Fanfic: De Repente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
CHRIS (avançando um passo): Antes de tudo isso, ela é apenas uma garota. Dá para pegar leve?
EU (ofendida com o “apenas uma garota”): Ei, calminha aí! Não sou uma garota.
O Homem de Cabelos Castanhos arqueou as sobrancelhas, enquanto Zlater arregalava os olhos. Meu namorado olhou para mim de cara feia.
EU: Quis dizer que sou bem crescidinha para assumir minhas responsabilidades. Digam quais são as orientações para que eu assuma o lugar de Andrej. Até ele melhorar, quero dizer.
Embora eu estivesse morrendo de medo, a única forma de retribuir tudo o que o meu pai fazia por mim era encarar a realidade sem embromação.
ZLATER (dando uma ajeitada no paletó, na parte onde a barriga proeminente teimava em ficar se exibindo): Melhor conversarmos num lugar mais reservado.
Balancei a cabeça, aprovando a sugestão.
Ameacei acompanhar Zlater, mas fui interceptada pelo Homem de Olhos Castanhos: — Não fomos apresentados formalmente ainda — disse ele, estendendo a mão direita. — Sou Pablo Lyle, chefe das relações públicas do Palácio de Perla e assessor direto do rei.
Retribuí o gesto, apertando minha mão na dele.
— É novato? — indaguei, curiosa. — Nunca o vi com meu pai.
Sem esperar pela resposta, Chris enlaçou minha cintura possessivamente.
Deus do céu! Como ele gostava de uma cena!
— Trabalho com a equipe de governo há seis anos. Mas só assumi a chefia do departamento há um, assim como a função de assessor. — Pablo esboçou um ligeiro sorriso, deixando à mostra uma covinha no lado esquerdo do rosto impecavelmente barbeado. — Apesar de não se lembrar de mim, fiz parte do grupo responsável pelo evento de coroação da senhorita, alguns meses atrás.
Fiquei encabulada. Com tanta gente ao meu redor desde que fui apresentada como a única filha do rei Andrej Markov, era praticamente impossível ser uma boa fisionomista.
— Desculpe...
— Não faz mal. É uma vida muito atribulada, eu sei. Com essa, o Homem de Olhos... digo, Pablo piscou para mim e seguiu adiante.
Só não fiz o mesmo porque Christopher, de modo nada sutil, sussurrou num tom quase ameaçador: — Não gosto desse cara.
— Amor, não seja implicante.
— Se fosse só implicância eu deixaria de lado.
Suspirei. Chris precisava parar de achar que todo carinha com menos de 40 anos — menos de 40! — estava a fim de me xavecar.
— Então é o quê? Ciúme?
Imediatamente depois de deixar escapar essa palavra, me arrependi. Ela só serviu para estragar o humor já instável de Christopher.
— Dulce, Dulce... Você me conhece. Não sou um cretino qualquer. Ciúme é para sujeitos inseguros.
Fala sério! Acho que dei muita corda para o já imenso ego dele.
— Ah, quanta confiança! Será que preciso ser mais misteriosa? — brinquei, batendo as pestanas como uma mocinha de filmes de cowboy.
Chris deu um tapa em meu bumbum e depois olhou para trás, a fim de checar se alguém havia presenciado seu espetáculo de machismo.
— É melhor não brincar comigo, princesa. — E sorriu, daquele jeito único e maravilhoso, que não só elevava a minúscula pinta sobre o canto esquerdo de seu lábio como fazia meu coração se desmanchar feito uma poça de chocolate quente.
A reunião improvisada com Zlater Muriev e seus dois acompanhantes acabou acontecendo no auditório do hospital, cedido gentilmente pelo médico diretor. Como eu já conhecia o teor da conversa, entrei na sala mais ou menos preparada para o que teria de escutar.
