Fanfics Brasil - Bom dia. Nova York (Piloto) The Virus

Fanfic: The Virus | Tema: Máfia


Capítulo: Bom dia. Nova York (Piloto)

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06h55min, Estúdio de Gravação, Nova York City, Nova York,


 


            Na sala de maquiagem, o repórter Thomas Yale toma goles de café em espaços curtos de tempo enquanto alternava sua atenção para sua maquiadora.


Maquiadora: Não tem dormido recentemente, Yale?


Thomas: Como?


Maquiadora: Você não tem dormido?


Thomas: É, na verdade... Eu não tenho dormido mesmo. Faz quase uma semana que não durmo direito.


Maquiadora: Percebi... Estou vendo as olheiras.


            Thomas dá um gole em seu café e aproxima seu rosto do espelho.


Thomas: Você tem razão? Olha como estão bem evidentes.


Maquiadora: Vou ver o que posso fazer.


            A maquiadora abre uma maleta à parte e retira algumas bases com o tom de pele igual ao de Thomas.


            Lentamente, a maquiadora cobre as olheiras de Thomas quando o mesmo dá um espirro, flexionando sua cabeça para baixo.


            A maquiadora pega um lenço e entrega a Thomas que limpa vendo sangue.


Maquiadora: Isso é... Sangue?


Thomas: Sim.


Maquiadora: Minha prima também sangrava pelo nariz, querido. Adivinha o que era? Drogas... Ela usava muita droga. Viciada.


Thomas: Está dizendo que uso drogas?


Maquiadora: Que nada, querido. Conheço você há anos. Seu nariz nunca teve aquelas irritações que a gente vê nos drogados.


            A maquiadora pega o lenço e joga no cesto de lixo, ela limpa sua mão na calça e vai até o umidificador de ar.


Maquiadora: Deve ser isso. O ar está muito seco.


Thomas: Bem possível. Eu usando drogas? Não. Eu jamais faria mal a esse corpinho que todas desejam.


Maquiadora: Baixa a bola, querido. Bancar uma de leonino perto de uma ariana não dá certo. Eu vou falar poucas e boas.


Thomas: Tenho seguranças lá fora, Marva.


            Ambos riem enquanto Marva continua maquiando Thomas.


Marva: Achei que soubesse.


Thomas: O que?


Marva: Nenhum segurança pode com a Marva aqui. Meu primo que foi preso me ensinou alguns golpes, querido.


Thomas: Qual dos seus primos? O que têm uma mulher que mora no Texas?


Marva: Não. O outro. Aquele que se envolveu com gangues latinas.


            Marva pega um pente e começa a pentear o cabelo de Thomas enquanto passa laque.


Marva: A gente tenta avisar, mas eles escutam. Não se meta com gangue latina, nunca pega bem para o lado do negro. Você acha que ele me escutou?


Thomas: Se tivesse escutado, estaria onde eu estou agora. Apresentando o Bom dia, Nova York.


Marva: Muito bem.


            Um homem bate a porta e depois abre falando rapidamente.


Homem: Você entra em cinco minutos.


Marva: A Marva aqui está fazendo a mágica dela. Quer um apresentador gato ou um mendigo?


Homem: Queremos um apresentador, não importa como ele estiver.


            Marva põe o laque sobre a bancada e aponta o pente para o homem.


Marva: Seu chefe não iria gostar de ouvir isso, querido.


Homem: Apressem-se.


            O homem sai. Marva dá os últimos retoques no cabelo.


            Thomas segue sozinho por um corredor que dá no estúdio de filmagem quando sente uma leve tontura. Ele põe a mão em seu peito.


            Ao entrar no estúdio, varias luzes e pessoas andando para lá e para cá são a cena que se pode imaginar. Ele sobe um palanque e vai até sua mesa enquanto Marva se aproxima correndo.


Marva: Boa sorte, querido.


            Marva dá mais conferido e se afasta. O diretor dá sinal. A filmagem se inicia. Thomas ajeita seus papéis.


Thomas: Eu sou Thomas Yale e estamos em mais um Bom dia, Nova York. Hoje teremos o comentarista esportivo Gil Tesler falando sobre o jogo de ontem do Mets e quais as projeções para o time... Falaremos também sobre as notícias internacionais com Rachel Donaghan. Economia, previsão do tempo e dicas para este final de semana na edição...


            Thomas para no meio da apresentação. Todos os câmera-men ficam apreensivos enquanto Thomas coloca a mão em sua cabeça e olha fixamente para Marva.


Marva: Vai, querido, fala alguma coisa. Fala.


Thomas: Marva...


            Thomas estende sua mão apontando para Marva.


Thomas: Ajude-me.


            A mão dele despenca sobre a mesa. O tronco superior despenca caindo sobre a mesa. Sua cabeça golpeia a mesa de vidro e uma pequena rachadura se forma.


 


 


            Uma hora depois, o agente Dennis Harrison estava conversando com Marva ao mesmo tempo em que anotava algumas coisas.


Dennis: Quando o viu pela última vez?


Marva: Hoje de manhã. Eu o vi morrer, querido. O último nome que ele disse foi o meu. Eu não consigo acreditar.


Dennis: Ele parecia estranho. Algo fora do normal?


Marva: Ele é um repórter. Coisas fora do normal são ossos do ofício. Mas a resposta é não. Ele parecia o Thomas de sempre.


Dennis: E como é o “Thomas de sempre”?


Marva: Calado com todos, mas descontraído comigo. Enquanto eu o maquiava, nós conversávamos e ríamos. Falávamos sobre nossas vidas.


Dennis: E entre essas histórias, alguma se destacou? Um briga de bar? Uma discussão com alguma namorada?


Marva: Primeiro que Thomas não é fã de substâncias ilícitas... Droga, maconha, álcool... O corpo daquele homem não sabe o que é isso. E em segundo lugar, Thomas não era de namorar. Ia para baladas e transava com mulheres... E homens.


            Dennis faz uma anotação enquanto olha para Marva que confirma com sua cabeça.


Marva: Sim, querido, ele era bissexual. A última balada que fui junta com ele foi há cinco dias, mas ele me deixou a ver navios... Saiu com umas garotas.


Dennis: Garotas?


Marva: Duas.


Dennis: Teria o nome delas?


Marva: Era uma balada, querido. Ninguém sabe nome de ninguém. Até por que o que eles fizeram não necessitava de nomes.


Dennis: Qual o nome da boate?


Marva: LaBella, no Queens.


Dennis: Sabe de alguém que o quisesse morto?


Marva: Não. Talvez. Thomas era do tipo de ter fãs revoltados.


Dennis: Por que “fãs revoltados”?


Marva: Thomas só chegou até onde chegou por que conseguiu alguns furos de reportagem expondo coisas e mais coisas podres sobre algumas empresas. Quem não iria querer alguém assim morto?


Dennis: Ele recebeu ameaças? Alguma carta ou pacote estranho durante essa semana?


Marva: Não... O máximo que recebeu foi uma caixa de chocolate de uma fã. Guardei o bilhete carinhoso que ela enviou. Digamos que ela o idolatrava muito.


Dennis: Uma perseguidora?


Marva: Não... Somente uma fã que o achava bonito e queria uma única chance com ele. Enviava chocolates, ursos de pelúcia e flores...


Dennis: Perseguidor, querida. O nome disso é perseguidor. Vou precisar do bilhete que veio junto com o chocolate e se possível, a caixa de chocolate.


Marva: Já foi para o lixo.


            Dennis se dirige até o palanque vendo o médico legista fazendo anotações relacionadas ao corpo de Thomas.


Dennis: O que tem para mim?


Ian: Não muito. Não há sinais de ferimentos nem à bala nem perfurações nem de traumatismo.


Dennis: Estava me dizendo que ele só morreu e... Morreu?


            Ian pega um cotonete e retira uma amostra do sangue que formou uma poça sobre a mesa.


Ian: Ele sangrou pelo nariz, pela boca e pelos ouvidos, agente Harrison. Acha que ele simplesmente morreu e morreu?


Dennis: Obrigador, doutor. Era tudo o que eu queria ouvir. O FBI acha que isso foi algo mais do que uma mera morte.


Ian: Algo do tipo... Ataque terrorista?


Dennis: Hipóteses. Continue, doutor.


            Ian aproximasse do corpo e ergue a cabeça vendo mais do sangue escorrer pela boca.


Dennis: Que forma trágica de morrer.


Ian: Existem piores.


Dennis: Você acha?


Ian: Não... Eu vi.


