Fanfic: Mi deliriu - AyA
fecundação?! Imagine a loucura dos jornais atrás de você – Caçoou Janet.
Anny fingiu que não ouviu. Decidida a mudar-se dali o quanto antes,
apanhou o casaco e caminhou para a porta, dizendo a amiga por sobre o ombro:
- Você quer vir comigo, ajudar a procurar apartamento?
- Sim, é claro. Conheço alguns lugares melhores do que você. Só vou
pegar meu casaco.
Anny olhou para o velho casaco de tweed que guardara por razões
sentimentais. Fora o mesmo que usara num dia de primavera, quando Poncho a
levara para passear no Parque Piemonte. Sentindo os olhos embaçados pelas
lágrimas, com a lembrança, vestiu-o sem nenhum entusiasmo e seguiu Janet.
Acharam um apartamento no Queens, um bairro que contrastava muito
com o anterior. Ficava no último andar de um prédio antigo e seus moradores
eram pessoas barulhentas.
Depois de uma rápida olhada, Janet não escondia seu descontentamento.
- Não posso deixar você ficar aqui. Vamos embora, podemos encontrar
alguma coisa melhor.
- Não, ele é perfeito para mim – Anny respondeu, imaginando o que faria
com a pintura descascada da minúscula sala de jantar e com os móveis em mau
estado.
- A saúde Pública seguramente condenaria o prédio inteiro – protestou
Janet -, mesmo depois de uma limpeza geral.
- Ele combina bem com uma atriz em situação difícil como eu – Anny
retrucou, com um sorriso forçado. – Além disso, comecei num lugar com este.
Primeiro tenho que pensar no aluguel.
- Bem, se conseguirmos algumas cortinas, um tecido alegre para forrar
aquele sofá horrível e também algumas plantas... - murmurou a amiga,
começando a se resignar.
- Pare com isso, Janet – Anny a interrompeu. – Eu não posso me dar ao
luxo de gastar esse dinheiro agora. Lembre-se, vou viver com um orçamento
apertado por muito tempo.
Janet balançou a cabeça, resmungando qualquer coisa sobre a ironia do
destino.
- Bem, se você já se decidiu, podemos voltar a imobiliária e depois jantar.
O que acha?
Anny concordou, pensativa, e saíram. Poncho, provavelmente, também não
aprovaria a escolha, ela concluiu.
CAPÍTULO II
A Mudança para o novo apartamento significaria para Anny uma
volta aos tempos em que iniciara a carreira de atriz. Teria que viver com
economia e, no fim das contas, não faria muita diferença entre estar em Nova
York e não em Atlanta.
- Você sabe que posso muito bem pagar o aluguel sozinha por uns
tempos, até que sua situação melhore – dizia Janet, depois de tê-la ajudado a
levar suas poucas coisas para o novo apartamento.
- Tente entender, Janet. Durante os ensaios, o salário que vou receber
será meramente simbólico. Depois a peça vai ser mostrada na Filadélfia, antes
de começarmos a temporada na Broadway. Não sei quando vou poder ter uma
vida decente e não quero dever nada ninguém, nem mesmo a você – Anny
respondeu, com um sorriso calmo. – Quando eu começar a ganhar dinheiro e
tiver pagado o que devo de impostos, então pensarei em voltar.
- Esta bem, você sabe o que faz. – A amiga suspirou, inconformada. –
Mas vou ficar muito sozinha sem você.
- Por que não vem jantar comigo, quando tiver vontade? – sugeriu Anny
carinhosamente. – Amanhã, por exemplo, vou fazer espaguete.
- Hum, que delícia... E você poderia vir jantar comigo depois de amanhã.
E voltar para casa – brincou Janet.
Anny sorriu docemente.
- Também vou sentir saudade de você, mas depois a gente se acostuma.
- É claro! – Sorrindo, Janet continuou: - Vou tentar ser otimista. Bem,
tenho o resto do dia livre e posso ajudá-la no que você quiser.
- Que bom! Vou precisar mesmo. Nunca pensei que tivesse tanta coisa
para arrumar.
Passaram o tempo entretidas em acomodar as coisas no novo espaço.
