Fanfics Brasil - 3 - Dentro do Olho do Furacão (PARTE 3) De Repente Dulce(adaptada)

Fanfic: De Repente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: 3 - Dentro do Olho do Furacão (PARTE 3)

594 visualizações Denunciar


Infelizmente minha mãe não estava ali comigo — nesse ponto a história se repetia, não é mesmo? —, mas só porque não pôde abrir mão de dois ou três eventos marcados para os próximos dias. Ela prometera que viria em, no máximo, uma semana.


O avião taxiou na pista, daquele jeito que nos obriga a apoiar na poltrona da frente se não quisermos ser lançados adiante. Mal as rodas tocaram o solo, liguei o celular, sem me importar com o aviso da comissária de só religar os aparelhos quando estivéssemos no saguão do aeroporto. Precisava falar com alguém, ter notícias frescas. Afinal, ficamos incomunicáveis por treze horas.


Minhas intenções foram por água abaixo assim que um dos passageiros me reconheceu. Por mais que estivesse tomando todas as precauções para passar despercebida, sempre havia um ou outro mais atento. Essa pessoa — no caso, uma senhora com seus setenta anos ou mais — segurou-me pelos ombros e me abraçou, do nada, como se fôssemos velhas conhecidas. Ficou dizendo que estava rezando pela saúde  de  meu pai, enquanto tudo o que eu mais queria era escapar logo dali e ver Andrej com meus próprios olhos. Mas eu não podia ser indelicada com uma idosa, podia?


Então permiti que ela dissesse o que queria, porque, se tem  uma coisa que minha mãe lutou para que eu aprendesse, foi respeitar os mais velhos.


— Deixa que eu ligo para a Marieva, lyubit — Chris cochichou em meu ouvido. Pela expressão, deu para perceber que estava se divertindo  com minha aflição.


A senhora enganchou seu braço na curva do meu. Caminhamos juntas até a saída do túnel de acesso ao aeroporto.


Durante o curto trajeto, tudo o que fiz foi escutar seu falatório desenfreado. Ainda bem que estava acostumada. Vovó Nair era campeã na categoria língua solta.


Christopher seguiu atrás de nós, falando ao telefone. Como me esforcei para ouvir a conversa dele com tia Marieva, mas a senhora — chamada Catarina, veja só! — não me deu trégua.


Conformada, apeguei-me à certeza de que logo, logo teria notícias de meu pai para prosseguir. Mas o pior ainda estava por vir. Nem bem apontei na entrada do saguão, fui cercada por centenas de jornalistas, todos atrás da primeira palavra da princesa sobre o acidente do rei.


— Dulce, como está se sentindo? — Nossa, super bem. Não está vendo?


— Interrompeu sua viagem ao Brasil para ver seu pai? — Não, criatura, voltei para ir a um baile.


— Chris, como tem lidado com a tragédia? — Ainda bem que essa pergunta tão sagaz não foi para mim.


— Dulce, se o rei Andrej Markov morrer, você se tornará a rainha da Krósvia. Está preparada para isso? — PQP!!


Respeito demais o trabalho dos jornalistas, reconheço o valor do serviço que  prestam  à  sociedade.  Mas isso  não me  impediu  de  quase agir como uma celebridade embriagada e enfiar a mão na cara de pau do repórter que teve a petulância de perguntar aquilo. Por sorte, Chris me impediu. Caso contrário, eu começaria a ser carinhosamente chamada de agressora de profissionais da imprensa. Só essa que me faltava!


Estava prestes a dar várias respostas atravessadas quando avistei a equipe de resgate: Jorgensen, Zlafer e Boris! Ah, era a visão do paraíso.


Os dois brutamontes, que costumavam agir como meus guarda- costas sempre que papai cismava que minha segurança estava ameaçada, foram abrindo caminho entre os jornalistas, empurrando a urubuzada para o lado, como se faz com os pinos de boliche.


Todo mundo sabe que não gosto de andar com a dupla de peso no meu encalço, mas confesso que nunca fiquei tão feliz por vê-los.


Eles conseguiram nos tirar de dentro do aeroporto — e ainda deram conta de nossas bagagens.  Num instante, sentávamos, aliviados, no banco  de couro do carro com pinta de propriedade de gângster que Jorgensen dirigia. Ufa!