            Um dos operadores de câmera derruba um dos equipamentos. O estrondo faz Ian se descuidar soltando a cabeça da vítima. Ao colidir com a poça de sangue, respingos voam na direção do braço de Ian e atingem a grava de Dennis.


Dennis: Calma aí, doutor.


            Dennis se vira e movimenta sua mão mandando tirar o operador dali.


Dennis: Nova York não teve um bom dia hoje.


            Dennis olha para Thomas.


 


09h32min, Sede do FBI, Nova York City, Nova York


 


            Dennis entra em sua sala vendo uma mulher loira em pé olhando um cacto florescendo no apoio da janela. A mulher se vira.


Jessie: Bom dia.


Dennis: Sou o Agente Harrison, em que posso ajuda-la?


Jessie: Prazer...


            Jessie estende sua mão e Dennis retribui.


Jessie: Chamo-me Jessica Simmons. Sou representante do Centro de Doenças Contagiosas.


Dennis: CDC?


Jessie: Achamos que a morte de Thomas Yale está relacionada com uma doença que descobrimos recentemente no Leste Europeu.


Dennis: Já nós discordamos. Thomas era repórter investigativo antes de ser apresentador do programa... Fez muitos inimigos. Imaginamos que algum deles tenha o envenenado.


Jessie: Agente Harrison, eu sei que quer fazer o seu trabalho... E eu também, então, imagino que possamos chegar em um acordo.


Dennis: Que tipo de acordo, Agente Representativa Simmons?


Jessie: Doutora. Eu sou doutora.


Dennis: Então... De que tipo de acordo nós estamos falando, Dra. Simmons?


Jessie: Você cede o caso para o CDC, quando comprovarmos que a causa não foi nenhum agente patológico – o que imagino ser impossível – nós devolvemos o caso para o FBI...


Dennis: Agente Representativa... Doutora... Seja lá qual for o seu trabalho... Não tem nenhum acordo. O caso é meu.


            Dennis se dirige até a porta e indica o caminho. Jessie anda lentamente abrindo sua bolsa e revirando o seu interior.


Jessie: Agente Harrison... Você é um bom homem e eu vim até aqui na tentativa de fazer algo mais despojado de força bruta.


Dennis: E o que ia fazer? Espancar-me até eu aceitar?


Jessie: Há outros meios de força bruta... E por força bruta quero dizer contatar superiores?


            Jessie retira um papel e entrega a Dennis que lê atentamente.


Dennis: Não veio para fazer um acordo. Veio para avisar que estava tomando meu caso.


Jessie: Desculpe-me, Agente. O CDC tem prioridade em relação a esse caso.


Dennis: É verdade a história da doença do Leste Europeu?


Jessie: Sim... Por que eu mentiria?


Dennis: Não sei. Você vem até mim roubar meu caso usando como pretexto uma doença europeia... Como você quer que eu acredite?


Jessie: Se alguma nova informação ou evidência surgir, avise-nos.


            Dennis olha com feição de raiva controlada.


Jessie: Sim, Agente... O caso é nosso, então todas as evidências também são. Se você se recusar a apresentar qualquer evidência encontrada, medidas serão tomadas.


Dennis: Você fala muito, Doutora.


Jessie: Não só falo, como faço as coisas acontecerem. Eu sou boa, Agente Harrison, mas quando alguém pisa em meus calos, eu me torno a pior pessoa possível...


            Jessie e Dennis se encaram.


Jessie: Obrigado, Agente Harrison.


Dennis: Obrigado, Doutora Simmons.


            Jessie se vira e começa a caminhar enquanto Dennis fecha a porta bruscamente.


            No necrotério, Dennis entra vendo dois agentes do CDC levando o corpo de Thomas Yale enquanto Ian fica parado encostado na porta do refrigerador.


Dennis: Levaram tudo?


Ian: Sim... O corpo, amostra de saliva e sangue, a ficha médica da vítima... Tudo.


Dennis: Não sobrou nada? Nenhum papel.


Ian: A única coisa que restou foi os resultados do exame de sangue que não foram processados ainda.


Dennis: Quando chegarem me avise.


Ian: Não dá. A loira deixou um agente plantado na sala do toxicológico. Assim que sair, ele pega.


Dennis: Droga.


            Dennis soca uma das gavetas refrigeradas.


Ian: CDC? Acham que é um risco biológico?


Dennis: Sim. Uma doença descoberta no Leste Europeu.


Ian: Bom, ele não foi para o Leste Europeu... A ficha dele não consta as vacinas comumente tomadas quando se viaja para a Europa. Ele nunca sequer saiu do país.


Dennis: Sério?


Ian: Sim... Lembro de alguns dados da ficha dele.


Dennis: Se nunca foi a Europa, muito menos ao leste dela... Como ele poderia ter contraído a suposta doença?


Ian: Nunca saberemos. O corpo e os exames toxicológicos estão agora com o CDC. Não tem como examinar nada, nenhuma amostra...


Dennis: É. Mas ainda temos testemunhas. As duas garotas com quem Thomas transou há cinco dias e a fã obsessiva.


 


10h49min, Prédio Saint Louis, New York City, Nova York


 


            No apartamento 1101, o Agente Harrison bate na porta e um homem loiro abre. Dennis segura um bilhete.


Dennis: Onde encontro Ariel Caine?


Ariel: Quem é você?


Dennis: Agente Harrison, do FBI. Estou procurando Ariel Caine.


            O homem abre a porta.


Ariel: Sou eu. Eu sou Ariel Caine.


            Dennis olha meio surpreso.


Ariel: Minha mãe estava bêbada quando foi registrar meu nome. Ela pensava em colocar Nathanael, mas por algum motivo escreveu Ariel.


Dennis: Bom, Ariel, enviou recentemente uma caixa de chocolate para Thomas Yale?


Ariel: Sim... E algumas flores, cartas, ursos de pelúcia.


            Ariel se senta no sofá e encara Dennis.


Ariel: Nós tínhamos algo. Ele dizia que era algo sério e eu acreditei. Eu... Gostava dele.


Dennis: E sabia da bissexualidade dele?


Ariel: Ele já tinha me falado algumas vezes... O que exatamente aconteceu, agente? Thomas está bem?


Dennis: Thomas está morto. Morreu hoje durante a transmissão do Bom dia, Nora York.


            Ariel põe a mão em sua boca.


Ariel: Ele pediu que eu assistisse, mas eu disse que não... Eu trabalho até tarde no escritório e chego muito cansado. Durmo até nove horas.


Dennis: Imaginamos que ele tenha sido assassinado.


Ariel: Veio até mim saber informações do Thomas ou saber se eu matei Thomas?


Dennis: Os dois.


Ariel: Eu gostava dele e jamais iria feri-lo.


Dennis: Mesmo que descobrisse que ele enquanto dizia ter uma relação séria com você estava transando com outras duas garotas?


Ariel: Não... Eu jamais o mataria. Eu não sabia sobre... As duas garotas. Por que não estão sendo interrogadas?


Dennis: Ainda falta identifica-las. Sabe de alguém que quisesse Thomas morto?


Ariel: Talvez. Fazenda da Tia Ellie, Laboratórios Gillies, existem muitas empresas que iriam querer a morte do Thomas. O trabalho dele era expor a verdade, custe o que custar.


Dennis: E custou um pouco caro. Recebia ameaças?


Ariel: Não... Essa semana quase não esteve por aqui. Tive que ir a casa dele. Ele estava trabalhando dias seguidos, quase não dormia


Dennis: O que ele estava investigando?


Ariel: Laboratório Gillies. Vi vários papéis na casa dele com esse nome. Ele disse que era algo grande.


Dennis: Ele citou algum nome?


Ariel: Se citou, eu não lembro. Desculpe-me.


            Dennis entrega seu cartão.


Dennis: Se lembrar de algo, avise-me, por favor.


Ariel: Tudo bem.


            Dennis sai pela porta enquanto Ariel fica meio cabisbaixo.


 


12h18min, Prédio do FBI, New York City, Nova York.


 


            Dennis segue por um corredor quando a detetive Eliza McKinley aproximasse com uma pasta.


Eliza: Eu soube do caso do apresentador.


Dennis: Pois é. O CDC roubou meu caso e todas as minhas evidências.


Eliza: E se eu te dissesse que não?! Nem todas as evidências foram reportadas e catalogadas... Ao mesmo tempo. Um dos investigadores catalogou um lenço ensanguentado somente ás 08h22min.


Dennis: Depois que uma boa parte das evidências foi trazida para o Laboratório. O CDC não pegou o lenço ensanguentado, não foi?