Quando Janet foi embora, Anny estava tão cansada que não desejava outra coisa
senão ir para a cama.
Sonhou com Poncho a noite toda e seus sonhos foram agitados e nervosos.
Acordou antes de o dia amanhecer, com o choro de uma criança, e não pode
mais dormir. Levantou-se e foi preparar o café. Enquanto o tomava, lembrou-se
de como tudo tinha acontecido seis anos atrás.
Na época, ela era uma atriz iniciante e Poncho acabara de escrever sua
primeira peça, pretendo mostrá-la na temporada de verão. Como trabalhavam
num grupo pequeno, onde todos se conheciam, logo se tornaram amigos. Ela,
porém, embora virgem e inexperiente, se sentira atraída por ele desde a
primeira vez que o vira.
Graças a seu talento, Anny ganhara o principal papel feminino e
contracenaria com Poncho, mas ele preferira cuidar da direção e cedera o lugar a
um ator jovem e também inexperiente.
Pouco tempo depois de terminada a temporada, Poncho conseguira um
produtor e embarcara para Nova York, abandonando-a cheia de incertezas e
com o coração partido.
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Anny fechou os olhos e lembrou-se da primeira vez que estiveram juntos,
quando ele a instruía para uma cena. Depois de algumas tentativas fracassadas
de desenvolver os primeiros diálogos, ele jogara furiosamente o script sobre a
mesa de seu pequeno apartamento, onde os ensaios aconteciam, e voltara-se
para ela indignado.
- Você não esta conseguindo deixar o papel fluir com naturalidade, não e,
Anny? – ele dissera friamente. - Bem, garota, vejamos se não é tipo de instrução
de que você esta precisando!
E, sem que ela tivesse tempo para entender o que acontecia, ele a beijara.
Seis anos depois, Anny ainda podia sentir a forte emoção de ter os lábios
dele colados nos seus. Ficara durante meses olhando-o, esperando-o, rezando
por apenas alguns segundos naqueles braços fortes, e isso acontecera assim tão
de repente.
Anny recordou-se da confusão de emoções que a invadira, o prazer e o
medo se misturando. Sentia-se insegura, pois entre eles havia uma diferença de
oito anos e ele era um homem experiente. Quase desmaiara quando ele se
afastara de repente, completamente surpreso, e perguntara:
- É isso o melhor que você pode fazer?
Anny sentira o rosto queimando de vergonha e tentara fugir, correndo
para a porta. Mas Poncho, muito rápido, a segurara firmemente, antes que ela
pudesse chegar lá. Oh, e como ele era forte!
- Não vá ainda – ele dissera, estudando a expressão de desespero no
rosto dela. – Você me faz pensar em Elizabeth I. Lembra-se de como ela era
chamada, Anny?
Sentindo-se completamente humilhada, Anny mordia os lábios, desejando
desaparecer da frente daquele homem.
- “A Rainha Virgem” – ele próprio respondera, olhando-a nos olhos. –
Você tem também isso em comum com ela, além dos olhos e dos traços do
rosto?
Anny tentava evitar os olhos dele, mas Poncho segurava seu rosto, sem que
ela pudesse se soltar.
- Não me espanta que você consiga dar a interpretação própria a esse
papel – ele completara, sem deixar de sorrir. – Tudo certo, dona puritana.
Vamos ver o que se pode fazer com essa inibição toda.
Poncho a beijara de novo, e dessa vez Anny se abandonara nos braços fortes,
surpreendida com a intensidade do desejo que tomava conta de seu corpo,
incendiando-o de prazer.
Depois de algum tempo, quando caminhava para casa, Anny se
perguntava por que ele se recusara a tê-la totalmente, quando ela se sentira tão
próxima de se entregar.
Nas semanas seguintes, eles se tornaram inseparáveis tanto nos ensaios
quanto fora deles. Quando o verão chegou ao fim, Anny estava completamente
apaixonada e desejava ardentemente pertencer aquele homem. Por isso, foi um
choque quando ele próprio rompeu tudo.
De súbito, sem aviso, anunciou, na frente de todo o elenco, ela inclusive,
que partiria para Nova York, onde iria dirigir sua peça na Broadway.
