Fanfic: CLÃS - Poder da Pedra | Tema: Clãs
A noite acabou chegando rápido e a maior parte do tempo eu fiquei no meu quarto, ainda pensando em como meu nome foi parar naquele papel, tentando relembrar alguns fragmentos da minha memória perdida, alguma coisa não cheirava muito bem nessa história e eu estava ficando um pouco impaciente com isso. Eu deitei sobre minha cama e coloquei minha cabeça enquanto me afogava em pensamentos, parecia que havia algo comigo, algo estava errado com isso tudo, alguma coisa tinha mudado depois de ontem e eu podia sentir isso. Novamente uma sensação estranha tomou meu corpo, eu não conseguia explicar o que era e isso ficava cada vez pior.
Uma brisa passou pelo meu rosto e eu pude me deliciar com o cheiro de algo doce, cheiro de algo que eu reconhecia embora agora estivesse um pouco diferente. Eu fechei os olhos para inalar o cheiro e percebi que ele estava próximo, junto com passadas rápidas, batidas de coração e finalmente, um barulho de alguém batendo na porta do meu quarto e então percebi de quem se tratava. Mas, porque as batidas de coração?
– Caroline? – Eu perguntei mesmo sabendo que era ela.
– Posso entrar? - Ela perguntou já abrindo a porta.
Eu me endireitei sentando sobre a cama. Seu coração parecia um pouco acelerado, talvez eu devesse perguntar a ela, porque eu estava ouvindo batidas de coração, mas preferi não falar nada.
– Hoje não vai ter aula, o Kaio está vindo. Temos que conversar. – Seu rosto parecia surpreso
– O que houve? - Perguntei
Ela se aproximou e sentou ao meu lado, o cheiro de algo doce inundou o ambiente e eu pisquei inúmeras vezes para manter o controle, o cheiro e as batidas fortes me desconcentravam. Será que esse cheiro vem dela?
– Algum problema? – Ela perguntou
– Não, é que... Você está usando algum perfume novo? - Perguntei
– Não – Ela fez uma carranca e moveu sua mão para testa consertando uma mecha do cabelo solta.
O cheiro bateu como uma pancada em meu rosto e então eu pude ver um pequeno corte em sua mão. Meu coração parou, na verdade ele já estava parado ou talvez não, eu nunca sabia dizer se realmente meu coração batia ou se era uma sensação maluca, mas eu senti que ele tinha batido e voltado a parar. Estranho eu pensei comigo mesmo. Eu peguei a mão de Caroline e ignorei seu protesto e sua careta de confusa ao meu toque, virei para o lado do corte que agora estava quase sumindo, o cheiro estava vindo dali, do sangue de Caroline. Eu fiquei confuso e soltei sua mão e a encararei
– O que foi? Nunca se machucou antes? Isso cura rápido. – Ela tentou me explicar e as batidas se tornaram mais fortes
– Nada, eu... Nada... É aonde conseguiu isso? – Apontei para onde o corte quase sumindo.
– Não sei, talvez eu tenha me cortado em algum lugar, na verdade não lembro.- Ela deu de ombros.
O cheiro parou der repente e eu olhei de volta para sua mão. Achei tudo aquilo estranho, foi então percebi que ela não usava o seu colar, o colar que inibia a verdadeira essência de Caroline, por ser uma descendente dos originais. Então lembrei que ela nunca foi transformada, ela era uma pessoa viva, ela podia ter um coração batendo e um aroma de sangue fresco em suas veias.
– Esta vendo? Curou. Nada com o que se preocupar você ficou tão... Sei lá. – Caroline soltou um ar de sorriso.
– Bem... – Eu estava tentando inventar um desculpa. Eu nunca tinha visto um vampiro ferido, não que eu me lembre. – Contar a Caroline que seu sangue me deu sede seria meio constrangedor.
– Você não vai acreditar no que Kaio descobriu – Ela se apressou em mudar de assunto e eu me senti aliviado.
– O que? – Perguntei ansioso
– Espere ele chegar. – Ela disse ajeitando algo em sua mochila. – Nossa! – Ela disse preocupada – Esqueci de colocar meu colar – Ela se apressou em coloca-lo e as batidas do seu coração simplesmente pararam.
– Isso vai dar em algum problema? – Perguntei um pouco preocupado
– Talvez não, só tirei por alguns minutos – Ela respondeu – Espero que não – Ela admitiu.
Se eu pudesse ouvir as batidas do coração dela agora, diria que ela estava prestes a ter um infarto, pois sua expressão era de muita preocupação. Eu queria poder falar algo, mas não teria nada de bom e útil pra dizer, então simplesmente sorri tentando confortá-la do meu jeito idiota.
Eu não gostei muito da ideia de esperar, mas, eu sabia que Caroline não iria começar a falar nenhuma palavra. Eu me deitei novamente encarando o teto. O cheiro do sangue de Caroline tinha feito minha garganta arder de sede, não era uma sede normal, não daquelas de fome, eu não sabia a diferença entre essa sensação e a outra, mas o cheiro era tão doce, tão bom que me veio na cabeça acertar ela com alguma coisa só pra que sangrasse outra vez. Será que o cheiro do sangue de um original podia causar esse efeito em qualquer vampiro? Me assustei um pouco quando Caroline se sentiu a vontade para deitar e apoiar a cabeça dela sobre minha coxa, como sempre fazia com Kaio quando estávamos no salão jogando conversa fora, isso me deu um frio estranho no estomago, eu gostava da Caroline, talvez mais do que eu deveria, a única coisa que me fazia ficar longe dela, era o jeito grosso que ela era acostumada a me tratar, minha mão instantaneamente começou a correr pela sua cabeça como um cafuné, eu tentei olhar um pouco para ela, mas parecia distraída com seu celular. Meu susto foi maior quando Kaio entrou no quarto sem ao menos bater na porta, ele parou por um segundo e nos olhou como se estivesse vendo algo impossível. Caroline deu um pulo da cama se sentando novamente, um pouco sem graça.