Eliza: Já está no laboratório sendo analisado pelo estagiário.


Dennis: Estagiário? Vamos confiar nossa única evidência do caso nas mãos de um estagiário?


Eliza: O nosso superior recebeu uma ordem para que todo ou qualquer analista que analisar evidências relacionadas ao caso Yale fosse suspenso.


Dennis: Isso é sério?


Eliza: O CDC pegou pesado, mas não se preocupe. Esses estagiários fariam qualquer coisa para continuar aqui. Analisarão, extraoficialmente.


Dennis: Você é surpreendente, Eliza.


Eliza: A gente faz o que pode. Ele já está analisando.


Dennis: Você é rápida no gatilho.


            Dennis e Eliza seguem pelo corredor.


            Em uma sala de análise, o estagiário Connor Mitchell estava organizando por tamanho os beckers, do menor para o maior. Ele pega um lenço e começa a limpar a vidraçaria. Dennis entra com Eliza.


Dennis: Connor Gritchell?


Connor: Mitchell... Mitchell... O certo é Mitchell. Bom, prazer meu nome é Connor Gritchell... Mitchell... Eu falo demais, desculpa.


            Connor estende sua mão e Dennis aperta.


Dennis: Percebi, amigo. Você é o analista presente por aqui?


Connor: Estagiário. Um pouco abaixo de analista, mas não completamente e não sou subordinado a ele.


Eliza: Mitchell, os resultados do lenço.


            Dennis olha vendo a vidraçaria totalmente organizada e limpa enquanto Connor vai até a impressora. Ela imprime e Connor retira.


Connor: Antes de tudo, eu quero dizer-lhe que foi uma honra analisar a evidência do caso de um repórter a mando de um agente federal.


Dennis: Obrigado. Os resultados.


            Connor começa a olhar os resultados.


Connor: Vejamos. O sangue é de Thomas Yale e não apresenta nenhuma anormalidade. As vitaminas E, A e D estão normais. E as vitaminas do complexo B também não apresentam nenhuma alteração.


Dennis: Nenhuma droga ou veneno?


Connor: Não.


Eliza: Podem ter usado alguma substância de rápida metabolização pelo organismo?


Connor: Não, detetive. O único processo fisiológico que ocorre após a excreção de uma substância do corpo humano é a coagulação do sangue... O sangue expelido não poderia ter metabolizado a substância.


            Dennis olha o lenço ensanguentado guardado dentro de uma sacola hermética.


Dennis: Esse... Esse sangue não me parece coagulado.


            Uma jovem loira entra na sala com uma ficha e guarda dentro de uma gaveta.


Connor: É mesmo. Os níveis de vitamina K estão baixos.


Dennis: Como assim baixos?


Connor: Baixíssimos. A vitamina K age na coagulação do sangue e levando em conta os níveis dessa vitamina no sangue dele, o sangue estava completamente afinado.


Eliza: Se ele fosse cortado, sangraria até a morte.


Dennis: O que poderia causar isso?


Becca: 4-hidroxicumarina.


            Dennis se vira.


Dennis: O que você falou?


            Becca derruba alguns papéis. Ajoelha-se e começa a organizá-los.


Becca: Desculpem-me... Eu não queria me intrometer, mas estava ouvindo.


Eliza: O que é essa tal 4-hidroxicuramina?


Becca: Warfarina. É um anticoagulante que inibe as duas redutases KH2 que fecham o ciclo da coagulação.


Connor: Reduzem a quantidade de vitamina reduzida KH2, limitando o processo bioquímico da...


Becca e Connor: Carboxilação.


Dennis: Tudo bem... Mas alguém achou isso estranho?


Connor: Desculpem. Resumindo. De alguma forma o sangue dele foi afinado o que causou aquela grande quantidade de... Por favor, alguém completa a frase.


Eliza: Sangue?


            Dennis olha meio desconfiado.


Dennis: Como o sangue dele foi afinado sendo que a única coisa capaz de afinar o sangue é uma droga que apareceria nos exames de sangue?


            Connor fica inquieto e começa a bater seu pé no chão impaciente.


Becca: Se me permite, não só a Warfarina age como anticoagulante. Femprocumona e heparina têm os mesmo efeitos. Inibem os redutases de KH2.


Connor: Mas também apareceriam no exame toxicológico.


Dennis: Está tudo bem, amigo?


            Dennis olha para Connor que fica ereto.


Connor: Não... Sim... Sim, agentes.


Dennis: Obrigado.


 


17h31min, Rua Washington, New York City, Nova York


 


            Dennis e Eliza andam por uma calçada em direção a uma casa enquanto debatem.


Dennis: O que aconteceu com os estagiários? Ficam mais estranhos a cada ano.


Eliza: Ele nos foi bem útil e você sabe disso.


Dennis: As informações não podem ser consideradas completamente úteis. Saber que a vítima sangrou até a morte e que ela não usava drogas já tinha sido percebido na cena do crime...


Eliza: Não julgue o garoto. Ele é novo e esta em sua primeira semana. Não pegue tanto no pé dele.


Dennis: Lembro-me da minha primeira semana. Foi difícil. Mas me diz... Qual o problema daquele garoto?


Eliza: A ficha dele diz que possui Transtorno Obsessivo Compulsivo.


Dennis: Os mais estranhos têm.


            Dennis e Eliza chegam a casa e abrem a porta que estava entreaberta. Sacam suas armas e começam a andar pelos cômodos da casa de Thomas.


Eliza: Limpo...


            Dennis segue até a sala de estar vendo-a completamente revirada e com várias fotos e documentos suspensos por fios que tocam em todas as extremidades da sala.


Dennis: Sujo. Definitivamente, sujo.


            Minutos depois, Dennis e Eliza estavam olhando as várias fotos. Eliza pega alguns documentos caídos.


Eliza: São itinerários.


Dennis: De quê?


Eliza: De caminhões. A carga transportada não fica evidente em nenhum desses documentos...


            Dennis olha ao redor vendo papel picotado. Ele pega um pedaço e nota somente uma imagem amarela com o nome Gil.


Eliza: O que é isso?


Dennis: O motivo pelo qual Thomas Yale foi assassinado.


            Eliza percebe o nome.


Eliza: Gil? Gil Tesler? O comentarista esportivo?


Dennis: Não acho que seja ele... Você gosta de esporte?


Eliza: Três irmãos mais velhos. Você esperava o que?


Dennis: Ariel Caine disse que Thomas trabalhava em algo relacionado aos Laboratórios Gillies. Isso daqui não é Gil... É um pedaço da palavra Gillies.


Eliza: Peço um mandado?


Dennis: Não. O caso não é nosso. É do CDC, mas nada impede de irmos aos Laboratórios Gillies.


Eliza: Extraoficialmente?


Dennis: Extraoficialmente!


            Dennis se afasta lentamente de Eliza.


Eliza: Aonde vai?


Dennis: Dar uma olhada.


            Dirigindo-se ao quarto e entrando, o agente Harrison observa um quarto completamente revirado. Ele adentra no banheiro vendo os frascos de remédio caídos.


Dennis: Como ele não tinha nenhum remédio presente na corrente sanguínea?


            Eliza aproximasse.


Eliza: Ter remédios no banheiro não significa necessariamente usá-los. Farmácia básica.


            Eliza pega uma luva e pega alguns frascos.


Eliza: Aspirina, remédio para dor de cabeça... Remédios básicos.


            Dennis pega uma luva e pega um dos potes.


Dennis: Warfarina. O remédio anticoagulante que a estagiária citou.


Eliza: E que não tinha no sangue dele.


Dennis: Ele tem Warfarina em casa e acho que uns 80% do sangue dele estava afinado. Coincidência?


Eliza: Não.


            Eliza olha dentro da privada vendo no buraco de escoamento uma espécie de frasco.


Eliza: Pedra, papel e tesoura?


Dennis: Não. Jogos de sorte não são meu forte.


            Dennis se abaixa e coloca a mão no vaso sanitário e retira um frasco de vidro.


Dennis: Sem rótulo.


Eliza: Parece alguma espécie de remédio experimental ou vacina.


Dennis: Vítima com suposta doença europeia, frascos de vacina desconhecida, Laboratório Gillies... E o CDC está envolvido nisso tudo?


Eliza: Acha que eles sabem mais do que estão falando?


Dennis: Aposto meu distintivo nisso.


            Eliza sai do quarto levando seu celular e o atende ao mesmo em que Dennis olha outro frasco dentro do cesto de lixo do banheiro.


            O agente pegou e começou a olhar enquanto Eliza se aproxima.


