Fanfic: A Vidente AyA | Tema: AyA, Ponny

Inglaterra, outono de 1785

- MALDIÇÃO, TOM! A MULHER ESTÁ MORRENDO!

- Ela ainda está respirando.

- Mal e mal.

- Está apenas exausta do trabalho de parto, Jake. - Tom apanhou a criança envolta em faixas que jazia sobre o braço largado da mulher. - Pobre pequeno. Pelo jeito foi estrangulado pelo próprio cordão umbilical. Bem, vamos logo, Jake, troque os bebês.

- Odeio isso, Tom. - Jake dpositou gentilmente o bebê, que dormia tranquilamente em seus braços, ao lado da mulher. - Isto não é certo. A pobre mulher não tem forças para cuidar do bebê. Ele vai acabar morrendo junto com ele. Talvez nós pudéssemos...

- Pare agora mesmo, Jake Potter - Tom irrompeu - Você estáse esquecendo do que aconteceu com o velho Melvin quando ele tentou contrariá-la? Você quer os seus ossos misturados aos dele naquele fosso? É claro que isto não é certo, mas não temos opção. Não mesmo. É melhor deixar o pequenino morrer do que levar bronca daquela megera. Senão, certamente seremos assassinados.

- O lorde cuidaria bem do garoto.

- O lorde não enxerga a verdadeira face daquela mulher, você sabe disso. Agora, vamos cair fora daqui. A megera quer esse bebê que já está morto nos braços, antes que o lorde volte o que deve acontecer em breve, pois ele já deve ter recebido há algumas horas, a notícia que ela deu à luz. O tolo que fez isso irá se arrepender amargamente, disso eu tenho certeza. - Tom murmurou e balançou a cabeça.

Jake começou a seguir Tom para for quando, de repente, hesitou.

- Já estarei com você, Tom. Só vou...

- Só vai o que? Precisamos partir agora mesmo!

- Só quero garantir que eles estejam quentes e confortáveis, dar a eles uma chance de lutar, ou não vou conseguir descansar em paz.

- Corra, então, ou logo estaremos ao lado do velho Melvin.

Depois de acender a lareira e cobrir a mulher e o bebê, Jake olhou ao redor para se certificar de que Tom não estava vendo. Apanhou então, um maço de papéis de dentro de seu velho casaco e rapidamente colocou-os embaixo das cobertas. Quando olhou para cima, assustou-se com a mulher observado-o.

- O seu bebê terá um local decente para o descanso eterno - sussurrou - Odeio fazer isto, mas tenho esposa e cinco filhos. Sim, e no fim das contas, sou um covarde. Aquela mulher perversa não hesitaria em me matar caso eu tentasse estragar seus planos. Se conseguir, esconda bem esses documentos. Se o lorde sobreviver às armadilhas da esposa, ele estará esperando pelo filho e, então, os documentos servirão como provas de que o menino é seu filho. É o máximo que eu e alguns poucos fazemos, sinto não poder mais ajudar. Rezarei por você, moça. Por você e pelo garoto. E por mim também, pois tenho certeza que condenei minha alma hoje. - Em seguida, deixou o casebre correndo.

Depois de esperar alguns minutos para ter certeza que estavam sós, Anahí Portilla saiu do vão ao lado da lareira, onde se escondera quando os homens arrombaram a porta, e se ajoelhou ao lado da Irmã, Laurel. Ela fitou o bebê. Ele estava vivo. Tocando na bochecha do mesmo, ela olhou a irmã enquanto a tristeza formava um nó em sua garganta. Laurel estava morrendo.

- Tudo aconteceu exatamente do jeito que você previu, Annie - Laurel disse num sussurro fraco. - A vida surgindo em meio a morte, foi o que você disse.

Anahí assentiu, nem um pouco feliz por suas previsões terem se mostrado corretas.

- Sinto muito pelo seu bebê.

- Não sinta. Logo nos encontraremos.

- Oh, Laurel - Anahí iniciou com a voz embargada.

- Não chore por mim. Estou pronta. Anseio por me juntar ao meu amor e nosso filho. - Laurel ergueu uma mão pálida e tremula e limpou as lágrimas da face de Anahí. - É por isso que ainda vago por esta terra, por isso não morri logo depois que o meu querido Henry se foi. Esta criança precisava que estivéssemos aqui, precisava de nós. Eu me recuperei daquela febre porque o destino o solicitou de mim. Meu pequeno Charles Henry terá um enterro distinto. Talvez até uma bênção.

- Ele não devia ser posto no túmulo errado.

- Isso pouco importa, Annie. Ele já está junto do pai, esperando por mim. Agora lembre-se você precisa fazer com que pareça que esta criança morreu. Não se esqueça de escrever nossos dois nomes na cruz. Embrulhe cuidadosamente os ossos que recolhemos. Ah, não fique tão aflita, minha irmã. Em vez de ser jogada em uma pilha de ossos como fazem com tantas outras no cemitério de Londres, aquela pobre criança também terá um lugar para descansar em paz. Foi um belo presente que demos a aquele bebê, há tanto tempo sem identificação.

- Eu sei. Mas apesar de todo o cuidado que tomamos, continuo rezando para que não estejamos erradas.

- Eu sempre soube que estávamos certas, que era o destino e que não poderíamos mudá-lo por nada. Sentirei sua falta, mas, não sofra por mim. Estarei feliz.

- Como uma mãe pode ser capaz de fazer isso com o próprio filho? - Anahí tocou delicadamente os cabelos fartos e negros do bebê. - Ela nã pode dar um herdeiro saudável ao lorde, pode? Isso arruinaria todos os seus planos. - Quando Laurel não respondeu nada ao longo dos minutos, Anahí murmuou: - Agora descanse. Não precisa dizer nada.

- Meu tempo está se esgotando. Assim que eu partir, cuide do meu enterro e em seguida procure o nosso primo Christopher. Ele estará esperando, pronto para iniciar a parte dele neste jogo. Ele a ajudará a cuidar da criança e do pai dela, e lhe dirá quando será o momento de agir contra aquela mulher malvada e seu amante. - Laurel virou o rosto e beijou a cabeça do bebê. - Esse bebê precisa de você. Ele e seu pobre pai, cego de amor. Nós duas sabemos que este menino, um dia, realizará muitos feitos. Sinto-me em paz em saber que os meus sofrimentos não são completamente em vão, que algo de bom resultara de toda tristeza.

Anahí beijou o rosto gélido da irmã. Chorou até sentir que a última centelha de vida estava se esvaindo do corpo frágil de Laurel. Deixando de lado a dor no coração, ela a preparou para o sepultamento.

O sol mal tinha se erguido para um novo dia quando ela já estava ao lado do túmulo da irmã, a pequena égua robusta carregada com seus poucos pertences, e o bebê confortavelmente preso junto ao seu peito por um cobertos, em uma espécie de tipóia. Uma árvore contorcida pela ação do vento, era tudo o que marcava exatamente onde estava o túmulo de Laurel, nos pantanos desolados.

- Eu voltarei, Laurel - Anahí jurou, fez uma prece em silêncio e em seguida virou as costas, seguindo caminho para a longa Jornada.

Duas semanas depois ela bateu a porta da elegante casa de seu primo Christopher, em Londres, e não se surpreendeu quando ele mesmo abriu a porta.

- Seja bem-vindo, Anthony. - ele disse.

- É um belo nome. - Anahí murmurou.

- Combina com ele. A notícia da morte foi publicada nos jornais. - Anahí suspirou e entrou na casa.

É assim que tudo começa. Sim, minha criança. É assim que tudo começa.

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