Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
A escadaria da frente do castelo era um prenúncio do que viria a seguir. De alguma forma, ela me pareceu meio familiar. Acho que me lembrou a mansão do Sr. Darcy no filme Orgulho e Preconceito. Os degraus eram de mármore, ladeados por um guarda-corpo em colunas. Tudo muito antigo.
Ao passar pelo portal de entrada, tão enorme e pesado, com o brasão da família Markov esculpido no centro, dei de cara com um salão gigantesco, mobiliado ao estilo do século XVIII. Longas e pesadas cortinas de veludo cobriam as janelas; havia várias poltronas escuras, parecidas com as dos filmes e novelas de época; tapetes — será que da Pérsia? — forravam o chão de mármore branco e polido. U-au! E o lustre? Nunca tinha visto um assim: do teto, pendia uma escultura de cristal formada por uma infinidade de gotas cristalinas. A peça devia ter o tamanho de um Fusca. Sem brincadeira.
Irina não se cansava de explicar a história da família e do castelo. Ouvindo o incansável falatório da secretária/governanta/assessora/sei lá mais o quê, seguimos pelas escadas — longas e adornadas — que levavam ao segundo andar.
Para dizer a verdade, o cansaço foi me dominando e eu pouco escutava o que Irina dizia. É claro que eu estava encantada com tudo. Afinal, nem em meus sonhos mais loucos eu me imaginara passeando por um castelo de verdade, quanto mais como uma princesa. Mas tudo o que queria era ficar sozinha por pelo menos algumas horas e deixar meu corpo voltar a seu lugar. Sim, porque o fuso horário — adiantado cinco horas em relação ao Brasil — e a desgastante viagem resultaram numa fadiga que só um banho quente e muitas horas de sono poderiam resolver. No entanto, precisei me manter firme e seguir em frente, pois, sem quarto, não poderia ter nada disso.
Andrej não nos deixou sozinhas durante a excursão pelo castelo. Tenho certeza de que estava tão esgotado quanto eu. Mas acho que desejava causar uma boa impressão e se manteve firme.
Subimos mais um lance de escadas e minha cabeça já havia flutuado até Marte. Se eu estivesse no paraíso ou no inferno, não saberia dizer. Continuei andando como uma cobra- cega até que Irina finalmente abriu uma porta no meio do corredor. Entramos em uma suíte que mais parecia um apartamento, de tão grande. Calculei mentalmente e concluí que aquele quarto deveria ser quase do tamanho do que eu tinha em BH, junto com o da minha mãe, mais a sala de televisão. Não preciso de tudo isso, deixo bem registrado aqui. Mas não nego que era lindo e eu até poderia ter chorado de prazer e admiração se não estivesse tão exausta.
As paredes eram pintadas de bege e adornadas por dois quadros cujas pinturas lembram o movimento impressionista. Será que eram autênticos Monets? Ou Degas? Desculpe, estou me exibindo.
A cama — gigantesca — ficava no centro do dormitório, encostada numa parede recoberta por um papel de parede listrado de bege e marrom. Havia também uma lareira e, em frente a ela, duas poltronas cor de pêssego.
Um painel de madeira escura cobria toda a parede em frente da cama. Nele, estava instalada uma televisão enorme de LED com entradas e saídas para tudo o quanto é tipo de mídia.
— O que achou, senhorita? — Irina estava se roendo de ansiedade, esperando uma palavra de aprovação. E Andrej parecia sentir o mesmo.
— É lindo! — murmurei. — Muito lindo mesmo. Eu não precisava de tudo isso.
— Ah! Então, venha ver o closet. — Irina me puxou pela mão e me levou ao outro ambiente. — Veja só o tamanho do seu armário!
— Armário?! — engasguei. — Esse closet é maior do que meu quarto no Brasil. Minhas coisas vão sumir aqui dentro.
Um sorriso insistente e fácil grudou em meu rosto. Nada se comparava a essa sensação de ser querida num meio completamente estranho e novo. Irina tivera um trabalhão para deixar aquele quarto perfeito para mim. E eu fiquei, é claro, muito grata.