Dennis: Mais um frasco. O líquido é transparente.


Eliza: O outro era meio amarelado. O que está pensando?


Dennis: Levar para os seus amigos estagiários. Quem era no celular?


Eliza: Um conhecido que trabalha no LaBella. Enviei a foto do Thomas e ele disse que alugou uma das salas VIP para ele e mais duas garotas.


Dennis: Têm os nomes delas?


Eliza: Sim... Todos os que usam a sala VIP devem se identificar. Alexia Vandal e Carol Walsh. Dividem um apartamento na 5ª com a Broadway.


            Eliza e Dennis saem do apartamento.


 


Dia Seguinte


10h41min, Sede do FBI, New York City, Nova York


 


            Numa sala de interrogatório, Alexia Vandal conversava com Dennis enquanto que numa sala ao lado Carol Walsh conversava com Eliza. Dennis conversa com Alexia.


Dennis: Srta. Vandal, diga-me. Conhece Thomas Yale?


Alexia: O repórter? O que morreu durante a transmissão do programa? Conheço. Fizemos sexo.


Dennis: Eu sei, Srta. Vandal. Foi por isso que a chamamos. Conte o que aconteceu naquela noite.


Alexia: Eu e Carol, uma amiga, saímos para uma boate. Íamos dançar muito, beber e paquerar.


Dennis: Até conhecerem o Thomas.


Alexia: Ele sabia o que dizer pra conquistar uma garota.


Dennis: Duas na verdade.


Alexia: Tinha muito do Thomas. Eu e Carol nunca tivemos problema para dividir os namorados.


Dennis: Notaram alguma coisa de incomum naquela noite?


Alexia: Nada. Ele dançou por horas antes de vir flertar conosco. E cara, quando ele nos chamou para o sexo a três... Você nem imagina.


Dennis: O que?


Alexia: Ele é espetacular na cama, você nem imagina quanto. Ele faz coisas espetaculares com as mãos, com a boca, com ...


Dennis: Já entendi, Srta. Vandal.


Alexia: Não, não entendeu. Ele fez sexo com nós duas por quase cinco horas... Sem parar. Aquele cara estava doido por muito sexo.


Dennis: Já entendi.


            Alexia bate suas mãos na mesa.


Alexia: Foi espetacular... Foi animal, selvagem, divino...


            Dennis se levanta afastando-se. Ele nota que as pupilas da garota estão dilatadas. O agente se retira da sala encontrando Eliza.


Eliza: Impressão minha ou ouvi gritos dizendo foi um sexo selvagem vindos da sua sala?


Dennis: Sim.


Eliza: E eu achando que a minha é que estava louca. Não parava de falar do gato que morreu. Teve um momento em que ela começou a transpirar em excesso.


Dennis: Elas não dormem há dias. Viu as olheiras?


Eliza: Sim. A Dra. Simmons disse que a vítima estava com suspeita de ter contraído uma doença europeia... E se as garotas também tiverem contraído essa doença?


Dennis: O comportamento estranho seriam os sintomas.


Eliza: É melhor falar com a sua amiga. A doutora.


Dennis: Não é minha amiga.


            No laboratório, Becca estava com os resultados enquanto Dennis se aproxima.


Becca: Obtive os resultados das substâncias dentro dos frascos.


Dennis: E o que era?


Becca: Vírus e vacina.


Dennis: O que?


            Connor entra lentamente.


Becca: O líquido amarelado era um vírus. O transparente é a “vacina”...


Dennis: Que vírus?


Becca: Pedi que ele verificasse.


            Dennis se vira olhando para Connor que portava uma pasta amarela.


Connor: Oi, agente.


Dennis: O vírus. Você já descobriu qual era?


Connor: Não. Eu não descobri.


Dennis: Não tem nenhum programa internacional que contenha todos os vírus catalogados?


Connor: Sim... Mais ou menos... Tem e eu rodei a estrutura do vírus no programa. Não teve nenhum vírus com estrutura semelhante.


Becca: Isso significa que...


Dennis: É um vírus desconhecido. Como é transmitido?


Connor: Eu não sei. Comecei a fazer experimentos ontem assim que recebi as amostras.


Dennis: Experimento? Usou as amostras que te enviei para fazer experimentos? Qual seu problema, garoto? Tirou evidências para fora das instalações do FBI para brincar com seus ratinhos de laboratório?


Connor: Não... Sim... Mas segui todos os procedimentos. Verifiquei a amostra, tentei isolar o vírus, olhei se batia com algum vírus existente e quando tudo foi descartado...


            Connor fica em silêncio olhando para Dennis.


Connor: Decidi testar por conta própria. Não se preocupe. Os ratinhos não estão sendo maltratados... Pelo menos não ainda.


Dennis: O vírus que achei no frasco foi o mesmo que matou Thomas Yale?


Connor: Possivelmente sim. O mais interessante agente é que o vírus ao entrar em contato com os glóbulos vermelhos, o perfura e se infiltra na corrente sanguínea.


Dennis: Esse papo nerd não faz muito o meu tipo.


Connor: Desculpe-me.


            Dennis olha para Becca que ergue suas mãos.


Dennis: E você... Quando lhe derem uma evidência, você segue o procedimento... Processa, analisa e informar os resultados. Não a compartilha com os amiguinhos de laboratório.


Becca: Desculpa.


            Dennis sai.


Connor: Idiota.


            Na recepção, Dennis andava vendo Jessie Simmons segurando uma bolsa branca enquanto outros integrantes do CDC vão adentrando.


Dennis: Dra. Simmons? O que faz por aqui?


Jessie: Vejo que não ficou sabendo. O médico legista do FBI foi encontrado morto e como ele esteve em contato com o corpo de Thomas Yale e as condições em que foi encontrado nos fizeram assumir o caso.


Dennis: Ian? Ian morreu? Quando?


Jessie: Hoje. Sinto muito. Gostaria de pedir que me acompanhasse.


Dennis: Depoimento?


Jessie: Está mais para um isolamento. Não sabemos como o vírus se propagar, então todos que tiveram contato com o corpo de Thomas deverão ficar sobre isolamento.


Dennis: Você está tendo contato comigo, não está exposta ao vírus também?


Jessie: Não. Tomei a vacina.


Dennis: Vacina?


            Jessie confirma com a cabeça enquanto Dennis a acompanha.


Dennis: Preciso pegar algumas coisas. Volto logo.


            Dennis vai até uma sala encontrando Becca e Connor conversando.


Connor: Agente?


Dennis: Por que usou as aspas quando disse vacina?


Becca: Por que... Por que, eu e o Connor, analisamos quimicamente e biologicamente a vacina. Como podemos dizer?


Connor: Quimicamente e biologicamente, a vacina não foi limpada corretamente para que aja como uma vacina... Você sabe? Faça com que o corpo produza seus próprios anticorpos.


Dennis: No momento, vocês dois são os únicos aqui de fora com quem posso contar para entender esse caso. Se surgirem dúvidas, contatem a agente McKinley... E garoto? Continue fazendo o que quer que seja com os ratinhos para descobrir o que é esse vírus.


            Connor confirma com sua cabeça.


 


14h03min, Sede do CDC, New York City, Nova York


 


            No necrotério do CDC, Jessie e Dennis estavam usando roupas de proteção brancas enquanto olhavam o corpo de Ian.


Jessie: A hora da morte foi entre cinco e sete horas da manhã.


Dennis: Bem a cara dele. Chegar cedo para arrumar o necrotério para seus convidados.


Jessie: Os mortos?


Dennis: Ian considerava as vítimas como seus convidados. Qual a causa da morte?


Jessie: O musculo do miocárdio apresentava danos. Sabe quando seu músculo trabalha demais até que começa a doer? Então, foi isso que aconteceu com ele. O músculo trabalhou demais.


Dennis: Ian já tinha tido um derrame.


Jessie: Derrame está relacionado com a parte cerebral enquanto o infarto está relacionado com o coração. Mas ele ter tido um derrame explica a presença de heparina em seu sangue.


Dennis: Anticoagulante.


Jessie: Exato.


            Dennis aproximasse de Jessie.


Dennis: Dra. Simmons, qual a causa da morte de Thomas Yale?


Jessie: Isso é um assunto relacionado ao CDC, portanto é sigiloso...


Dennis: Dra. Simmons. Jessica. O que matou Thomas Yale?


            Jessie fica em silêncio encarando Dennis.


Jessie: É confidencial, mas ambas as mortes estão relacionadas.


