Fanfics Brasil - Aceite o convite // Anahí Possession

Fanfic: Possession | Tema: Ponny


Capítulo: Aceite o convite // Anahí

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Escorregando, rodopiando, entrelaçando as pernas, cada movimento gerado sob a barra de ferro fazia minha pele deslizar como seda. Nos duas tínhamos uma intimidade conveniente. O poli dance era excitante, me deixava anestesiada. Era como se não houvesse ninguém ali a me observar seminua, mas sim, apenas eu. Meus olhos fechados ajudavam nessa ilusão, tanto que mesmo sentindo as notas de dinheiro tocar meu corpo, lançadas pelos clientes, não fazia o transe cessar. No fim da música The last day de Moby, meus movimentos preparam o grande final. Terminei o numero com uma abertura completa, feita no chão do palco. Todos aplaudiram e as luzes se apagaram.
Levantei-me com rapidez e fui direto ao camarim para ser acolhida. Percorri aquele lugar com meus olhos em busca de alguns fios ruivos, mas não vi nada além de mulheres comuns. Entre elas existia um único homem. Lessa me dava arrepios, mesmo assim aquela boate de luxo pertencia a ele, e se eu quisesse manter o trabalho tinha que engolir aquele ser.


 


—  Lessa, você viu a Candy?  — aquele era o nome fictício de Dulce.


—  Não querida. Quer procura-la junto comigo?


—  Posso fazer isso sozinha.


 


Revirei os olhos e me afastei. Ele soprava a fumaça do cigarro, zombando da minha negação. Muitas daquelas mulheres tinham casos aleatórios com ele, e eu, por não ser uma delas, despertava eminente interesse nele. Mesmo assim, Miguel nunca tentou nada. Miguel Lessa podia ser muitas coisas, menos burro. Se fizesse aquilo, eu não pensaria duas vezes em sair dali, e isso era algo que o afetaria muito. Os ganhos em cima de mim eram valiosos demais, além dos riscos de um processo, já que eu era menor quando entrei no ramo.
Dentro do meu vestuário particular, o banho tinha me revitalizado e limpado o suor que me recobria anteriormente. Com a toalha enxugando os cabelos, sai distraída e só depois de alguns segundos percebi que havia alguém sentado no sofá ao lado da porta de entrada.
Dei um curto salto para trás e apoiei as mãos na bancada da estante, juntando a toalha que antes estava em minhas mãos, mas que haviam caído com o susto.


 


—  Você poderia avisar! Quase me mata de susto.


—  Desculpe, mas precisava falar com você.


—  Diga.


—  Ao menos se sente ao meu lado.


 


Intrigada, correspondi sentando próxima dele no sofá. Ricardo afastou parte do roupão dos meus ombros e beijou aquele local exposto.


 


—  Como entrou aqui?


—  Meu bem, você sabe que eu posso fazer isso. Além da ajuda de uma quantia que pus nas mãos de Lessa.


 


Aquele homem realmente não poupava esforços para me ter do seu lado. Eu sabia que não fazia parte de sentimentos verdadeiros, mas o desejo sim, era capaz de arrancar a pior parte das pessoas.


 


—  O que você precisa falar?


 


Sem me dar muita atenção, ele continuou a tentar afastar a maior parte que pôde da minha coberta. Beijando e passando a língua em cada vaga que surgia. Da nuca ao busto.


 


—  Vim pedir para que seja minha acompanhante por uma noite inteira.


—  Quer que eu leve alguma peça em especial?


—  Não falei que quero esse tipo de acompanhamento.


 


Com os olhos confusos, fixei-me nele.


 


—  Não entendi.


—  Você estará vestida, e muito bem por sinal, participará de um evento ao meu lado.


—  Evento? Você nunca fez um pedido parecido.


—  Porque esperei por este momento exatamente. Meu motorista vai pegar você amanhã para ir escolher algum vestido do seu agrado por entre as minhas lojas. Tem problema?


—  Não, mas...


—  Não se preocupe. O seu cache será triplicado.


—  Avise para ele me pegar no lugar de sempre.


—  Entendo. No seu esconderijo secreto.


Levantei-me e cobri novamente as partes descobertas com o roupão.


—  Era só isso?


—  O evento será na sexta feira, até lá não nos veremos. Por isso, peço que esteja pronta as oito. O carro passara para pega-la.


 


Ricardo levantou do sofá e ajustou a gravata possessivamente e me olhou. Suas mãos tocaram meu rosto com as pontas dos dedos, apertando meu maxilar suavemente.
Ele tocou seus lábios no meu pescoço e voltou a me encarar.


 


—  Vou esperar ansioso.


