Fanfic: O Delirante Destino de Caroline Von Randow | Tema: Caroline von Randow
Os três foram acordados com um cheiro gostoso de comida vindo da humilde cozinha. Nina ainda permanecia apagada na cama, nem mesmo um cheiro tão bom quanto aquele seria capaz de acorda-la. Laisa ainda sentia muita dor no ombro, estava com o braço enfaixado e com uma bandana envolvida no pescoço, fazendo com que o braço ferido ficasse suspenso. Darlan esfregou os olhos e prestou atenção naquela kitnet, era bem singela, mas aconchegante. Os três dormiram numa cama muito grande - que possivelmente fora cedida pelo homem. Darlan virou o rosto para o lado e viu um retrato de uma menina negra, vestida toda de rosa. Ele fez que ia pegar a foto, mas fora interrompido pelo homem.
- Vejo que acordaram. - Ele sorria enquanto enxugava as mãos com um pano de prato. - Venham comer.
Em um pulo os três correram para pegar um prato de comida. Com a agitação, Nina acabou acordando também e aos tropeços correu também para comer algo. O homem também fez o mesmo, pegou um prato e sentou-se na pequena mesa que havia ali na sala. Todos comeram muito, exceto pelo homem que pareceu ter deixado que comessem mais do que ele. Darlan ajudava Laisa a comer, alternando as garfadas entre ele e ela. Larissa estava com tanta fome que mal prestava atenção em nada ali.
Após a refeição, todos permaneceram sentados, como se os pensamentos estivessem voltando para a realidade. Laisa começou a chorar ao lembrar do que acontecera. Mas foi tranquilizada por Nina, que caminhou cambaleando até ela, resmungando algo como "lala". Aquele era o momento ideal para começarem os questionamentos. Darlan foi o primeiro.
- Qual é o seu nome? - Perguntou para o homem que estava destraido lavando os pratos.
- Manuel. E o seu? - Ele respondeu, e em seguida apresentou os outros. - Manuel dava leves olhadas para Nina e esboçava um sorriso singelo. Darlan havia percebido, mas permaneceu quieto e observativo. Larissa por sua vez, seguiu com o interrogatório.
- Por que você ajudou a gente? - Todos viraram os olhares para Manuel, em busca de uma resposta que não os deixariam com medo dele. Em vez disso, ele perguntou outra coisa.
- Qual é o nome dela? - Apontando para Nina que estava entretida com um chinelo jogado no chão.
- Nina. - Respondeu Larissa, que não esperou para perguntar novamente aquilo.
- Bom... Eu tinha uma filha também. O nome dela era Sofia. Nós morávamos alguns bairros daqui. Morávamos só nós dois, minha esposa faleceu no parto. Foram tempos difíceis. Éramos muito jovens quando Pamela engravidou. Mal sabiamos como trocar fraudas. Tive que arranjar um emprego o mais rápido possível. Fomos morar em uma favela próxima aqui. Éramos felizes lá. Após a morte da minha esposa, eu me mudei para esta kitnet. Apesar de tudo, estava conseguindo criar minha filha sem problema algum. Foi então que as coisas começaram a ficar ruins para nós. Eu mal conseguia ficar em casa para cuidar dela. Tive que contratar alguém para me substituir, enquanto eu estivesse fora. Era uma moça, sobrinha da dona Lurdes, duas ruas daqui. Foi uma mão na roda, eu confesso. Até um dado momento. Me lembro muito bem... Sexta a noite, voltando do trabalho. Meu pensamento não parava de ir até Sofia. Mais do que o normal, seguido de uma angústia que chegava a suar frio. Cheguei em casa e me deparei com a minha filha lá... tão pequena... caida no chão. Pálida. Tentei acorda-la, reanima-la, corri até o hospital mais proximo, mas já era tarde. Ela havia morrido asfixiada. A autópsia revelou que ela havia morrido engasgada. Não havia sinal da sobrinha nem mesmo de dona Lurdes. O que pareceu, é que as duas fugiram, quando se deram conta...
- Isso é... - Darlan tentou dizer algo, mas interrompeu suas próprias palavras.
- Talvez tenha sido um acidente... talvez.... - Manuel tentava continuar a falar mas sua voz trêmula e lacrimejante não permitia mais nenhuma palavra. Larissa então caminhou até a janela e acendeu um cigarro. Darlan fez o mesmo.
- É uma loucura ainda ter cigarro, ne? - Comentou o rapaz com os cotovelos apoiados na janela. Os carros passavam lá em baixo. Era possível ver o metro da Cidade Nova dali. E um prédio próximo ao Colégio Pedro II - Tanta coisa mudou tão rapidamente.
- Larissa fez que sim com a cabeça sem tirar os olhos daquela paisagem. - O murmuro de Laisa chamou a atenção dos dois que correram ate a cama em que a garota estava estirada.
- A aparência dela esta melhor... - Disse Larissa enquanto tirava o cabelo do rosto da irmã. Darlan vinha com um pano molhado e esfregava no rosto dela. Ela tentava falar algo, mas os dois a interrompiam.
- Sh...Tenta descansar mais. Esta tudo bem. Mauro rastreava a gente pelo celular, mas agora ele perdeu a gente de vista. - Tentou tranquiliza-la.
- Quem é esse Mauro? - Perguntou o homem que jogava os pratos sujos na pia.
- Ele é o... O pai da nossa amiga. - Disse Darlan caminhando até a cozinha. Ele parou estendido na porta. Enquanto Manuel lavava a louça. O rapaz andou ate um bujão de gás que estava ali ao lado do fogão e pegou um pano de prato de cima dele.
- Eu seco... - Disse pegando o prato molhado das mãos de Manuel. O rapaz contava a historia toda enquanto ajudava o homem a limpar a louça.
- Quem poderia fazer isso com a própria filha?! - Disse Manuel aparentando estar chocado.
- Nunca imaginamos isso. - E não poderiam também - Mas agora isso tudo parece um grande pesadelo. E não sabemos como iremos para Polônia daqui. Larissa olhou para Darlan pensando "ainda temos que salvar Caroline".
- Bom... Eu posso ajuda-los. - Todos arregalaram os olhos parecendo estupefados . - Mas será difícil........ muito dificil!
Os dois amigos se entre olharam. Até mesmo Nina ficou interessada no que ele tinha a dizer. Laisa não esboçara nenhuma reação. De qualquer forma, não poderiam agir naquele exato momento. Laisa ainda estava se recuperando por causa do ferimento da bala. Ah não ser que... Bem... Os dois tinham que ir sozinhos pra Polônia. Ainda mesmo porquê não poderiam ir com a Nina.
- Se vocês quiserem... Eu tomo conta das duas aqui. E vocês... Bem... Vocês vão por contra própria. Larissa e Darlan se entreolharam novamente.
- Vamos discutir sobre isso e... e voltamos a falar com o senhor. - Larissa fez um sinal com a cabeça para Darlan e os dois desceram até o bar, que estava fechado, e sentaram numa cadeira.
- Dependendo do que ele propor, temos que aceitar. - Disse Larissa enquanto brincava com uma tampinha de garrafa que havia em cima da mesa.
- Não temos outra saída. Não sabemos se Mauro esta indo para a Polônia e muito menos onde escondeu sua mãe. E se ela... Bem...
- Eu sei que minha mãe pode estar morta no momento. - Cortou Larissa imediatamente. - Eu sei. Eu quero ter esperança é claro. Mas por enquanto a Nina e a Laisa são as nossas prioridades. É o que minha mãe iria querer.
- Você tem razão. - Concordou o amigo. - Temos que tentar salvar a Carol. Ela deve estar sofrendo muito naquele lugar. - Larissa fez que sim com a cabeça. Seus olhos enxeram de lágrimas. Darlan rastejou a palma a mão até a da amiga que se encontrava em cima da mesa.
- Vamos conseguir! - Completou o rapaz.
- Eu sei que vamos! - Concordou Larissa levantando-se da cadeira e caminhando até as escadas para subir. Ao voltarem para o apartamento, Laisa estava acordada e sentada na mesa comendo um prato imenso de comida.
- Como esta o ferimento? - Perguntou Darlan.
- Doi bem menos do que ontem. - Respondeu enfiando uma colherada de sopa na boca.
- Então, qual é o plano. - Perguntou Larissa enquanto corria uma cadeira de ferro ate a mesinha da cozinha.
Eles passaram o dia inteiro ali. Manuel explicou detalhadamente cada parte do plano pra que não houvessem erros. Do contrário. O pior poderia acontecer com eles.
- Tudo tem que ser executado da forma mais perfeita possível. - Disse ele. Os dois amigos fizeram que sim com a cabeça e concordaram em participar do plano. - Só precisarei de 2 dias no máximo pra ajeitar as coisas. Acho que é suficiente. - Certamente eles não poderiam esperar dois dias, mas é isso ou nada. Então assim permaneceram ali descansando o máximo possível, até o dia do plano.
Autor(a): darlansz
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