Dennis: Thomas também teve esse negócio de dano excessivo no coração, não foi? Se sim, confirme com a cabeça. Não terá dito nada... Diretamente.


            Jessie confirma com sua cabeça.


Dennis: Por que o CDC está nesse caso? Eu pelo menos sei sobre os Laboratórios Gillies, sobre a farsa da doença europeia, sobre a vacina que aparentemente não funciona...


Jessie: Repita isso. A vacina que não funciona? Como assim?


Dennis: Tenho dois estagiários nos laboratórios do FBI tentando descobrir a eficácia da suposta vacina que Thomas Yale tomou.


            Jessie fica um pouco surpresa.


Dennis: Isso mesmo. O CDC investiga doenças contagiosas, o FBI investiga mortes. Deviam ter investigado a casa da vítima.


Jessie: Não conseguimos o endereço dele.


Dennis: É isso que o FBI faz.


Jessie: Agente Harrison, diga-me tudo que sabe sobre a vacina e o vírus... E o mais principal, sobre os Laboratórios Gillies.


Dennis: O que houve? Do nada decidiu ser solidária e pedir minha ajuda nesse caso?


Jessie: Agente Harrison, eu não sou o tipo de mulher que pede ajuda a ninguém. Se eu pedir ajuda... É por que estou necessitando, urgentemente.


Dennis: Eu a ajudarei.


            Jessie e Dennis vão saindo do necrotério e quando chegam numa antecâmara, começam a retirar suas roupas brancas.


Jessie: O escritório do FBI está sobre quarentena, significa que não podemos voltar lá.


Dennis: Não, mas vocês podem trazer pessoas para cá.


Jessie: Sim. Quem gostaria de trazer?


            Dennis olha para Jessie.


 


14h57min, Sede do FBI, New York City, Nova York


 


            Numa tenda branca esterilizada, todos os demais funcionários estavam dentro da mesma sendo vigiados. A Dra. Jessie Simmons sai do elevador e aproximasse lentamente da tenda falando com dois agentes do CDC.


Agente: Dra. Simmons.


Jessie: Vim fazer a retirada de dois pacientes. Dois possíveis suspeitos de serem os pacientes zeros.


            O agente abre o zíper da tenda. Jessie entra e olha todos à procura de seus alvos.


Jessie: Boa tarde a todos. Eu sou a Dra. Jessica Simmons e estou à procura de uma jovem desse tamanho...


            Jessie começa uma espécie de mímica e todos continuam lhe olhando estranhamente.


Jessie: Tudo bem... Lembrei. Os nomes.


            Jessie puxa um papelzinho e lê.


Jessie: Procuro por Connor Gritchell e pela loira do 4-hidroxicumarina.


            Connor e Becca se levantam e vão na direção de Jessie.


Connor: É Mitchell, não Gritchell. Qual o problema do agente Harrison? É um “M” e não um “Gr”.


Jessie: Você é a loira do 4-hidroxicumarina?


Becca: Oi, meu nome é Rebecca, mas pode me chamar de... Becca.


            Eles saem da tenda e entram no elevador.


Connor: Onde nós vamos?


Jessie: Vamos dar um passeio. Já foram ao CDC? Imagino que não. Será a primeira vez de você.


            As portas do elevador se fecham.


 


19h27min, Sede do CDC, New York City, Nova York


 


            A porta do elevador se abre. Jessie sai do elevador carregando sua bolsa branca, Becca sai portando alguns livros e Connor levando uma gaiola com ratinhos brancos.


            Eles entram em um laboratório bem aprimorado com vários dispositivos.


Becca: Meu Deus... O kit de Química que eu pedi a minha mãe nunca chegou perto disso. É... É, eu não tenho palavras...


Jessie: Incrível... Espetacular... Maravilhoso...


Becca: Sim. Isso mesmo.


            Dennis surge por outra porta.


Dennis: Onde estão os ratos, garoto?


Connor: Estão aqui.


            Connor coloca a gaiola com os ratos sobre a mesa enquanto Becca aproximasse de Dennis ficando ao lado dele. Jessie se apoia na mesa observa os ratos.


Connor: Apresento-lhes Nemo, Mickey, Bolt e Lassie.


Dennis: Que legal. Dois cães, um rato e um peixe.


Connor: Não é o Nemo de Procurando Nemo, é... Nada, esqueça.


Jessie: O agente Harrison me falou sobre os seus testes com os ratos. Isolou o vírus e o recriou?


Connor: Digamos que eu tenha uma boa estufa. Infectei os nossos amiguinhos e a partir de resquícios da vacina que encontrei no frasco, eu a recriei. Sem tirar nem por.


Dennis: Agora é a hora que vocês gênios explicam a Dra. Simmons sobre a eficácia da vacina.


Becca: Quando se é feita uma vacina, se pega o vírus e coloca em células humanas, depois leva a uma estufa e espera que ele se procrie... Em seguida, pega as células com vírus multiplicado e faz uma limpeza para tirar a parte responsável por causar a doença.


Jessie: No final só sobra à parte que estimula a produção de anticorpos específicos para combater o vírus. O erro, de acordo, com vocês está na fase da “limpeza”?


Becca: Exato. Ele não retirou por completo a parte que causa o vírus.


Jessie: Sério? Droga.


            Jessie sai andando lentamente enquanto Dennis olha para eles.


Connor: Dissemos algo errado?


Dennis: Não. Acho que ela fez algo errado.


            Há alguns metros, do lado de fora da sala, Dennis aproximasse de Jessie.


Dennis: Quer falar sobre isso?


Jessie: Não. Eu sou agente representativa do CDC, lido com questões tantos sociais quanto de risco biológico... O que eu fiz vai contra o que o CDC prega.


Dennis: Dra. Simmons... Não sou médico nem tenho conhecimento sobre 1/3 das palavras que me disseram desde ontem, mas eu... Eu vou ajuda-la.


Jessie: Obrigado, agente.


            Dennis pega seu celular e coloca na viva-voz.


Dennis: Eliza?


Eliza: O que está acontecendo aqui? Tem o pessoal do CDC aqui e uma tenda armada na recepção? Devo me preocupar?


Dennis: Calma, Eliza. Primeiro, tenho que te dizer. O Ian morreu hoje, por isso o nosso andar está de quarentena.


Eliza: Droga... Eu não acredito.


Dennis: Precisa me dizer o que descobriu sobre os Laboratórios Gillies.


Eliza: O básico. Pelo menos aquilo que aparece na internet ou em qualquer fonte de busca. Fundado em 1972 por August Gillies. Na época era um hospital, mas começou a trabalhar com o desenvolvimento de vacinas...


Dennis: E atualmente?


Eliza: Desde a morte do fundador, o seu neto Harvey Gillies passou a comandar os Laboratórios em conjunto com um médico chefe.


Dennis: Tem um nome?


Eliza: Não. Não aparece em nenhum banco de dados ou site.


Dennis: Obrigado e toma cuidado.


            Dennis desliga o celular.


Jessie: Elijah Dawkins. Esse é o médico chefe dos Laboratórios Gillies.


Dennis: Como o conhece?


            Jessie fica em silêncio desviando seu olhar.


Dennis: Você tem que me dizer para que eu possa te ajudar. Tem haver com o erro que você cometeu que ia contra os princípios do CDC?


Jessie: A vacina que eu tomei para me proteger do vírus foi produzida pelos Laboratórios Gillies.


Dennis: Significa que se eles produziram uma vacina que não é eficaz e a estão vendendo, isso só estará acelerando o processo de morte... E você tomou essa vacina.


            Jessie cruza seus braços e fica olhando para baixo.


Jessie: Significa que a vacina que eu tomei pode estar nesse instante me matando por dentro.


Dennis: Mas não foi esse o erro que cometeu, foi?


Jessie: Quando nos foi passado esse caso, eu e mais seis médicos do CDC fomos convocados para ele... Tomamos a vacina feita pelos Laboratórios Gillies.


Dennis: Quer dizer que sete pessoas se tornaram cobaias para a vacina que eles produziram?


Jessie: Não somos cobaias, mas a ocasião faz o ladrão. Um vírus do leste europeu aqui em solo americano é um risco em potencial. Precisávamos nos proteger.


Dennis: Espera... Você disse que o vírus é do Leste Europeu. Como? Como vocês descobriram que era da Europa?


Jessie: E do que isso importa?


            Dennis aponta para Connor.


Dennis: Aquele nerd ali passou a estrutura do vírus pelo banco de dados. Não houve nenhum resultado, então, como vocês descobriram?


