Fanfic: Secret. — Portiñón. | Tema: Portiñón, AyD. Anahí e Dulce.
POV DULCE
Sorrir falsamente para mais uma coisa dita pelo Ronald, mesmo sem está prestando atenção em que o mesmo estava dizendo. A presença dos amigos de Dianne tinha sido uma surpresa não muito agradável para mim. Eu não queria recebe-los, mas como estava usurpando um lugar que não me pertencia, algumas pessoas indesejáveis vinham junto com o papel.
E lá estavam eles, Ronald, Kim e Lila. Conversando inúmeras besteiras quando a minha única preocupação era saber onde Anahí tinha se metido! Ainda estava enciumada pelo telefonema recebido do Christian, no carro. Ele parecia uma praga, mesmo no hospital ainda estava enchendo a paciência. Eu não queria brigar com a Anahí, mas não era impossível controlar o meu ciúme, principalmente pela atenção exacerbada que ela sempre destinava á ele.
A minha intuição me dizia que tinha alguma coisa á mais. Algumas coisas estavam fora de nexo. Não parecia se encaixar, estava lidando com um grande enigma que eu tinha certeza se perguntasse a Anahí – porque eu tinha a vaga impressão de que ela sabia o que estava acontecendo –, ela não iria me dizer. Por tanto, tinha que descobrir tudo por mim mesma.
Balancei o copo com a dose de uísque em minha mão, fazendo os gelos se debater. Olhei distraidamente para a janela, procurando a Anahí com os olhos. Ela não estava mais no quintal. Onde inferno tinha se metido? Fazia um bom tempo que estava aqui, jogando conversa fora com os três idiotas.
“Você não nos contou, Dianne”. Ouvi Kim me chamar, olhei para ela que estava com um sorriso malicioso. “Como anda o seu caso com o gostoso do Alfonso?”.
Dei de ombros, desconfortou com aquele assunto.
“Terminamos”. Respondi sem dá muita importância.
“Sério?”. Lila parecia abismada. “Você era bem fissurada nele”.
“Embora que acho que ficava com ele apenas para atingir a esposa”. Falou o Ronald. O olhei interrogativa. Ele riu. “Não faça essa cara, o seu prazer era mata-la do coração. Sabemos disso”.
“Exato”. Kim confirmou. “Sem contar o ódio mortal que sentia por ela. Deixou a baranga sair na vantagem e ficou sem o seu amor?”.
Eu rir com a palavra baranga, porque era sinal que eles não conheciam a Anahí. Duvido que a Dianne tenha mostrado uma foto dela, dando-se conta que minha irmã adorava rebaixar as pessoas com que tinha alguma intriga ou inveja, só para se exaltar.
“Alfonso nunca foi o meu amor”. Respondi com tom conspiratório. Os três se entreolharam e depois riram. “Sei que passei um tempo fissurada, mas é que ele era um brinquedinho muito gostoso de ser descartado”. Ronald se abanou como se confirmasse o que eu dizia. Lila e Kim continuaram rindo. “Só que deixou de me satisfazer e se tornou bastante chato, nem mesmo a sonsa da Sra. Herrera me fez querer continuar com a brincadeira... Hoje, tenho outra pessoa e estou muito bem, obrigada”. Terminei de falar e virei minha dose de uísque.
“E quem é?”. Ronald quis saber, revirei os olhos. “Qual é Dianne! Contem-nos”.
“É. Queremos saber quem é o novo brinquedinho”. Kim reforçou.
“Desembucha mulher!”. Lila estava ansiosa.
“Anahí”. Soltei o nome e esperei a reação deles. Se Dianne tivesse falado o nome da esposa do Alfonso, iriam assimilar.
Porém, parece que a mesma não disse o nome dela.
“Isso é o nome de uma mulher ou é unissex nos Estados Unidos?”. Kim perguntou confusa.
Ronald e Lila pareciam perplexos.
“É de mulher mesmo”. Respondi, achando graça.
“Você se tornou lésbica do tipo, chupadora de xava/sca?”. Ronald perguntou indiscreto.
Lila deu uma risadinha.
“Isso mesmo”. Revirei os olhos.