– Atrapalhei alguma coisa? – Kaio perguntou com um sorriso estampado.
– NÃO. – Falamos juntos, mas no fundo eu quis dizer: “Vai pro inferno Kaio”
– Porque você não começa a falar o que descobriu ao invés de ficar perguntando idiotices? – Caroline resmungou.
– Bem... Caroline e eu fomos a biblioteca depois que saímos daqui – Ele se apressou em dizer, puxando a cadeira da minha escrivaninha para poder se sentar - E achamos esse livro na área reservadas para os professores. – Kaio jogou o livro para mim.
– Como vocês conseguiram entrar lá mesmo? – Eu olhei para Caroline e ela ergueu as mãos admitindo culpa. – Ah! Legal, porque você não faz isso na época de exames e começa a nos passar as pescas? – Perguntei
– Boa ideia – Kaio concordou
– Há, há! Veja logo o livro – Ela disse
Eu revirei os olhos enquanto abria o livro. Primeiro que o livro era muito velho, segundo que ele fedia muito e terceiro deu medo só pelo titulo. “Piores mortes de seres sobrenaturais”
Eu foliei o livro e percebi que havia uma pagina marcada, logo acima da folha havia uma palavra em negrito. “HÍBRIDOS” Eu olhei para os dois e eles me incentivavam a ler... Antes de eu terminar de ler pude perceber que já havia escutado essa história antes, um pouco diferente, meus olhos se arregalaram e meu queixo quase caiu.
– O que significa isso? – Perguntei sem acreditar.
– A lenda é verdadeira, contada de um jeito diferente, mas, verdadeira. – Caroline disse tirando os livros de mim.
– Então existe mesmo híbrido? – Perguntei pasmo
– Existiu – Kaio consertou – Apenas um, mas ele foi entregue as bruxas para que fosse motivo de sacrifício
– Isso nós já sabíamos – Eu disse
– Mas aqui fala qual sacrifício, coisa que na lenda não menciona – Kaio apontou para o livro - E respondendo a sua pergunta de ontem, um sacrifício que tiraria sua vida para poder aumentar os poderes dos vampiros.
– Mas... – Minhas palavras não saiam
– Thiago, um híbrido não só é um ser perigoso, sua força transformada em algo bruto eleva a força de quem o possui. – Kaio explicou
– Preciso que vocês falem de uma forma que eu entenda – Admiti.
– O sacrifício era pra selar o poder do híbrido em uma pedra, para ser usada como fonte dos poderes sobrenaturais. – Kaio explicou.
– Aqui. – Caroline pegou o livro em outra pagina. – Aqui diz que a pedra se encontrava em uma caverna ao sul rodeada por ervas venenosas, para que ambas as espécies não pudessem possuí-la em beneficio próprio. Mas um dia a pedra sumiu e isso levantou suspeitas entre ambas às espécies começando uma guerra entre eles.
– Então esse é o motivo da guerra? – Perguntei
– Sim. A lenda que é contada como um conto de mentira, na verdade é real. – Caroline disse - Toda aquela historia de que uma mulher vampira que se apaixonou por um lobisomem e eles tiveram um filho é tudo real e contada pra gente, mas a mudança começa a partir do momento em que eles morreram, foram executados juntos na frente de todos. – Caroline explicou
– Porque mudaram a lenda? - Perguntei
– Para existir um motivo da guerra, um motivo fácil de acreditarmos. Apenas os originais conhecem a verdade, sair por ai dizendo que há uma pedra que aumenta seu poder seria colocar todos contra todos. – Caroline explicou
– E essa pedra sumiu pra onde? – Perguntei
– Ai é que vem a parte que da medo. – Kaio disse – Mostra pra ele. – Kaio pediu a Caroline.
– O que? – Perguntei impaciente.
Caroline tirou do bolso de sua calça um bilhete e me entregou. Quando eu abri o bilhete, o cheiro doce bateu de leve no meu rosto e eu pude ver algumas gotas do sangue de Caroline sobre uma caligrafia perfeita dizendo:
“Sei quem são cada um de vocês, embora não possa dizer quem sou ainda, aqui nesse livro vocês podem achar tudo que precisam, não confiem em ninguém até que cheguem a um local aonde vivam bruxas, elas os ajudarão a seguir essa jornada. Não será fácil, haverá muitas mortes, precisam achar a pedra, precisam acabar com o verdadeiro mal que ainda esta para surgir. Logo nos encontraremos e lembrem-se, saber do futuro os levará para um caminho diferente. Saiam o mais rápido possível, assim que ouvirem falar sobre o híbrido. Todos vocês correm perigo, contem um ao outro tudo que sabem, não escondam nada”
Não podia negar o medo correndo pelo meu corpo, não pude processar nenhuma palavra, o quarto ficou em um silencio insuportável. Eu e meus amigos nos olhamos, sabíamos que as coisas estavam se estreitando. Aquilo era mais que uma mensagem direta, era um aviso. Um aviso. Mas uma coisa me chamou atenção naquele bilhete, eu iria sair da academia, eu iria conhecer o mundo lá fora.
Autor(a): mundo_diversos
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Percebi algumas manchas de sangue no papel, eram quase imperceptíveis, mas não para mim, não quando eu podia sentir esse cheiro doce vindo do papel que ela havia me entregado. – Isso é seu sangue? – Perguntei a Caroline. Apontando para algumas gotinhas manchada no papel. Por um momento ela se confundiu, mas depois par ...
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