Fanfic: CLÃS - Poder da Pedra | Tema: Clãs

Depois que todos se acalmaram e se acomodaram fomos liberados pelo oráculo para uma caçada. O perímetro da área era grande o suficiente para estarmos bem a vontade. Eu não queria estar longe dos meus amigos, mas tinha medo de mais perguntas acabarem com o restante do meu bom humor. Senti a presença de Caroline se aproximar.

- Oi – Ela disse parando no mesmo topo de arvore que eu - Você é melhor nisso do que eu pensei – Ela disse consertando uma mecha solta do cabelo

- Anos de pratica – Dei um sorriso torto

- Imagino – Ela entortou a boca – Cem anos de pratica. – Sua expressão ficou estranha

– O que foi? – Perguntei a ela.

- Isso é tão estranho, eu te conheço ha vinte anos como o garoto que não sabia como foi transformado e der repente você é o cara que todos procuram, você é o hibrido, seu nome é Tyler e eu ainda insisto em chamar de Thiago e... – Ela começou a dizer desesperadamente, mas ela suspirou quando coloquei minha mãe em seu ombro,

- Tudo bem – Eu disse – Eu vou tentar ser o mesmo, eu prometo. Você pode continuar me chamando de Thiago se isso melhorar. – Eu sorri

- Não, não quis dizer isso. É que eu não estou me acostumando... – Ela sorriu de volta

- Eu não mudei tanto assim. Mudei? – Perguntei

- Não tanto – Ela sorriu – Mas... Não é o mesmo olhar de sempre

- Sobre isso – Eu me afastei – Sobre meus olhos...

- Eles apareceram durante os dias em que ficou agonizando – Ela disse – No começo pareceu assustador, mas depois...

- Tudo que existe em mim é convidativo – Eu a interrompi – Meu cheiro, minha energia, meus olhos... Sabe quando Elisa ficou obcecada pelos meus olhos? Era uma maneira de seduzir a presa, meu subconsciente estava pedindo por sangue, eu poderia tê-la matado.

- Mas não matou – Ela fixou seu olhar no meu.

- Porque o feitiço me impedia. Minha natureza é essa Caroline, eu escolho a vitima mais fácil e não preciso caçá-la. Eu posso simplesmente fazê-la vim até a mim e me alimentar dela e ela nem vai sentir. – Eu me aproximei ainda encarando seus grandes olhos azuis.

- Não funciona comigo – Ela disse segurando seu colar.

- Nem mesmo híbridos podem fugir de feitiços protetores – Eu toquei no seu colar – Ele te protege de hipnotismos, oculta o cheiro de sangue fresco que corre em suas veias e as batidas do seu coração, mas não oculta o sabor do seu sangue e nem para as batidas do seu coração. – Pus mão sobre a parte a cima de seu peito e esperei a batida, ela era regular e forte. As batidas se tornaram mais rápidas e sua respiração mais forte. – Seria difícil agir você estando com ele, mas não é uma magia tão forte.

- Obrigada por me avisar – Caroline disse

- Não me agradeça Caroline, estou sendo apenas sincero, a pedra enfeitiçada que você, Diego e Luana usam podem sim dificultar hipnotismo, mas não é tão forte, posso fazer você se sentir confusa. – Expliquei – A única coisa que pode impedir meu poder de hipnotismo por completo é um fragmento da pedra onde envolve meu coração, pois existe magia suficiente pra ocultar meu poder. Só que assim que eu tocá-la, o revestimento virará pó.

- Então nem mesmo isso pode ser usado contra você? – Caroline disse

- Não sei o que pode me parar se eu tiver o poder completo – Eu admiti.

- Porque tem tanto medo de si mesmo? – Ela perguntou – O que fez de tão ruim enquanto os tinha com você?

- Eu não cheguei a tê-lo comigo – Eu me afastei e encarei o nada, para não ter que olhar em seus olhos.

- Não importa o que você tenha feito Thiago – Ela se aproximou – Se você já chegou a matar alguém ou não, esse não é você agora, você venceu isso... – Ela puxou meu rosto para que eu pudesse encará-la. - Não estou com medo – Ela pegou minha mão e levou para que eu pudesse sentir suas batidas. – Eu confio em você - Ela disse e as batidas do seu coração não vacilaram na afirmação – Eu também gosto de você Thiago. – Ela admitiu.

 Eu me aproximei dela sem pensar duas vezes e dessa não tinha nada que pudesse atrapalhar aquele beijo. Caroline jogou seus braços envolta de meu pescoço me puxou para perto. Não sei que tipo de sentimento me foi envolvido, parecia bom, parecia muito bom. Seu corpo se arrepiou a medida em que minhas mãos acariciavam suas costas. O beijo parou por um segundo para retomarmos o fôlego, contornei seu mandíbula com alguns beijos e parei em seu pescoço, não podia ouvir o pulsar de suas veias, mas eu podia sentir elas batendo contra meus lábios. Eu abri os olhos, podia sentir meu poder aumentar, eles estavam negros e então eu parei.

  – Tudo bem – Ela sussurrou – Eu confio em você.

- Mesmo se eu sentir desejo de matar você? – Perguntei me virando para ela. Meus olhos ainda estavam negros e ela os encarou.

- Se quisesse já teria feito – Ela disse e sorriu – Você não pode me morder não é? Ou me mataria, mas pode provar do meu sangue. – Ela mordeu seu lábio inferior com força suficiente para abrir um corte. E então ela me beijou.