Só não deu para me despedir de dona Catarina. Coitada... Eu esperava que ela estivesse bem.


— A senhorita está bem? — perguntou o polido Jorgensen, meu motorista favorito.


— Fisicamente, sim. Obrigada por nos salvar, pessoal.


Não rendi conversa com ele. Queria que Chris me contasse o resultado da ligação para tia Marieva.


— O que ela disse?


Antes de falar, meu namorado gato bagunçou com uma das mãos  os cabelos já não muito penteados. Eu conhecia esse seu gesto. Ele estava nervoso.


— A situação parece um pouco melhor — Chris disse, por fim. Dei um longo suspiro de alívio. — Os médicos apresentaram um boletim  agora  há pouco. Segundo eles, o quadro é estável, apesar do coma.


Coma?


— Meu pai está em coma? Induzido? —Torci para que fosse.


— Não, Dulce. — Chris entrelaçou seus dedos nos meus. — Ele não acordou depois da cirurgia e os médicos ainda não sabem quando isso vai acontecer.


Um “se” bem grande ficou pairando entre nós.


Afundei no banco de couro, ciente até demais de que a vida não avisa a hora em que vai dar uma bela rasteira na gente.


Se o saguão do aeroporto estava cheio de jornalistas, vocês nem imaginam o que era o pátio de entrada do hospital.


Talvez, se a ocasião fosse outra e o cenário também, como a final da Copa do Mundo no Brasil, eu até compreendesse aquilo.


Sempre questionei a necessidade do ser humano de se deixar atrair pelas tragédias alheias. É como se cada um vivesse com um mini-lobo-mau à espreita, louco para mostrar os dentes.


         Dessa vez, nem mesmo Zlafer e Boris conseguiriam abrir caminho pela multidão. Ou dávamos meia-volta e tentávamos entrar de outro jeito, ou corríamos o risco de enfrentar a avidez da imprensa.


Optamos pela segunda alternativa por pura ansiedade.


Chris se colocou atrás de mim, prendendo-me a ele com seus braços, enquanto os seguranças iam adiante, empurrando as pessoas como se elas fossem peças de dominó. Mesmo assim, foi duro, viu? Cheguei a me colocar no lugar dos soldados à frente das batalhas épicas, quando precisavam vencer os inimigos com uma espada numa mão e o escudo em outra. Coitados...


— Dulce, só uma palavrinha! — gritou um repórter.


— Agora, não, gente — Chris se manifestou, falando por mim. Sei que esse tipo de atitude revela certa dependência, mas eu não estava em condições de assumir uma postura por minha própria conta.


— Ei, grandão, é com a princesa que a gente quer falar.


— Não agora, meu chapa.


Se pensam que os jornalistas desistiram porque Christopher falou “não”, não conhecem a persistência deles. Eu fico impressionada.


No entanto, a teimosia deles só serviu para aumentar a minha. A imprensa ansiava por uma palavra saída da boca da princesa. Quanto a mim, naquele momento, resolvi adotar o voto de silêncio. Eu escolheria a hora certa de falar.


Avançamos bravamente, mesmo sofrendo alguns arranhões e puxadas de cabelo. Esses momentos me faziam desejar voltar ao passado e ser apenas Dulce Maria Saviñon, brasileira de Minas Gerais, torcedora do Cruzeiro Futebol Clube — perdoem-me, atleticanos — e fã do Jota Quest.


Ainda bem que tudo nesta vida passa.


Pode ter demorado mais do que eu gostaria, mas alcançamos a entrada do hospital sem danos irreversíveis. Lá dentro, outra comitiva nos aguardava:


Irina, tia Marieva e, infelizmente, Marcus, além de parte da equipe de assessores de meu pai.


Ao encontrar os olhos de minha tia, corri até ela e caí em prantos  em seus braços.


— Dulce, minha querida, calma — ela tentou me consolar, alisando meus cabelos desgrenhados. —  Asituação está sob controle.


— Onde ele está, tia? Preciso ver meu pai — choraminguei, sem deixar de fungar, pois não queria molhar a camisa dela.


Esperava que tia Marieva respondesse, mas foi a indesejada voz de meu tio torto que trouxe a resposta:


— Dulce, Andrej está agora no CTI e não pode receber visitas — ele explicou, com aquela sua cara de membro da máfia italiana.