— Puxa, Irina! É tudo tão maravilhoso! Obrigada, de verdade.
Ela abriu um sorrisão maior do que o meu e então eu soube que aquela moça espevitada tinha um coração imenso e seria uma grande amiga nessas terras estrangeiras.
— Oh, querida, fico feliz que tenha gostado. Mas não posso receber os louros sozinha. O senhor Andrej me orientou em tudo, lá do Brasil ainda.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Meu Deus! Aquele homem existia? Como a louca da minha mãe deixara um príncipe como ele (na verdade, um rei) escapar? Só sendo muito doida mesmo.
— Obrigada — disse, enquanto me aconchegava nele para um abraço cheio de ternura.
— Filha, quero fazer tudo por você, tudo o que estiver ao meu alcance — disse meu pai, com emoção. — Posso ter perdido 20 anos de convivência com você, mas não quero perder mais nada daqui pra frente.
Assenti. Nem eu queria. Porque, admito, queria muito aproveitar esse pai que caíra do céu para mim.
***
Depois que os dois saíram do quarto para me deixar descansar, a primeira coisa que fiz foi tirar a roupa que vestia havia quase um dia inteiro e mergulhar na banheira que eu tinha só para mim num banheiro acima de todas as classificações dos hotéis de luxo (não que eu estivesse familiarizada com eles).
Devo ter ficado dentro da água por quase uma hora e só saí porque comecei a cochilar.
Muito relutantemente, me arrastei — sem roupa mesmo — até a cama gigantesca e me joguei nela. Acho que adormeci em seguida.
Quando acordei, já estava escuro e eu tremia sob a colcha com a qual me enroscara durante o sono. Custei a sacar onde estava. Meu cérebro não fez o processamento automático de minha localização. Por uns instantes, pensei que estava sonhando ou num universo paralelo.
Logo que recuperei a consciência, uma ansiedade me dominou. Gente, sou uma princesa! E estou na Krósvia para desempenhar meu papel, ou melhor, meus dois novos papéis: o de princesa e o de filha com pai. Sinistro.
Lembrei que ainda não tinha dado notícias ao Brasil e minha mãe devia estar desesperada lá em Belo Horizonte. Se bem que, a essa altura, do jeito que ela era estressadinha, já devia ter tomado a iniciativa.
Levantei-me com muita preguiça e olhei a tela do celular. Dito e feito. Havia mais de 20 chamadas não atendidas e umas 10 mensagens de texto. A maioria delas era de minha mãe, mas outras eram de Anahí. Só estranhei não ter nenhuma de Alfonso. Ele provavelmente teria tentado se comunicar comigo pela Internet.
Sem ânimo para bater papo e responder ao vivo a todas aquelas perguntas de praxe (Como foi o voo? Você passou mal? A Krósvia é legal? E o palácio?), mandei notícias por escrito, as mesmas para minha mãe e minha amiga, dizendo que estava tudo bem, que eu dormira demais e que no dia seguinte ligaria para todo mundo.
Enrolada num lençol, agachei-me em frente a uma de minhas malas, que ainda estavam feitas, e tirei uma peça de roupa limpa. Não sabia que tipo de traje a situação exigiria de mim, então optei pelo básico (que novidade!): calça jeans escura e justinha — uma da Colcci, linda, que ganhei de vovó —, camiseta branca lisa e um casaquinho ajustado na cintura, vermelho, de veludo. Calcei as mesmas sapatilhas vermelhas de antes e escovei os cabelos. Meu rosto estava meio pálido, então passei um gloss rosado nos lábios e um pouquinho de blush nas bochechas para dar um ar saudável. Meti meus brincos de strass em formato de estrela nas orelhas (tenho dois furos em cada uma) e saí do quarto, não sem antes respirar fundo umas cinco vezes para tomar coragem.
