?
— Anahí, já falei que você é uma amiga maravilhosa? — Quem pensa que a frase saiu bonitinha assim está enganado. Levei uns 15 segundos para pronunciar aquelas nove palavras. — E que eu tenho muita sorte?
— É claro que tem — concordou ela, mais sóbria, mas nem tanto. — Além de ser minha amiga, é também uma princesa. De verdade.
— É... E meu pai é um rei e ele mora num castelo. E eu deixei todas as minhas roupas bonitas lá!
Alguém esbarrou em mim, quase levando-me ao chão. Eu me segurei a tempo no braço de Anahí e soltei uma gargalhada de hiena, horrorosa. Mas logo a gargalhada se transformou em choro e um guincho agudo escapou de minha garganta.
— Larguei tudo para trás, Anahí. Meus Manolos, meu Dior Couture, minhas lingeries da Victoria’s Secret. Eu quero tudo de volta. Estou com saudade até do Bruce, aquele labrador pateta.
— Por que você não liga para o seu pai e diz isso para ele? — sugeriu minha amiga, tentando se equilibrar em cima de seus sapatos meia pata de verniz rosa-choque.
— Porque eu bebi muito e ele vai brigar comigo e eu não lembro o número do celular dele! — Minhas lágrimas desciam copiosamente.
— Então, liga para o Chris. Isso! Liga para ele, Dulce. Diz que tá aqui totalmente bêbada e que a culpa é dele.
Dei outra gargalhada medonha. Que vexame!
— Você tá louca! Não posso fazer isso. Ele não quer mais saber de mim. — Mais choradeira.
— Porque você é uma tonta. Como conseguiu dormir com ele e dizer tanta asneira no dia seguinte?
— Psiu! Fala baixo! Quer que todo mundo saiba desse detalhe?
— Ah, e daí? De que importa para esse povo se você não é mais virgem?
Sabe esses momentos peculiares da existência do ser humano nos quais o universo inteiro parece conspirar contra você? Pois é. Ultimamente, o universo resolveu me fazer de Cristo. A música fez uma pausa justamente no instante em que Anahí berrou aos quatro ventos aquela maldita frase. E todo ser vivo num raio de 20 metros escutou com nitidez a indagação infeliz de minha amiga.
Olhei para ela com ódio, quase curada do pileque, e saí marchando — quero dizer, cambaleando — até a porta de saída, ouvindo risinhos ordinários enquanto eu passava.
Anahí me seguiu.
— Dulce, volta aqui! Que culpa eu tenho se a música parou bem na hora?
— Táxi! — Balancei a mão no ar, igual a uma donzela de filme de época, mas muito mais desajeitada. — Eu vou embora. Já chega.
— Para com isso, amiga. Relaxa. Ninguém ali dentro te conhece. Quero dizer, não se a gente não contar para eles que você é a Dulce Markov.
— Saviñon Markov — corrigi.
— Você tá completamente bêbada, Dulce. Não pode ir para casa assim. E se o taxista for um tarado?
— Que tarado o quê, Anahí! Nunca ouvi nenhuma história de taxista estuprador. Agora, me deixa ir. É verdade. Eu tô bêbada. Prefiro passar mal em casa.
Com uma sincronia perfeita, um táxi brecou bem a meu lado e eu entrei pela porta de trás, enquanto tentava lembrar meu endereço para passar ao motorista. Maldita vodca!
— Então eu vou com você. — Anahí me empurrou para o meio do banco e se sentou, bufando de contrariedade.
Pelo retrovisor, o taxista nos olhou com impaciência, talvez desejando ter passado a madrugada comemorando a virada de ano em vez de transportar passageiras com alto teor alcoólico no sangue e zero juízo na cabeça.
— Para onde, senhoritas?
— Para a Krósvia! — gritei, iniciando mais uma sessão de lágrimas.
— Hein?
— Desculpa, moço. Minha amiga aqui não tá passando bem e se confundiu — Anahí explicou com a voz mais doce do mundo e uma fúria assassina no olhar. — Na verdade, estamos indo para a rua Paracatu, no Santo Agostinho.
— Perto da Praça da Assembleia? — quis saber o motorista, um pouco mais amistoso.
— Issssssso — confirmei, tanto com a boca quanto com o dedo indicador, que mexia para baixo e para cima, como o Chaves da televisão.
— Tsc, tsc. Essa meninada de hoje só sabe beber — resmungou o taxista para si mesmo.
— Moço, hoje é reveillon — Anahí argumentou. — Normalmente não fazemos isso, não, sabia?
Ele só balançou a cabeça, nem um pouquinho convencido.
— Ah... Queria que ele fosse o Jorgensen... — solucei. — Por que, hein, moço? Por que você não pode ser o Jorgensen?
— Dulce, pelo amor de Deus!
— O Jorgensen era bonzinho comigo e me levava para onde eu queria. E você — quase enfiei o dedo na cara pálida do motorista — está me magoando.
— Dulce! Quer calar essa boca? — Anahí esbravejou e depois disse baixinho, em meu ouvido: — E se ele resolver deixar a gente na BR ou no meio da Raja Gabaglia?
— Então, põe uma música! Pelo menos tem música neste carro? — indaguei, com uma mão em cada encosto de cabeça dos bancos da frente, prestes a meter o indicador no botão “ligar” do aparelho de som.
— Só tenho música sertaneja — respondeu o motorista, meio que se justificando. — Vocês gostam?
— Sim — disse Anahí, resignada.
— Serve — respondi, topetuda.
— Humpf — fez ele.
De repente, a voz de Luan Santana dominou o interior do veículo. Num dia normal, eu não prestaria muita atenção, pois não sou fã desse gênero musical. Mas naquela hora soltei a voz — num volume bem alto — e cantei junto com ele. Gritei mesmo. Anahí até tapou os ouvidos e fez careta. O taxista devia estar se perguntando se merecia aquele castigo.
"Eu tô apaixonado
Eu tô contando tudo
E não tô nem ligando pro que vão dizer
Amar não é pecado
E se eu tiver errado
Que se dane o mundo
Eu só quero você"
Autor(a): leticialsvondy
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— Eu quero o Chris! — desatei a chorar novamente. Dali para a frente eu só chorei, que nem criança contrariada. Até o pobre coitado do motorista se sensibilizou e me passou uma caixa de lenços de papel, gentileza que eu aceitei prontamente. — Por que ela está tão triste? — escutei-o perguntar para Anah&iacut ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*