Fanfic: CLÃS - Poder da Pedra | Tema: Clãs

Eu ainda estava um pouco envergonhado com a situação e tentava andar o mais distante possível dos meus amigos, não era motivo de engrandecimento você matar por prazer milhares de vampiros yokais. Eu estava tentando esquecer a cena e a sensação que eu tive com isso. Mas estava sendo atormentado pelos meus próprios pensamentos, eu estava me aproximando da pedra e me sentia mais forte a cada momento, mas isso significava que qualquer pessoa também estava e se alguém viesse a mim com tamanha força eu iria devolver em dobro.

- Você está melhor? – Kaio perguntou

- Um pouco – Eu disse – Ainda falta muito pra chegarmos à caverna? – Perguntei

- Na verdade não, só acho que não precisamos correr. Você foi atacado por um bando de yokais...

- Eu matei todos eles – Eu o interrompi

- Matou pra se defender – Ele disse

- Eu matei por prazer – Admiti.

- Tyler, foi apenas um momento de raiva, não pode se culpar por matar um bando de vampiros loucos que queriam nos matar – Ele tentou me convencer.

- Foi um massacre – Eu insisti.

- Era pra ter sido, você apenas fez o trabalho todo sozinho, mas se eu ficasse os resultados seriam os mesmos. Você salvou Luana e isso apaga qualquer culpa – Ele disse dando alguns tapinhas em meu ombro.

Caroline parou de caminhar e ficou estatua a nossa frente, logo senti o cheiro de lobo nos cercando. Eu olhei para Kaio e ele mantinha a mesma expressão que eu.

- Caroline? – Kaio a chamou

- Droga! – Ela disse baixo – Agora a gente tem que correr

- Você esta maluca? – Kaio perguntou – Eles vão nos seguir, não podem saber onde Luana está, é o único lugar seguro onde podemos ir.

Caroline olhou pra mim com um semblante esquisito, arrependimento, medo, eu não sabia decifrar as mudanças do seu rosto e me distrai tentando conseguir. Recebi uma forte pancada, o que me fez literalmente var e bater em uma arvore que se quebrou ao meio.

- Olá! Irmãozinho – Taylor disse sorrindo.

- O que esta fazendo aqui? – Caroline perguntou – Você prometeu que não se envolveria mais.

- Não pude ignorar uma ordem direta do conselho – Ele respondeu.

- O que você tem ai? – Kaio perguntou mesmo sabendo a resposta.

Era carmon, ele tinha uma estaca que podia me causar sérios problemas. Eu olhei para Caroline, só os vampiros que sabiam, ninguém mais, ninguém mais além dos vampiros e meus amigos.

- Não! – Caroline foi à cima dele, mas ele a segurou pelo braço.

- Sinto muito por isso! – Taylor disse a ela. – Segurem-na, mas não a machuque. – Ele disse para seus amigos lobos.

- Não Taylor, não por favor, não faça isso! – Caroline gritava.

Kaio tentou se aproximar, mas também foi impedido por lobos. A mesma faísca de poder percorreu pelo meu corpo, mas eu tentei me controlar, eu não iria matá-lo, eu tentaria não mata-lo. Eu via no rosto de Caroline o medo estampado e não era por ele carregar uma coisa que me causaria uma morte temporária, era dele acabar tendo uma morte eterna.

- Vou poder vingar a morte do meu pai em você – Taylor disse – Eu era só um bebê quando ele morreu, fui conhecido o resto da minha vida por ser o filho do traidor. Poderei me redimir agora, devolver a honra da minha família.

- Nosso pai! – Eu disse – Nós somos irmãos

- Não me chame disso – Ele rosnou – Você é uma besta, um monstro.

Essas palavras me fizeram ficar com raiva.

- Deveria ter ouvido Caroline e não ter se envolvido nisso – Eu disse em um tom frio, pela raiva me corroendo.

- Eu ouvi muitas coisas da Caroline – Ele disse sorrindo

Eu rosnei pra ele, meus olhos estavam pretos e minhas presas estavam a amostra novamente, mas eu estava controlado. Três lobos vieram atrás de mim e eu os derrubei, me esforcei para não morder nenhum deles.