“Uau. Achei que a única lésbica da família era a sua irmã Dulce”. Kim fez uma cara afetada. “Aliás, não foi por isso que ela foi deserdada?”.
“Hum?”. Fiquei surpresa com essa informação.
“Não se lembra, amiga?”. Ronald perguntou. “Foi você mesmo que nos contou que o motivo para Dulce ter sido deserdada foi por ser lésbica e que isso explicava também a raiva dos seus pais para com ela, principalmente da sua mãe. Porque desde pequena a Dulce dava índice de que era lésbica.”. Ele riu. “Como não se lembra de ter contado um babado desse?”.
Dei de ombros.
“Esqueci”. Foi a minha resposta.
Eles voltaram a falar novamente, besteiras. A minha mente ficou confusa, se isso fosse verdade, explicaria muitas coisas. Mas, o irônico era que se isso fosse mesmo realidade, seria uma grande hipocrisia da parte da minha mãe, principalmente, porque tudo indicava que a mesma era bissexual. Principalmente depois daquela carta.
Querendo ou não, isso me afetou. Muito! Eu não conseguia acreditar que o motivo do desprezo dos meus pais era por causa da minha sexualidade. Isso era cruel. Você não deve sofrer ou ser menosprezo pelo o que você é.
“E cadê essa mulher para nos conhecermos?”. Lila me acordou do pensamento.
“Não sei”. Mordi o lábio inferior. “Ela estava no jardim, mas provavelmente, foi andar por aí”.
“Ah, que pena. Queria conhecer essa mulher que balançou o coração da minha amiga”. Ronald fez bico.
“Fica pra próxima”. Kim comentou, levantou-se depois de olhar o seu celular. “Estamos indo para a balada, você não quer ir?”. Perguntou para mim.
“Hoje não, ainda estou sofrendo do fuso horário”. Menti. “Demoro mais do que um dia para me adaptar. Ficará para próxima, ok?”.
“Tudo bem”. Kim disse.
“Vou ligar o carro”. Lila disse, mas antes de sair, me deu um beijo na bochecha. “Estou enciumada de ter assumido um relacionamento homossexual quando passei muitos anos sendo a sua ficante debaixo dos panos”. Murmurou em meu ouvido.
Novamente estava surpresa, mas não demonstrei. Olhei para Lila, os olhos cor de mel estavam magoados, não disse nenhuma palavra e ela se retirou. Depois a Kim se retirou, ficando apenas o Ronald que estava sério, me olhando.
“Como está a Graziela?”. Perguntou-me.
“Bem”.
“O Alfonso aceitou numa boa a separação? Que dizer da penúltima vez que se separou, ele iria tomar a menina de você. Não vai mais?”.
Olhei direitinho para o Ronald. Aparentemente, estava mostrando muito conhecimento sobre algumas coisas. Talvez, fosse o confidente da minha irmã.
“Não me disse nada. Não se importou nem um pouco”.
“Sei que não devo me meter nisso, mas... Eu sinto pena da maneira que a pobre da Graziela é tratada, principalmente por você. Parece mais um bichinho recluso, pare de esconder a sua filha, minha amiga. Ela é uma menina tão doce, pare de escondê-la para os nossos amigos, melhor dizendo, para todos”. Ronald continuava sério.
Eu também tinha muito pena da Graziela. Mas não poderia mudar minha atitude, não de uma hora para outra. O que minha irmã responderia diante dessa situação?
“Cuide de sua vida. Ela é minha filha e eu faço o que bem entender com ela”. Revirei os olhos.
Ronald riu.
“Você não muda mesmo, minha amiga. Mas eu te amo mesmo assim”. Ele me abraçou. “Saudade de você. Depois vamos marcar algum happy hour, quero conhecer a sua namorada”. Deu um beijo em minha testa. “Até mais”.
O levei até a porta, acenei para o Ronald que entrou no carro e partiu juntamente com as meninas. Respirei aliviada, interpretar Dianne era muito cansativo. Fechei a porta e passei a mão no cabelo. Virei-me e dei de cara com Ariel que adentrava a sala com uma pasta nas mãos.
