Fanfic: O Delirante Destino de Caroline Von Randow | Tema: Caroline von Randow
Darlan andava de um lado para o outro no velho barraco acima do bar da sinuca.
- Meu deus eu vou surtar! Ela não chegou ainda. - Ele referia-se a Laisa estava muito preocupado. Na verdade todos estavam. Laisa andando pelas ruas com um bebê no colo. Imaginavam como ela estaria em estado de choque. Querendo correr, fugir para qualquer outro lugar, procurar uma forma de fugir disso tudo. "Será que eu fujo com a Nina?", era um pensamento que ela tinha em sua cabeça. Já se passaram duas horas e nada da Laisa. Até que a velha dona do bar subiu até o barraco.
- Tem uma menina lá em baixo com um bebê. - Ela parecia surpresa em ver aquela figura. No Garage é raro terem bebes e coisas do tipo. Ainda mais num ambiente noturno, quase camuflado e mutável durante a noite. Era praticamente outro ambiente quando anoitecia. A rua era tomada por rockeiros, prostitutas, travestis, transexuais, todos que são marginalizados pela sociedade. Talvez aquele lugar fosse um refúgio, por mais que sombrio, dos seus proprios medos.
- Até que enfim. - Larissa correu até as irmãs e abraçou as duas. Fez o mesmo Darlan, de uma forma desajeitada.
- O que houve com a minha mãe? - Perguntou Larissa, já esperando pelo pior.
- Eu não sei. - Respondeu Laisa com lágrimas nos olhos. A situação de Lúcia era inimaginável, contudo, não fugiam da cabeça deles a possibilidade dela estar morta. O apartamento havia sido queimado, foram ameaçados de morte, Mauro não estava para brincadeira. A verdade é que muitas coisas estavam escondidas ainda, e uma verdade macabra ainda viria a tona.
- O que vamos fazer? - Perguntou Darlan deitado num colchão estirado no chão.
- Não sabemos ainda. - Respondeu Larissa, enquanto acendia um cigarro. Eles realmente não tinham nada em mente no momento. Mauro poderia estar em qualquer lugar, era arriscado sair dali naquele momento, ainda mais à mercê de um assassino. Foi então que todos decidiram descansar. "Corpos cansados pensam menos". Disse Darlan, enquanto levemente cerrava os olhos.
O som da musica alta era vibrante e sacudia as paredes do barraco. Larissa pulara da cama com o barulho. E com o pulo de Larissa, Darlan também despertou. Laisa e Nina ainda permaneciam adormecidas.
- Essas daí dormem que nem pedra. - Comentou Larissa esfregando os olhos e em seguida bocejando.
- A gente esqueceu onde ta ne? - Perguntou Darlan, referindo-se ao Garage. De fato, era noite de sabado e nada mais natural que aquele lugar estivesse cheio. Darlan debruçou-se na sacada do barraco e viu lá em baixo a rua cheia de pessoas, de todos os tipos e tamanhos. Vestidos de preto, andavam com bebidas na mão. Algumas sentadas na calçada. Outras sacudindo a cabeça, dançando. Larissa também debruçou-se na janela. Darlan respirou fundo num gesto de saudade daquilo tudo.
- Saudades da gente ali embaixo. - Disse Darlan.
- Eu também sint... - Larissa antes de completar a frase abaixou-se ligeiramente empurrando Darlan junto com ela. - Eu... eu a-acho que v-vi o Mauro... - Ela exibia uma expressão de terror no rosto. Darlan lentamente levantou-se, enscondendo metade do rosto na parede, espiou através da janela se via Mauro. Ele abaixou ligeiramente, esconstou a cabeça na parede e confirmou com a cabeça.
- O que faremos? - Perguntou Darlan tremendo muito.
- Ficamos aqui. Quais são as chances dele nos achar aqui? - Perguntou Larissa amedrontada.
- Eu não sei... eu... não duvido mais de nada. - Darlan estava certo. Mauro era capaz de tudo. Ainda mais em um lugar onde a morte deles passariam despercebida. Garage era lugar livre, em todos os sentidos. Quantas vezes ja presenciaram brigas seríssimas? Quantas vezes ja ouviram noticias de tiroteio, mortes ocasionadas por assalto e por aí vai. Mauro com certeza estava em casa e livre para realizar seus passatempos.