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Naquela tarde, Anny resolveu esperá-lo em seu apartamento e, quase fora
de si, o viu chegar acompanhado de uma das atrizes do elenco. Quando Anny lhe
perguntou como ficaria o caso deles, tanto Poncho quanto a mulher riram dela.
Anny jamais se esqueceria daquele dia. Adormecera chorando pela
humilhação, sem imaginar que a situação se tornaria pior no dia seguinte.
Quando o elenco soube do acontecido, todos riram dela. Com a partida de
Poncho, resolveu deixar a peça e ir também para Nova York.
Anny terminou o café ainda pensando em Poncho. Desde o início ele lhe
dissera que não queria se envolver fisicamente, e que não lhe tiraria a
virgindade, pois o casamento não fazia parte de seus planos. Apesar de aquela
ter sido uma relação especial e ele confiar nela como jamais confiara em alguém,
sua personalidade era um enigma para ela e continuava sendo.
Estando os dois em Nova York, trabalhando em teatro, fora inevitável
que eles se encontrassem. Algumas vezes Anny o procurara e ele a recebera com
inesperado bom humor, não deixando transparecer que tivesse consciência de
quanto a ferira nem considerando as duras observações que fizera sobre isso.
Ela ainda desejava vingar-se. Queria que Poncho sentisse a mesma dor que
lhe causara. Porém não se sentia com forças para tentar uma nova relação;
talvez nunca mais o fizesse, e devia isso a ele.
Anny jogou fora o resto do café e foi vestir.
O primeiro dia de ensaio de A Garota do Quarto Escuro foi muito excitante
e Anny gostou imediatamente do elenco. A peça prometia alcançar um grande
sucesso e todos esperavam que tivesse uma longa temporada na Broadway.
Considerando o alto custo da produção, seria um desastre se a temporada fosse
pequena. Como toda peça, era um investimento arriscado, mas, sendo o texto
da autoria de Alfonso Herrera, todos acreditavam que seria um sucesso.
Poncho conversou com os atores e, apontando para Anny, admitiu a sorte
de terem encontrado uma atriz com o talento dela. Nesse primeiro dia, ele
sugeriu que cada um fizesse apenas a leitura de seus personagens, sem recorrer,
por enquanto, ao espaço que ocupariam no palco. Exigia que cada palavra fosse
dita com motivação e sentimento, mesmo sabendo que os atores estavam
trabalhando com os scripts, sem memorizar os diálogos, e que essa era uma
situação mais difícil.
Anny sabia que, pelo terceiro dia, Poncho esperaria que não mais usassem o
texto. Atenta às instruções que ele lhes dava sobre seus papéis, lhe obedecia em
tudo. Mas David Hadison, o ator que contracenava com ela, que vinha de uma
famosa escola de teatro, não concordou com algumas cenas e quis rearranjar
seus movimentos.
A discussão levou mais de meia hora, até que Poncho de maneira educada,
mas sem dar espaço a recusas, disse ao rapaz que ele deveria aceitar a cena
como fora escrita, ou então que procurasse outra peça.
- Bem, Poncho, você sabe que não há outra peça melhor na cidade e eu
aceitei com muito prazer o convite para esta – falou David, apaziguador. – Será
que você não dá o direito de fazer sequer uma pequena mudança?
Alto e moreno, David nem sempre parecia estar bem humorado, mas era
um excelente ator. Poncho considerou um pouco e acabou concordando, mas
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mudaria apenas um curto passo na cena. Isso pareceu satisfazer o rapaz, pois
ele não mais reclamou.
Ao fim do ensaio, Anny levou o texto para casa e ficou estudando até não
poder mais manter os olhos abertos. Praticou em voz alta, apesar do choro da
criança do apartamento ao lado e da voz desafinada de barítono de um homem
do andar de cima. Por ser assim meticulosa com todas as falas, não era por
menos que Poncho lhe dera o papel.
Na manhã seguinte, Anny havia memorizado a maior parte do texto.
Durante o ensaio, porém, num dado momento, atrapalhou-se numa leitura e fez
um movimento falso em cena, o que lhe valeu um olhar severo de Poncho.
- Desculpe-me, esqueci o texto – ela murmurou para David, com quem
fazia a cena.