- Se eu mordê-los, eles morrem – Eu disse para Taylor

- Eles estão cientes dos riscos – Taylor disse – Eu quero cobertura.- Ele disse aos lobos,

Todos de vez vieram em cima de mim, eles eram pesados e estavam mais fortes por causa da energia da pedra, eu os golpeei. Arremessei Taylor por cinco metros de distancia, Caroline e Kaio tentavam se soltar, mas haviam muitos lobos, uma matilha. Era como os vampiros, mas a diferença é que dessa vez eu não podia simplesmente mata-los, mesmo podendo. Os vampiros era demônios sem humanidade, sem vida, maquinas de matar, mas lobos eram seres vivos, alguns podiam ser filhos, outros pais, não podia acabar com a vida deles assim. Essa era minha desvantagem, eu não tinha meu poder completo e não podia mata-los, eu estava sendo encurralado. Então, em um momento que perdi a cabeça, eu comecei a atacar pra valer, essa eraa distração que Taylor estava esperando. Ele se jogou em mim e enfiou a estaca no meu peito.

 Primeiro tudo pareceu estar em câmera lenta, depois meu corpo começou a queimar por dentro, senti que meu poder regrediu e eu pude encarar os olhos de Taylor bem perto ao meu. Comecei a cuspir sangue e ouvi Kaio e Caroline gritarem loucamente.

- Que tipo problemas essa estaca enfiada em seu coração pode te trazer? – Ele perguntou e se afastou me vendo cair no chão.

- Se meu coração estivesse aqui – Eu disse puxando a estaca do meu peito – Talvez pudesse ter a chance de ver. – Eu me levantei cambaleando

- O que? Como você ainda pode ficar de pé? – Ele perguntou

Na verdade era a única coisa que eu ainda podia fazer, sentia que ia desmaiar a qualquer momento. Um dos lobos tentou me morder, mas eu o peguei pelo pescoço e usei minhas mínimas forças que eram mais do que as dele e o mordi. O sangue desceu como um doce na minha garganta e aliviou um pouco da dor, sangue pulsante, sangue fresco. Taylor pegou o lobo agonizando, seu rosto estava assustado.

- Eu vou matar todos vocês – As palavras saíram da minha boca – Eu vou dar apenas um minuto.

Taylor pareceu entender o recado, ele fez sinal para os lobos e todos correram feito loucos. Meu corpo começou a tremer e então eu caí no chão engasgando com meu próprio sangue. O veneno do carmon havia se espalhado pelo meu corpo, eu estava em transe.

Não me lembro do que aconteceu depois, apenas me lembro de ter despertado dentro de uma caverna, eu estava soado e quente, estava mal, todo meu corpo doía.

- Você ficou maluca? – Ouvi Kaio gritando com Caroline. – De que lado você está?

- Eu sinto muito, eu não sabia que isso ia acontecer – Caroline disse um pouco chorosa.

- Você está tão cega apenas olhar o lado do seu lobinho que não pensou nas conseqüências disso? – Kaio perguntou – Você nos traiu.

- Não! – Ela disse desesperadamente – Não, por favor, não foi isso.

Eu tentei me levantar e eles sentiram q eu havia acordado, a conversa terminou assim que olharam pra mim.

- Você está bem? – Kaio veio depressa até a mim.

- Quanto tempo eu fiquei desacordado? – Perguntei

- Alguns minutos apenas – Ele disse – O que está acontecendo com você?

Eu segui seu olhar para meu peito, a ferida ainda estava aberta e infeccionada, todo meu corpo estava tinham veias alteradas e eu não parava de cuspir sangue.

- O veneno se espalhou, não tenho um coração para bombear e limpar o sangue. – Eu disse um pouco tonto.

- E o que pode acontecer? – Ele perguntou preocupado

- Sinceramente, eu não sei. Nunca fui espetado com uma adaga de carmon sem um coração. – Eu disse sem dar importância. – Onde esta Luana?

- Está bem, está dormindo, usou muita magia pra fazer uma barreira. – Kaio disse

- Caroline! – Eu disse com raiva na voz – Você disse a ele, você contou a ele sobre a única coisa que podia me machucar. – Eu a encarei e foi dolorido.

- Thiago, eu não fiz por mal...

- Tyler – Eu disse um pouco frio – Meu nome é Tyler.

- Sinto muito, eu só queria dar uma vantagem a ele – Ela disse

- Vantagem? – Kaio perguntou – Tyler pode morrer.

- Ele não pode morrer – Ela disse tentando convencer a si mesma disso – Isso só pode deter ele.