Franzi a testa ao escutar o Don Corleone de araque. Nem em mil anos eu conseguiria sentir alguma simpatia por ele. Então, retruquei: — Marcus, eu sou a filha dele. Os médicos não podem me impedir de visitar o meu próprio pai.


— Erguendo o rosto molhado,  olhei para  tia  Marieva.  — Podem, tia?


— Acho que não, Dulce.


— Deixem comigo — Chris falou.


Com um gesto cuidadoso, retirou  uma  mecha de  cabelo  grudada em meu rosto por causa das lágrimas e prendeu-a atrás de uma de minhas orelhas.


— Vou procurar os médicos. Melhor assim?


— Muito melhor.




Compartilhe este capítulo:

Autor(a): leticialsvondy

Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Eu entendo quando a Dulce diz que a dor dela não tem tamanho. Afinal, ela nunca perdeu ninguém muito próximo. É difícil fazer comparações quando não se consegue dimensionar esse tipo de sofrimento. Mas não cabe a mim alertá-la sobre isso. Sei que sua dor é real e imensa, porque também a  ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 21



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • leticialsvondy Postado em 11/03/2017 - 13:05:19

    Meninas Sorry pelo erro no 39 parte 1 tava editando outra fic e acabou indo junto. Desconsiderem o final

  • candy1896 Postado em 07/03/2017 - 19:57:54

    Continua

  • candy1896 Postado em 07/03/2017 - 11:36:03

    Continua

  • candy1896 Postado em 06/03/2017 - 21:10:47

    Continua

  • Anja Candy Postado em 07/11/2016 - 07:48:04

    Finalmente, já tava morrendo de curiosidade aqui. Acho que o olho grego é o tio da Dulce. O ucker vai pedir ela em casamento?? Aleluia!! To adorando o rumo do casal, mesmo que tenha a praga do olho grego e o tio da Dulce!!! Ansiosa é pouco pra essa surpresa!! Beijos!!

  • Anja Candy Postado em 03/11/2016 - 07:53:54

    Ahhhhhhhhh sinceramente sou totalmente a favor da Dulce. Mesmo que seja uma coincidência acho errado o ucker ter ficado no mesmo lugar q a nome d cachorro!! Porra a Dulce tá passando por momentos difíceis e com uma pressão do kralho nela, e invés de ajudá-la ele vai la pras bandas do Canadá!! A Dulce tá sofrendo pra merda, espero que logo ela tenha um período mais calmo na vida dela!! Continua logo e beijos!!

  • isisvondy Postado em 29/10/2016 - 14:14:10

    Continuaaa

  • Anja Candy Postado em 25/10/2016 - 07:01:44

    CHEGUEIIIII!!! Gatinha, qro pedir desculpas por não ter comentado logo, mas é que com o tempo corrido e essas coisas aí, fica difícil lembrar de todas as fanfics que eu tenho que comentar, mas bom, eu ja me atualizei e qro mais capitulos, viu? Continua!!

  • lih_saviñon_uckermann Postado em 25/09/2016 - 13:10:24

    Haaaaaa ja li a pireira temporada ! Simplismente AMEI <3 e ja to lendo a segunda, aiiii q emoção ! Eu sou daquelas pessoas q quando tem uma cena fofa fico qierendo gritar sabe ? Mais tenho q me controlar, ate pq se eu gritasse as pessoas iam me enterna num manicomil ! Rsrsrs CONTINUA pelo o amor de Deus !! <3 <3 <3

  • Anja Candy Postado em 21/09/2016 - 07:12:21

    Ahhhh meu Deus, como é isso de ameaça?? WHATS?? Fiquei com mutcho medo isso sim. Algo me diz q qm tá ameaçando a Dulce é alguém dos políticos ou até o próprio Pablo, ou qm sabe a nome de cachorro? Sla, tá tudo muitooooo confuso agora, n consigo pensar em um culpado com certeza sem ter minhas dúvidas!!!! Espero que a dul passe logo a ser aceita realmente como um membro de autoridade, sem essas frescuras de tudo q ela falar ser mal interpretado pela imprensa. Me deu pena dela, n é fácil ser cobrado em tantos locais!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais