Fanfics Brasil - Mi deliriu - AyA

Fanfic: Mi deliriu - AyA


Capítulo: 1? Capítulo

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CAPÍTULO I


 


No palco vazio e silencioso, fracamente iluminado por uma única luz vinda do teto, Anny Portilla observava, impaciente, o auditório às escuras. Preparava-se para ler o script que tinha nas mãos, sabendo que os examinadores estavam na platéia, embora não pudesse vê-los. Mas eles deviam estar interessados, senão por que tinham escolhido entre as três candidatas selecionadas no primeiro teste?


O texto era o mesmo da vez anterior, e embora o conhecesse como a palma da mão, pois compartilhara aquelas emoções com seu criador, tempos atrás, naquele exato momento o medo de errar era ainda maior. Um calafrio percorreu-lhe o corpo delicado, ao lembra-se daquele homem. Não, não devia ter vindo, apesar de precisar demais daquele emprego.


Quando fora chamada para o teste, esquecera-se de todos os temores, pois soubera que ele se encontrava em Hollywood, trabalhando em um novo roteiro. Mas... e se por acaso ele aparecesse ali? , “Tudo dará certo”, pensou, tentando tranqüilizar-se, embora suas mãos ainda tremessem.


Afinal, nada mais havia entre eles. Agora que era um dramaturgo famoso, Alfonso Herrera estava ainda mais distante. Há muitos anos Anny deixara de fazer parte de sua vida. Atualmente, apenas trocavam rápidos olhares e poucas palavras, quando se encontravam em alguma festa. O passado estava morto e enterrado para ambos. Por que então ele se importaria se ela participasse de uma das peças de maior sucesso?


Anny segurava o script fortemente, procurando se concentrar no papel que iria representar: uma jovem pobre e sozinha, grávida de três meses. Estava vestida com a mesma roupa que usara no primeiro teste e deixara os longos cabelos dourados soltos sobre os ombros. Pensando na tristeza da pobre garota abandonada, relaxou o corpo, como se sentisse cansaço, e começou a ler dramaticamente o texto de A Garota do Quarto Escuro.


- Você pensou que ele fosse um cavalheiro, querido Tom – declamou em voz alta e clara, que ecoou pelo teatro. Mordendo o lábio inferior, procurando sentir a agonia da personagem, jogou os cabelos para trás e riu. – Você, meu bom e amável Tom, que toda tarde me levava do trabalho para casa, querendo me proteger. Oh, meu deus, o que vai ser deste bebê agora? Como poderei telo? Como vou criá-lo, se não tenho ninguém?


Anny cobriu o rosto com as mãos e começou a caminhar agitada de um lado para outro do palco. Declamou todo o trecho da peça escolhido. Até que, por fim, erguendo novamente a cabeça, estendeu as mãos num gesto suplicante.


- Não! Não posso desistir desta criança! Mas também não posso tê-la! – Ela falava quase sussurrando, com o olhar perdido. – Oh, meu Deus, se você me ama, mostre-me o que devo fazer!


Respirando devagar e profundamente, Anny começou a sair do estado de transe em que se encontrava. O auditório escuro, agora mergulhado num profundo silêncio, foi focalizado. Ainda no palco, ela aguardava o costumeiro “muito obrigado”, que lhe diria que tudo terminara e que estava dispensada.


Naquele instante, para sua surpresa, um homem alto, forte, de cabelos loiros que brilhavam contra a luz e grandes olhos verdes, levantou-se do fundo do teatro e caminhou ate o palco, surgindo como um pesadelo que saísse de seu passado. Oh, o que ela estava fazendo ali? Anny suspirou, quase não acreditando no que via.


Alfonso Herrera subiu ao palco com o mesmo olhar irônico de sempre. Não mudara muito, desde os tempos em que ser ator e escritor não passava de um sonho em sua vida; apenas parecia um pouco mais velho e mais cansado.


Parou em frente a Anny e encarou-a com um olhar de desafio.


“Ele que faça o que quiser!”, pensou Anny, determinada. “Posso muito bem encontrar outra peça. Afinal, Nova York e uma cidade muito grande.”- Eis-nos juntos novamente! – Exclamou ele, com os olhos fixos nela –


Anahí Portilla, como você mudou desde Atlanta!


Anny o encarou, seria, tentando apresentar serenidade. A garota que em


outros tempos o amara teria sofrido; sem dúvida, teria se atirado naqueles


braços fortes e feito tudo o que ele quisesse. Mas ela também amadurecera e


tudo o que desejava era um papel na peça que ele escrevera.


- Você não me esqueceu, não é? – ele prosseguiu, com um sorriso


sarcástico – O que a fez pensar que eu lhe daria esse papel?


- O que é que eu deveria lhe dizer, Poncho? – ela retrucou secamente. –


Prefiro discutir essa parte com o diretor.


- O diretor sou eu, Anny – ele revidou, com os olhos brilhando ante a


surpresa dela, e completou com voz dócil, mas perigosa: - Agora, suponho que


você possa me dizer.


- Bem, Poncho, interpretei tanta vezes esse papel que me considero capaz


de fazê-lo de olhos fechados – Anny apressou-se a dizer, aparentando calma.


Medindo-a de alto a baixo com muito atenção, ele continuou:


- Isso pode ser verdade, mas por que eu deveria lhe dar o papel?