- O que você acha que significa me deter Caroline? – Perguntei – O que acontece se eu enfiar uma estaca de madeira com visgo no seu coração e não tirar? – Ela arregalou os olhos com minha pergunta – Você morre – Eu mesmo respondi – Sabe por quê? Porque enquanto a estaca estiver no seu peito, o sangue não bombeia, o veneno para todos os seus órgãos e a dor é tão insuportável que te faz vomitar todo sangue limpo que resta no seu corpo, você definha até chegar a escuridão e o tempo para você, você ao está dormindo, não esta desmaiado, você está morto, até que alguém tire essa estaca do seu peito. O que você acha que acontece quando enfiam uma estaca de carmon no meu coração? – Eu a perguntei ironicamente

Caroline não respondeu, suas lagrimas caíram do seu rosto.

- A vantagem que você deu pra Taylor – Eu continuei - Vai custar o dobro de minha vida. Só os vampiros sabiam disso e já era difícil demais lutar contra eles. Quando se tem um bando, um clã pra te proteger é fácil ter um ponto fraco e ser protegido. Mas se você não percebeu, são todos contra mim – Eu falei um pouco mais alto.

- Eu só tive medo de que algo acontecesse e ele não tivesse chances de se defender – Ela disse – Não queria que ele se machucasse.

- Mas você me machucou – Eu disse em um tom baixo – E eu não estou falando do buraco no meu peito – Eu apontei para a ferida aberta.

- Não sabia que ele ia...

- Você só pode ser burra ou ingênua demais – Kaio a interrompeu e era a primeira vez que eu o via falar com ela desse jeito – Você revela a fraqueza do seu amigo, para o inimigo dele e acha que ele não iria contar para o clã?

- Taylor não é uma pessoa ruim...

- Com certeza boa ele não é – Kaio disse.

- Porque você achou que algo iria acontecer? Achou que eu iria fazer algo com ele? – Eu perguntei

- Porque você nem sempre tem controle de si mesmo – Ela disse como se tivesse tirando um peso por guardar essa opinião.

- Caroline! – Kaio disse espantado.

- Tudo bem Kaio – Eu disse – Caroline tem razão, ela é a única que consegue ver o meu lado sombrio e acreditar que eu posso ceder a ele. Isso é bom, ela é realista – Eu suspirei de raiva.

- Não foi isso que eu quis dizer – Ela disse

- Foi exatamente o que você disse – Eu falei segurando um pouco da dor.

- Tyler – Kaio segurou meu ombro.

- Eu só preciso de sangue limpo. – Eu disse entre um gemido de dor - Kaio procure um animal carnívoro o mais rápido que puder e logo estarei bem.

Kaio estava prestes a se levantar quando Luana acordou e o pediu para parar.

- Sangue de animal não vai adiantar – Ela disse olhando pra Kaio – Você sabe que precisa de sangue humano – Ela olhou pra mim.

- Eu vou melhorar com sangue de animal – Eu insisti.

- Por quanto tempo? Uma hora? – Ela perguntou ironicamente – Você não esta com seu coração para limpar seu sangue, você está vulnerável e fraco. Você vai morrer Tyler – Luana disse. – Não importa se você é um híbrido, não importa se você é mais forte que todos nós, não importa se ainda tem força pra sentar e conversar, mesmo tendo seu corpo se corroendo pelo veneno, sem o seu coração você não é imortal.

- Não! – Caroline disse não acreditando

- Foi por isso que esteve esse tempo todo escondido, por isso que fugiu dos vampiros todos esses anos, por isso precisa ter seu coração de volta ou destruí-lo. – Ela explicou.

- Como sabe de tudo isso? – Perguntei.

- Eu sou uma Keige, minha família fez parte de sua história – Ela se levantou – Minha família cuidou de você, protegeu você – Ela disse se aproximando – Eu conheço todas as histórias e eu sei que se você não beber sangue direto da veia. – Ela estendeu o braço pra mim.

- Não vou te morder – Eu disse

- Não precisa – Ela mostrou uma navalha em sua mão

- Sem chances – Eu afastei o braço dela de mim

- Então tome do meu, eu sou uma original, meu sangue pode curar... – Caroline tentou dizer

- Não – Luana disse – Não é sangue de animal, nem de lobo, nem de vampiro, nem de original é sangue humano, direto da veia. Eu posso ser bruxa, mas bruxas são mais humanas do que vocês. – Ela cortou o pulso.

