Fanfics Brasil - Mi deliriu - AyA

Fanfic: Mi deliriu - AyA


Capítulo: 2? Capítulo

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fecundação?! Imagine a loucura dos jornais atrás de você – Caçoou Janet.


Anny fingiu que não ouviu. Decidida a mudar-se dali o quanto antes,


apanhou o casaco e caminhou para a porta, dizendo a amiga por sobre o ombro:


- Você quer vir comigo, ajudar a procurar apartamento?


- Sim, é claro. Conheço alguns lugares melhores do que você. Só vou


pegar meu casaco.


Anny olhou para o velho casaco de tweed que guardara por razões


sentimentais. Fora o mesmo que usara num dia de primavera, quando Poncho a


levara para passear no Parque Piemonte. Sentindo os olhos embaçados pelas


lágrimas, com a lembrança, vestiu-o sem nenhum entusiasmo e seguiu Janet.


Acharam um apartamento no Queens, um bairro que contrastava muito


com o anterior. Ficava no último andar de um prédio antigo e seus moradores


eram pessoas barulhentas.


Depois de uma rápida olhada, Janet não escondia seu descontentamento.


- Não posso deixar você ficar aqui. Vamos embora, podemos encontrar


alguma coisa melhor.


- Não, ele é perfeito para mim – Anny respondeu, imaginando o que faria


com a pintura descascada da minúscula sala de jantar e com os móveis em mau


estado.


- A saúde Pública seguramente condenaria o prédio inteiro – protestou


Janet -, mesmo depois de uma limpeza geral.


- Ele combina bem com uma atriz em situação difícil como eu – Anny


retrucou, com um sorriso forçado. – Além disso, comecei num lugar com este.


Primeiro tenho que pensar no aluguel.


- Bem, se conseguirmos algumas cortinas, um tecido alegre para forrar


aquele sofá horrível e também algumas plantas... - murmurou a amiga,


começando a se resignar.


- Pare com isso, Janet – Anny a interrompeu. – Eu não posso me dar ao


luxo de gastar esse dinheiro agora. Lembre-se, vou viver com um orçamento


apertado por muito tempo.


Janet balançou a cabeça, resmungando qualquer coisa sobre a ironia do


destino.


- Bem, se você já se decidiu, podemos voltar a imobiliária e depois jantar.


O que acha?


Anny concordou, pensativa, e saíram. Poncho, provavelmente, também não


aprovaria a escolha, ela concluiu.


 


 


 


CAPÍTULO II


A Mudança para o novo apartamento significaria para Anny uma


volta aos tempos em que iniciara a carreira de atriz. Teria que viver com


economia e, no fim das contas, não faria muita diferença entre estar em Nova


York e não em Atlanta.


- Você sabe que posso muito bem pagar o aluguel sozinha por uns


tempos, até que sua situação melhore – dizia Janet, depois de tê-la ajudado a


levar suas poucas coisas para o novo apartamento.


- Tente entender, Janet. Durante os ensaios, o salário que vou receber


será meramente simbólico. Depois a peça vai ser mostrada na Filadélfia, antes


de começarmos a temporada na Broadway. Não sei quando vou poder ter uma


vida decente e não quero dever nada ninguém, nem mesmo a você – Anny


respondeu, com um sorriso calmo. – Quando eu começar a ganhar dinheiro e


tiver pagado o que devo de impostos, então pensarei em voltar.


- Esta bem, você sabe o que faz. – A amiga suspirou, inconformada. –


Mas vou ficar muito sozinha sem você.


- Por que não vem jantar comigo, quando tiver vontade? – sugeriu Anny


carinhosamente. – Amanhã, por exemplo, vou fazer espaguete.


- Hum, que delícia... E você poderia vir jantar comigo depois de amanhã.


E voltar para casa – brincou Janet.


Anny sorriu docemente.


- Também vou sentir saudade de você, mas depois a gente se acostuma.


- É claro! – Sorrindo, Janet continuou: - Vou tentar ser otimista. Bem,


tenho o resto do dia livre e posso ajudá-la no que você quiser.


- Que bom! Vou precisar mesmo. Nunca pensei que tivesse tanta coisa


para arrumar.


