Fanfic: Visão Dispersa.

         Rodoviária lotada, lerdeza na certa.
       O dia da viagem chegou. Ucker desejava impacientemente que os demais passageiros entrassem logo no ônibus. Dez minutos depois estavam pegando sentido litoral.
       Taubaté era uma cidade legal. tinha muitos barzinhos para divulgar seu talento, muitas baladas para encher a cara com os amigos e coisas sólidas para se fazer. Morar naquela cidade não era tão ruim, exceto pelo fato de que não tinha praia e surfar era outra coisa que Ucker gostava de fazer. Sempre que podia reunia a galera e iam para uma pousada em Ubatuba. Pegavam ondas maneiras em praias legais como Toninhas, Praia Grande e Itamambuca. Ondas de fato perfeitas. Pena que para onde ele ia não teria esse prazer para sentir. Paraty era uma cidade litoranea, mas de fato sem praias boas para qualquer uso.
      Incrível como o tédio acaba com um ser humano em menos de meia hora de viagem. Não tinha levado nada de muito legal para se distrair, então estava sujeito a sofrer do male tédio. O jeito que ele encontrou de mudar um pouco a situação foi pregar os olhos na janela e ver o mundo correr lá fora. Não sei se era a paisagem a sua frente que prendia sua atenção que não o fez perceber um par de olhos intensos sobre ele. No banco ao lado, no outro corredor, um rapaz moreno o olhava com um pouco de curiosidade e algo mais. Agora já fazia uma hora e meia de viagem e o rapaz continua a olhar Ucker. Parecia não se cansar do que via. Enfim Ucker sai de seu transe. Vira a cabeça para o outro lado para esticá-la e da de cara com o olhar do cara. O susto ficou tão claro no seu rosto que o rapaz ficou completamente sem graça e virou-se para o outro lado.

        Cutucão. Cutucão.
─ Hei, moço, acorda.. ─ chamava a mulher, sacudindo de leve o rapaz. ─ Moço.. acorda! Falta 15 minutos para chegarmos ─ alertou.
─ Ah... ─ disse meio desnorteado pelo sono ─ valeu moça. ─ Sorriu sem jeito. Ajeitou-se na poltrona, retirou o fone de ouvido e escreveu outra mensagem para o primo.
" Ae primao, tô na entrada. já já tô ai. "
       Enfim estava chegando. Deixou para trás todos os problemas e estava pronto para se divertir.

       Paraty parecia não ter muito para oferecer. Lojas de materias para construção era o que mais se via no começo da cidade. Depois lojas normais, roupas, artesanatos, coisas assim. Ficou a pensar o que teria de bom para se fazer ali.
       A rodoviária se aproximava. Ucker pegou sua mochila, ajeitou alguma coisa e logo o ônibus parou. Esperou a mulher sair primeiro e saiu em seguida. Ao sair daquele caixote ambulante avistou seus primos e duas garotas. Cumprimentou primeiro a família e depois as meninas.
─ Ucker, essa é a Dulce e a Anahí ─ disse apresentando elas Poncho a ele. Ucker sorriu para elas e disse um oi um pouco envergonhado. Ficaram um breve instante ali explicando algo a Ucker e depois foram embora. 
      O trajeto para o condomínio onde ficariam era longo. Tinham de pegar um pedaço da avenida principal, depois passar uma ponte e uma rua em reformas, que parecia uma cobra serpentiando. Enquanto caminhavam, as meninas que estavam na frente deles conversavam em cochichos. Assunto: Ucker, claro.
─ Caramba Belinda, imaginava que ele era bonito, mas aquilo ali supera um bonito, é lindo demais ─ cochichava Dulce com um enorme entusiasmo na voz. Um sorriso largo nos lábios. ─ Ele é mais bonito que o Poncho ─ acrescentou.
─ Nuss, é mesmo. Ele é muito gato ─ comentou Anahí. ─ Amiga... ─ disse olhando para Belinda ─ você não se importa né? ─ perguntou dando uma risada abafada. Anahí era a típica menina feliz, que gosta de deixar o mundo a sua volta sorridente.

─ HAHA, vai fundo amiga ─ disse Belinda num tom brincalhão. Belinda era a típica menina tímida e certinha. Mas se esforçava para mudar um pouco isso e poder curtir uma liberdade interior.