Fanfic: A Promessa | Tema: Belo Desastre, A Seleção, Os Instrumentos Mortais, As Peças Infernais, Desastre Iminente, Estilhaça-
De repente minha vista se iluminou, meus olhos já estavam abertos, mas agora eu estava realmente enxergando as expressões de cada um. Quem não conhecia minha história, estava confuso e desacreditando. Quem conhecia minha história estava apenas desacreditando. Eu me sentia uma idiota depois de tudo, achando que minhas amigas iriam me entender, iriam me ajudar e me consolar ao invés disso...
Essas caras de quem diz “você não está bem, você está louca” mas eu estava bem. Muito bem. Me libertei das mãos de Maxon e dei alguns passos para trás, eu não estava afim de parecer boba ficando ali tentando fazê-los acreditar.
– Karlla. – era Rob, eu o encarei e ele tinha a mesma expressão dos outros.
Todos eles.
Até Maxon.
– Por favor – pedi erguendo as palmas das mãos para eles. – Por favor, fiquem ai.
Dei as costas e corri, não sabia para onde ir mas não iria voltar ao Morgan. Não. Não iria voltar. Passei pelo prédio do refeitório e pude sentir olhares me seguindo, olhares curiosos, confusos e intrigados. Eu não os culpava, realmente eu estava parecendo uma louca. Se não, parecia uma bebê chorona.
A segunda opção chegou a ser ofensiva.
– Karlla! – a voz.
A voz me seguiu até depois do refeitório, a voz gritava meu nome e mesmo assim, forcei a não parar. É claro que eu não iria parar de correr, ele não acreditava em mim então, porque o esforço? De repente a voz estava perto e meus ossos forçavam mais e logo senti uma mão em minhas costas, puxando minha blusa, me puxando para trás até cairmos no caminho de pedra.
Eu queria gritar “qual o seu problema?” mas desisti quando percebi que eu, quem tinha o problema. Queria chutar as pernas dele e fugir, mas estava cansada demais até para levantar. Queria discutir, mas estava ofegante demais, sem força até para mexer os lábios. Maxon estava sentado no chão, as pernas esticadas comigo entre elas. Seus braços cruzavam em minha frente e me seguravam forte, realmente forte o bastante para me machucar. Estávamos respirando com dificuldade quando ele falou.
– Você está louca saindo assim?
– Não estou louca! – gritei tentando me libertar.
– Eu sei! – ele gritou de volta. – Eu sei que você não é louca!
Então porque estava me olhando daquele jeito? Porque não me defendeu? Porque não perguntou a história? Porque simplesmente não acreditou em mim?
Era o que eu queria perguntar.
– Olha – ele começou. – Você precisa se acalmar. Caramba. Olha o quanto tive de correr. – ele tirou um braço de mim e acho que estava limpando o suor da testa. – Eu quero entender, ok? Quero saber o que aconteceu.
– Acho que não quero falar em voz alta. Não agora.
Ele suspirou.
– Mesmo assim. – uma pausa. – Eu quero saber e te entender. Ok? Não estou falando que não acredito. Só foi...
– Louco. – sussurrei cedendo a fadiga dos meus ossos e deitando minha cabeça em seu peito.
Maxon estava me levando para seu apartamento, não me lembrava de ter pedido ou aceitado algo assim, ele simplesmente levantou, puxou minhas mãos, me levou até o estacionamento onde seu carro estava e abriu a porta do passageiro para mim antes de dá a volta para o lado do motorista.
Olhava através da janela enquanto passávamos rápido demais pelo centro da cidade, casas, apartamentos, lojas, universidades, lanchonetes eram borrões, mas não me importava. Estávamos em silêncio e eu poderia sentir os olhares dele a cada sinal vermelho, a cada faixa de pedestre em que parávamos. Mas eu não me importava. Estava mais focada nos milhões de pensamentos que batiam contra si em minha mente e eu precisava organizá-los, precisava ser – apesar de tudo – forte.
Respirei fundo e fechei os olhos.
Não irei chorar.
Não irei perder a cabeça.
Não irei me passar por boba.
Não mais.
E isso era uma promessa.
– Pode falar. – era Maxon me fazendo abrir os olhos rapidamente, me virando para ele. – Sim, ela está comigo. Qual o problema? – levei alguns instante para perceber que ele segurava o celular no outro lado do rosto. – Mas porque? Hã... – parou ao encontrar meu olhar e suspirou. – Ok, tudo bem.
– Algum problema? – perguntei apreensiva e curiosa.
– Não, era apenas Aaron. – respondeu guardando o celular na abertura da porta. – Ele está indo para casa com o pessoal. – disse encarando a rua, unindo as sobrancelhas.
– Mas... Porque? – ele deu de ombros e voltamos a ficar em silêncio.