“Boa notícia”. Anunciou assim que me olhou. “Consegui comprados para as vinícolas, as propriedades e boa parte dos cavalos de raça. Tudo por um excelente preço”. Entregou-me o papel com os valores, assobiei quando vi. “Porém, os comprados têm pressa, mas como você também tem pressa de vender... Amanhã será um dia bem atribulado. Já acionei o advogado para nos acompanhar durante as reuniões de vendas”.
“Obrigada Ariel”. Disse sincera. “Você será muito bem recompensada por isto”.
Ariel respirou fundo.
“Estou fazendo apenas o meu trabalho. Se me der licença”.
Ela estava muito séria. Sabia que ainda estava chateada comigo pelo o que aconteceu mais cedo. Antes que pudesse sair, segurei em sua mão, a impedindo que se retirasse. Ela olhou para a minha mão na sua, depois para mim. Soltei-a.
“Desculpe-me pelo o tratamento de mais cedo, eu não queria ser grossa contigo, mas eu estava tão irritada que descontei em você. Não era a minha intenção”. Disse verdadeira.
“Você tinha razão. Eu não tenho nada a ver com a vida de Graziela, como você é a mãe, sabe muito bem o que fazer com a menina. Só se lembre de uma coisa, Dulce”. Olhou-me nos olhos. “Lembre-se da sensação que era se hostilizada pelos seus pais, talvez, lembrando-se disso, não cometerá o mesmo erro com a menina”.
Apertei os meus lábios com isso, mas não a respondi. Ficamos nos olhando em um clima tenso, depois de uma última olhada, Ariel foi embora. Eu sei que era questão de me por... Graziela deveria comer o pão que o diabo amassou nas mãos da minha irmã, e de Zanetti também. Ela não merecia isso. Fui em direção dos quartos. Vi pela porta do quarto de Graziela que a mesma estava brincando com o Thor, os dois pareciam distraídos e riam com alguma bobagem.
Parando para olhá-los. Os dois tinham uma vaga semelhança, pelo fato de serem filhos de Alfonso. O formato do rosto e o nariz... Era bom ver essa sintonia entre eles, era o sangue falando mais forte. Eles não me viram. Fui para o meu quarto, entrei o mesmo e fechei a porta.
Um som estrangulado me chamou atenção. Olhei em volta até que a vir no canto da parede, o seu corpo estava jogado, e respirava forte pela boca, mas parecia que o ar não estava sendo o suficiente, os lábios estava azulados. Ela chorava e se debatia, parecia sufocada, sua roupa estava rasgada e espalhadas pelo chão do quarto. Estava nua.
Essa imagem me assustou. Corri até a Anahí e segurei o seu rosto.
“Meu amor! O que você tem?”. Perguntei tentando prender sua respiração.
Ela me olhou. Os olhos estavam avermelhados, tentou falar, mas não conseguiu pronunciar nenhuma palavra, abriu mais a boca e puxou com mais força o ar, porém, não estava surtindo o efeito. Seus olhos agonizavam.
“Calma!”. Pedi com a voz aterrorizada. “Olhe pra mim. Está tudo bem! Olhe pra mim, por favor!”. Tentei acalmá-la, mas não estava surtindo efeito. Minhas mãos estavam molhadas de suas lagrimas que se tornaram copiosas.
“So-co-rro”. Balbuciou com enorme dificuldade. “Ar”. Suas mãos apertaram firmemente os meus braços num pedido mais firme de socorro.
O meu coração bateu aceleradamente. Eu não sabia o que fazer de primeira. Mas eu não podia deixá-la daquela forma. Contando com a coloração do seu rosto, não demoraria muito para a oxigenação de o seu cérebro ser rompida completamente e ela iria desmaiar, se é que não tivesse um dado maior.
Peguei-a nos braços e coloquei em cima da cama.
“Fique aqui. Eu vou buscar ajuda”. Disse a ela e corri para fora do quarto. Descia as escadas, correndo. “Zanetti!”. Gritei o nome da minha governanta. “Zanetti!”. Gritei novamente ao chegar no andar de baixo.
Zanetti apareceu, ficou apreensiva assim que me viu.
“Preciso de um inalador”. Disse com a voz ofegante. Meus ouvidos estavam apitando. “E se possível, uma bombinha de asma. PRA AGORA!”.