Passaram o tempo entretidas em acomodar as coisas no novo espaço.


Quando Janet foi embora, Anny estava tão cansada que não desejava outra coisa


senão ir para a cama.


Sonhou com Poncho a noite toda e seus sonhos foram agitados e nervosos.


Acordou antes de o dia amanhecer, com o choro de uma criança, e não pode


mais dormir. Levantou-se e foi preparar o café. Enquanto o tomava, lembrou-se


de como tudo tinha acontecido seis anos atrás.


Na época, ela era uma atriz iniciante e Poncho acabara de escrever sua


primeira peça, pretendo mostrá-la na temporada de verão. Como trabalhavam


num grupo pequeno, onde todos se conheciam, logo se tornaram amigos. Ela,


porém, embora virgem e inexperiente, se sentira atraída por ele desde a


primeira vez que o vira.


Graças a seu talento, Anny ganhara o principal papel feminino e


contracenaria com Poncho, mas ele preferira cuidar da direção e cedera o lugar a


um ator jovem e também inexperiente.


Pouco tempo depois de terminada a temporada, Poncho conseguira um


produtor e embarcara para Nova York, abandonando-a cheia de incertezas e


com o coração partido.


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Anny fechou os olhos e lembrou-se da primeira vez que estiveram juntos,


quando ele a instruía para uma cena. Depois de algumas tentativas fracassadas


de desenvolver os primeiros diálogos, ele jogara furiosamente o script sobre a


mesa de seu pequeno apartamento, onde os ensaios aconteciam, e voltara-se


para ela indignado.


- Você não esta conseguindo deixar o papel fluir com naturalidade, não e,


Anny? – ele dissera friamente. - Bem, garota, vejamos se não é tipo de instrução


de que você esta precisando!


E, sem que ela tivesse tempo para entender o que acontecia, ele a beijara.


Seis anos depois, Anny ainda podia sentir a forte emoção de ter os lábios


dele colados nos seus. Ficara durante meses olhando-o, esperando-o, rezando


por apenas alguns segundos naqueles braços fortes, e isso acontecera assim tão


de repente.


Anny recordou-se da confusão de emoções que a invadira, o prazer e o


medo se misturando. Sentia-se insegura, pois entre eles havia uma diferença de


oito anos e ele era um homem experiente. Quase desmaiara quando ele se


afastara de repente, completamente surpreso, e perguntara:


- É isso o melhor que você pode fazer?


Anny sentira o rosto queimando de vergonha e tentara fugir, correndo


para a porta. Mas Poncho, muito rápido, a segurara firmemente, antes que ela


pudesse chegar lá. Oh, e como ele era forte!


- Não vá ainda – ele dissera, estudando a expressão de desespero no


rosto dela. – Você me faz pensar em Elizabeth I. Lembra-se de como ela era


chamada, Anny?


Sentindo-se completamente humilhada, Anny mordia os lábios, desejando


desaparecer da frente daquele homem.


- “A Rainha Virgem” – ele próprio respondera, olhando-a nos olhos. –


Você tem também isso em comum com ela, além dos olhos e dos traços do


rosto?


Anny tentava evitar os olhos dele, mas Poncho segurava seu rosto, sem que


ela pudesse se soltar.


- Não me espanta que você consiga dar a interpretação própria a esse


papel – ele completara, sem deixar de sorrir. – Tudo certo, dona puritana.


Vamos ver o que se pode fazer com essa inibição toda.


Poncho a beijara de novo, e dessa vez Anny se abandonara nos braços fortes,


surpreendida com a intensidade do desejo que tomava conta de seu corpo,


incendiando-o de prazer.


Depois de algum tempo, quando caminhava para casa, Anny se


perguntava por que ele se recusara a tê-la totalmente, quando ela se sentira tão


próxima de se entregar.


Nas semanas seguintes, eles se tornaram inseparáveis tanto nos ensaios


quanto fora deles. Quando o verão chegou ao fim, Anny estava completamente


apaixonada e desejava ardentemente pertencer aquele homem. Por isso, foi um


choque quando ele próprio rompeu tudo.


