Fanfic: De Repente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Quando chegou o meu momento de falar, gaguejei feito boba. Foi horrível. Dava para perceber que as únicas pessoas contentes comigo eram os alunos da escola e alguns professores. Para piorar a situação, no meio da fala do prefeito de Perla, meu celular começou a apitar. Dei um sorriso amarelo e pedi desculpas, mas ninguém achou graça. Quando consegui despistar, verifiquei quem era o responsável por minha vergonha pública.
Anahí. Tinha que ser! Coitada, não que ela tenha me ligado. Era só uma mensagem inocente pelo WhatsApp. Mas foi o suficiente para concluir que deslizes não são bem tolerados quando cometidos por alguém que ocupa uma posição como a minha.
“Dulce, você sumiu. Preciso falar com você, criatura. Veja se consegue anotar na agenda um tempinho para a velha — e esquecida — amiga aqui, viu? Caso contrário, vou ter que colocar outra pessoa no posto de melhor amiga. Beijo!”
Li de esguelha a mensagem de Anahí, para que ninguém notasse minha escapulida. Ela tinha razão. Eu andava mesmo negligenciando nossa amizade nos últimos tempos.
Disposta a reverter essa realidade, respondi o torpedo em poucas palavras, o suficiente para provar que estava ali, pensando em Anahí e desejando que minha amiga estivesse por perto.
“Te ligo mais tarde. Estou presa numa solenidade aqui. Beijão!”
13h: Almoço com representantes do Comitê Olímpico Internacional
— Até que gostei desse compromisso. Não sou um ás no esporte nem nada, mas, como espectadora, não faço feio. Sou fã de várias modalidades esportivas e, quando criança, cheguei a nadar para a equipe mirim da escola.
Gosto o suficiente de futebol para dizer que sou torcedora do Cruzeiro, embora não consiga lembrar o nome dos jogadores, exceto do goleiro, Fábio, uma relíquia do time, vamos combinar.
Então, por causa da minha afinidade com o assunto, achei divertido discutir com o COI a possibilidade da Krósvia sediar um evento olímpico de grande porte, no caso, as Olimpíadas da Europa.
De tão animada que fiquei, cheguei a bater palmas. Pablo me lançou um olhar enviesado, para variar, e eu retribuí, com a intenção de esclarecer, de uma vez por todas, que ele não mandava em mim. Meu Deus! Que cara chato! O compromisso acabou terminando com saldo positivo: 1º) Não cometi nenhuma gafe. 2º) Tudo indicava que o país entraria na concorrência para receber os jogos. Ao me ver livre de olhares curiosos, fiz uma dancinha em comemoração à minha — quem sabe? — primeira vitória. 15h: Visita às obras de construção do metrô que interligaria Perla e outras metrópoles dos arredores da capital — Pensei: “Tranquilo. Vou tirar de letra”. Chegando ao local, me deram um capacete de segurança e me fizeram calçar aquelas botas de operários. Até aí, tudo bem. Os fotógrafos aproveitaram, principalmente os da assessoria de imprensa do governo.
Deixei que registrassem a visita o quanto quisessem. Relaxada, saí conversando com todo mundo.
Apertei inúmeras mãos, abracei os empregados da construtora, fiz pose para as câmeras junto com eles e até dei autógrafos. Juro, imaginei que estivesse fazendo tudo certo. Ah, mas como me enganei!
No final do dia, o adjetivo menos pesado que recebi da imprensa foi “aparecida”. Em krosvi, claro.
17h30: Reunião com a cúpula do governo no Palácio de Perla — Foi aí que o bicho pegou de vez. Minha aparência já estava arruinada por volta das quatro da tarde. Entre um compromisso e outro, a maquiagem se dissolveu, os cabelos grudaram na cabeça e o perfume... bem, foi para o espaço. Apareci para o encontro com os figurões um tanto esbaforida e totalmente cansada.
Sabia que estava lá para fazermos um balanço dos últimos dias. Pablo me entregara os relatórios, que fiz questão de analisar um por um. Não sou burra. Pelo contrário, sempre me gabei de minha inteligência e sagacidade. Já tive que procurar compreender textos mais intrincados do que aqueles que Pablo me dera. Portanto, eu sabia o que seria discutido. Ninguém teria motivos para me acusar de alienação. A menos que estivessem completamente a fim de me crucificar.
Depois de alguns dias sem me encontrar com Zlater Muriev, receber um abraço caloroso do primeiro-ministro não foi nada mau. Ele era um bom homem, além de amigo do meu pai. De certa forma, sua presença me fazia sentir menos desamparada. Zlater me passava uma sensação de segurança, tudo o que eu mais necessitava nos últimos tempos.
— Preparada para mais uma pedreira? — questionou, com uma expressão entre divertida e preocupada.
— Ops! Eu deveria ter vestido uma armadura? — brinquei, apesar de meu humor não estar muito para gracinhas.
Zlater sorriu e me conduziu até a cadeira onde Andrej costumava se sentar. Ajeitei-me nela, demorando minhas mãos nos apoios para braços. Eu quase podia sentir a presença do meu pai ali. Quase.
Olhei ao redor. Todos os políticos mais importantes da Krósvia estavam reunidos lá. Alguns me encaravam abertamente; outros jogavam conversa fora. Não importava o que faziam, tudo o que eu sentia vindo deles era uma massa de ar fria, como as que atingem o sul do Brasil no inverno.
Pablo com certeza percebeu meu desconforto, pois sorriu para mim de modo afetuoso — fato inédito — e apertou meu pulso, como se pretendesse me confortar.
Preciso esclarecer que não gostei do gesto? Eu tolerava Pablo me seguindo feito um fantasma porque não havia outro jeito. Mas isso não significava que gostava dele ou que permitiria que fôssemos amigos.
Puxei meu braço antes que ele pensasse que poderia segurá-lo por mais tempo. Depois, sugeri: — Não precisa ficar aqui só por minha causa. Se quiser, pode ir.
Claro que Pablo não encarou minha sugestão como algo positivo.
— Dulce, eu sei que você não é muito favorável à minha presença, mas, infelizmente, não posso sair de perto de você. No momento, essa é a principal função a que fui designado.
Revirei os olhos. Se ele achava que eu desmentiria suas deduções, provavelmente acabou decepcionado.
Ainda bem que fomos poupados de um constrangimento maior pelo início da reunião. Zlater assumiu a palavra e passou a relatar os acontecimentos dos últimos dias e suas implicações para o futuro.
Uma vez ou outra o primeiro-ministro se dirigia a mim, demonstrando aos presentes o quanto eu era importante naquele cenário. Não que eu fizesse questão disso, que fique bem claro.
Parecia que tudo terminaria bem. Essa sensação positiva permitiu que eu desse uma relaxada.
Depois de tudo, já quase no fim da reunião, puseram em pauta um assunto bastante polêmico: as articulações dos países quanto ao seu posicionamento perante o terrorismo. Nessa hora empertiguei-me toda. Tenho uma opinião contundente sobre o tema, formada antes de eu descobrir que era filha de Andrej Markov. Se quisessem saber o que eu pensava a respeito, bastava perguntar.
Então fiquei quieta, não querendo me manifestar sem ser chamada. Zlater presidiu a discussão, o que me levou a concluir qual era o papel da Krósvia nesse contexto. Percebendo que o posicionamento do governo se assemelhava ao adotado pelo Brasil, relaxei. Entendam: sempre fui absolutamente contra os ataques terroristas, como o que aconteceu às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos.
Mas sei que as ações que fomentam reações extremas assim não têm nada de inocentes. Eu ficaria arrasada se a Krósvia fosse aliada das grandes nações da Guerra ao Terror. Afinal, toda história tem dois lados, por mais que seja difícil aceitar isso.
Cheguei a pensar que terminaria o dia sem maiores problemas. Até que um senhor, membro do partido contrário ao governo, pediu a palavra.
