Fanfic: Possession | Tema: Ponny
Assim que cheguei à minha casa, uma das primeiras coisas que fiz questão de fazer foi ir até a cozinha. O dia de trabalho havia sido estressante demais, por isso, decidi cozinhar. Fazer aquilo aliviava todas as tensões diárias. Uma dos meus gostos particulares em que poucos se interessavam ou sequer sabiam, além da minha governanta. Ela tomava conta da cozinha e sempre parecia se empolgar quando me via de poucas peças e um avental, tramando receitas mirabolantes que na maioria das vezes funcionava bem.
— Imaginei que estivesse aqui senhor Herrera — me virei para olhá-la exibindo uma aparência bagunçada e ela então sorriu.
— Hoje foi cansativo.
— Percebi assim que vi aquelas roupas jogadas no corredor.
Eu não tinha paciência para guardá-las quando a tensão dominava o meu corpo. A necessidade de chegar ao meu conforto era maior do que a organização.
— Você me conhece bem não é?
— São muitos anos de prática.
Sorrir não era muito do meu agrado, muito menos demonstrar carinho demais pelas pessoas. Era uma coisa "minha", algo que sempre preferi manter intacto e talvez fosse este um dos principais motivos de estar solteiro. A pouco mais de um ano, me encontrava num relacionamento firme de mais de cinco, preparado para o pedido de casamento, planejando casa e tudo o que um casal espera para um futuro juntos, mas nada daquilo foi possível de se concretizar. A minha noiva fez o que todos estão sujeitos a passar. Não diria que foi uma traição, até porque os motivos também existiam em mim. Ambos éramos infiéis, a mercê do comodismo e da conivência. As saídas e todo o resto que fazíamos juntos era como se fizesse parte de um dos meus contratos preestabelecidos.
Chegamos ao limite de não haver nada além de conveniência, mesmo assim não adiamos o casamento. Certo tempo depois, a traição surgiu como uma consequência previsível. Eu não me importava de traí-la com várias mulheres, a fim de sair um pouco da minha mesmice, e como a maioria dos homens prefere renegar, o mesmo chegou até ela. E no fim, o noivado foi desfeito.
As semanas seguintes ao término pareciam solitárias, senti vontade de voltar atrás, pedir que tentássemos outra vez, mas de maneira diferente. Senti necessidade de ter com quem conversar e partilhar certas coisas.
Uma das desvantagens dos relacionamentos dependentes. Você passa a se apegar a coisas que vão muito além dos sentimentos reais.
Já nos meses seguintes as coisas começam a mudar e você volta a se readaptar. Fim de drama.
O apitar do forno me fez levantar da cadeira e ir buscar a minha mais nova obra culinária. Era um carneiro ao molho três fazes. Pelo cheiro parece havia funcionado.
Aquela era a terceira vez em que me pegava checando o Royal que usava no pulso, já tinham se passado mais de quinze minutos do horário marcado para ele chegar. O restaurante estava lotado e o garçom servia doses de uísque como se quisesse me acalmar e "ganhar um pouco" em cima da minha frustração. Impaciente, olhei pelo vidro e vi que a imagem do meu amigo começava a surgir por fim. Dei aquele gole com mais calma e alegria, levantando em seguida prestes a saudar quem acabava de chegar.
— Alfonso Herrera! — disse ele, segurando com firmeza na minha mão direita para um cumprimento.
— Lafaiete — respondi mais formal.
Ambos nos sentamos e ele rapidamente levantou a mão acionado o garçom para que lhe trouxesse o mesmo que estava sendo servido a mim.
— Já lhe avisei que pode me chamar apenas de Ricardo meu amigo.
— Força do habito. Nós estamos aqui a negócios no final das contas.
— Concordo, mas podemos fazer disse algo menos agressivo. Por isso, optei por um local mais divertido ao invés das nossas salas de reuniões, fechadas e sem vida.