“Sim, senhorita. Tem tudo isso no quarto de Graziela. Irei buscar para...”.
Não a deixei terminar, voltei correndo nas escadas. Minhas pernas reclamaram pelo o esforço abrupto físico, mas ignorei isso, Anahí estava em crise e eu precisava ajuda-la. Entrei de vez no quarto de Graziela, assustando-a juntamente com o Thor. Procurei com o olhar o inalador, encontrei. Depois a bombinha.
“O que aconteceu?”. Perguntou Thor com os olhos arregalados.
“Nada!”. Respondi com o coração batendo firmemente no peito. Olhei para Graziela. “Meu bem. Onde está a sua bombinha para asma?”.
Graziela foi até o seu criado-mudo, abriu a primeira gaveta, pegou e me entregou.
“Aqui mãe”.
“Obrigada meu bem”. Tentei sorrir para ela, sai correndo do quarto e esbarrei com Zanetti que ainda quis saber o que estava acontecendo, mas não dei nenhuma satisfação.
Voltei para o quarto, fechei a porta e o tranquei. Para evitar qualquer interrupção, Anahí continuava na mesma posição, tentando buscar o ar. Tossia de vez em quando, mas parecia piorar a situação, o seu corpo molhado de suor.
“Aqui... Inale isso”. Agitei a bombinha de ar, e coloquei em sua boca.
Anahí inalou três vezes. Sua mão estava gélida. Deixei o inalador perto, tinha que ser precavida, caso não funcionasse totalmente, sabia que os broncodilatadores iriam abrir os pulmões dela.
“Isso meu bem. Respirei fundo... Você ficará bem”. Murmurei, sentei atrás dela e puxei o seu corpo para mim. Puxei o lençol para cima de nós, cobrindo o seu corpo nu. Mesmo molhada de suor, o seu corpo tremia bastante. “Calma meu amor”. Beijei a sua cabeça. “Tudo vai ficar bem, estou aqui contigo”.
Anahí agarrou-se fortemente em mim, com medo de que eu fosse sair de perto dela. Disse algumas palavras de acalento, mantendo o seu corpo firme no meu. Aos poucos, sua respiração iria se controlando e ela também.
Batidas na porta nos fizeram sobressaltar.
“O que é?”. Gritei irritada.
“Está tudo bem, senhorita?”. Era Zanetti.
“Sim”. Gritei em resposta. “Volte para os seus afazeres, se precisar, eu a chamarei”. Avisei.
Não houve mais perturbação. Continuei abraçada com Anahí, sua respiração foi ficando suave, percebi que tinha adormecido. Respirei aliviada. Aos poucos, a calma ia envolvendo o meu corpo. Um medo me fez estremecer, se eu não tivesse chegado a tempo? Ela teria morrido?
Apertei-a em meus braços, sem conseguir suportar a ideia de perdê-la. Olhei o seu rosto, estava bem serena, ressonava baixinho, era até angelical. Quem via assim, não sabia que era uma malvada de primeira. Beijei a ponta do seu nariz e me aconcheguei a ela. Ia fechar os olhos, mas antes, algo me chamou atenção, era a carta da minha mãe no chão.
Franzi o cenho. Não tinha deixado essa carta em cima da cama? Deve ter caído na hora da agonia ou a Anahí tinha lido a mesma. Fechei os meus olhos, e permito-me dormir um pouco.
Acordei com a Anahí se mexendo inquieta em meus braços. Estava sonhando ou tendo um pesadelo, o seu corpo estava quente, muito quente. Ela estava queimando de febre.
“Não. Por favor, não me deixe. Eu posso explicar tudo!”. Ela disse na inquietação do seu pesadelo, o seu semblante era de choro. “Eu menti sobre quase tudo, eu sei, mas nunca menti sobre meu amor por você... Não me deixe, não vou aguentar viver sem o seu amor”. Ela soluçou alto, inconscientemente se agarrando mais em mim. “Dulce!”.
“Anahí?”. Balancei-a suavemente. “Acorde. Estou aqui! Não irei deixá-la, nunca”. Mas ela não acordava.
“Não me deixe. Não me deixe”. Repetia descontroladamente, soluçando em agonia.