 


Depois de toda aquela noite, fui para casa ainda preocupada com o sumiço de Dulce. O telefone em caixa postal me deixava mais aflita. Subi até chegar na porta de casa. Quando abri, vi que um dos abajures que ficava na sala estava aceso. Dulce Maria estava ali debruçada e de olhos fechados, adormecida sobre um jornal aberto. Aproximei-me baixando a cabeça com os olhos na respectiva página em que ela havia parado. Era a dos classificados. Em alguns anúncios, a marcação feita com marca texto amarelo, demonstravam que ali devia ser relido. Ela buscava emprego? Casa? Imóvel?
Fui até o meu quarto e joguei a bolsa, tirando os sapatos em seguida. Coloquei um vestido mais confortável e voltei.
Bati as mãos em seus ombros e vagarosamente ela despertou.


 


—  Dulce?


—  Nossa...  — falou limpando os olhos  — Dormi?


—  Ao que parece. Sim.


—  Estava um pouco cansada.


—  Desculpe perguntar isso, mas o que você fazia com este jornal?


 


Ela percebeu que as provas estavam espalhadas por todos os lados. Seu semblante fixou num quadro que estava pendurado na parede em cima da lareira para despistar-se da minha vista.


 


—  Procurava emprego.


—  Mas para quê? Nós já temos um.


—  Aquilo não é emprego Anahí.  — retrucou em tom de repulsa  — Eu odeio fazer danças e ser cobiçada como um objeto em exposição numa feira livre.


—  Temos um bom salário - aquilo não convencia nem a mim mesma. Eu sabia que Dulce nunca havia gostado de verdade da vida que levava, embora entre todas, ela fosse a menos promíscua.


—  Acho melhor ir deitar.


 


Ela pegou tudo o que estava jogado e juntou apressada, andando até seu quarto. Não disse mais nada para mim, e eu muito menos a ela. Eu gostava de ser desejada, idolatrada enquanto dançava, mas nós não éramos parecidas nisso.


Franzi o cenho e respirei, acendendo um cigarro. Não era uma boa hora para estresses. Pensei no convite de Ricardo, no que ia vestir nesse evento. Eu sabia ser fina e elegante; mais ainda, ninguém jamais saberia que eu era uma garota de programa. Não era algo que vivia escrito na minha testa. Nem mesmo os vizinhos sabiam do meu trabalho.
Andei para perto da chama da lareira e remexi a madeira que queimava lá dentro. O fogo subiu e o ar quente aumentou. Fazia muito frio, e mesmo existindo calefação, sempre preferi me utilizar daquilo para me aquecer. Era antiquado e belo. Remetia o natal.
Estava perto para aquela data acontecer, mais uma que passaria longe do que a tradição prezava. Família não era uma coisa que eu tinha.
Quando acabei, joguei a bagana do cigarro e acendi outro.


Durante o café da manhã, ela pouco falou. Era como se algo a incomodasse. Pensei em dizer algo, mas o que? Não seria bom fazer com que Dulce visse pelo meu ponto de vista. Até porque eu não queria que ela pensasse igual.


O interfone tocou algumas vezes até sentir vontade de atender. O porteiro avisava que um carro me aguardava na frente do prédio e que um motorista esperava na recepção. Olhei de frente o espelho e chequei a roupa. Não existiam muitas opções quando o inverno atacava. A bota até os joelhos por cima do jeans, junto de uma blusa de alça fina, compôs meu look. O casaco franzido nas costas dava um ar mais sofisticado à produção.
Descendo, fui até ele, e como sempre, nós trocamos um sorriso educado. O motorista abriu a porta e eu entrei. Quando já estávamos em movimento, uma coisa que nunca tinha feito antes me invadiu.


 


—  Desculpe, mas... Qual é o seu nome?


 


Depois de muito silêncio, eu até pensei na possibilidade de Ricardo ter posto a ele, regras de não conversar comigo, mas então o homem respondeu.


 


—  Matias, senhorita.


 


Mesmo que eu pensasse que algum assunto fosse surgir dali, nada mais foi dito. Permanecemos por todo o tempo, calados e concentrados em nossos espaços. As várias lojas por onde passamos só me fazia ter mais certeza do no quanto Ricardo era rico e poderoso. Tudo aquilo pertencia a ele e ao seu império. Provei muitas peças, duvidei de mais um tanto, até que na sexta loja uma das atendentes apareceu com um vestido vermelho nas mãos. Ele era longo, decotado nas costas e bem justo. Todas as minhas curvas foram valorizadas de forma clássica. Depois que experimentei, todas as mulheres que me cercavam fazendo seu trabalho me olharam elogiando o fato daquela peça ter caído tão bem.


 


 


—  Isto foi feito para você!


 


Disse uma delas.
Pronto. Estava tudo definido. Agora me restava apenas esperar pelo dia marcado.


____________________


 



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Autor(a): imagineunahistoriaa

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