Maxon estacionou o carro, subimos as escadas em silêncio e paramos na sala de seu apartamento em silêncio. A sombra de um nervosismo ameaçou aparecer, mas joguei o mais longe que pude. Balancei a cabeça dissipando os pensamentos e sentei na grande e confortável poltrona ao lado do sofá e o observei ir a cozinha, pegar dois copos e enchê-los com alguma coisa que eu não pude ver, voltar para sala e me entregar um. Maxon caiu no sofá e virou o copo em menos de um segundo, olhei para o líquido amarelo-queimado no copo e virei, desceu queimando por todos meus órgãos e de algum modo, me despertou.
– Então – ele limpou a garganta e me encarou. – Está mais calma?
– Sim. Obrigada. – ele concordou com a cabeça, talvez para si mesmo.
– E pode me explicar sobre aquele jogo?
Não.
– Não sei bem, não entendi algumas coisas. É uma bobagem, uma idiotice mas – parei e o encarei de volta esperando ver descrença, confusão, mas não havia nada além de curiosidade em seus olhos. – Não é um jogo, Maxon. Eu tenho certeza. Eu me vi em um segundo e depois sumiu.
– Como assim sumiu? – perguntou inclinando para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
– Foi como um flash de uma imagem na tela do notebook. Tay, minha colega de quarto, disse que era um jogo. É só um jogo, foi o que ela disse e eu fiquei nervosa, porque eu estava ali. Mas quando ela me mostrou o jogo, já era outra imagem. Eu não sei, isso está complicado de entender.
– Foi por isso que você estava nervosa?
– Foi. Na maior parte. – ele ergueu uma sobrancelha e eu continuei. – Quando Tay me falou sobre uma fase no jogo, eu me senti mal. Era sobre alguém ter sido atropelado e o jogador precisava escolher seguir em frente e deixá-lo morrer ou salvá-lo. – parei e o encarei esperando que ele compreendesse, mas ele não parecia ter ligado os pontos. – Pode ter sido um pouco louco, mas eu lembrei do...
A porta se abriu de repente e Aaron entrou como um fantasma pálido, os olhos arregalados e pernas bambas. Maxon estava em pé no mesmo segundo segurando o irmão pelos ombros, perguntando o que havia acontecido e qual era o problema. E eu não fazia ideia do que fazer, observava-os dura na poltrona, reta e nervosa.
Por favor, por favor, por favor.
– AARON! – Maxon gritou tão alto que me encolhi. – O que aconteceu?
– É o D-Dylan, cara. – Aaron hesitou e encarou Maxon com os olhos verdes banhados em lágrimas. – Ele... e-ele. Ele não conseguiu.
E lá estava eu em pé, dura e imóvel com o queixo caído e a boca aberta sem acreditar no que havia escutado. Maxon apoiou uma mão do irmão em seu ombro e o levou até o sofá, correu para a cozinha e rapidamente voltava com um copo de água, erguendo a Aaron que nem ao menos notou, encarando o teto lutando visivelmente para não chorar, lutando para parecer forte. Olhei para a porta aberta esperando ver Julia chorando, Lethicia e Rob, esperando ver minhas amigas, mas ninguém apareceu e eu não sabia se seria boa hora para perguntar.
Minhas emoções estavam desesperadas correndo de um lado para o outro, minha mente fervia com a lembrança do jogo, com meu palpite, com a minha foto, mas meu rosto não expressou nenhuma outra emoção que não fosse o choque. Não iria chorar, não iria gritar e fazer uma cena como mais cedo.
Mesmo estando louca para fazer.
Sentei ao lado de Aaron e pus uma mão em seu ombro, ele não se moveu, não falou uma palavra e não me atrevi a olhar para Maxon em pé frente ao irmão, não me atrevi porque poderia ser o fim da minha promessa.
– Eu não acredito que isso está acontecendo. – Aaron falou encarando o teto. – Eu não posso simplesmente acreditar. Sabe quantos anos ele tinha? Ele não merecia. – Aaron falou virando a cabeça para mim, encontrando meu olhar e eu queria morrer. Queria não ter visto seus olhos, seu rosto.
Concordei com a cabeça pressionando os lábios.
Não!
Eu não vou chorar.
– Mas, o que os médicos disseram? – Maxon perguntou calmamente, Aaron virou-se para ele mas eu não, eu não poderia de modo algum.
– Ele estava bem. Você sabia, você o viu. Mas de repente – um suspiro. – Os médicos disseram que o coração simplesmente falhou. Tentaram reanimá-lo, mas já era tarde demais.
E foi isso, Maxon vacilou sob suas pernas e quando ergui o olhar ele estava encostado na parede em nossa frente, a cabeça baixa encarando suas mãos bem abertas. Aaron se ergueu e sumiu pelo corredor, ouvi a batida forte de uma porta e queria poder ir embora, queria poder sair dali, mas...
Eu poderia?
– Max... – ele se ergueu e fechei a boca, caminhou até a entrada do corredor e disse em um sussurro “ficarei bem” e sumiu.
Autor(a): ladymidnight_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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