De súbito, sem aviso, anunciou, na frente de todo o elenco, ela inclusive,


que partiria para Nova York, onde iria dirigir sua peça na Broadway.


7


Naquela tarde, Anny resolveu esperá-lo em seu apartamento e, quase fora


de si, o viu chegar acompanhado de uma das atrizes do elenco. Quando Anny lhe


perguntou como ficaria o caso deles, tanto Poncho quanto a mulher riram dela.


Anny jamais se esqueceria daquele dia. Adormecera chorando pela


humilhação, sem imaginar que a situação se tornaria pior no dia seguinte.


Quando o elenco soube do acontecido, todos riram dela. Com a partida de


Poncho, resolveu deixar a peça e ir também para Nova York.


Anny terminou o café ainda pensando em Poncho. Desde o início ele lhe


dissera que não queria se envolver fisicamente, e que não lhe tiraria a


virgindade, pois o casamento não fazia parte de seus planos. Apesar de aquela


ter sido uma relação especial e ele confiar nela como jamais confiara em alguém,


sua personalidade era um enigma para ela e continuava sendo.


Estando os dois em Nova York, trabalhando em teatro, fora inevitável


que eles se encontrassem. Algumas vezes Anny o procurara e ele a recebera com


inesperado bom humor, não deixando transparecer que tivesse consciência de


quanto a ferira nem considerando as duras observações que fizera sobre isso.


Ela ainda desejava vingar-se. Queria que Poncho sentisse a mesma dor que


lhe causara. Porém não se sentia com forças para tentar uma nova relação;


talvez nunca mais o fizesse, e devia isso a ele.


Anny jogou fora o resto do café e foi vestir.


O primeiro dia de ensaio de A Garota do Quarto Escuro foi muito excitante


e Anny gostou imediatamente do elenco. A peça prometia alcançar um grande


sucesso e todos esperavam que tivesse uma longa temporada na Broadway.


Considerando o alto custo da produção, seria um desastre se a temporada fosse


pequena. Como toda peça, era um investimento arriscado, mas, sendo o texto


da autoria de Alfonso Herrera, todos acreditavam que seria um sucesso.


Poncho conversou com os atores e, apontando para Anny, admitiu a sorte


de terem encontrado uma atriz com o talento dela. Nesse primeiro dia, ele


sugeriu que cada um fizesse apenas a leitura de seus personagens, sem recorrer,


por enquanto, ao espaço que ocupariam no palco. Exigia que cada palavra fosse


dita com motivação e sentimento, mesmo sabendo que os atores estavam


trabalhando com os scripts, sem memorizar os diálogos, e que essa era uma


situação mais difícil.


Anny sabia que, pelo terceiro dia, Poncho esperaria que não mais usassem o


texto. Atenta às instruções que ele lhes dava sobre seus papéis, lhe obedecia em


tudo. Mas David Hadison, o ator que contracenava com ela, que vinha de uma


famosa escola de teatro, não concordou com algumas cenas e quis rearranjar


seus movimentos.


A discussão levou mais de meia hora, até que Poncho de maneira educada,


mas sem dar espaço a recusas, disse ao rapaz que ele deveria aceitar a cena


como fora escrita, ou então que procurasse outra peça.


- Bem, Poncho, você sabe que não há outra peça melhor na cidade e eu


aceitei com muito prazer o convite para esta – falou David, apaziguador. – Será


que você não dá o direito de fazer sequer uma pequena mudança?


Alto e moreno, David nem sempre parecia estar bem humorado, mas era


um excelente ator. Poncho considerou um pouco e acabou concordando, mas


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mudaria apenas um curto passo na cena. Isso pareceu satisfazer o rapaz, pois


ele não mais reclamou.


Ao fim do ensaio, Anny levou o texto para casa e ficou estudando até não


poder mais manter os olhos abertos. Praticou em voz alta, apesar do choro da


criança do apartamento ao lado e da voz desafinada de barítono de um homem


do andar de cima. Por ser assim meticulosa com todas as falas, não era por


menos que Poncho lhe dera o papel.


Na manhã seguinte, Anny havia memorizado a maior parte do texto.


Durante o ensaio, porém, num dado momento, atrapalhou-se numa leitura e fez


um movimento falso em cena, o que lhe valeu um olhar severo de Poncho.


- Desculpe-me, esqueci o texto – ela murmurou para David, com quem


fazia a cena.


- Não há problema, querida – David respondeu sorrindo – Todos nós


estamos sujeitos a um esquecimento, de vez em quando. Até mesmo com Poncho


isso acontecia, quando ele era ator, não e Poncho?


Poncho se limitou a olhá-lo de maneira impessoal, dizendo para todos:


- Vamos parar por dez minutos para um lanche rápido. – E acrescentou,


quase numa ordem: - Anny, venha comigo.


Aquele tom de voz significava problemas, e Anny o seguiu, apreensiva,


até os camarins, lembrando-se de muitas outras reuniões que os dois tiveram.


Sentia-se pequena às rápidas passadas de Poncho.


No camarim, Poncho serviu duas xícaras de café, oferecendo uma a Anny, e


começou:


- Agora me diga, o que esta acontecendo?


- Acho que os meus movimentos não estão muito naturais. Você pede


para eu me mover na frente da mesa e não é muito confortável.


- Se você ficar atrás, roubara a cena de David.


- Sim, eu sei. Não estou reclamando, mas preciso de um tempo para me


acostumar, certo? – ela retrucou, na defensiva.


Poncho tomou o café e olhou-a de relance, com certa curiosidade. Depois,


desceu os olhos por seu corpo esguio, avaliando o quanto ela estava bonita e


elegante, e mais madura.


- Você tem interpretado Elizabeth I? – ele perguntou, inesperadamente.


- Constantemente – Anny respondeu, em voz baixa, sorrindo enquanto


bebericava o café. – Eu sou o tipo dela, não?


- Mas... em todos os sentidos, Anny? – ele insistiu, com um brilho estranho


nos olhos verdes.


Era óbvio que se referia a fama de Elizabeth, apelidada de “A Rainha


Virgem”.


- Eu nunca imaginei que você fosse dirigir a reestréia dessa peça – ela


retrucou, tentando mudar de assunto. – Pensei que você estivesse em


Hollywood, trabalhado como roteirista.


- E eu estava. Perguntei se poderia continuar o trabalho em casa e eles


concordaram. Apenas não mencionei o fato de que minha casa ficava em Nova


York.


9


- Se bem me lembro, William Faulkner usou o mesmo truque, certa vez –


ela disse, com um leve sorriso.


- Ele era um dos maiores, o meu escritor favorito – Poncho comentou, com


um suspiro, encostando-se na parede. – Por que você fez o teste para minha


peça, Anny? – perguntou bruscamente.


Ela o observou com um olhar intenso e profundo, reparando nas novas


rugas do rosto dele, a forte cor bronzeada que fazia seus olhos verdes brilharem


como folhas novas depois da chuva.


- Preciso de um trabalho, Poncho. Já lhe disse.


- Não! – ele falou, quase gritando. – Não é isso o que quero dizer. Há


muitas outras peças na cidade.


Anny suspirou, tentando encontrar palavras que não a traíssem.


- Mas não havia nenhum papel que eu pudesse interpretar melhor. Você


sabe que eu conheço essa peça muito bem – admitiu, encarando-o, como se seu


pensamento estivesse estampado nos olhos. – E não podia esperar outras


chamadas: tenho trinta dias para começar a pagar os impostos atrasados e


preciso viver enquanto pago a dívida.





continua???



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Autor(a): cenuraenovelas

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 24



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  • dannystar Postado em 30/01/2010 - 16:12:36

    Continua....
    Essa web eh d+
    Posta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ =)

  • nahfrancine Postado em 29/01/2010 - 03:06:28

    POSTA *_*

  • kikaherrera Postado em 29/01/2010 - 01:40:45

    ADOREIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
    POSTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

    aya adoroooooooo
    ++++
    passa na minha
    meu querido amigo imaginario
    vondy

  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

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  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:13

    Continuaa!!!
    Postaaaaa!!!!!
    Bjusss
    :)

  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:11

    Continuaa!!!
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    :)

  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:08

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