Jessie: Somos o CDC. Esse é o nosso trabalho. Contatamos alguns laboratórios ao redor do mundo e um deles que se localizava em Montenegro disse saber que vírus era esse e já havia lidado com ele.


Dennis: Então, recomendou a vacina que somente o Laboratório Gillies tinha.


Jessie: Não exatamente. O Laboratório em Montenegro também tinha a vacina, só que levaria três dias até chegar em nossas mãos... Os Laboratórios Gillies trabalham desenvolvendo vacinas há anos e foi por isso que confiamos neles.


Dennis: Entendi. Se o nosso amigo tinha um frasco vazio que continha o vírus e ao que tudo indica, ele injetou nele mesmo, eu sou tenho uma pergunta a fazer. Por quê? Por que injetar um vírus em si mesmo?


Jessie: Para provar a eficácia da vacina?


Dennis: Thomas era um repórter que conseguiu uma chance como apresentador por ter mostrado as sujeiras de algumas empresas, dentre elas, Laboratórios Gillies. E se ele descobriu essa produção de vacina defeituosa?


Jessie: Então, roubou o vírus e injetou nele mesmo, depois injetou a vacina para provar que tudo não passava de uma mentira... Estamos falando de um Laboratório que trabalha com agentes patogênicos. Como ele conseguiria invadir?


Dennis: Repórteres sempre dão um jeito.


            De volta à sala de laboratório, Jessie observa Connor segurando seu ratinho em suas mãos.


Jessie: Agente Harrison me disse que você fez uma pesquisa do vírus no banco de dados por meio da estrutura dele.


Connor: Sim, isso mesmo... A estrutura dele é esférica envelopada e possui peplômeros que quando entram em contato com as células humanas perfuram-na.


Dennis: Oi?


Jessie: Uma bola de ferro com espeto.


Dennis: Agora sim.


Jessie: Ela perfura a célula e entra. Os peplômeros dobram seu tamanho saindo da célula e quando toca em outra célula fazem o mesmo processo.


            Dennis olha meio confuso.


Jessie: Já assistiu A pele em que habito. O protagonista veste no estuprador a pele sintética que criou, não é? É quase como se fosse essa cena. O vírus mata a célula, mas veste a sua “pele” para se disfarçar. O vírus é transmitido pelo contato com secreções e não pelo ar.


Dennis: E poder infectar mais células. Quanto tempo até a morte?


Becca: Alguns dias.


Dennis: Thomas Yale demorou dias para morrer, então por que Ian morreu em menos de um dia?


Becca: Eu estava olhando alguns papéis e vi o toxicológico. No sangue do legista tinha Heparina, por causa de um derrame. A heparina é um polissacarídeo polianiônico sulfatado que age da mesma forma que a Warfarina. Se o afinamento do sangue for um sintoma do vírus...


Connor: O uso de heparina deu uma acelerada na morte.


Dennis: Se for assim, já sei onde encontrar mais dois pacientes.


 


18h11min, Hospital Trinity Medical, New York City, Nova York


 


            No Segundo andar, agente Harrison e Dra. Simmons andam pelo corredor juntos conversando.


Dennis: Pedi para que Eliza investigasse tudo que tinha sobre Elijah Dawkins e sobre o Laboratório Gillies.


Jessie: Mas ela não já fez isso?


Dennis: Fez. Só que Eliza tem informantes em toda Nova York e que trabalham em todas as esferas da sociedade.


Jessie: Interessante.


            Eles aproximam-se de duas salas lado a lado vendo o médico parado.


Dr. Archos: Boa noite. Quem são vocês?


Jessie: Sou agente representativa do CDC Jessica Simmons e esse é o agente do FBI Dennis Harrison.


Dr. Archos: FBI e CDC juntos? É algum caso de bioterrorismo?


Dennis: Suspeitamos que sim.


Dr. Archos: Devo me preocupar? Tivemos contato com elas. O andar será isolado?


Jessie: Não. É transmitido pelo contato com secreções. Você teve contato com as secreções delas?


Dr. Archos: Não.


Dennis: Diga-nos o que puder sobre elas duas.


Dr. Archos: Alexia Vandal e Carol Walsh. Elas deram entrada aqui em horários diferentes. Alexia por volta de 11h30min enquanto Carol deu entrada ás 16 horas.


Jessie: Quais os sintomas?


Dr. Archos: Sudorese, pupilas dilatadas, picos de euforia. É como se ela tivesse prestes a ser assaltada.


            Dennis olha para Jessie.


Jessie: O corpo libera adrenalina quando se encontra em situações de raiva e estresse. Dentre os efeitos da adrenalina, estão à sudorese, pupilas dilatadas, picos de euforia...


Dr. Archos: E não posso esquecer das olheiras. Apliquei compressas geladas na primeira paciente, mas não sumiram.


Dennis: Fizeram exames de sangue?


Dr. Archos: Sim. Não apresentam anormalidades, tirando o fato dos níveis de vitamina K estar baixo o que também explica... O porquê da amostra de sangue estar tão peculiares.


Dennis: E por peculiar quer dizer sangue afinado?


            Dr. Archos confirma com a cabeça.


Dr. Archos: Recentemente começou a tossir sangue.


Jessie: Obrigado.


            Dr. Archos confirma com a cabeça enquanto se afasta. Dennis e Jessie entram lentamente no quarto de Carol vendo a tossir sangue num vasilhame.


Carol: Agente Harrison?


Dennis: Soube que estava doente. Vim ver como estava.


Carol: Bem...


            Carol tosse mais um pouco de sangue. Jessie nota que ela está com soro intravenoso e eletrodos médicos.


Carol: Estou parcialmente bem.


Jessie: Sangue. Efeito da deficiência de vitamina K. Ela está começando a pôr o sangue afinado para fora.


Dennis: Ela está no soro?


            Dennis pega seu celular e põe na viva voz.


Dennis: Conseguiu fabricar a vacina?


Connor: Estamos trabalhando nisso. Ciência é uma arte, não algo que se possa apressar.


Jessie: Mas e a vacina que recriou?


Becca: Que bom que perguntou. A vacina que recriamos não foi útil. Lassie morreu e... Bom, estamos fazendo uma autópsia na Lassie.


Dennis: Causa da morte?


Connor: Ela teve um ataque cardíaco. O minúsculo coraçãozinho dela parou de vez.


Jessie: Toxicológico?


Becca: 4,1-hidroxi-2-metilamino-etil-benzeno-1,2-diol... De forma resumida, adrenalina. E em grandes quantidades. Foi o que causou a parada cardíaca.


Jessie: Ela está recebendo doses de menadiona... A nossa paciente.


Becca: Di-fosfato de sódio de menadiol.


Jessie: Sério?


Becca: Desculpe-me. É um tique nervoso das aulas de química na universidade.


Dennis: Quaisquer novidades avisem.


            Dennis desliga o celular.


Jessie: A menadiona está sendo convertida em K3 pelo corpo e vai ajudar na coagulação. A deficiência de vitamina K explica as olheiras e o sangue afinado.


Dennis: É impressão minha ou...


            Dennis olha os monitores vendo os batimentos subirem.


Dennis: Ela está tendo uma parada cardíaca.


            Jessie abre as gavetas à procura de um sedativo, ela abre e aplica em Carol que começa a por a mão em seu peito. Segundos se passam e ela começa a ficar cambaleante. Ela desacorda.


Jessie: Sedativo. Sedativo.


Dennis: Temos que manter as vítimas sedadas para que os efeitos do pico de adrenalina não as matem?


Jessie: Sim.


            Jessie e Dennis trocam olhares.


 


Dia Seguinte


07h15min, Prédio de Escritórios Winston, New York City, Nova York


 


            No 12º andar, os agentes Harrison e McKinley chegam a uma recepção vazia sem nenhuma decoração.


Dennis: Tem certeza de que é aqui?


Eliza: Sim. Eu pesquisei o endereço na internet e no banco de dados de laboratórios permitidos por lei para a fabricação de vacinas...


Dennis: Se esse é o lugar certo, onde estão as pessoas daqui?


Eliza: Alguma espécie de treinamento ou passeio comemorativo?


            Eles chegam a uma sala vendo um cientista arrumando algumas coisas numa mesa quando Dennis bate na porta de vidro.


Dennis: Ei.


            O cientista se vira vendo Dennis e sai correndo pela outra porta. Dennis o persegue enquanto Eliza dá a volta por fora.


            Eles seguem por corredor extenso. O cientista vai derrubando os jarros enquanto Dennis desvia de todos. O homem entra em outro corredor sendo seguido pelo agente.