- Eu não vou fazer isso Luana – Eu tentei dizer

- Se você não beber a droga de um sangue humano você não vai conseguir chegar a pedra, seu corpo vai apodrecer, você vai morrer, o poder que está preso no seu coração vai ser liberado, será usado pelos vampiros pra fazer sei lá o que e tudo isso terá sido em vão, inclusive a morte da minha família, por ter protegido você... Então bebe essa merda de sangue – Luana disse com lagrimas nos olhos.

 Eu me recusei a tomar o sangue, não sabia o quanto precisaria, provavelmente todo? Eu poderia matá-la, minha indecisão olhando o braço de Luana pingar sangue fez com que Caroline e Kaio forçassem a abrir minha boca e ondas de explosão pipocaram em meu corpo assim que o sangue desceu em minha garganta. Mesmo sendo de uma bruxa, parecia mel em minha boca, senti meus nervos acalmarem, a dor diminuir, meu corpo só pedia mais e mais, senti a mudança dos meus olhos, eles estavam negros e eu não queria parar, mas parei.

- Está melhor? – Luana perguntou um pouco fraca pela perda de sangue.

- Precisaria de seu sangue todo e mais um pouco para eu me recuperar por completo – Eu admiti.

- Precisa de mais? – Ela perguntou

- Que sentido faria sua família ter salvado a minha vida e eu ter matado a ultima dela? – Perguntei sarcasticamente.

 Luana se consertou e limpou o braço.

- Tome! – Caroline cortou seu braço e virou par Luana – Vai se recuperar mais rápido, agora é você quem precisa de sangue.

Luana não discutiu, ela sabia que Caroline estava certa.

- Eca – Ela cuspiu um pouco – Como podem se alimentar disso.

- Coisas de vampiros – Kaio disse – Que tal ir descansar? E nunca mais me venha com essa ideia de alimentar o Tyler com seu sangue, da próxima vez deixe ele morrer. – Ele disse em um tom irônico.

Eu sorri. Era bom ver o bom humor sarcástico de Kaio novamente, agora que eu não corria risco de morrer, a tensão diminuiu para uns, mas para outros nem tanto. Eu olhei para Caroline que estava fitando o chão. Kaio se afastou com Luana e nos deixou em um clima especial de constrangimento. Tentei ignorar isso e deitei minha cabeça no chão, eu podia sentir o alivio fluir em mim, apesar de que não me deixaria totalmente recuperado.

- Como se sente? – Caroline perguntou se sentando próxima a mim.

- Acho que mal – Eu disse em um resmungo.

- Não sei como me redimir – Ela admitiu. – Você podia realmente ter morrido, eu quase matei você. Eu nunca me perdoaria.

- É! Seria bem complicado – Eu disse

- Você não está ajudando – Ela reclamou. Eu me sentei novamente e olhei para ela.

- O que quer que eu diga? “Tudo bem Caroline, eu quase morri, mas eu perdôo você” – Eu revirei os olhos

- Só queria que entendesse – Ela disse

- Você disse sobre minha fraqueza pro meu inimigo, isso é... – Eu busquei palavras – Eu nem sei dizer o quanto isso soa ruim. Eu confiei em você, achei que gostasse de mim.

- Eu gosto de você... – Ela desviou o olhar

- Olha pra mim – Eu puxei o rosto dela de volta – Olha pra mim quando for falar dos seus sentimentos por mim.

- Eu realmente gosto de você – Ela disse

- Eu não acredito nisso. – Eu revirei os olhos

- Não espero que acredite, mas é a verdade – Ela disse um pouco fria – Eu admito o quanto fui burra em confiar que Taylor não revelaria o seu segredo a ninguém, mas eu não sabia o que podia lhe causar, achei que apenas fizesse você ficar um pouco mais lento pra dar oportunidade dele fugir, alguma coisa assim.

- Você tenta justificar algo que não tem como – Eu dei de ombros. – Mas tudo bem, se é meu perdão que você deseja, você o tem. – Eu tirei o olhar dela.

Caroline me abraçou, mesmo sem ter recebido a reciprocidade daquilo, ela me abraçou e suspirou. Depois se levantou e saiu. Eu estava sonolento e fraco ainda, as dores aliviaram, mas não passaram, eu podia disfarçar bem, para que meus amigos não ficassem preocupados, mas eu não estava tão legal como aparentava então eu apenas deitei e deixei o cansaço tomar conta de mim.