Fanfics Brasil - Mi deliriu - AyA

Fanfic: Mi deliriu - AyA


Capítulo: 2? Capítulo

230 visualizações Denunciar


fecundação?! Imagine a loucura dos jornais atrás de você – Caçoou Janet.


Anny fingiu que não ouviu. Decidida a mudar-se dali o quanto antes,


apanhou o casaco e caminhou para a porta, dizendo a amiga por sobre o ombro:


- Você quer vir comigo, ajudar a procurar apartamento?


- Sim, é claro. Conheço alguns lugares melhores do que você. Só vou


pegar meu casaco.


Anny olhou para o velho casaco de tweed que guardara por razões


sentimentais. Fora o mesmo que usara num dia de primavera, quando Poncho a


levara para passear no Parque Piemonte. Sentindo os olhos embaçados pelas


lágrimas, com a lembrança, vestiu-o sem nenhum entusiasmo e seguiu Janet.


Acharam um apartamento no Queens, um bairro que contrastava muito


com o anterior. Ficava no último andar de um prédio antigo e seus moradores


eram pessoas barulhentas.


Depois de uma rápida olhada, Janet não escondia seu descontentamento.


- Não posso deixar você ficar aqui. Vamos embora, podemos encontrar


alguma coisa melhor.


- Não, ele é perfeito para mim – Anny respondeu, imaginando o que faria


com a pintura descascada da minúscula sala de jantar e com os móveis em mau


estado.


- A saúde Pública seguramente condenaria o prédio inteiro – protestou


Janet -, mesmo depois de uma limpeza geral.


- Ele combina bem com uma atriz em situação difícil como eu – Anny


retrucou, com um sorriso forçado. – Além disso, comecei num lugar com este.


Primeiro tenho que pensar no aluguel.


- Bem, se conseguirmos algumas cortinas, um tecido alegre para forrar


aquele sofá horrível e também algumas plantas... - murmurou a amiga,


começando a se resignar.


- Pare com isso, Janet – Anny a interrompeu. – Eu não posso me dar ao


luxo de gastar esse dinheiro agora. Lembre-se, vou viver com um orçamento


apertado por muito tempo.


Janet balançou a cabeça, resmungando qualquer coisa sobre a ironia do


destino.


- Bem, se você já se decidiu, podemos voltar a imobiliária e depois jantar.


O que acha?


Anny concordou, pensativa, e saíram. Poncho, provavelmente, também não


aprovaria a escolha, ela concluiu.


 


 


 


CAPÍTULO II


A Mudança para o novo apartamento significaria para Anny uma


volta aos tempos em que iniciara a carreira de atriz. Teria que viver com


economia e, no fim das contas, não faria muita diferença entre estar em Nova


York e não em Atlanta.


- Você sabe que posso muito bem pagar o aluguel sozinha por uns


tempos, até que sua situação melhore – dizia Janet, depois de tê-la ajudado a


levar suas poucas coisas para o novo apartamento.


- Tente entender, Janet. Durante os ensaios, o salário que vou receber


será meramente simbólico. Depois a peça vai ser mostrada na Filadélfia, antes


de começarmos a temporada na Broadway. Não sei quando vou poder ter uma


vida decente e não quero dever nada ninguém, nem mesmo a você – Anny


respondeu, com um sorriso calmo. – Quando eu começar a ganhar dinheiro e


tiver pagado o que devo de impostos, então pensarei em voltar.


- Esta bem, você sabe o que faz. – A amiga suspirou, inconformada. –


Mas vou ficar muito sozinha sem você.


- Por que não vem jantar comigo, quando tiver vontade? – sugeriu Anny


carinhosamente. – Amanhã, por exemplo, vou fazer espaguete.


- Hum, que delícia... E você poderia vir jantar comigo depois de amanhã.


E voltar para casa – brincou Janet.


Anny sorriu docemente.


- Também vou sentir saudade de você, mas depois a gente se acostuma.


- É claro! – Sorrindo, Janet continuou: - Vou tentar ser otimista. Bem,


tenho o resto do dia livre e posso ajudá-la no que você quiser.


- Que bom! Vou precisar mesmo. Nunca pensei que tivesse tanta coisa


para arrumar.


Passaram o tempo entretidas em acomodar as coisas no novo espaço.


Quando Janet foi embora, Anny estava tão cansada que não desejava outra coisa


senão ir para a cama.