Estava delirando. Tentei acordá-la de todas as formas, mas não estava surtindo efeito. Afastei o lençol, e com cuidado, sair da cama. Depois a peguei nos braços e fui para o banheiro. A minha sorte era que Anahí não era pesada. Entrei na banheira com ela, o seu corpo continuava muito quente. Seus lábios estavam ressecados e provavelmente rachariam por conta da febre alta.
Sentei-me com ela e liguei o chuveiro. A ducha gélida me fez estremecer. Anahí gemeu, depois choramingou alto. Acordou no minuto seguinte. Tentou se soltar de mim, mas a segurei firme debaixo do chuveiro.
“Não”. Choramingou. “Dulce. Não!”.
“Shhh... Você está queimando de febre. Tem que ficar debaixo do chuveiro para abaixar a temperatura”. Informei a ela.
Anahí ainda se debateu nos meus braços.
“Tudo dói”. Gemeu. “Meus ossos doem”.
“Eu sei”. Murmurei.
Não sei quanto tempo fiquei com ela debaixo do chuveiro, mas quando o frio se tornou insuportável para ela e o seu corpo estava mais numa temperatura boa, saímos. Minha roupa estava encharcada, mas a prioridade era Anahí, controlei minha tremedeira. Enxuguei a Anahí e vesti o roupão nela, enrolei seus cabelos em uma toalha. Deixei-a sentada no vaso, e tirei minha roupa molhada, vestido um roupão em mim.
Peguei pela mão e levei novamente para o quarto. Deitei na cama e a cobrir com edredom. Peguei o telefone e liguei para a cozinha, pedi para que Zanetti preparasse uma canja e trouxesse um antitérmico e também um analgésico, Anahí começou a reclamar de dor de cabeça.
Meia hora depois, estava alimentada e tinha tomado os remédios, apesar de estar sonolenta, parecia muito melhor. O seu pesadelo me veio à cabeça. O seu medo e suas palavras ditas, me deixaram receosas. E também era um sinal de que estava mentindo para mim.
“Anahí”. Chamei. Ela me olhou. Eu estava sentada em sua frente, na cama. “Tem alguma coisa que você quer me contar?”.
“Não. Por quê?”. Sua voz saiu fraca, mas eu via a agitação em seus olhos.
“Tenho a sensação de que está mentindo ou omitindo para mim”. Olhei em seus olhos. “Então, vou repetir. Você tem alguma coisa pra me contar?”.
Anahí passou um longo tempo me olhando. Ficamos em silêncio, apenas nos encarando. O suspense do momento fazia com que um nervosismo me acometesse.
“Não sei do que está falando”. Anahí respondeu, afundando a cabeça no travesseiro. “Não tenho nada para contar”.
“Não mesmo? Nem sobre você e o Christian?”. Pressionei. “Por que juro que estou tentando entender essa ligação que vocês têm, sem contar que é muito segredinho”. Não deixei de olhá-la.
“Dulce...”. Anahí pediu com a voz rouca.
“Só me responda. Eu quero saber, tenho o direito de saber, acho que já passamos da fase de ficar escondendo as coisas uma da outra”. Disse impaciente. “Estamos juntas e para valer, como podemos construir um presente e também um futuro com uma nuvem negra nos rondando? Eu não quero mais segredos. Eu quero sinceridade e acho que sou digna de recebê-la, já que sempre a ofereço, porque não pode me oferecer de volta? Por favor”.
Anahí amuou-se. Mordeu o lábio inferior, achei que não iria me responder, mas o fez.
“Você tem razão sobre o segredo”. Disse e minha fisionomia mudou. “Mas não é nada disso que esteja pensando... Antes de vir para Itália, presenteei o Christian com um bichinho de estimação. No caso, a Maite. Aquela caixa enorme que veio em nosso jatinho, era a Maite dopada dentro. Ela está vivendo no Chalé com ele, como um animal”.
“O que?”. Perguntei com os olhos arregalados.
“Isso que escutou. Quando o Christian me ligou e estávamos no carro era sobre isso. Ele queria que eu alimentasse a Maite até que fui boazinha demais e permitir que tomasse banho. Liguei pra um empregado fazer a limpeza do quarto. Enfim, é isso”. Respondeu com a voz mais rouca, deu de ombros.