No primeiro momento eu tentei relutar, mas o sabor era mais doce do que o cheiro que já senti uma vez, eu não consegui resisti aquilo, eu simplesmente correspondi aquele beijo molhado e doce e confesso ter sido muito mais prazeroso do que o primeiro. Quando seu corte fechou, foi quando eu me afastei. Pisquei para voltar ao controle, para voltar aos meus velhos olhos verdes.

- Não me faça ter que fazer isso de novo. – Eu disse um pouco raivoso e pulei da arvore para o chão

 Ela me seguiu.

- O que foi? – Segurou meu braço

- Eu podia ter te matado, eu podia ter perdido o controle – Eu disse a ela

- Mas não perdeu – Ela disse – Eu sabia que não perderia.

- Thiago, espere! – Ela falava enquanto andava atrás de mim

Eu voltei para a pequena casa com Caroline atrás de mim tentando me alcançar. Eu sei que me controlei, me controlei mais do que eu podia imaginar, nem ao menos passou pela minha cabeça um pequeno descuido, mas mesmo assim, mesmo assim eu ainda sentia medo. Porque eu tinha medo?

  Passei pela sala, onde Luana e Kaio estavam ocupados com algum tipo de jogo, assim que eu entrei eles me encararam um pouco confusos.

- Aconteceu alguma coisa? – Kaio disse se levantando

- Não – Eu disse um pouco nervoso

Caroline chegou logo e parou um pouco sem graça quando teve que encarar Kaio fazendo uma cara confusa.

- Vocês brigaram de novo? – Kaio perguntou

- Não – Eu respondi e fui para meu antigo quarto.

Fiquei um pouco só durante o resto da tarde, como eu sempre gostava de ficar sem sentir emoções. Agora eu lembrava o porque eu sempre gostava de ficar desse jeito, era uma maneira de controlar meus instintos, minhas emoções e meus sentimentos. Eu gostava da Caroline, eu gostava muito dela, mas o que ela fez, o que ela arriscou fazer foi perigoso e eu nunca me perdoaria se eu tivesse feito alguma coisa com ela.

- Você se controlou – A voz do oráculo ecoou o quarto

- Você não tem nada pra fazer? – Perguntei a ela

O oráculo estava sentada em uma poltrona no canto da sala.

- Agora não – Ela respondeu

- Eu não quero falar sobre isso – Eu disse

- Mas deveria. Você consegue sentir que mesmo sem a pedra o seu poder esta crescendo – Ela disse.

- Mas um motivo pra ficarem preocupados, imagine só o que acontecerá se for somado o poder que tenho agora do que a grande parte que tiraram de mim? – Perguntei

- Estará mais apto a controlá-lo. – Ela respondeu

- Você não sabe disso, você não pode ver meu futuro depois que eu tiver a pedra, não sabe dizer o que me tornarei. – Eu disse

- Tyler, eu concordei em ajudar a família Kaige em te proteger porque eu vi em você a força que nosso mundo precisa para um equilíbrio. Você sabe que o conselho de vampiros são os verdadeiros vilões, mas eu vi um futuro onde a união de forças obscuras causaria o caus. E só uma força como a sua poderia enfrentar. – Ela insistiu em dizer

- Eu tenho medo de fazer parte dessa união obscura – Eu admiti

- Você sabe que tem o controle, mas quando chegar a hora, saberá o que fazer. A escolha é sua. – Ela disse

Senti a presença de Caroline se aproximar do quarto e meu olhar se desviou, mas quando voltei o olhar para a poltrona, o oráculo não estava lá “pirralha” eu disse para mim mesmo.

- Thiago a gente pode conversar? – Ela perguntou antes de abrir a porta.

Seus olhos se encontraram com os meus e ela veio de encontro a cama e sentou-se na beira.

- Acho que te devo desculpas – Ela disse – Foi imprudente e um pouco ousado.

- Um pouco? – Eu ergui a sobrancelha.

- Tudo bem, foi muito ousado – Ela revirou os olhos

- Certo – Eu sorri – Mas nunca mais faça aquilo de novo – Eu pedi.

- Esta pedindo pra eu não beijar mais você? – Ela perguntou sarcasticamente.

- Estou pedindo pra você não me beijar quando sua boca estiver coberta de sangue – Eu sorri

- Tudo bem, eu posso aceitar essa condição – Ela sorriu de volta. Então ela me beijou.

 Todas as partes do meu corpo gritaram por isso, eu a puxei para mais perto e a beijei loucamente, me senti completo naquele momento. Não foi um beijo romântico como antes, foi rápido, mas dizia muita coisa, coisas que talvez eu não conseguisse explicar em palavras.

 Assim que nossos lábios se descolaram, ela olhou para mim e me puxou novamente para um beijo, mas esse foi diferente, foi leve e calmo, foi um beijo que me forçava a repensar sobre a destruição da pedra. Nós nos despedimos com um “até amanha” eu a observei se afastar, me joguei na cama, eu não sabia o que viria a seguir, mas depois do que tinha acontecido a única certeza de que eu tinha era que eu não podia destruir a pedra, eu não queria morrer, eu queria ter uma chance, uma chance para minha felicidade e a única coisa que me vinha na cabeça era o amanha, fechei os olhos e o silencio tomou conta de mim.