Darlan ergueu a cabeça mais uma vez, tomando cuidado para que Mauro não o visse pela janela. - o que era impossível naquela ocasião, a rua estava cheia e o barulho era insurdecedor, não havia motivos para o assassino olhar justamente para aquela janela. Mas ele fez isso. Ele olhou. Darlan abaixou a cabeça e colocou as mãos na boca. Larissa observou aquilo sem entender nada, sua respiração ofegante, ela engatinhou para perto do amigo e perguntou o que havia acontecido.
- Ele... m-m-me v-v-iu... - Ele tremia muito.
- Qual a chance disso acontecer, Darlan? Ele não te viu. - Larissa queria acreditar nisso, mas algo no fundo dizia que era verdade.
- Ele... me viu. Temos que sair daqui! AGORA! - Rapidamente Larissa engatinhou até o colchão, sacudiu Laisa que encontrava-se abraçada com a irmãzinha. Laisa acordou em um susto. Darlan não poupou tempo e explicou a menina o que acontecera. Nina já estava acordada, mexia em algo sem os três perceberem. Um estalo surgiu na mente de Larissa, era óbvio na verdade, Mauro sabia de tudo que estava acontecendo, justamente porque eles estavam sendo observados de alguma forma.
- Nina, da aqui o celular? - Pediu Larissa, protagonizando os movimentos mais delicados possíveis. Mas Nina fez que não com a cabeça.
- Nina por favor da o celular aqui! - Nina ainda exitava. Os três já estavam ficando nervosos.
- Deixa Chacon, vamos sair daqui. - Disse Darlan apreensivo.
Os três desceram as escadas e chegaram no bar, Darlan vira algo, por isso barrou a passagem das meninas com o braço, recuou um pouco, fechando a porta.
- Mauro... Ele ta conversando com a dona do bar! - Larissa esfregou as mãos no rosto e passando-as também no cabelo. Era inacreditável aquilo. Por um momento, uma sensação de fim da linha tomava conta dela.
- Temos que sair daqui. - Disse Darlan.
- Mas se passarmos ele vai nos ver. - Acrescentou Larissa.
- Gente... - Tentou chamar atenção dos dois teimosos, mas Laisa não obteve sucesso.
- Ta maluca? Não tem como passar por debaixo da mesa de sinuca. - Criticou Darlan
- Ok, mas você tem algum plano melhor? - Retrucou Larissa aborrecida
- Gente... - Mais uma vez ignorada.
- Então a gent... - Um grito interrompeu a discussão dos dois.
- A janela! - Parecia loucura, mas poderia funcionar. Os quatro subiram correndo até chegar de volta no quarto, Darlan correu até a janela e abriu-a. Pôs o corpo para fora, olhou para baixo.
- Podemos ir caminhando pela sacada! - Larissa nesse momento, não pensou duas vocês, debruçou-se na janela, Darlan apoiando-a pelas mãos. Conseguiu. Era realmente possível caminhar ali, apesar da sacada ser totalmente velha. O rapaz apanhou a bebe que encontrava-se agitada e que não largava o celular. Entregou para Larissa que a segurou com toda a força do mundo.
- Vai Laisa! - Disse Darlan, erguendo as mãos para a menina.
- Não consigo. - Lamentou Laisa. - Tenho medo de altura, vou estragar tudo.
- Laisa, não é momento disso. - Tentou argumentar com ela. - A vida de suas irmãs está em jogo! Você é corajosa! - Ela ouvia atentamente.
- Mas se eu cair? - Perguntou a menina com os olhos cheios de lágrimas.
- Se você cair, eu te seguro! - Respondeu sorrindo. Laisa sorrira também, ainda com lágrimas escorrendo pelas bochechas.
Ela agarrou a mão do rapaz, pôs a perna para fora e se equilibrou, tremendo um pouco, até atingir os pés na sacada. Larissa esperava ao lado, aponhando-se num cano ao lado da parede. As pessoas lá embaixo nem perceberam nada, e os que o fizera, por algum motivo, não achavam estranho. Era a vez de Darlan passar. Alguém começou a bater com muita força na porta, o rapaz tentou acelerar o passo. Ouvia uma voz de um homem.
- Eu sei que vocês estão aí!! - Era Mauro, ele batia com mais força ainda na porta.
- Meu deus, como isso é possível? - Berrou Darlan para o ar. Debruçou-se na janela, tremia muito. Primeiro a perna esquerda e depois a direita. Ele tremia cada vez mais.
- MAURO ESTÁ BATENDO NA PORTA! DEPRESSA! - Os três começaram a andar de forma cada vez mais rápida. Larissa segurava a mão de Laisa que segurava a mão de Darlan.