Anny engoliu em seco. Ele não conseguiria fazê-la desistir, ambos sabiam


que ela era perfeita para o papel, e nem mesmo teria que praticar o sotaque


sulista, pois vivera até a adolescência em Atlanta.


- Prossiga, Anny – Poncho falou bruscamente. – De-me uma razão.


- Preciso de um trabalho, Poncho. Estou sem dinheiro.


Franzindo a testa, ele disse, espantando:


- E o que foi que aconteceu com todo o sucesso dos seus últimos anos?


Você ate recebeu o Tony, no ano passado. Imagine, o prêmio máximo dentro do


teatro!


- E eu aproveitei muito bem cada centavo que ganhei – ela concordou,


embaraçada. – Mas me envolvi num investimento arriscado. Não deu certo e,


antes que minhas economias se acabem, preciso de um trabalho.


- Isso quer dizer que ... – ele começou, arqueando as sobrancelhas.


- ...o que se ganha fácil, perde-se fácil – completou Anny, angustiada.


Muitas vezes repetiam a mesma frase, durante a temporada de verão em


Atlanta, e a menção dela despertou muito mais lembranças do que Anny podia


imaginar.


- Não me venha outra vez com o passado, Anahí! – Poncho declarou,


com um olhar frio e impessoal. – Não quero nada disso, nem você, e tampouco


preciso de um amor de adolescência atrapalhando meu trabalho.


Anny se sentia sem forças para enfrentá-lo. Precisava desesperadamente


daquele emprego.


Poncho permaneceu por um momento em silêncio, observando-a com um


sorriso irônico nos lábios.


- É seu o papel, se você o quiser – ele declarou por fim. – Ted e James


acham que você interpreta a personagem maravilhosamente bem, e seu sotaque


sulista a completa.


- E você, Poncho, o que pensa? Afinal, a peça e sua.


Ele a olhou intensamente, antes de responder.


- Acho que é a pessoa adequada – disse simplesmente, antes de lhe dar


as costas, desaparecendo entre as cadeiras.


Quando saiu do teatro, Anny ainda estava furiosa com as palavras de


Poncho. Foi diretamente ao apartamento que dividia com a amiga Janet Simns,


uma estilista de moda bem sucedida, a quem contou resumidamente o que


sucedera.


- Ele nunca vai acreditar em mim! – exclamou, por fim. – Seis anos atrás,


ele disse que eu fracassaria. Mas você é testemunha de que se enganou: vim


para Nova York, trabalhei como uma condenada e fiz meu próprio nome, sem


dever nada a ninguém!


- Exceto o imposto de renda, queridinha – brincou a amiga, e continuou:


- Acho que foi uma bobagem fazer um teste justo para a peça dele.


- É que eu precisava tanto de um trabalho! E essa e a única peça a ser


lançada que eu realmente queria fazer. – Anny suspirou, com o olhar pensativo,


afundando numa poltrona ao lado da janela. – Além disso... – começou, como se


falasse consigo mesma.


- Além disso, era uma ótima chance para você se vingar de Alfonso


Herrera, não? – Janet sorriu.


Anny negou, de modo veemente, com um gesto de cabeça.


- Não, não! Eu não teria forças para resistir a esse papel. É uma peça


plena de sentimento, com muita beleza dramática... – brincando com os longos


cabelos loiros, completou: - E, afinal, eles não tinham anunciado o diretor. Ora,


Janet, como eu poderia saber que Poncho iria aparecer durante os testes?


A amiga a olhava pensativa. Anny estava para se separar dela, pois não


tinha mais condições de pagar sua parte no aluguel do apartamento sofisticado


do prédio da Park Avenue, por causa de uma dívida acumulada com imposto


de renda.


- E quanto aos impostos, o que vai fazer? – perguntou a amiga.


- Sei lá. Acabo encontrando uma saída, Janet. – Anny deu um longo


suspiro.


- É claro que sim – e voltou a brincar, para animá-la: - E, depois de tudo,


você contou ao diretor da peça sobre sua interpretação de Elizabeth I nua, e não


de espartilho.


 


- Qualquer hora eu lhe conto tudo sobre aqueles dias; parece até que eu


nasci para representar esse papel.


- Mas a semelhança entre vocês duas e realmente incrível; com exceção


dos cabelos dela, não tão compridos e ruivos, e de sua pele, que não é tão


branca mas os olhos, os traços de seu rosto a lembram muito. E ela era virgem


também! – Janet conclui sorrindo.


- Fale baixo! Alguém pode ouvir – Anny falou, divertindo-se com a


comparação. – Só que agora, para a peça de Poncho, devo estar grávida de três


meses.


- Espere um momento, e a parte biológica, onde fica? Gravidez sem.





continua???



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Autor(a): cenuraenovelas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 24



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  • dannystar Postado em 30/01/2010 - 16:12:36

    Continua....
    Essa web eh d+
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  • nahfrancine Postado em 29/01/2010 - 03:06:28

    POSTA *_*

  • kikaherrera Postado em 29/01/2010 - 01:40:45

    ADOREIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
    POSTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

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  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

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  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:13

    Continuaa!!!
    Postaaaaa!!!!!
    Bjusss
    :)

  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:11

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  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:08

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