Sorrir.
“Deus meu! Você é uma encapetada”. Brinquei, e Anahí deu um sorriso fraco. Ainda estava muito abatida, acariciei. “Você não me disse que tinha asma”.
“Fazia muito tempo que eu não tinha uma crise, achei que tinha passado”. Deu de ombros. “Pelo visto, não”.
“Engraçado. Graziela também tem asma, lembre-me que tenho que devolver a bombinha, vai que a menina entre em crise também”. Brinquei, mas a Anahí não riu, ficou preocupada.
“Temos que conversar sobre Graziela”. Disse me olhando. “Que colocação eu teria na vida dela?”.
“Bem. Você está comigo, somos um casal... Enfim, vai ser a colocação que você quiser”. Dei um sorriso. “Percebi que você gostou demais dela e ironicamente, Graziela se parece muito com você. Parece obra do destino, não? Não seria nada estranho se ela lhe chamasse de mamãe”.
Anahí sorriu.
“Sim. Eu quero que ela me chame de mamãe, porque é isso que eu sou dela”.
“Amanhã, converso com ela sobre isso”.
“Se não se importa, eu mesma prefiro conversar”. Pediu-me.
Ergui as minhas mãos, dando o aval para ela.
“Como você quiser...”. Até achava melhor que Anahí conversasse, não era muito boa com criança e iria me atrapalhar toda. Outra coisa me veio em mente. “Você sabia que descobrir que a minha mãe teve um caso lésbico em sua adolescência? Mas segundo uma carta até a juventude”.
“Eu lia a carta”. Anahí respondeu com desconforto, apontou para o chão.
“Fiquei de cara quando li. Quase não acreditei, mas sabe o absurdo disso tudo? É que Luna Saviñón era a mulher mais homofóbica da face da terra”. Falei com ultraje. “Uns amigos de Dianne esteve aqui hoje e descobrir que Luna me odiava por eu ser lésbica. Mas veja a hipocrisia, como pode me odiar sendo que ela também gostava de mulher?”. Perguntei com raiva.
“Realmente é um absurdo. Mas acha que é verdade? Isso?”.
“Sobre o que? Luna ser bissexual ou me odiar por ser lésbica?”. Perguntei, mas não esperei resposta. “Depois vou averiguar com o Ronald essa história, mas tudo indica que é verdade. Enfim... Essa carta mostra muito bem a bissexualidade de Luna, a amante dela escreveu com uma intensidade que dava para sentir que o amor era muito forte. Juro que se não tivesse você, sentiria muito inveja de um sentimento tão grande como foi demonstrado nessa carta”. Falei pelos cotovelos. Anahí deu um sorriso pálido. “Bem, a questão é que não sinto nem um pouco com inveja porque eu tenho você. Imagina se a história se passe comigo e você?”.
“Seria muito mais intenso”. Anahí murmurou.
“É verdade”. Sorrir. “Enfim. Voltando ao assunto, estou curiosíssima. A carta não tem um nome, apenas uma inicial. Não sei se é o nome ou o sobrenome da pessoa”. Olhei pra Anahí. “Ver a coincidência? Eu e minha mãe apaixonada por mulheres cujo nome começa com A. Uma loucura, não acha?”.
“Acontece”. Respondeu monossílaba, o seu desconforto cada vez maior.
“É. E ainda dizem que coincidências não existem”. Respirei fundo. “A questão é que estou muito curiosa para saber quem era essa mulher e vou descobrir”. Disse com determinação.
“Dulce. Pra que você vai mexer com isso?”. Anahí perguntou com o cenho franzido. “De toda via, já passou. Sua mãe está morta e essa mulher deve está seguindo a vida dela, pelo o que li na carta, era casada. Deve continuar casada e com um monte de filhos. Não fique se desgastando com isso. Se foque em irmos embora de Itália para recomeçarmos de fato as nossas vidas”.
Cruzei os meus braços, sem gostar nem um pouco de escutar isso. “Pensei que iria me estimular. Ou melhor, dizendo, achei que iria me ajudar. Eu quero saber quem é a mulher, saber como está, se conseguiu seguir com a vida. Isso não significa que eu irei falar com ela ou coisa parecida, só quero saber mesmo de quem se trata”.