            O homem se joga pela janela quando Dennis segura o jaleco dele. Agora ele encontrava-se pendurado.


            No elevador, eles três entram.


Dennis: Qual o seu nome?


Seed: Chamo-me Seed.


Eliza: Por que correu, Seed?


            Dennis pressiona o pescoço de Seed contra a parede.


Dennis: É melhor dizer o que queremos saber.


Seed: Desculpa... Desculpa... Eu falo.


            Dennis solta a mão.


Dennis: Agora fala.


Seed: Fomos orientados a largar todos os materiais para trás e irmos embora. Nossos históricos foram apagados.


Eliza: Como assim?


Seed: Como se nunca tivéssemos existido nessa empresa... Ou melhor, como se essa empresa nunca tivesse existido nesse prédio.


Dennis: Por que pulou? Você é idiota?


Seed: Trabalhar aqui dava um bom dinheiro, então achei que quando tudo fosse apagado, todo o dinheiro depositado seria subtraído de nossas contas... E minha filha está doente. Câncer. Precisa de uma cirurgia.


Eliza: Ia se matar? Ela ia ficar viva e sem pai. Esse era o seu plano? Matar-se e pegar o seguro.


Dennis: O que veio buscar?


            Seed olha para seu bolso enquanto Eliza tira uma foto.


Eliza: Essa é sua filha?


Seed: Foi do dia em que fomos ao parque de diversões pela primeira vez... Antes de ela adoecer.


            O elevador para e a porta se abre. Ariel Caine entra no elevador e aperta para descer.


Ariel: Agente Harrison?


Eliza: Vocês se conhecem?


Dennis: Eliza, eu apresento-lhe Ariel Caine, um conhecido da vítima...


Ariel: É uma relação mais de casal do que de amigos.


Eliza: Você trabalha aqui?


Ariel: Sim... No décimo andar. Trabalho no escritório de uma imobiliária.       


            Dennis olha para Ariel e depois para Eliza.


 


09h44min, Sede do CDC, New York City, Nova York


 


            Numa sala de laboratório, Connor pegava um de seus ratos enquanto Becca aproximasse com uma seringa.


Becca: Olá amiguinho. Quem é esse? Nemo?


Connor: Bolt.


            Becca injeta a vacina no rato. Connor o devolve à gaiola.


Connor: Por que as pessoas quando escutam o nome “Nemo” associam ao peixe e não ao capitão?


Becca: Por que nem todos conhecem o Capitão Nemo. Simples.


Connor: Você conhece, mas o Agente Harrison não.


Becca: Não o culpe. Nem todos gostam de ler tantos livros quanto você.


Connor: Isso foi sarcasmo disfarçado de elogio, não foi?


Becca: Claro que não.


            Becca dá de ombros. Dra. Simmons aproximasse lentamente usando um vestido verde.


Connor: Doutora?


Jessie: Gostaria de saber se concluíram a vacina.


Becca: Sim. Já estamos testando nas cobaias.


Jessie: Eu já encontrei uma cobaia para os testes em humanos.


Connor: Sério?


            Jessie pega um lenço e limpa a parte inferior de seus dois olhos mostrando olheiras.


Becca: Você está doente, não é?


            Na enfermaria do CDC, Jessie estava sentada na maca enquanto Becca retira o sangue. Connor começa a olhar o armário de remédios e os organizar.


Becca: Entrou em contato com o sangue da Srta. Walsh?


Jessie: Não... Não sei. Talvez uma gota de sangue tenha me atingido. Eu não sei.


Connor: Amicacina, Amoxilina, Ampicina... O pessoal daqui devia ser mais organizado.


Jessie: Até o momento, eu só apresentei as olheiras. Os demais sintomas deverão aparecer com o decorrer do tempo.


Becca: Talvez sejam noites mal dormidas.


            Jessie fica em silêncio.


Jessie: Eu tomei a vacina defeituosa fabricada pelos Laboratórios Gillies.


            Connor se vira segurando dois frascos de antibiótico.


Connor: Opa...


Becca: Existem chances de estarmos enganados. Somos apenas estagiários.


Connor: As chances de acertamos sobre a vacina são de quase 90%, mas ainda existem aqueles 10% que podem estar errados.


            Becca olha para Connor com feição de raiva.


Connor: O que? Ela precisa saber das chances que tem.


Jessie: Não se preocupem. Foquem em achar a cura para esse vírus.


Becca: Você está liberada.


            Eles saem andando pelo corredor.


Becca: Qual o seu problema?


Connor: Ser realista não é necessariamente um problema. Eu podia ser negativista e dizer que ela vai morrer ou poderia ser positivista e dizer que ela vai viver, mas estaria sendo plausível no primeiro e mentindo no segundo...


Becca: Nem sempre as pessoas precisam da realidade. Um “estamos fazendo o possível” vale mais do que “você vai ficar viva”.


            Ao entrarem na sala de Laboratório, veem Bolt morto.


Connor: Mais um deles morreu.     


            Meia hora depois, Dennis estava com Becca e Connor conversando enquanto olhavam fotos.


Dennis: Eu sabia que esses Laboratórios Gillies estavam envolvidos em algo quando vi documentação deles na casa do Thomas.


Becca: Não sabemos o que está acontecendo, agente. Nenhuma das vacinas surtiu efeito. Dois ratos morreram.


Connor: E temos mais um que apresenta os sinais de que sua vida está chegando ao fim.


Dennis: Tossir sangue? Aumento dos batimentos cardíacos?


            Connor confirma com a cabeça.


Dennis: O que está dando errado na vacina?


Becca: Não sabemos. Não é tão simples assim fazer uma vacina a partir de um vírus. Estamos fazendo nosso melhor.


Dennis: Odeio quando a vida de um civil é colocada em risco por um inimigo que não posso ver.


            Dennis golpeia um Becker o lançando no chão. Connor para.


Becca: Calma.


Connor: Olha, seu momento de raiva me deu um daqueles lapsos explicativos... Mesmo que tenha quebrado aquele Becker de 12 cm.


Dennis: Então, fale.


Connor: A pele em que habito. Eu nunca assisti, mas pelo que a Dra. Simmons falou... O vírus roubou a “pele” da hemácia e pôs seus espetos para fora para infectar outras hemácias


Becca: Ele não roubou só por roubar. Está usando a hemácias para se proteger. O sistema imunológico não vai atacar um dos seus.


Dennis: E tem como atacar?


Connor: Talvez. A cápsula viral que envolve o vírus é basicamente feito de glicoproteínas e fosfolipídios. Precisamos de algo que ataque o vírus e que esteja armado para perfurar esse envelope.


Becca: Lipase.


Dennis: Que eu saiba a lipase é aquele negócio que digere os lipídeos da comida, não é não?


Connor: Exato. A vacina terá que ser feita a base de lipase para poder digerir a cápsula viral disfarçada de hemácia.


            Dennis olha para Connor e Becca.


Dennis: Gênios, vocês estão de parabéns.


 


13h27min, Sede do FBI, New York City, Nova York


 


            Na recepção, Dennis anda lentamente vendo Eliza segurando uma pasta.


Dennis: O que descobriu?


Eliza: Na verdade, temos mais um paciente.


Dennis: Sério? Quem?


Eliza: Marva Atkins. A maquiadora da vítima. Deu entrada no hospital quando foi assaltada e reagiu brutalmente.


Dennis: E por “brutalmente” quer dizer?


Eliza: Ela deu um chute e uma chave de braço no ladrão e em seguida o espancou... Com uma lata de lixo.


Dennis: Nossa. E... E Alexia Vandal e Carol Walsh?


Eliza: Também queria falar sobre isso.


Dennis: O que aconteceu? Não... Sério?


            Eliza abre a pasta.


Eliza: Alexia Vandal teve um infarto hoje de manhã. Acharam o corpo na cama de hospital... Sangrando pelo ouvidos, nariz e boca. Temos que nos preocupar com isso? Três casos em três dias seguidos.


Dennis: A doença leste europeia é o que está causando isso.


Eliza: Eu já percebi.


Dennis: E não, essa doença não é transmitida pelo ar. Somente se tocar na saliva ou no sangue da vítima... Ou se for azarado.


Eliza: E eu pesquisei mais a fundo sobre os Laboratórios Gillies.


Dennis: E o que descobriu?


Eliza: Nosso amigo suicida bem que alertou. Eles apagaram todo o histórico. Mas algumas coisas não escapam dos ouvidos da rua... O Laboratório fez um contrato por baixo dos panos de fornecer vacinas ao CDC quando necessário.