Foi aí que percebi que estava perdida. O palácio era enorme, cheio de portas e corredores e, na chegada, eu não prestara atenção suficiente para decorar o caminho. Poderia voltar ao quarto e fazer uma ligação de pedido de socorro para Irina — minha suíte tinha um aparelho que se conectava com todos os cômodos do castelo, como nos filmes. Mas seria humilhante demais. O jeito era arriscar.
— Direita — disse em voz alta, tomando a decisão de me localizar sozinha.
Saí às cegas pelo palácio, abrindo portas que levavam a cômodos estranhos, sem esbarrar em nem um ser humano sequer. Os únicos rostos de gente que vi estavam pintados nos inúmeros quadros pendurados nas infinitas paredes. Isso me lembrou da vez que entrara num daqueles castelos mal-assombrados dos parques de diversão. Na verdade, fora no Shopping Del Rey e, mesmo sabendo que era tudo de mentira, eu quase tinha vomitado em cima de um dos monstros que ousara me ameaçar com uma foice. Saíra de lá aos berros, chorando feito um bebê. Eu já tinha 14 anos.
Agora, bufando de raiva por estar perdida e suando de indignação, parei diante de uma grande porta dupla, feita de madeira trabalhada com o que só podia ser o brasão da família real. Se eu acreditasse em forças ocultas, diria que alguma coisa havia me impulsionado a abrir aquela porta e entrar. Mas, como sou quase uma cética quando o assunto é misticismo, ponho a culpa na curiosidade imensa que me atingiu.
Sem pensar demais, empurrei a porta e entrei. Como já era noite, não se enxergava nada. Tateei a parede em busca de um interruptor e não demorei a encontrá-lo. Assim que as lâmpadas se acenderam, senti minha boca se escancarar de choque e surpresa. Minha abelhudice me levara a um lugar incrível, do tipo que eu só havia visto na televisão ou em livros. Eu estava na maior e mais recheada biblioteca particular do mundo! Bom, pelo menos do meu mundo.
Havia estantes cobrindo todas as paredes do salão, que era grande, mas não a ponto de parecer frio e impessoal. Em cada canto havia livros, todos dispostos de maneira planejada nas prateleiras feitas de uma madeira quase negra. Meu coração disparou só de imaginar as horas que eu passaria ali, recostada na chaise de veludo verde estrategicamente posicionada debaixo de uma janela ampla, de vidro, cuja vista só podia ser de tirar o fôlego.
Fui caminhando para aquele interior mágico, aconchegante, pisando sobre um tapete não muito felpudo, mas fofo, como se estivesse nas nuvens. Não é exagero meu. Sou louca por livros! Já deixei de ir a muitas festas só para não perder o fio da meada de uma história. Eu trouxera para a Krósvia uma mala só de livros — meus preferidos e aqueles que ainda não lera. Comprava tantos que meu salário como estagiária era quase só para isso. Então, fala sério, aquela biblioteca era tudo!
Os livros eram separados por assunto e, em seguida, por autor. Passei os dedos por eles, sentindo a textura, tentando captar sua aura. Aleatoriamente, retirei um da estante. Era Guerra e Paz, de Tolstoi. Um original, de capa dura e letras douradas! Uma relíquia!
Eu já tentara ler Guerra e Paz uma vez, mas confesso que saltei tantas páginas antes de chegar ao fim que não posso dizer que o li realmente. Mas tentei e me orgulho disso. E já vi o filme, só para saber como terminava a história.
Coloquei-o de volta ao lugar e já ia pegar outro quando um carrilhão, no qual eu não tinha reparado, deu o ar da graça, informando as horas com batidas fortes: oito da noite! Puxa! Era tarde e, se eu não me apressasse, Andrej e Irina mandariam uma equipe de resgate atrás de mim.
Autor(a): leticialsvondy
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Prometendo a mim mesma que voltaria mais tarde para uma nova inspeção, dei as costas aos livros, só para me chocar com um corpo grande e rígido, parado no meio da sala. — Ai! — dei um gritinho, mais pelo susto do que pela dor que atingiu minha testa. Ainda não tinha visto o rosto do dono daquela parede que se chocou contra mim ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*