“Eu acho que será uma grande perda de tempo”. Resmungou.
Arrastei-me pela cama e deitei-me, virei-me para Anahí e me aconcheguei na mesma. O seu corpo estava tenso, mas aos poucos foi relaxando com o meu abraço. Ela roçou os lábios em minha testa, minha cabeça estava repousada em seu peito, escutando seu coração bater.
“Não acho”. Sussurrei. “Quero entender essa história. Algo me diz que eu irei entender muita coisa a partir daí, pode ser que não, mas a minha intuição sempre foi muito forte”.
“E se por ventura, você não gostar do que descobrir?”. Senti o receio em sua voz.
A olhei. “Eu sei que se preocupa comigo, mas vai dar tudo certo. Se eu não gostar do que descobrir, a vida segue”. Dei de ombros.
“É. A vida segue”. Anahí concordou, depois olhou para a parede, ficando pensativa.
“Estar com você é o que me importa”. Dei um selinho nela. “Temos que ficar sempre juntas”.
“Haja o que houver?”. Perguntou com receio.
“Sim. Haja o que houver. Sempre”. Confirmei com um sorriso. “Só quero saber uma coisa de você”.
“O que?”.
“Quando irá se casar comigo?”. Perguntei com um sorriso travesso.
Os olhos de Anahí se iluminaram e foi impossível de não sentir todo o meu corpo se aquecer diante dos olhos azuis intensos. Ergui o meu rosto e os nossos lábios se encontraram em um beijo suave, suspirei apaixonadamente...
**
Francieli. Oi flor, claro que me lembro de você! Seja bem vinda de volta, sim, muitas coisas aconteceram e Anahí que tinha tudo para ser uma mocinha da estória, é a vilã! Estou querendo provar que meninas más também são apaixonantes, até diria que muito mais que as boas. Hahaha. Está desculpada! Ui, Anahí até tremeu nas bases. Hahaha.
Luh. E Anahí lá dá ponta sem nó? Nunca prestou, e acho que nunca vai prestar, talvez, depois que a Dulce descubra tudo, ela fique mais esperta para a vida. Vai que até se torne uma boa pessoa. Mas. Acho difícil. Próximo capítulo, Ariel que aguarde! Hahaha. E ah, terá até um novo vilão. Ou seria vilões?
Mariposa. Mesmo sem whats, teve gritaria porque você é assim, adora passar na minha cara que eu sou injusta! Hahaha. O importante é que o amor que ela sente por Dulce é verdadeiro, só que as mentiras estão a sufocando e não tem um jeito de lidar com isso sem destruir o relacionamento que tem com a Dulce, o foda é isso. Mas as evidências estão surgindo, Dulce que ainda não sacou. Talvez por não ter maldade relacionada com Anahí – não totalmente. Você é sempre TEAM DULCE em todas as fics. Nem parece que gosta de portiñón, já que vejo só preferência pela Dulce. Humf.
Julia. O capítulo foi grande, então, o site depois de um tempo, desloga. Por isso, muitas vezes, os comentários vão, mas sem nomes. É uma parafernalha. Já visse? Tem que ser uma pessoa muito doente pra inventar que foi estuprada pelo suposto pai na infância! Inventou aquela estória toda, até que foi pra o México fazer a cirurgia. HAUAHAUA. Uma cachorra mentirosa, fico passada com Anahí. E Dulce vai descobrir, só questão de tempo, tudo já está ficando muito na cara, só falta a Dulce cair em si. Dianne não prestava, até agora as únicas pessoas que demonstrar prestar na fic são Thor e Graziela. Por que o resto... Oh, obrigada! *-* Adoro dá uns tiros bem doidos! Hahaha. Super a queima roupa mesmo pra causar com jeito. Quem diria que a Maite ficaria assim, ein? Mansinha, mansinha.
Autor(a): ThamyPortinon
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Anahí me protelou um pouco para responder, mas depois de alguns beijos a sua resposta veio. “Quando formos ao México... Assim que colocarmos os pés lá, iremos nos casar e selar para sempre o nosso amor”. Murmurou e se aconchegou em meus braços. Concordei prontamente. Apesar de ser um lugar romântico, a It ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 248
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slj Postado em 10/12/2021 - 20:45:59
Como vc consegue?? Surpreende a cada capítulo. Simplesmente amando essa fic.