Sonhou com Poncho a noite toda e seus sonhos foram agitados e nervosos.


Acordou antes de o dia amanhecer, com o choro de uma criança, e não pode


mais dormir. Levantou-se e foi preparar o café. Enquanto o tomava, lembrou-se


de como tudo tinha acontecido seis anos atrás.


Na época, ela era uma atriz iniciante e Poncho acabara de escrever sua


primeira peça, pretendo mostrá-la na temporada de verão. Como trabalhavam


num grupo pequeno, onde todos se conheciam, logo se tornaram amigos. Ela,


porém, embora virgem e inexperiente, se sentira atraída por ele desde a


primeira vez que o vira.


Graças a seu talento, Anny ganhara o principal papel feminino e


contracenaria com Poncho, mas ele preferira cuidar da direção e cedera o lugar a


um ator jovem e também inexperiente.


Pouco tempo depois de terminada a temporada, Poncho conseguira um


produtor e embarcara para Nova York, abandonando-a cheia de incertezas e


com o coração partido.


6


Anny fechou os olhos e lembrou-se da primeira vez que estiveram juntos,


quando ele a instruía para uma cena. Depois de algumas tentativas fracassadas


de desenvolver os primeiros diálogos, ele jogara furiosamente o script sobre a


mesa de seu pequeno apartamento, onde os ensaios aconteciam, e voltara-se


para ela indignado.


- Você não esta conseguindo deixar o papel fluir com naturalidade, não e,


Anny? – ele dissera friamente. - Bem, garota, vejamos se não é tipo de instrução


de que você esta precisando!


E, sem que ela tivesse tempo para entender o que acontecia, ele a beijara.


Seis anos depois, Anny ainda podia sentir a forte emoção de ter os lábios


dele colados nos seus. Ficara durante meses olhando-o, esperando-o, rezando


por apenas alguns segundos naqueles braços fortes, e isso acontecera assim tão


de repente.


Anny recordou-se da confusão de emoções que a invadira, o prazer e o


medo se misturando. Sentia-se insegura, pois entre eles havia uma diferença de


oito anos e ele era um homem experiente. Quase desmaiara quando ele se


afastara de repente, completamente surpreso, e perguntara:


- É isso o melhor que você pode fazer?


Anny sentira o rosto queimando de vergonha e tentara fugir, correndo


para a porta. Mas Poncho, muito rápido, a segurara firmemente, antes que ela


pudesse chegar lá. Oh, e como ele era forte!


- Não vá ainda – ele dissera, estudando a expressão de desespero no


rosto dela. – Você me faz pensar em Elizabeth I. Lembra-se de como ela era


chamada, Anny?


Sentindo-se completamente humilhada, Anny mordia os lábios, desejando


desaparecer da frente daquele homem.


- “A Rainha Virgem” – ele próprio respondera, olhando-a nos olhos. –


Você tem também isso em comum com ela, além dos olhos e dos traços do


rosto?


Anny tentava evitar os olhos dele, mas Poncho segurava seu rosto, sem que


ela pudesse se soltar.


- Não me espanta que você consiga dar a interpretação própria a esse


papel – ele completara, sem deixar de sorrir. – Tudo certo, dona puritana.


Vamos ver o que se pode fazer com essa inibição toda.


Poncho a beijara de novo, e dessa vez Anny se abandonara nos braços fortes,


surpreendida com a intensidade do desejo que tomava conta de seu corpo,


incendiando-o de prazer.


Depois de algum tempo, quando caminhava para casa, Anny se


perguntava por que ele se recusara a tê-la totalmente, quando ela se sentira tão


próxima de se entregar.


Nas semanas seguintes, eles se tornaram inseparáveis tanto nos ensaios


quanto fora deles. Quando o verão chegou ao fim, Anny estava completamente


apaixonada e desejava ardentemente pertencer aquele homem. Por isso, foi um


choque quando ele próprio rompeu tudo.


De súbito, sem aviso, anunciou, na frente de todo o elenco, ela inclusive,


que partiria para Nova York, onde iria dirigir sua peça na Broadway.


7


Naquela tarde, Anny resolveu esperá-lo em seu apartamento e, quase fora


de si, o viu chegar acompanhado de uma das atrizes do elenco. Quando Anny lhe


perguntou como ficaria o caso deles, tanto Poncho quanto a mulher riram dela.


Anny jamais se esqueceria daquele dia. Adormecera chorando pela


humilhação, sem imaginar que a situação se tornaria pior no dia seguinte.


Quando o elenco soube do acontecido, todos riram dela. Com a partida de


Poncho, resolveu deixar a peça e ir também para Nova York.


Anny terminou o café ainda pensando em Poncho. Desde o início ele lhe


dissera que não queria se envolver fisicamente, e que não lhe tiraria a


virgindade, pois o casamento não fazia parte de seus planos. Apesar de aquela


ter sido uma relação especial e ele confiar nela como jamais confiara em alguém,


sua personalidade era um enigma para ela e continuava sendo.


Estando os dois em Nova York, trabalhando em teatro, fora inevitável


que eles se encontrassem. Algumas vezes Anny o procurara e ele a recebera com


inesperado bom humor, não deixando transparecer que tivesse consciência de


quanto a ferira nem considerando as duras observações que fizera sobre isso.


Ela ainda desejava vingar-se. Queria que Poncho sentisse a mesma dor que


lhe causara. Porém não se sentia com forças para tentar uma nova relação;


talvez nunca mais o fizesse, e devia isso a ele.


Anny jogou fora o resto do café e foi vestir.


O primeiro dia de ensaio de A Garota do Quarto Escuro foi muito excitante


e Anny gostou imediatamente do elenco. A peça prometia alcançar um grande


sucesso e todos esperavam que tivesse uma longa temporada na Broadway.


Considerando o alto custo da produção, seria um desastre se a temporada fosse


pequena. Como toda peça, era um investimento arriscado, mas, sendo o texto


da autoria de Alfonso Herrera, todos acreditavam que seria um sucesso.


Poncho conversou com os atores e, apontando para Anny, admitiu a sorte


de terem encontrado uma atriz com o talento dela. Nesse primeiro dia, ele


sugeriu que cada um fizesse apenas a leitura de seus personagens, sem recorrer,


por enquanto, ao espaço que ocupariam no palco. Exigia que cada palavra fosse


dita com motivação e sentimento, mesmo sabendo que os atores estavam


trabalhando com os scripts, sem memorizar os diálogos, e que essa era uma


situação mais difícil.


Anny sabia que, pelo terceiro dia, Poncho esperaria que não mais usassem o


texto. Atenta às instruções que ele lhes dava sobre seus papéis, lhe obedecia em


tudo. Mas David Hadison, o ator que contracenava com ela, que vinha de uma


famosa escola de teatro, não concordou com algumas cenas e quis rearranjar


seus movimentos.


A discussão levou mais de meia hora, até que Poncho de maneira educada,


mas sem dar espaço a recusas, disse ao rapaz que ele deveria aceitar a cena


como fora escrita, ou então que procurasse outra peça.


- Bem, Poncho, você sabe que não há outra peça melhor na cidade e eu


aceitei com muito prazer o convite para esta – falou David, apaziguador. – Será


que você não dá o direito de fazer sequer uma pequena mudança?


Alto e moreno, David nem sempre parecia estar bem humorado, mas era


um excelente ator. Poncho considerou um pouco e acabou concordando, mas


8


mudaria apenas um curto passo na cena. Isso pareceu satisfazer o rapaz, pois


ele não mais reclamou.


Ao fim do ensaio, Anny levou o texto para casa e ficou estudando até não


poder mais manter os olhos abertos. Praticou em voz alta, apesar do choro da


criança do apartamento ao lado e da voz desafinada de barítono de um homem


do andar de cima. Por ser assim meticulosa com todas as falas, não era por


menos que Poncho lhe dera o papel.


Na manhã seguinte, Anny havia memorizado a maior parte do texto.


Durante o ensaio, porém, num dado momento, atrapalhou-se numa leitura e fez


um movimento falso em cena, o que lhe valeu um olhar severo de Poncho.


- Desculpe-me, esqueci o texto – ela murmurou para David, com quem


fazia a cena.


- Não há problema, querida – David respondeu sorrindo – Todos nós


estamos sujeitos a um esquecimento, de vez em quando. Até mesmo com Poncho


isso acontecia, quando ele era ator, não e Poncho?


Poncho se limitou a olhá-lo de maneira impessoal, dizendo para todos:


- Vamos parar por dez minutos para um lanche rápido. – E acrescentou,


quase numa ordem: - Anny, venha comigo.