- Não há problema, querida – David respondeu sorrindo – Todos nós
estamos sujeitos a um esquecimento, de vez em quando. Até mesmo com Poncho
isso acontecia, quando ele era ator, não e Poncho?
Poncho se limitou a olhá-lo de maneira impessoal, dizendo para todos:
- Vamos parar por dez minutos para um lanche rápido. – E acrescentou,
quase numa ordem: - Anny, venha comigo.
Aquele tom de voz significava problemas, e Anny o seguiu, apreensiva,
até os camarins, lembrando-se de muitas outras reuniões que os dois tiveram.
Sentia-se pequena às rápidas passadas de Poncho.
No camarim, Poncho serviu duas xícaras de café, oferecendo uma a Anny, e
começou:
- Agora me diga, o que esta acontecendo?
- Acho que os meus movimentos não estão muito naturais. Você pede
para eu me mover na frente da mesa e não é muito confortável.
- Se você ficar atrás, roubara a cena de David.
- Sim, eu sei. Não estou reclamando, mas preciso de um tempo para me
acostumar, certo? – ela retrucou, na defensiva.
Poncho tomou o café e olhou-a de relance, com certa curiosidade. Depois,
desceu os olhos por seu corpo esguio, avaliando o quanto ela estava bonita e
elegante, e mais madura.
- Você tem interpretado Elizabeth I? – ele perguntou, inesperadamente.
- Constantemente – Anny respondeu, em voz baixa, sorrindo enquanto
bebericava o café. – Eu sou o tipo dela, não?
- Mas... em todos os sentidos, Anny? – ele insistiu, com um brilho estranho
nos olhos verdes.
Era óbvio que se referia a fama de Elizabeth, apelidada de “A Rainha
Virgem”.
- Eu nunca imaginei que você fosse dirigir a reestréia dessa peça – ela
retrucou, tentando mudar de assunto. – Pensei que você estivesse em
Hollywood, trabalhado como roteirista.
- E eu estava. Perguntei se poderia continuar o trabalho em casa e eles
concordaram. Apenas não mencionei o fato de que minha casa ficava em Nova
York.
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- Se bem me lembro, William Faulkner usou o mesmo truque, certa vez –
ela disse, com um leve sorriso.
- Ele era um dos maiores, o meu escritor favorito – Poncho comentou, com
um suspiro, encostando-se na parede. – Por que você fez o teste para minha
peça, Anny? – perguntou bruscamente.
Ela o observou com um olhar intenso e profundo, reparando nas novas
rugas do rosto dele, a forte cor bronzeada que fazia seus olhos verdes brilharem
como folhas novas depois da chuva.
- Preciso de um trabalho, Poncho. Já lhe disse.
- Não! – ele falou, quase gritando. – Não é isso o que quero dizer. Há
muitas outras peças na cidade.
Anny suspirou, tentando encontrar palavras que não a traíssem.
- Mas não havia nenhum papel que eu pudesse interpretar melhor. Você
sabe que eu conheço essa peça muito bem – admitiu, encarando-o, como se seu
pensamento estivesse estampado nos olhos. – E não podia esperar outras
chamadas: tenho trinta dias para começar a pagar os impostos atrasados e
preciso viver enquanto pago a dívida.
continua???
Autor(a): cenuraenovelas
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Comentários da Fanfic 24
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
dannystar Postado em 30/01/2010 - 16:12:36
Continua....
Essa web eh d+
Posta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ =) -
nahfrancine Postado em 29/01/2010 - 03:06:28
POSTA *_*
-
kikaherrera Postado em 29/01/2010 - 01:40:45
ADOREIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
POSTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA -
alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44
aya adoroooooooo
++++
passa na minha
meu querido amigo imaginario
vondy -
alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44
aya adoroooooooo
++++
passa na minha
meu querido amigo imaginario
vondy -
alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44
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alexander Postado em 29/01/2010 - 01:00:44
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tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:13
Continuaa!!!
Postaaaaa!!!!!
Bjusss
:) -
tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:11
Continuaa!!!
Postaaaaa!!!!!
Bjusss
:) -
tatalsrv Postado em 29/01/2010 - 00:56:08
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