Chris ficou perto de mim — colado, para ser mais precisa — o tempo todo, com cara de poucos amigos. Eu não fazia ideia do que realmente o incomodava — se era o fato de eu estar a ponto de assumir a tarefa mais difícil da minha vida ou se era a aversão gratuita que parecia ter criado por Pablo.
De qualquer forma, tudo se tornou mais fácil com ele ali, me apoiando incondicionalmente.
Zlater começou falando sobre a política de sucessão e o que a legislação krosviana exigia de seus líderes. Como o sistema da monarquia nunca passou do pouco que aprendi a respeito de Dom Pedro I e Dom Pedro II nas aulas de História do colégio, para mim os reis faziam tudo pelo país, desde comparecer a eventos sociais até pilotar um caça das forças armadas, se preciso fosse.
Cheguei à conclusão de que assistir aos filmes da Sessão da Tarde na adolescência influenciou negativamente meu leque de conhecimentos gerais.
Na verdade, segundo Pablo, cada nação que ainda mantinha o regime monárquico, como a Espanha e a Suécia, por exemplo, possuía critérios distintos para as funções do rei e do primeiro-ministro.
Nem tudo o que valia para uma era aplicado nas demais.
Zlater explicou que, na Krósvia, até o final do reinado de Miroslav Markov, as mulheres não entravam na linha de sucessão nem mesmo se fossem as primogênitas, e isso só mudou quando meu avô, Viktor Markov, assumiu o trono. Não que a Krósvia já tenha sido governada por uma rainha, mas a atualização da política, de qualquer forma, abriu uma brecha para mim. A questão era: acabei dando sorte ou azar?
Isso eu só saberia no futuro.
Pedi a Zlater que definisse em detalhes o papel de Andrej e o dele próprio no que dizia respeito à administração do país. Então ele me entregou uma pasta recheada de papéis, que eu deveria estudar até a exaustão para compreender tudo.
— Mas só depois do pronunciamento à imprensa — Pablo deixou claro. — Que será daqui a... — consultou seu relógio — uma hora.
— O quê?! — ofeguei. — Você está de brincadeira, né? Não estou preparada ainda. O que vou dizer?
Christopher apertou meus dedos nos seus, transmitindo-me calor.
— Seu discurso está pronto. Não vai precisar improvisar.
Olhei para Pablo, tentando me decidir se, de repente, ele se tornaria minha fada-madrinha, que faria as coisas acontecerem num balançar da varinha de condão — se bem que de velhinha fofa e baixinha ele não tinha nada. Só não poderia afirmar que meu namorado possessivo ficaria satisfeito. Ou melhor, estava certa de que ele bufaria bastante.
Pablo me entregou as folhas onde o discurso fora escrito e me orientou a não dizer nada além das palavras impressas ali.
— Tem coisas aqui que não são verdadeiras... — observei, incomodada.
Chris tomou os papéis das minhas mãos a fim de verificar com os próprios olhos a acusação que eu acabara de fazer.
— Bem, Dulce, você, a partir de agora, terá a oportunidade de perceber que um governo é regido tanto por verdades quanto por mentiras — declarou Pablo, não olhando diretamente para mim, mas fuzilando meu namorado com seu olhar de raposa.
Abri a boca, chocada. Isso quer dizer que meu pai é um mentiroso também?
— Não é bem assim, minha querida.
Quando Zlater respondeu, notei que havia expressado minha dúvida em voz alta.
— O Pablo só está dizendo que é impossível ser cem por cento sincero com a população, para o próprio bem dela. — O primeiro-ministro pôs panos quentes. — O povo é como um filho. Quando você tiver os seus, vai entender o que estou falando.
Minhas entranhas congelaram com a analogia de Zlater. Será que um dia eu chegaria a ter filhos com Christopher?
Nunca havíamos falado sobre casamento, muito menos a respeito de construir uma família só nossa.
Um celular vibrou no bolso de alguém, cortando meus devaneios. O terceiro homem do grupo — ao qual não me apresentaram em momento algum — se afastou para atender. Foi a oportunidade que Chris encontrou para sussurrar ao meu ouvido:
— A gente está junto nessa. Vou ficar sempre do seu lado.