O riso me veio na ponta dos lábios. Tudo para Ricardo Lafaiete era baseado em comodismos empresarial. Ele não suportava as reuniões demoradas, as burocracias do mercado e menos ainda do que íamos tratar ali. Contratos carregados de folhas impressas, com leis e parágrafos o aterrorizavam apenas de olhar. Como alguém conseguiu um império daquela maneira? De certa forma a leitura era cansativa e monótona, mas aquele era meu trabalho a tantos anos que as técnicas de sobrevivência já eram instantâneas. Eu sabia lidar com aquilo
— Bem. Como você me pediu, aqui estão os orçamentos e as licenças para a exportação. Em alguns parágrafos é possível notar que eu preferi dar ênfase na sua valorização comercial e nas suas ações comunitárias desenvolvidas para os funcionários e para a empresa. Isso lhe dá pontos.
— Muitos! Eu acho muito conveniente você ter priorizado, além do contrato, minhas contribuições para aquelas pessoas. A mídia adora essas doações.
O garçom se aproximou de nós com um pedido de "licença" servindo ao homem uma generosa dose de Malt. As primeiras sempre eram mais cheias.
— A mídia adora propaganda positiva.
— Tem razão Herrera — falou antes de dar um gole — e para sua alegria quero que me dê os contratos da nossa associação.
Triunfante, eu obedeci aquele de imediato. Tirei de dentro da pasta preta que estava ao meu lado, debaixo da mesa e pus na sua vista.
Ricardo não hesitou, e nem sequer leu as cláusulas, apenas assinou os designados parágrafos com a caneta preta me deu de volta.
— A partir de agora sua empresa será responsável por todos os tramites legais da R. Dress — continuou.
— Merecemos um brinde a isso?
— Pensei que não fosse pedir.
O estranho engravatado que servia nossa mesa reparou nos nossos olhos alegres, vindo novamente até nós. O novo pedido tirou dele um sorriso falso de obrigação. A gorjeta seria alta e ele sabia disso, por este motivo sua atenção não saía dali.
O champanhe chegou dentro de um deposito em cristal, recoberto de gelo. Quase que de imediato ele sacou fora a rolha e nos serviu nas taças altas. Brindamos por um breve momento e sorrimos por deixar de lado os assuntos cansativos para iniciar conversas paralelas.
— Gostaria de lhe fazer um convite como amigo e não como meu advogado - com certo suspense cômico ele continuou - Quero que vá ao coquetel do desfile desta semana. Lançaremos uma nova coleção de lingerie feminina, apenas para convidados privados e algumas revistas do gênero... Então já imagina. Muitas mulheres...
— Porque não? Será interessante.
— Quer que eu repita sobre as muitas mulheres mais uma vez?
Com uma risada constrangida respondi:
— Não é necessário. Imagino que serão belas.
— Quem sabe você arranja alguma por lá. Faz tempo que não te vejo acompanhado desde a última.
— Falta de tempo. Aliás, você também anda solitário.
— Engano seu meu caro — retrucou numa gargalhada contida — sempre tenho alguém.
— Boa resposta.
— Vou mandar o departamento de marketing entregar o convite amanhã mesmo.
Depois de brindarmos, conversamos mais um pouco até cada um ir para seus destinos diferentes. A conta gerou as brigas como sempre, mas por sorte acabei pagando. Sim, era sorte. Entre briga de poder, alguém tinha que manter certa masculinidade.
Paguei o estacionamento e sentei no banco do meu carro, olhando o volante. Os pensamentos me consumiram por mais um tempo, até o celular vibrar e roubar minha atenção de volta. A tela avisava que havia uma mensagem de texto. Peguei e puxei a digital.
"Gostaria de te ver na sexta. Beijos A.".
Apertei o aparelho contra minhas mãos e expirei fortemente. Ela queria me deixar louco. O que queria comigo?
Girei a chave e liguei o carro. Os pneus soaram junto do roncar dos motores.
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Autor(a): imagineunahistoriaa
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