Dennis: Essa é nova.


Eliza: E mais. Os Laboratórios Gillies não possuem só uma sede aqui em Nova York. Eles possuem laboratórios em vários outros lugares do mundo... Vancouver, Canadá. Chihuahua, México. Podgorica, Montenegro...


Dennis: Podgorica, Montenegro. Interessante. Isso fica na Europa. Dra. Simmons me contou sobre ter usado a vacina que um Laboratório de Montenegro recomendou... Mas como iria demorar muito, decidiu pedir aos Laboratórios Gillies.


Eliza: Ela achava que eram Laboratórios diferentes?


Dennis: Ela foi enganada. Assim como os demais médicos do CDC que injetaram a vacina em si.


Eliza: Há mais deles?


Dennis: Contando com a doutora, são sete. Contate-os. Têm pessoas trabalhando na vacina nesse exato momento.


Eliza: Quem?


Dennis: É melhor que não saiba. Obrigado, Eliza.


            Dennis sai andando.


 


17h02min, Sede do CDC, New York City, Nova York


 


            Em uma sala de vidro, Jessie lia um livro estando sentada numa maca usando roupas de paciente. Dennis aproximasse lentamente vendo Dra. Simmons com olheiras bem evidentes. Ela aproximasse dele ficando separados por um vidro.


Dennis: Você está bem?


Jessie: Sim... Os picos de adrenalina já vieram.


Dennis: E o que você fez?


Jessie: Pulei corda e amarelinha.


            Jessie mostra uma amarelinha desenhada com esparadrapo.


Dennis: É o que dizem. Todos têm uma criança interior.


Jessie: Agente Harrison, gostaria de lhe agradecer pelo que fez. Ajudou-me muito nesse caso.


Dennis: Se for aquela coisa de “últimas palavras antes de morrer”, pode esquecer. Você vai viver. Socar um Becker e falar algumas palavras de ódio fizeram os gênios terem uma ideia.


Jessie: Sério?


Dennis: Sim... Sabemos sobre o acordo por baixo dos panos que o CDC fez com os Laboratórios Gillies.


Jessie: Somente em casos de necessidade pública. Imagina um surto de ebola ou gripe espanhola na cidade de Nova York... Uma boa parte da população morreria.


Dennis: E o Laboratório Gillies teria seu reconhecimento e lucraria. Sabia que os Laboratórios Gillies tem uma sede em Podgorica, Montenegro?


Jessie: É no mesmo lugar... Do... Laboratório com o qual entramos em...


Dennis: Óbvio.


            Dennis olha para Jessie que fica meio perdida depois entende.


Jessie: O vírus nunca atingiu uma cidade leste europeia por que ele nunca existiu. Ele foi criado pelos Laboratórios Gillies.


Dennis: Thomas descobriu e invadiu o Laboratório com ajuda do cartão-chave de Ariel Caine. Foi assim que ele roubou o vírus. Ia provar que o Laboratório Gillies estava produzindo vírus...


Jessie: Injetou nele mesmo e ficou esperando os sintomas se apresentarem.


Dennis: Por que injetar um vírus desconhecido em si mesmo?


Jessie: Por que se falasse em público... Seria a palavra de um civil contra um Laboratório com muitos advogados. Ao injetar nele e quando os sintomas aparecessem, chamariam o CDC pela gravidade do vírus.


Dennis: Investigariam e chegariam ao Laboratório Gillies.


Jessie: Quando viu que podia morrer, decidiu invadir de novo e roubar a vacina.


Dennis: A vacina que só acelerou a morte dele. O lenço ensanguentado no camarim... Foi ali que Marva Atkins, a mais recente vítima do vírus, se contaminou. E depois daquilo, Ian se contaminou com o sangue presente na mesa do estúdio.


Jessie: O vírus torna o sangue fino por que inibe a metabolização da vitamina K e depois ele dá picos de adrenalina o que gera noites em claro, momentos de extrema coragem e no final parada cardíaca... Ian tomava heparina.


Dennis: Que afina o sangue. Meio caminho andado para o vírus. Só precisou enfartá-lo. E quando perceberam que alguém ia investigar sobre o vírus...


Jessie: Decidiram nos matar. Eles enviaram um lote com vacinas defeituosas onde o vírus estava latente a espera de um hospedeiro.


Dennis: Eles iam matar pessoas para esconder a verdade. Eu vou emitir um alerta para os representantes do Laboratório... Harvey Gillies e Elijah Dawkins.


            Dennis se afasta enquanto Jessie se dirige até sua cama pegando um livro. Minutos depois, as luzes que iluminam o exterior da sala de vidro se apagam. Jessie fecha o livro e anda na direção da parede. Uma figura masculina usando chapéu surge.


Jessie: Quem está ai?


Elijah: Prazer, eu me chamo... Doutor Elijah Dawkins. Deve ter ouvido falar de mim.


Jessie: Você? Você que nos deu a vacina defeituosa. Por quê?


Elijah: Querida, eu não lhe devo explicações. Esse devia ter sido só mais um surto qualquer de uma doença qualquer.


Jessie: Vocês estavam monitorando o surto... Vendo como ele agia em meio a um grupo de pessoas.


Elijah: Sim... Estávamos observando a propagação e a mortalidade do vírus.


Jessie: Método científico?


            Elijah confirma com a cabeça.


Elijah: E você sabe qual é a próxima fase?


Jessie: Fazer mais testes para saber se é replicável. Vai liberar ainda mais do vírus?


Elijah: Não... Que idiota acha que eu sou? Eu tenho a certeza de que funciona, só preciso testar os outros.


Jessie: Outros? Você... Você tem mais desses vírus?


Elijah: Claro.


            Jessie bate as mãos no vidro.


Jessie: Por quê? Por que vai fazer isso?


Elijah: O Hospital Gillies-Porter surgiu a partir de uma tenda de primeiro socorros instalada no Vietnã no ano de 1965. Dois amigos médicos pensaram em ajudar as pessoas... E assim surgiu o Hospital Gillies. Mas um visionário, meu avô, pensou E se adoecermos as tropas inimigas. Se os fizermos ficarem fracos... Ele era formado em Genética na época, então alterou um vírus da gripe e o tornou... Mortal.


Jessie: Adoeceu as tropas inimigas e deixou a tropa dele e as aliadas protegidas.


Elijah: Você está entendendo. Foi assim que surgiram os ideais dele, foi assim que surgiu o Laboratório Gillies... Adaptamo-nos com tempo e com a direção de Harvey Gillies, estamos almejando algo maior.


Jessie: O que?


Elijah: Por que oferecer a chance de acabar com os inimigos de forma rápida e sem necessitar de tropas... A somente um lado?


Jessie: Vai vender armas biológicas aos dois lados e ficar no meio lucrando. E como desenvolve vacinas, você e o seus estão imunes...


Elijah: Sim.


Jessie: O que veio fazer aqui? Sei que não veio parabenizar pela minha futura recuperação depois de vocês quase tentarem me matar.


Elijah: Não, eu vim avisar que se você se meter mais uma vez nos testes do Laboratório Gillies... Um vírus mortal será o menor dos seus problemas. Mataremos quem você mais ama na sua frente enquanto você agoniza de dor.


            Elijah se afasta do vidro caminhando para a escuridão.


Jessie: Seu... Seu monstro. Você é um monstro. Você é doente.


Elijah: Não. Muitos alegam que sou monstro, mas eu não sou... Eu sou visionário. E vejo que as pessoas fazem tudo por sua sobrevivência... Você é um exemplo.


Elijah aproximasse do vidro olhando para Jessie.


Jessie: Do que está falando?


Elijah: Você entregou a vacina que poderia salvar a sua vida nas mãos de dois estagiários do FBI e a um agente que mal conhece. Desespero, Dra. Simmons. Desespero.


Jessie: Sim...


            Elijah olha bem no fundo dos olhos de Jessie vendo suas pupilas dilatadas.


Elijah: Pupilas dilatadas e sudorese... Diga-me. Qual a sensação? Como é ser a hospedeira desse vírus?


Jessie: Quer saber? Por que não entra aqui e me deixa te mostrar?


Elijah: Isso é a adrenalina falando.


            Elijah se vira enquanto Jessie começam a falar.


Jessie: Dawkins, eu prometo... Eu vou atrás de você. Os Laboratórios Gillies não vão sair impune por esses crimes... Eu vou prender vocês.


Elijah: Então, se prepare. As coisas só vão piorar.


            Elijah desaparece na escuridão enquanto Jessie começa a gritar.



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Autor(a): paulo_handerson

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