Sorri para ele, louca de vontade de beijá-lo com força e implorar para que me fizesse esquecer tudo o que me aguardava.
Antes que eu cometesse esse deslize na frente de três dos maiores executivos do Palácio de Perla, ouvi uma garganta produzir um som parecido com uma raspada reprovadora. Posso afirmar que o barulho não partiu das cordas vocais de Zlater.
Autor(a): leticialsvondy
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Esparramada sobre lençóis e fronhas de cetim, eu relia pela décima quinta vez cada um dos papéis entregues por Zlater para que eu me inteirasse da legislação da Krósvia. Sou advogada, como todos já sabem. E, vamos combinar, a justiça brasileira é bem complexa. Sendo assim, eu não deveria estar tendo ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 21
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leticialsvondy Postado em 11/03/2017 - 13:05:19
Meninas Sorry pelo erro no 39 parte 1 tava editando outra fic e acabou indo junto. Desconsiderem o final
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candy1896 Postado em 07/03/2017 - 19:57:54
Continua
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candy1896 Postado em 07/03/2017 - 11:36:03
Continua
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candy1896 Postado em 06/03/2017 - 21:10:47
Continua
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Anja Candy Postado em 07/11/2016 - 07:48:04
Finalmente, já tava morrendo de curiosidade aqui. Acho que o olho grego é o tio da Dulce. O ucker vai pedir ela em casamento?? Aleluia!! To adorando o rumo do casal, mesmo que tenha a praga do olho grego e o tio da Dulce!!! Ansiosa é pouco pra essa surpresa!! Beijos!!
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Anja Candy Postado em 03/11/2016 - 07:53:54
Ahhhhhhhhh sinceramente sou totalmente a favor da Dulce. Mesmo que seja uma coincidência acho errado o ucker ter ficado no mesmo lugar q a nome d cachorro!! Porra a Dulce tá passando por momentos difíceis e com uma pressão do kralho nela, e invés de ajudá-la ele vai la pras bandas do Canadá!! A Dulce tá sofrendo pra merda, espero que logo ela tenha um período mais calmo na vida dela!! Continua logo e beijos!!
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isisvondy Postado em 29/10/2016 - 14:14:10
Continuaaa
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Anja Candy Postado em 25/10/2016 - 07:01:44
CHEGUEIIIII!!! Gatinha, qro pedir desculpas por não ter comentado logo, mas é que com o tempo corrido e essas coisas aí, fica difícil lembrar de todas as fanfics que eu tenho que comentar, mas bom, eu ja me atualizei e qro mais capitulos, viu? Continua!!
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lih_saviñon_uckermann Postado em 25/09/2016 - 13:10:24
Haaaaaa ja li a pireira temporada ! Simplismente AMEI <3 e ja to lendo a segunda, aiiii q emoção ! Eu sou daquelas pessoas q quando tem uma cena fofa fico qierendo gritar sabe ? Mais tenho q me controlar, ate pq se eu gritasse as pessoas iam me enterna num manicomil ! Rsrsrs CONTINUA pelo o amor de Deus !! <3 <3 <3
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Anja Candy Postado em 21/09/2016 - 07:12:21
Ahhhh meu Deus, como é isso de ameaça?? WHATS?? Fiquei com mutcho medo isso sim. Algo me diz q qm tá ameaçando a Dulce é alguém dos políticos ou até o próprio Pablo, ou qm sabe a nome de cachorro? Sla, tá tudo muitooooo confuso agora, n consigo pensar em um culpado com certeza sem ter minhas dúvidas!!!! Espero que a dul passe logo a ser aceita realmente como um membro de autoridade, sem essas frescuras de tudo q ela falar ser mal interpretado pela imprensa. Me deu pena dela, n é fácil ser cobrado em tantos locais!!