Aquele tom de voz significava problemas, e Anny o seguiu, apreensiva,


até os camarins, lembrando-se de muitas outras reuniões que os dois tiveram.


Sentia-se pequena às rápidas passadas de Poncho.


No camarim, Poncho serviu duas xícaras de café, oferecendo uma a Anny, e


começou:


- Agora me diga, o que esta acontecendo?


- Acho que os meus movimentos não estão muito naturais. Você pede


para eu me mover na frente da mesa e não é muito confortável.


- Se você ficar atrás, roubara a cena de David.


- Sim, eu sei. Não estou reclamando, mas preciso de um tempo para me


acostumar, certo? – ela retrucou, na defensiva.


Poncho tomou o café e olhou-a de relance, com certa curiosidade. Depois,


desceu os olhos por seu corpo esguio, avaliando o quanto ela estava bonita e


elegante, e mais madura.


- Você tem interpretado Elizabeth I? – ele perguntou, inesperadamente.


- Constantemente – Anny respondeu, em voz baixa, sorrindo enquanto


bebericava o café. – Eu sou o tipo dela, não?


- Mas... em todos os sentidos, Anny? – ele insistiu, com um brilho estranho


nos olhos verdes.


Era óbvio que se referia a fama de Elizabeth, apelidada de “A Rainha


Virgem”.


- Eu nunca imaginei que você fosse dirigir a reestréia dessa peça – ela


retrucou, tentando mudar de assunto. – Pensei que você estivesse em


Hollywood, trabalhado como roteirista.


- E eu estava. Perguntei se poderia continuar o trabalho em casa e eles


concordaram. Apenas não mencionei o fato de que minha casa ficava em Nova


York.


9


- Se bem me lembro, William Faulkner usou o mesmo truque, certa vez –


ela disse, com um leve sorriso.


- Ele era um dos maiores, o meu escritor favorito – Poncho comentou, com


um suspiro, encostando-se na parede. – Por que você fez o teste para minha


peça, Anny? – perguntou bruscamente.


Ela o observou com um olhar intenso e profundo, reparando nas novas


rugas do rosto dele, a forte cor bronzeada que fazia seus olhos verdes brilharem


como folhas novas depois da chuva.


- Preciso de um trabalho, Poncho. Já lhe disse.


- Não! – ele falou, quase gritando. – Não é isso o que quero dizer. Há


muitas outras peças na cidade.


Anny suspirou, tentando encontrar palavras que não a traíssem.


- Mas não havia nenhum papel que eu pudesse interpretar melhor. Você


sabe que eu conheço essa peça muito bem – admitiu, encarando-o, como se seu


pensamento estivesse estampado nos olhos. – E não podia esperar outras


chamadas: tenho trinta dias para começar a pagar os impostos atrasados e


preciso viver enquanto pago a dívida.





continua???



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): cenuraenovelas

Este autor(a) escreve mais 4 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -



Loading...

Autor(a) ainda não publicou o próximo capítulo



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 24



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • dannystar Postado em 30/01/2010 - 16:12:36

    Continua....
    Essa web eh d+
    Posta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ =)

  • nahfrancine Postado em 29/01/2010 - 03:06:28

    POSTA *_*

  • kikaherrera Postado em 29/01/2010 - 01:40:45

    ADOREIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
    POSTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

    aya adoroooooooo
    ++++
    passa na minha
    meu querido amigo imaginario
    vondy

  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

    aya adoroooooooo
    ++++
    passa na minha
    meu querido amigo imaginario
    vondy

  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

    aya adoroooooooo
    ++++
    passa na minha
    meu querido amigo imaginario
    vondy

  • alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44

    aya adoroooooooo
    ++++
    passa na minha
    meu querido amigo imaginario
    vondy

  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:13

    Continuaa!!!
    Postaaaaa!!!!!
    Bjusss
    :)

  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:11

    Continuaa!!!
    Postaaaaa!!!!!
    Bjusss
    :)

  • tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:08

    Continuaa!!!
    Postaaaaa!!!!!
    Bjusss
    :)


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais


Ad Blocker foi detectado!

Nós utlizamos anúncios para manter nosso site online

Você poderia colocar nosso site na lista de permissões do seu bloqueador de anúncios, obrigado!

Continuar