Zlater resmungou algo ininteligível ao meu lado. Deduzi que não ficara satisfeito com a manifestação do tal homem. Sendo assim, senti meu sexto sentido ser acionado. “Lá vem bomba”, pensei.
Dito e feito.
Voltando o corpo em minha direção e encarando meus olhos com um brilho que tinha um quê de maligno — pelo menos eu acho que vi isso —, o homem quis saber, à queima-roupa: — E o que a princesa Dulce Markov, atual chefe de estado do país, pensa a respeito da postura em cima do muro adotada pela Krósvia? Sim, porque, enquanto países como Estados Unidos e França procuram elaborar estratégias para aniquilar definitivamente esse mal que afeta o mundo inteiro, nós permanecemos sentados confortavelmente em nosso trono, fazendo a política da boa vizinhança. E então?
Autor(a): leticialsvondy
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Primeiro: a ênfase pejorativa dada à palavra “trono” subentendia uma gama de significados. Como sou boa em interpretação — graças às excelentes aulas da minha antiga professora de Português, dona Luciene —, captei cada um deles e não gostei nada ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 21
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leticialsvondy Postado em 11/03/2017 - 13:05:19
Meninas Sorry pelo erro no 39 parte 1 tava editando outra fic e acabou indo junto. Desconsiderem o final
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candy1896 Postado em 07/03/2017 - 19:57:54
Continua
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candy1896 Postado em 07/03/2017 - 11:36:03
Continua
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candy1896 Postado em 06/03/2017 - 21:10:47
Continua
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Anja Candy Postado em 07/11/2016 - 07:48:04
Finalmente, já tava morrendo de curiosidade aqui. Acho que o olho grego é o tio da Dulce. O ucker vai pedir ela em casamento?? Aleluia!! To adorando o rumo do casal, mesmo que tenha a praga do olho grego e o tio da Dulce!!! Ansiosa é pouco pra essa surpresa!! Beijos!!
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Anja Candy Postado em 03/11/2016 - 07:53:54
Ahhhhhhhhh sinceramente sou totalmente a favor da Dulce. Mesmo que seja uma coincidência acho errado o ucker ter ficado no mesmo lugar q a nome d cachorro!! Porra a Dulce tá passando por momentos difíceis e com uma pressão do kralho nela, e invés de ajudá-la ele vai la pras bandas do Canadá!! A Dulce tá sofrendo pra merda, espero que logo ela tenha um período mais calmo na vida dela!! Continua logo e beijos!!
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isisvondy Postado em 29/10/2016 - 14:14:10
Continuaaa
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Anja Candy Postado em 25/10/2016 - 07:01:44
CHEGUEIIIII!!! Gatinha, qro pedir desculpas por não ter comentado logo, mas é que com o tempo corrido e essas coisas aí, fica difícil lembrar de todas as fanfics que eu tenho que comentar, mas bom, eu ja me atualizei e qro mais capitulos, viu? Continua!!
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lih_saviñon_uckermann Postado em 25/09/2016 - 13:10:24
Haaaaaa ja li a pireira temporada ! Simplismente AMEI <3 e ja to lendo a segunda, aiiii q emoção ! Eu sou daquelas pessoas q quando tem uma cena fofa fico qierendo gritar sabe ? Mais tenho q me controlar, ate pq se eu gritasse as pessoas iam me enterna num manicomil ! Rsrsrs CONTINUA pelo o amor de Deus !! <3 <3 <3
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Anja Candy Postado em 21/09/2016 - 07:12:21
Ahhhh meu Deus, como é isso de ameaça?? WHATS?? Fiquei com mutcho medo isso sim. Algo me diz q qm tá ameaçando a Dulce é alguém dos políticos ou até o próprio Pablo, ou qm sabe a nome de cachorro? Sla, tá tudo muitooooo confuso agora, n consigo pensar em um culpado com certeza sem ter minhas dúvidas!!!! Espero que a dul passe logo a ser aceita realmente como um membro de autoridade, sem essas frescuras de tudo q ela falar ser mal interpretado pela imprensa. Me deu pena dela, n é fácil ser cobrado em tantos locais!!