- Alí! - Apontou Darlan para a janela de um motel que se encontrava a duas cadas dali. Os três caminhavam e caminhavam, até que Mauro pôs a cabeça para fora da janela, mirou a arma e disparou. Os três abaixaram. Larissa deu uma leve desequilibrada, quebrando um pedaço da sacada.
- CUIDADO! VAMOS, DEPRESSA! - Os três aceleraram o mais rápido que podiam. Faltava pouco. Mauro agora estava também caminhando na sacada, porem de forma lenta. Não tinha fisico o bastante para isso. Os jovens andaram ao máximo que podia. Mas havia um problema: um beco dividia os dois prédios. Eles teriam que pular para chegar na sacada do motel. Era o fim da linha. Os três se olharam. Mauro estava cada vez mais perto.
- Larissa... - Antes de Darlan completar a frase. Larissa pulou como um gato para o outro lado. Darlan e Laisa ficaram boquiabertos com o feito.
- NÃO TEMOS TEMPO A PERDER! VAMOS!! - Berrou Larissa do outro lado. - JOGA A NINA!
- O QUE?! TA MALUCA? - Gritou Laisa em resposta. Darlan pôs as mãos no ombro dela.
- Ela tem razão Laisa... Me dê a Nina aqui. - O rapaz não estava certo se fosse capaz de conseguir isso, mal sabia segurar um bebe direito, ainda mais arremeçar um. Era necessário. Ele precisava fazer a coisa certa ao menos uma vez. Ele precisava naquele momento não ser o rapaz desastrado que era. Ele segurou a Nina no colo. Deu um beijo no rosto dela. Respirou fundo. E atirou-a para o outro lado. Larissa a segurou perfeitamente. Checou para ver como ela estava. A menina murmurava algo.
- Pepa. - Larissa riu por um momento e correu até a janela do motel, entrando no quarto. Darlan já havia pulado e gritava para Laisa fazer o mesmo. A menina exitava muito.
- NÃO VOU CONSEGUIR. - Ela berrava.
- VEM LAISA!! - Gritou Darlan.
- NÃO! - Retrucou.
Até que Mauro riu há dois metros de distância de Laisa.
- Você não vai conseguir! - Disse o assassino. - Você é fraca!
- NÃO DÊ OUVIDOS A ELE! - Berrou Darlan.
- Você é fraca! - Repetiu Mauro. Laisa encontrava-se anestesiada e confusa. O barulho da musica, a voz de Mauro ecoando em sua cabeça, quase como uma musica ruim. Darlan de outro lado gritando. Ela respirou fundo, tomou impulso e pulou, agarrando-se na beira da sacada. Darlan correu até ela e puxou-a com a mão. Mauro caminhou atá a beira da sacada oposta. Darlan sabia que ele não ia conseguir. Correu até a janela e entrou. Estranho, Mauro iria desistir? Isso não ia acabar bem de qualquer forma. Laisa correu até a janela. De repente. Um som forte, maior que qualquer barulho, maior que qualquer som que pudesse estar presente ali naquela hora. Laisa pulou para dentro do motel.
- Laisa, fica calma... - Sussurrou Larissa. Darlan levou as mãos a boca, aquilo era sem dúvida, a pior coisa que pudesse ter acontecido até então. Algo escorria no chão. Laisa ainda não entendia nada.
- Vamos cuidar disso Laisa. - Disse Darlan, ainda em estado de choque.
- O QUE FOI GENTE?! - Laisa ainda não entendia nada, até que um frio subiu sua espinha. Uma dor enorme fez tremer o corpo dela. Ela havia levado um tiro no braço, o sangue pingava no chão. Os três gritavam e se desesperaram. Laisa encontrava-se tonta, prestes a desmaiar. Darlan correu ate ela, segurou-a nos braços e deitou-a na cama. Ela suava frio. Larissa não conseguia olhar o ferimento da bala. Nina engatinhava sem rumo no chão. Darlan pressionava a ferida com um pedaço de pano. Um sentimento em comum tomou conta dos três naquela hora. Era incerteza.
Autor(a): darlansz
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Darlan pressionava bem o ferimento da bala com um pano umido. Laisa apertava o colchão de tanta dor, seus pés se contorciam, sentia seu braço inteiro queimar. Larissa andava de um lado para o outro sem saber o que fazer, nem seus próprios pensamentos ela ouvia. Nina porém, encontrava-se entretida com o celular, mesmo que desligado, ela colo ...
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