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anahigio1405_ Postado em 16/10/2019 - 20:14:50
Melhor fic portinon 👏 ja é a quinta vez que leio de tão foda que é ,faz outra fic portinon mais com o mesmo estilo
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Emily Fernandes Postado em 06/11/2017 - 09:11:15
Só vim aqui pra ver a Anie com sangue nos olhos. Ahahahahahah. Minha vilã mais perfeita. Nem a BRATIU superou kkkkk. Adoro. Bjs fui.
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Nix Postado em 23/08/2017 - 22:43:20
eita que meu coração não aguentou chorando horres
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flavianaperroni Postado em 15/02/2017 - 20:51:51
Que isso?? que web mais viciantemente perfeita,bem escrita,eu simplesmente achei incrível,ela envolve o leitor de um jeito inexplicável. Parabéns,eu amei de verdade a historia,mesmo que elas tenham morrido no final,sim eu odiei a Anahi nos capitulos finais,mas fazer o que,faz parte da vida oehueheo Mas enfim,adorei,você escreve muito bem!!!
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any_reis Postado em 16/11/2016 - 14:33:24
GZUIS, QUANTO TEMPO EU FIQUEI FORA??? apesar delas terem morrido eu gostei, tu sempre deixou claro o tema da estória. Eu... Eu simplesmente adorei, garota tu escreve mto bem, deveria se dedicar à isso, e se virar uma escritora me fala pois irei ler todas as suas estórias, mais enfim eu me apaixonei pela fanfic, só surtei um pouco quando vi "ÚLTIMO CAPÍTULO" kkkkkkkkk , mais de todavia aguardo a sua próxima fic gatinha ^^
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Julia Klaus Postado em 14/11/2016 - 23:22:01
Eu sabia elas se matariam. Eram muitos podres da Anahi ser perdoado. Dulce não conseguiria viver, pq caso ela fosse embora, Anahi a perseguiria até o fim. Doente do jeito q é. Não vou dizer q esperava q Dul fosse se matar. Gostei da forma q Christian morreu kkk. Christian e Ariel pensaram q teriam Any e Dul respectivamente hehehee. Muita coisa pra Dul processar e perdoar. Nunca seria a mesma coisa. Muita coisa ruim no meio... O q doeu mais foi a mentira e os jogos. Anahi nunca ia mudar, eram palavras da boca pra fora... Enfim amei a história do início ao fim. Estava off por conta dos estudos :)
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luh_perronita Postado em 11/11/2016 - 21:10:05
MERECEMOS OUTRO FIC MONA ESSA JÁ É A SEGUNDA QUE TU MATA ELAS, TU NÃO TEM CORAÇÃO MESMO. VOU PROCESSAR VOCÊ E VOU DIVULGAR QUE VOU PROCESSAR VOCÊ.! pq sou maldosa :v
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luh_perronita Postado em 11/11/2016 - 21:05:53
Acaboooou :OO Final bem triste sim pq chorei uns rios mais um dia eu supero isso. a historia foi muito intensa e cheia de segredos adorei tudinho
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mariposa Postado em 11/11/2016 - 16:20:35
TE ODEIO MALDITA! TU ME FEZ CHORAR! Como conversamos, eu sabia que essa web se encaminhava para a tragédia apesar de não querer, Anahi merecia pagar por tudo o que ela plantou, mas Dulce foi uma vítima desde que veio ao mundo, não achei justa a morte dela, na vida se junta os caquinhos e se sobrevive, ela foi covarde, foi eterno enquanto durou, mas foi tão fugaz, não sei o que dizer apesar de ter muita coisa em mente. Apesar de achar que tu poderia ter desenvolvido um pouco mais e que poderia ser um pouco diferente, te parabenizo por que tu é uma excelente escritora, vou esperar pela próxima, mas se tiver morte, obrigada, não vou ler, e dessa vez é sério, você só deixou escapar Faz de Conta, meu coração não aguenta. Beijos, te amo.