Fanfics Brasil - Capítulo 1 - Parte 1 Floricienta (adaptada - vondy/DyC)

Fanfic: Floricienta (adaptada - vondy/DyC) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 1 - Parte 1

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CIDADE DO MÉXICO, 2004


No tengo nada
Y tengo, tengo todo
Soy rico en sueños
Y pobre, pobre en oro
Y qué me importa
Si con la plata no compro amigos
Ni amores, ni lunas
Ni almas, ni soles


A Banda ensaiava no galpão na Travessa dos Beijos. Ou melhor, os backing vocals Renata ("Nata"), Clara, Derrick e Chucky ensaiavam no galpão, pois a cantora principal, Jasmin, sequer se dava ao trabalho de dublar.


- Poxa, Jasmin! - reclamou Christian, o baterista, quando acabou a música, se levantando. - Assim não dá! Ensaia com vontade!
- Eu não vou gastar minha voz antes do ensaio geral - ela respondeu, arrogante.
- Ah, nossa, desculpa aí sargentona! - provocou Derrick.
- Olha, peraí, nós, profissionais, fazemos ensaio com iluminação, som, cenário...
- Chega, Jasmin, eu tô de saco cheio de você! - brigou Chucky. - Vamos de novo, e pra valer dessa vez.


Antes de a música recomeçar, Dulce María passou de bicicleta em frente ao galpão, que estava de portas abertas. Ao acenar para seus amigos da banda, porém, a jovem perdeu o freio da bicicleta e caiu no chão um pouco adiante.
Recuperada do tombo, ela entrou no galpão.


- Oi pessoal!! Tudo bem? - Disse enquanto cumprimentava Clara.
- Sim, e você? Tudo bem? Se machucou? - Preocupou-se Christian.
- Tudo certo - a menina respondeu, cumprimentando Derrick.
- Como se não bastasse, você chega na hora que bem entende e interrompe o ensaio! - Jasmin reclamou. - O que você quer?
- Ai, Jasmin, por que você não cala a boca? Oi, Nata! - cumprimentou a amiga. - Tive que resolver umas coisas mas estou aqui, cheguei muito atrasada?
- Não, chegou bem na hora! Trouxe o figurino da nossa estrela? - perguntou Nata, adicionando um toque de ironia à palavra "estrela".
- Aqui está, pode provar - disse Dulce enquanto tirava roupas de uma sacola.
- Me dá logo! - Jasmin arrancou as roupas da mão da costureira.
- E aí, gostou?
- É, vamos ver. E isso aqui, o que é? - a cantora perguntou com desdém, segurando a manga colorida de uma blusa.
- É só um toque de cor, quem sabe assim você se sobressai! - Dulce alfinetou.


Na mansão Uckermann, o pequeno Tomás corria pela sala com seu patinete, enquanto Martín, o irmão mais velho, corria atrás dele.


- Vai, pirralho, para de fazer bagunça, você vai derrubar tudo e quebrar o patinete!
- E daí? - o pequeno retrucou antes de passar com uma das rodinhas em cima do pé do irmão.


- Agora, tem uma coisa que eu não entendo. Por que nós temos que ficar enfurnados na casa de campo? - Anahí reclamou para seu irmão, Nicolás, enquanto desciam as escadas até a sala. - Enquanto isso o Franquito fica batendo perna por aí e se divertindo!
- Não, para com isso, vai, você sabe que ele só viaja porque tem os campeonatos de tênis! - o rapaz respondeu.


Quando chegaram ao pé da escada, Tomás, acidentalmente, atropelou Anahí com o patinete, o que a levou a começar a bater nos dois irmãos menores, enquanto Nico se ocupava de tentar separar a briga.
Em meio à bagunça que se instaurou na sala de estar da mansão, se ouviu um apito firme e alto.


- Silência! - gritou Greta, a governanta. Seu sotaque alemão fazia com que ela pronunciasse errado algumas palavras.


Apesar do carinho para com os Uckermann, Greta os mantinha em rédea curta com relação à disciplina.


- O que ser isso? Maratona de luta? - ela perguntou enquanto caminhava em direção aos irmãos. - Vamos! Subir na automóvel que partir imediatamentemente para o campo! E você - ela se virou para Pedro, o motorista, - tirar essa camisa indecente e por uniforme.
- Sim, senhora - o motorista se retirou.
- Greta - começou Anahí, carinhosa, abraçando a governanta, - a gente não pode ficar por aqui?
- Nicht (N/A: "não", em alemão), nicht! Vão vir "plastificadoras" e casa ter que estar sem meninos e sem móveis!
- Ahh mas nós podemos ajudar! Deixa, vai...
- Nicht, nicht, danke sehr (N/A: "muito obrigada", em alemão), para isso contratar plastificadores - olhou no relógio de pulso - que por sinal ser bastante impontuais.


- Senhora Greta! - chamou Amália, a faxineira.
- O que foi?
- Eu vim te dizer que... O que foi que eu vim dizer mesmo? Ah, sim, que já terminei tudo, e se eu posso me retirar.
- Sim, sim, vai, mas vem amanhã no primeiro horário, tá?
- Quê? - perguntou, confusa.
- Primeiro horário!
- Ah, tá, primeiro horário, claro, tá bom...


- O cozinheiro, onde estar? COZINHEIROOO! - chamou a governanta, olhando em volta.
- Chef, chef! - o chef Antoine, um senhor de aproximadamente 60 anos, a corrigiu.
- Que estar fazendo?
- Estou guardando os objetos pessoais da cozinha porque se não o pó arruina tudo.
- E o que esperar? Próximo eclipse lunar? - disse Greta.


- Pronto, sai! - disse Martín, tirando o irmão caçula do patinete. - Minha vez! - exclamou antes de sair patinando, perseguido por Tomás, que gritava.
- Ah, por favor, chega! Chega! - exclamou Greta.
- Chega, acabou, parem com isso! - disse Nicolás, segurando os irmãos.
- Ah, herr (N/A: "senhor", em alemão) Nicolás ser única pessoa sensato nessa casa! E agora - bateu palmas - sem fazer bagunça porque vou falar com herr Christoban em Alemanho - disse, se afastando.


- Nico, por favor, convence ela a deixar a gente ficar aqui! - pediu Anahí.
- Annie, pode tratar de aceitar e aproveita seus últimos momentos de liberdade, porque amanhã chega o carcereiro principal e ferra tudo, então... - deu de ombros. - Vem, vamos subir buscar mais umas coisas.


ALEMANHA


- Obrigado, senhor Buchass. Vou ficar à espera da sua resposta, pode me telefonar em Buenos Aires ou mandar um fax. Até mais - disse Christopher, em alemão, se despedindo do homem mais velho.


- Meu amor - chamou-o Belinda, se aproximando. - Telefone, é de Buenos Aires.


Christopher suspirou.


- O que aconteceu?
- Não sei, mas se prepara, é a Greta, deve ter a ver com os seus irmãos.


Christopher respirou fundo e atendeu.


- Sim, Greta, o que foi?
- Hallo? Partir meio-manhã, herr Christoban!
- Pher! Chris-to-PHER! P-h-e-r - soletrou o rapaz.
- Ah, perdão, senhor Christophan. Agora vir plastificadoras e todos partir ao campo com seus irmãos e eu.
- Muito bem, te agradeço muito. Amanhã no primeiro horário estou de partida pra Cidade do México - Christopher disse, sentando-se em um sofá.
- Ah, que alivio, senhor! Porque a verdade é que os meninos estar incontroláveis e eu não dar conta.
- Fica tranquila, fica tranquila que quando eu chegar cuidamos disso juntos. Ah, e por favor não esqueça de deixá-los uns dias na casa de campo, tá?
- É clara! Só um terremoto ou o fim do mundo vai tirar meninos do meio do verde!
- Ótimo. Eu preciso de uns dias de paz antes de começar a cuidar dos meus irmãozinhos - disse Christopher, sem notar a expressão desgostosa de Belinda. - Obrigado, Greta, até mais.


CIDADE DO MÉXICO


No tengo nada
Y tengo, tengo todo
Soy rico en sueños
Y pobre, pobre en oro
Y qué me importa
Si con la plata no compro amigos
Ni amores, ni lunas
Ni almas, ni soles


A Banda ensaiava no galpão, dessa vez pra valer. Dulce, que sabia de cor a letra e a coreografia, acompanhava tudo no canto, fingindo que cantava. Quando a música acabou, ela se empolgou e começou a bater palmas.


- Uhul!! Muito bem pessoal!!
- É, "muito bem", "muito bem", mas não temos nenhum show marcado! Nenhum! - reclamou Derrick.
- Calma, o empresário de vocês com certeza vai conseguir alguma coisa - Dulce tentou acalmá-lo.
- Que mané "conseguir alguma coisa", ele não serve pra nada, é um estúpido! - disse Chucky.
- Ah, mas calma, Chucky... - Dulce tentou amenizar a situação.


- Boa tarde, boa tarde, boa tarde! - disse o produtor da banda adentrando o galpão. - Meninos, meus meninos, se preparem, porque hoje é o dia!
- O que foi? - perguntou Clara.
- "O que foi" que vai vir um cara super importante ouvir vocês...
- É, sempre esse mesmo papinho de "super importante" pra um monte de Zé Ninguém - reclamou Christian.
- Ei, calma! Confia em mim, vai! - pediu o produtor. - Quando eu falhei com vocês?
- A primeira vez? - questionou Nata.
- Aquele casamento que foi suspenso - respondeu Derrick.
- Mas que culpa eu tenho do casamento se a menina deixou o rapaz plantado?
- Tá, nenhuma, mas teve aquela vez que...- começou Dulce.
- Você cala a boca e não se mete que isso é assunto nosso! - Jasmin interrompeu-a.
- Ei, quem é você pra mandar a Dulce calar a boca hein? - Christian saiu em defesa da "irmã".
- Eu sou a cantora dessa banda e tô de saco cheio de ver a costureira falando como se fosse uma de nós.
- Agora escuta aqui Jasmin - disse Derrick entrando na frente de Dulce. - Eu que sou da banda vou te dizer umas coisas.
- Vai então, me fala, tô ouvindo! - Jasmin exclamou.


Teve início uma discussão generalizada, que logo foi silenciada pelo produtor.


- Ei, ei, ei, pessoal! Vamos ensaiar que eu não quero passar vergonha, hein?
- Bom, mas você também não disse quem é que vem nos ver - questionou Nata.
- Um empresário super importante.
- Empresário? - Jasmin se interessou.


Na mansão Uckermann, estava ocorrendo a retirada dos móveis.


- Ah, cuidado, cuidado! - ralhou Greta com os funcionários que carregavam um sofá. - É um móvel do século XVIII e vocês tratar como mesa de bar!!


- Greta! - chamou o pequeno Tomás ao lado da governanta.
- Andar pro quarto que Greta estar ocupada menino - ela respondeu. - Ah, cuidada, cuidada, quadro de Fräulein (N/A: "senhora", em alemão) Alexandra Uckermann, falecida mãe dos meninos!
- Greeeetaaaaaa... - chamou Tomás mais uma vez, impaciente.
- Eu já não dizer que estar ocupada? Vai! - ela soprou seu apito, convocando os irmãos Uckermann. - Vamos! Formar fila que vou passar revista para comitiva para campo. Vamos lá: Tomás, Martín, Nicolás - ela apontou para cada um dos meninos. - Franco estar jogando tênis. Anahí...? - a governanta olhou ao redor. - Anahí?
- Anahí? Anahí? Anahí tá fechada no quarto lá em cima e não quer descer - respondeu Tomás.
- Quê?? E por que não me dizer antes, hein?
- Porque você não deixou! - o pequeno respondeu enquanto Greta subia as escadas.


No galpão, a banda discutia.


- EU sou a cantora e EU fico na frente, os backing vocals ficam ATRÁS! - Jasmin dava um chilique.
- Os microfones sempre estiveram nessa posição, Jasmin - disse Clara.
- Me diz, onde na sua vida você foi que a cantora ficava atrás e os backing vocals na frente?? Onde?
- Aqui! Aqui é assim!! - Clara retrucou. As duas já gritavam.
- Você tá tirando uma com a minha cara? É isso?
- Não, não, nada a ver!
- Bom, quando vocês terminarem me chamam - disse Christian, se dirigindo à porta do galpão.
- Você fica atrás! ATRÁS! - Jasmin e Clara continuaram a discutir.


Christian sentou-se ao lado de Dulce nos primeiros degraus da escada do galpão.


- Não aguento mais - ele desabafou.
- Ela é insuportável! Não sei como vocês conseguem! - Dulce concordou. - Essa Jasmin tá mais pra cardo! (N/A: flor argentina que é considerada feia e tem espinhos) Vai ficar sozinha, nem a mãe dela vai querer ouvir ela cantar.
- É... Ah, olha, minha mãe trouxe comida! - Christian animou-se ao ver Ninel adentrar o galpão.


- Oooiiii! Oi meus amores! - disse ela, antes de se dirigir diretamente a Dulce e Christian. - E vocês, meus queridos, como estão?
- Bem, bem! - Dulce respondeu.
- Olha o que eu trouxe! - a mulher mais velha mostrou uma sacola. - Comidinha, mas ó, é pra vocês, hein! - ela alertou a banda, colocando a sacola sobre uma mesa.
- Mãe, mas você trouxe pra todo mundo? - reclamou Christian em voz baixa.
- Ué, e qual é o problema? Vocês tem que se alimentar, não podem ficar aqui o dia todo - ela viu o produtor, que falava ao celular sentado em uma poltrona. - E esse aí, quem é?
- É o nosso produtor - disse Christian.
- Produtor? - animou-se Ninel. - Ah, Dulcita, minha vida, vai lá falar com ele!
- Ah, Ninel...
- Vai, sim, você tem uma voz maravilhosa, melodiosa, canta melhor que essa cacatua metida aí!
- Muito obrigada Nini, mas eu tenho vergonha de pedir pra ele me ouvir cantar... Polli! - se virou para o rapaz pedindo ajuda.
- Vergonha? Amorzinho, olha pra mim - Dulce se virou. - Sabe o que é uma vergonha? É roubar! Você tem que ir falar com esse senhor!
- É, com essa desculpa tenho que fazer tudo que você quer! - reclamou Dulce.
- Ahh, mas pensa, sua mãe, sua mãezinha lá no céu, e a titia, tia Nini, estamos as duas te apoiando, te dando força, assim: "vamos Dulcita!" - cantarolou.


Animada, Dulce caminhou até o empresário e o cutucou, dando um susto no homem.


- Oi, senhor, com licença! Me desculpa, posso te perguntar uma coisa?
- Olha, se for de dinheiro eu já aviso que...
- Não, não, não, não é pelo dinheiro - interrompeu Dulce. - Olha, na verdade eu nunca me considerei uma boa cantora, mas sou graciosa, sou simpática, acho que em cima do palco consigo, não sei, animar as pessoas, eu gostaria que você me fizesse um teste e se você gostar pode ser meu empresário, eu tô precisando de dinheiro... Se você quiser podemos ser amigos também!
- Mas você é cara de pau, hein? Não viu que eu tô ocupado, que eu tô em outra coisa? Me faz um favor - se levantou, - pessoal, vamos parar vinte minutos? Vinte, depois quero força total, quero que deixem esse empresário de queixo caído, ok? Não temos tempo! - disse indo embora.


- Não sei nem por que perdi meu tempo - comentou Dulce.
- Mas que grosseria! - exclamou Ninel, indignada. - Que tipo mais antipático! Com essa cara de quem comeu limão azedo, não gosto dele. Mas não desanima Dulcita! Não desanima, vai dar tudo certo, você vai ver só.
- É, não sei... - respondeu Dulce, triste.
- Mas mudando de assunto, você gosta? - Ninel perguntou, mostrando os cabelos castanhos. - O que acha? Me deu uma vontade de mudar, um look diferente...
- Ué, então muda!
- É, vou aproveitar que hoje não tem muita gente no salão. Vou indo, minha vida - deu um beijo na bochecha de Dulce.
- Obrigada, Nini.
- Tchau, meninos, meus amorzões! Fiquem de olho na comida, é pra vocês não pros outros...


Jasmin se aproximou.


- Vai, me dá o figurino que eu quero provar. Vai, anda!
- Não te ensinaram a pedir "por favor"? - questionou Dulce enquanto pegava as roupas em uma sacola.
- Ah, menos, vai, costureira! - Jasmin debochou e saiu.


- Aff, que mala! Juro que tenho vontade de matar ela às vezes - reclamou Dulce. - Não aguento mais! "Costureira"...


ALEMANHA


Belinda falava ao telefone.


- Você, mal? EU estou mal, mamãe. Você precisa aceitar que o papai já não está entre nós... Sim, é, deve ser duro... Mas por que você e a Mai não saem daí e procuram uma casa linda? - ela sugeriu com a voz doce. Christopher se aproximou - É... Bom, mas vamos fazer assim, conversamos mais tranquilas quando eu chegar na Cidade do México, tá? - sugeriu enquanto o rapaz se sentava. - Bom, mamita, um beijão. Seu afilhado está te mandando um beijo também. Tchau, mamãe! - desligou.
- E então, como ela está?
- Mal... Ela não consegue aceitar a morte do meu pai... - Christopher assentiu.
- Ela sente muito ainda, né?
- Sim... Além disso é horrível pra ela estar naquela casa, tudo lembra dele, os móveis, as fotos... Mas não vamos mais falar dessas coisas tristes! - se levantou do sofá e pegou dois cabides com vestidos. - Qual dos dois fica melhor em mim pra ópera?


Christopher se levantou, um pouco indeciso.


- Não sei, os dois ficariam ótimos.
- Ah, é? E isso quer dizer o quê? Que você ainda gosta um pouquinho de mim?
- Sim, muito.
- Que você me ama?


Christopher hesitou de leve.


- Que pergunta é essa? Faz dois anos que estamos juntos, sim, claro que te amo - respondeu antes de beijá-la.


CIDADE DO MÉXICO


- Viu só? Você é uma inútil, não presta pra nada! - gritou Jasmin, agora vestida com o figurino que Dulce costurara. - Isso aqui é uma porcaria!
- Não é uma porcaria! - respondeu Dulce.
- Ah, não?
- Não, é lindo, acontece que em você fica feio porque não combina com a sua cara e... - explicou Dulce.
- Você tá me chamando de feia? É isso? - Jasmin interrompeu-a. - Eu sou a cantora e você tá dizendo que eu sou feia?
- Sim, tô sim, você é feia! - retrucou Dulce.
- Ah, mas eu não vou admitir que uma costureira de quarta me falte com o respeito, não vou!
- O que você tem contra as costureiras, hein?
- Sabe o que eu faço com essa sua porcaria? Olha aqui! - Jasmin puxou a manga da blusa, rasgando-a.
- AHH NÃO!! ALGUÉM ME SEGURA PORQUE EU VOU MATAR ESSA MENINA!!
- Eu é que vou te matar! - retrucou Jasmin.
- Ah, é? Vamos ver então! - disse Dulce antes de avançar na cantora.


Após muito esforço, Clara conseguiu separar a briga.


- Eu te odeio, costureirazinha de porcaria!!! Te odeio!!!
- Me odeia?? Você viu o que você fez com as roupas? Descosturou tudo!!!
- Descosturei mesmo, esse monte de lixo! Querem saber de uma coisa? Eu cansei!! Vou embora!! Essa menina não tá à minha altura, VOCÊS não estão à minha altura!


Jasmin saiu pisando duro.


- Que menina louca... - comentou Dulce.
- Ai, mas e agora? - preocupou-se Clara. - Se ela foi embora o que a gente faz com o empresário que vai vir?
- Ah, nada, paciência, vamos ter que cancelar - disse Christian.


Dulce entristeceu-se imediatamente.


- E perder nossa única oportunidade? - disse Chucky.
- Não, precisamos fazer alguma coisa...- Clara respondeu.


Na mansão Uckermann, Antoine, Greta, Nicolás, Martín e Tomás estavam na porta do quarto de Anahí, que continuava trancada. Greta batia repetidamente na porta, sem sucesso.


- Ai, meu Deus, menino Anahí! Abrir a porta imediatamentemente!
- Greta, eu já disse que não vou mover um músculo! Se você quiser me levar pro interior vai ter que chamar a polícia!! - a menina respondeu.
- Ai, meu Deus, eu não suportar mais essa casa de loucos, Antoine - desabafou a governanta.


- Ela tá louca... - comentou Martín.
- E se eu me trancar também? Me deixam ficar? - comentou Tomás, pensativo.
- Nem pensa nisso - Martín respondeu.


- Greta, deixa eu tentar - Nicolás se aproximou. - Annie, tá me ouvindo? Não seja infantil, você não tem nada a ganhar com isso...
- E quem falou em ganhar alguma coisa? - A menina o interrompeu. - Eu só não quero ir pro interior, só isso!
- Ah, mas você vir com a gente nem que os bombeiros tenham que te tirar daí! - Greta respondeu, afastando Nicolás da porta.


Jasmin caminhava enfurecida pelo bairro enquanto era seguida de bicicleta por Dulce, que a chamava.


- Jasmin! Jasmin!
- Me deixa em paz!


Dulce tocou a buzina da bicicleta duas vezes.


- Jasmin, para um minuto, é sério! Nunca escutei ninguém que cante melhor que você na minha vida! Por favor, volta! Se você voltar não vai mais me ver! Prometo que sumo!
- Você cala a boca!
- Eu vou embora pra sempre do grupo - Jasmin bruscamente mudou de direção e começou a correr antes de chamar um táxi. - Jasmin! - Dulce suspirou vendo o carro amarelo que levava a cantora se afastar.


Na mansão Uckermann, Greta dispensava os funcionários da empresa que viria trabalhar na casa.


- Faz muito pó pra gente ficar aqui, então, eu chamar quando irmos a campo, está bem? Auf wiedersehen, tchau! - ela se despediu dos dois rapazes. - E Pedra, onde estar? Pedra? - o motorista se aproximou.
- Tudo pronto - disse o rapaz, mostrando uma escada móvel que estava apoiada em uma parede do lado de fora da mansão. - Subo?


Nicolás e Martín se aproximaram.


- Nicht, nicht, subir eu! - respondeu a senhora.
- Greta, calma, espera aí. Deixa ele subir, é muito alto pra você! Deixa que o Pedro sobe - aconselhou Nicolás.
- Perdão, senhorita, quem ser governanta? Pedra? Eu subir! - Greta exclamou e colocou as mãos na escada. - Ah, que coisa nojenta, essa escada tá limbenta! Da próxima vez lavar antes de guardar, ok? - ela repreendeu o motorista antes de começar a subir. - Ah, mein Gott (N/A: "meu Deus", em alemão), eu não saber porque vir pra essa casa, em Dusseldorf estar tão tranquilo...


Greta chegou ao alto da escada e viu, pelo vidro fechado, a adolescente deitada na cama com fones de ouvido e cantando uma música, usando uma escova de cabelo como microfone. Em vão, a governanta bateu no vidro, tentando chamar a atenção da menina.


- Anahí! - bateu no vidro novamente. - Anahí! Abre a janela! Anahí!
- O que foi, Greta? - perguntou Nicolás.
- Menina estar com música nas orelhas.
- Por que você não desce? - sugeriu Pedro. - É muito alto isso.
- Não, não ser alto, eu não ter medo de altura... - Greta interrompeu sua frase ao olhar para baixo. - Ahh!! Estar tonta! Me sentir mal!
- Greta! Desce daí por favor! - exclamou Nicolás.
- Não, não poder descer, estar tonta! - a senhora respondeu, com medo.
- Eu vou subir aí! - declarou Martín.
- Nicht, nicht, ser muito perigoso subir na escada!
- Te ajudo a descer? - propôs Pedro.
- Não, não! Eu... Não poder mexer! Estar tonta! - Greta começou a se desesperar.
- O que fazemos? - perguntou Martín para os mais velhos.
- Bom, chama os bombeiros - pediu Nicolás para o chef, que havia se aproximado. - Chama.


Antoine voltou para dentro da mansão para fazer a ligação.


- É um caos, um desastre - ele disse para si mesmo. - Vou ligar para o senhor Christopher - decidiu o cozinheiro antes de pegar o telefone e discar o número da Alemanha.


Christopher e Belinda estavam se beijando no sofá quando o telefone tocou. O rapaz se mexeu para atender e ela contestou.


- Não, não, não atende agora! Fica comigo um pouco!
- Sim, sim, sim, sim, sim, pode ser da empresa. Alô?
- Alô, senhor Christopher?
- Sim, Antoine, o que foi?
- Ah, bom, é que a Anahí se trancou no quarto porque não quer ir pro interior!
- Mas como não quer ir? Passa pra Greta, por favor.
- Não posso. Ela subiu de escada até a janela da Anahí e não consegue descer.
- QUÊ?
- É! A qualquer hora vai acontecer alguma coisa horrível com essa mulher.
- Antoine, rápido! - apressou Pedro.
- Sim, sim, claro, fica tranquilo - o chef respondeu ao motorista. - Senhor - ele se dirigiu novamente a Christopher -, vou chamar os bombeiros!


Christopher desligou o telefone e se virou para Belinda.


- Os bombeiros! Na minha casa!


No galpão, a Banda conversava.


- Nada pode nos sair bem, né? - lamentou-se Clara. - Nada.
- Eu não consigo acreditar na nossa má sorte - disse Derrick.
- Gente, não acho a Dulce! Onde será que ela se meteu? - Christian preocupou-se.
- Ela foi embora, foi embora porque sabe de quem é a culpa disso!- retrucou Chucky.
- Não, não começa com isso de culpa! - brigou o baterista.
- É, a culpa é de todos nós! - concordou Derrick.
- Sim, sim, mas justo hoje que ia vir alguém? Não dava pra esperar passar o teste?


Dulce se aproximou, chorando um pouco.


- Eu fui atrás da Jasmin, disse inclusive que se ela voltasse eu ia embora pra sempre e deixava vocês em paz, mas ela não quis saber, então eu peço perdão pra vocês, eu vou embora e...
- Não, não, não, não - Derrick a interrompeu.
- Poxa mas eu sempre atrapalho... - ela respondeu, amuada.
- Fica tranquila Dul, vamos pensar em algo, vamos dar um jeito - Derrick disse ao mesmo tempo, enquanto Christian também se aproximava para consolar a "irmã".
- ... E agora fiz vocês perderem tudo.
- Oi, pessoal! - o empresário da Banda entrou no galpão e pôs a mão direita no ombro direito de Dulce, que, aflita, mordeu o lábio.


ALEMANHA


- Não, eu não consigo entender por que faz essas coisas! - disse Christopher.
- Meu amor, você sabe como é a sua irmã, ela é adolescente, ainda é pequena, quer deixar a Greta irritada de propósito... - disse Belinda num tom apaziguador.
- Não, o responsável sou eu. Eu não sei como tratar ela nem os meus outros irmãos...
- Meu amor, não faz isso com você mesmo, não é justo. - Christopher suspirou. - Nananinanão, não é justo. Além disso nós temos que nos arrumar pra ópera, temos outras coisas em que pensar, sim? Não quero chegar tarde.


Christopher respirou fundo e a olhou.


- Me desculpa Belinda, mas eu não vou.
- Quê?
- É o que você ouviu, eu não vou. Minha casa está uma bagunça, os bombeiros estão lá, a governanta tá pendurada em uma janela... Vou avisar o piloto. - ele pegou o telefone.
- Avisar o quê?
- Pra ele preparar o avião porque eu vou voltar já mesmo pra Cidade do México, se você não quiser vir comigo tudo bem.
- Não, meu amor! - Belinda arrancou o telefone das mãos do namorado. - Por favor, é uma menina que se trancou no quarto, tá tudo bem, é uma adolescente, é rebelde, calma! Já foi, já passou, chega. Não é justo - Christopher a olhava incrédulo. - Porque eu tenho tudo pra ir a essa festa e todo mundo vai estar lá, é a primeira gala europeia do ano, não é justo isso que você está fazendo!
- Belinda você não entende que a minha casa está um caos e que os meus irmãos precisam de mim?
- E eu? Eu também preciso de você, Christopher. Eu tenho tudo, tenho o meu vestido, tenho duas entradas, tenho o seu smoking...
- E você se importa mais com duas entradas para uma peça de teatro do que com o que eu tô te contando? - Christopher a interrompeu. - Você não entende que minha mãe morreu, meu pai morreu? Eu sou o responsável por eles, sou o mais velho! Se eu não cuido dos meus irmãos quem vai cuidar?


Após um breve silêncio, Belinda respondeu.


- Você tem razão. Você tem razão. Me desculpa. Me desculpa mesmo. Eu vou com você pra Cidade do México.


Ela deu um sorriso meio amarelo, detalhe que passou despercebido ao rapaz. Christopher beijou sua testa e a abraçou, deixando que Belinda se aninhasse em seu peito, após o que ela fez uma cara de desagrado.

CIDADE DO MÉXICO


- Olha, senhor, acontece que... - Christian começou.
- Deixa que eu explico! - Dulce interveio.
- Não, não, Dulce, deixa! - Christian a segurou pelos ombros.
- Eu vou explicar, Christian, me deixa! - ela se soltou do amigo e virou para o produtor.- Acontece que eu não suportava a Jasmin, então brigamos, eu arranquei uma mecha de cabelo dela nessa briga e então ela foi embora, entendeu?
- Não, não te entendo, não entendo! - o produtor exclamou. - Qual é o problema com a Jasmin? Não entendo!
- O problema com a Jasmin é que... Que ela abandonou o grupo - resumiu Christian.
- O quê? Como "abandonou o grupo"?
- Sim.
- Não, não! E eu o que faço agora? O que falo pro empresário que vai vir? Tenho que ligar pra ele e dizer que não vai rolar!
- Não, não, não tem necessidade! - disse Christian, guiando o empresário para o meio do galpão. - Já está tudo resolvido, já conseguimos uma substituta.
- Sério?
- Sério. E a nova estrela... - Christian se virou. - Vai ser a Dulce.
- Sim, Dulce - a ruiva respondeu, só depois se dando conta de quem era Dulce. - Eu?
- Isso é uma loucura, vocês não podem substituir a Jasmin de uma hora pra outra!
- Não, chega, chega de Jasmin. Dulce é a única que sabe todas as coreografias e todas as músicas!
- É verdade! Além disso ela canta melhor, é mais simpática, é boa gente - Derrick interveio e, enquanto ele falava, Nata, Clara e Chucky se colocaram ao redor de Dulce, numa tentativa de demonstrar seu apoio.
- Não importa como ela canta, não me interessa! - retrucou o produtor.- Se trata de ser profissional! Isso não é ser profissional, eu sou um representante sério, não posso trocar desse jeito a Jasmin pela Dulce, chegar pro empresário, "olha, trocamos a Jasmin pela Dulce"...
- Bom, pelo menos uma coisa lembra a outra, Jasmin, Dulce, doce, aroma... Né? - brincou Dulce, arrancando risos de toda a Banda.
- Não, não, sem piadinhas baratas. Isso aqui que vocês fizeram é amadorismo, são umas crianças, e isso eu não vou permitir - insistiu o produtor, mal-humorado. - Agora mesmo vou ligar pro empresário e cancelar tudo.


Assim que ele virou de costas, Christian pegou as baquetas, Derrick pegou um violão e Dulce, Nata e Clara se posicionaram e começaram a tocar, cantar e dançar.


No tengo nada
Y tengo, tengo todo
Soy rico en sueños
Y pobre, pobre en oro
Y qué me importa
Si con la plata no compro amigos
Ni amores, ni lunas
Ni almas, ni soles


O empresário começou a prestar atenção, percebendo que, de fato, Dulce cantava bem e sabia as letras e coreografias.


- Tudo bem, aceito a substituta - ele disse quando os jovens pararam de cantar.


A Banda toda se abraçou e começou a gritar e pular. Dulce era a nova vocalista e a visita do empresário estava a salvo.
Quando o produtor foi embora, Dulce saiu correndo do galpão e atravessou a rua em direção ao salão de beleza de Ninel.


- Ninii!! - ela chamou, tocando a buzina de sua bicicleta. - Nini! Vem aqui rapidinho! - ela exclamou enquanto entrava no salão. Ninel atendia uma cliente enquanto esperava o tempo de a tintura agir no próprio cabelo. - Vem cá, preciso te dizer uma coisa! - ela agarrou o braço da madrinha.
- Onde?
- Aqui fora! Vem, é rapidinho! Espera um minuto, por favor? - ela pediu para a cliente que Ninel atendia. - Vem, rápido!
- Nossa, meu amor, mas pra quê tanta pressa? - Ninel perguntou quando elas saíam do salão. - Tá machucando meu braço! O que foi?
- Ai, me desculpa! - um rapaz que passava na rua olhou para Ninel, que usava uma touca de cabeleireiro, e riu baixinho. - Preciso te dizer uma coisa.


Percebendo a atenção do jovem, Ninel pôs a mão direita na cabeça e devolveu o olhar.


- E você? O que tá olhando? Gostou da minha touca? É a última moda lá em Paris! - ela disse, fazendo graça. - Ai, você viu a cara que ele fez? - se voltou para Dulce.
- Sim.
- Então, o que houve?
- Preciso de um favor. Preciso que você me ajude a fazer um vestido pra cantora da Banda - Dulce disse com um sorriso largo.
- Espera, não entendi muito bem. Você é quem faz as roupas deles, então por que é que agora eu tenho que costurar?
- Eu fazia as roupas deles - corrigiu Dulce. - Agora... Sou a cantora!
- A CANTORA??? - animou-se Ninel.
- É, a cantora!!!!
- Não acredito!! A Dulce, o meu amorzão, vai ser famosa!!! Minha Dulcita, a mais linda, mais incrível, mais maravilhosa!!!


Animadas, as duas mulheres se abraçaram e começaram a pular e gritar.


Na mansão Uckermann, os bombeiros já haviam chegado e estavam baixando Greta da janela do quarto de Anahí. Com o estresse, ela se deitou na grama assim que seus pés tocaram no chão.


- Toma, Greta, bebe uma água... - ofereceu Nicolás.
- Obrigada, pichono. Anahí! - a governanta chamou, olhando na direção da janela que permanecia fechada. - Por que querer matar Greta de um ataque do coração, hein?


Nicolás, Martín e os bombeiros ajudaram a governanta a se levantar.


- Isso não vai ficar assim - a alemã apontou um dedo para a janela como se brigasse com uma pessoa e cutucou um bombeiro que estava a seu lado. - Desculpar pelo incômodo, senhor, mas você não poder me ajudar com menino que estar trancada lá em cima?


Ninel penteava seus cabelos, que, após a tintura, estavam castanho claro com algumas mechas loiras. Dulce brincava com um móbile que pendia do teto.


- Ah, você não sabe como fiquei feliz que esse representante mala tenha te dado uma oportunidade - ela se sentou.
- Eu também estou contente - Dulce respondeu, se sentando ao lado da tia. - Mas o Polli me ajudou! Me ajudou muito.
- O Chris te adora. Bom, mas quem não te adora, né? Todos nós gostamos muito de você. Sua mãe estaria muito feliz.


Dulce estendeu o braço e pegou em cima de um móvel o retrato que levava a foto de um senhor.


- O meu pai também. Eu sei que ele é um homem importante e que viaja muito com seu barco, mas podia vir me ver de vez em quando... - Ninel assentiu.
Dulce estendeu o braço mais uma vez e pegou, em cima do mesmo móvel, uma noz enorme embrulhada em papel alumínio.


- Eu me lembro. Me lembro de quando sua mãe te deu essa noz. "Quando você estiver triste..."
- "E o medo aparecer..." - Dulce repetiu as palavras da mãe junto com a madrinha. - "Segura amuleto bem firme e ele vai te guiar". Eu sinto tanto a falta dela.
- Eu sei, meu amor. Eu sei.
- Às vezes eu tenho vontade de que ela venha me contar uma história e nada mais. Só por um tempinho, um beijo e depois... Não sei porque as pessoas têm que morrer. Não sei porque a minha mãe teve que morrer.
- Essa pergunta eu infelizmente não posso responder. O que eu sei, é que a sua mãe está aqui. Com você. Mesmo que você não a veja. Você sabe disso, né?
- Sei... - Dulce respondeu baixinho. - Nini, posso te pedir um favor?
- Pode, meu amor.
- Você conta uma história pra mim, que nem a minha mãe fazia?
- Claro.


Dulce se deitou na cama com os olhos cheios de lágrimas.


- Era uma vez uma menina muito, muito linda...


Dulce fechou os olhos e teve um sonho.


Em seu sonho, ela usava um vestido lindo, digno de uma princesa, com coroa e tudo, e se aproximava de um rapaz que segurava um enorme buquê de flores que escondiam o rosto dele. Porém, quando ela pegou o buquê das mãos de seu príncipe, se desequilibrou, caiu e perdeu um pé de seu sapato.


- Dul, acorda... - dizia Christian, sem sucesso, até que resolveu gritar. - Dul, acorda! Já tá tarde!


A ruiva levou um susto, sentou-se na cama e deu um grito. Ao ver o amigo do lado da cama, bateu nele com uma almofada.


- Polli! Você quer me matar??!
- Desculpa, mas é que já tá tarde!
- Como você me acorda assim??
- Ei, ei, se acalmem, o que houve? - Ninel se aproximou com uma xícara nas mãos. - Toma esse cafezinho assim você desperta e põe sua cabecinha pra funcionar. O que houve
- Ai, tive um sonho horrível, tenho medo de ser um mau pressentimento.
- Ah, Dulce, de novo com isso, com essas coisas que você vê e não são nada... - comentou Christian.
- O que não é nada? Quantas vezes já salvei sua vida, que me deu um aperto achando que alguma coisa ruim ia acontecer e depois aconteceu?
- A sua mãe era igual! - comentou Ninel.
- Por que é que você tá com a camiseta ao contrário? É algo ruim, isso que quer dizer... - Dulce continuou em meio aos protestos do rapaz.
- Você pode se arrumar rápido? A gente precisa sair!


Dulce pegou sua bolsa e retirou alguns objetos de dentro dela.


- Contra inveja, mal olhado e contra os perigos - ela disse enquanto Ninel lia sua borra de café.
- Tudo aí? Então vamos! - Christian a apressou.
- Tchau - Ninel se despediu sem prestar muita atenção a outra coisa que não a borra de café de Dulce.
- Espera! Esqueci uma coisa!
- O quê? - Dulce levantou uma das almofadas.
- Aqui, minha noz - a jovem guardou tudo na bolsa e se levantou.
- Tchau, vão, tomem cuidado! - disse Ninel, entregando um casaco para cada jovem - Levem blusa. Boa sorte. Ah, não, Dulce, espera! Tenho que te dizer uma coisa!
- O que é?
- Isso aí que você sonhou, esquece. Presta atenção no que diz a borra de café: hoje vai ser o dia mais maravilhoso da sua vida!
- Ahhh!!!! Que ótimo!!!!
- Ahhhh!! - Christian imitou-as, impaciente. - Podemos ir, por favor?


Na mansão Uckermann, os bombeiros finalmente conseguiram derrubar a porta do quarto de Anahí. Porém, como usava fones de ouvido, a jovem nem deu atenção. Obedecendo às ordens de Greta, os bombeiros a pegaram no colo e a levaram até a cozinha enquanto ela se debatia.


- Aqui, colocar ela sentada nessa cadeira.
- Anahí, se acalma! Já passou, já foi... - disse Nicolás para a irmã.
- Ah, não, quem já foi? - desesperou-se a governanta.
- Ninguém, Greta, é só uma maneira de falar.
- Bom. Antoine, Pedra, acompanhar os bombeiros pra fora por favor - ela se virou para Anahí. - Agora nós temos que conversar, porque isso que a senhorito fez ser uma barbaridade, uma pesadelo, uma loucura! Eu não aguentar mais estar nessa casa - Greta estava à beira das lágrimas. - Quando o senhor Christoban voltar, eu voltar para Alemanha porque não querer mais preocupa... - ela sentiu falta de ar e desmaiou, e os irmãos correram em seu socorro.


No galpão, a Banda, agora com Dulce, ensaiava. Apesar de animada, Dulce era um pouco desastrada e se empolgava na coreografia.


No tengo nada
Y tengo, tengo todo


Quase derrubou seu microfone.


Soy rico en sueños
Y pobre, pobre en oro


Foi para trás do "palco", ao lado de Christian.


Y qué me importa


No caminho de volta, tropeçou em um fio e quase caiu.


Si con la plata no compro amigos
Ni amores, ni lunas


Esbarrou com o braço em Clara.


Ni almas, ni soles


E em Nata.


- Dulce, assim não dá! - Nata reclamou quando a música acabou.
- É, você vai quebrar tudo, cuidado!
- Ai, desculpa é que... - Dulce tentou se explicar.
- Não, não, não, tá tudo bem - Christian saiu de trás da bateria e veio em defesa de Dulce.
- Foi sem querer, desculpa.
- Não, não vamos brigar - Christian tentou acalmar os ânimos enquanto Chucky se afastava impaciente. - Vamos fazer o seguinte, porque você não vai lá fora um pouquinho, toma um pouco de ar, dá uma volta...?


Dulce olhou incrédula para o amigo e os outros integrantes da banda e saiu.


- Não é nada demais, viu Dul! - exclamou. - O que foi gente, porque vocês estão assim? Ela não fez nada.
- É, gente, calma - concordou Derrick.
- Sabe o que acontece? Ela se empolga, esbarra na gente, nos empurra, assim não dá pra ensaiar!
- Meninos, a Dulce é muito desligada. Imagina se acontece alguma coisa em cima de um palco de verdade? Com que cara vamos olhar pro empresário?


Dulce, que ouvia tudo na porta do galpão, saiu correndo.


- Greta, por favor, reage! - pediu Nicolás, enquanto ele e a irmã tentavam segurar a governanta em pé. - Greta?
- Será que ela morreu?
- Não fala besteira! A culpa disso é sua! E se eu chamar um médico?
- Não, para, para! Imagina se é algo grave e é tudo minha culpa! Não! Temos que pensar em alguma coisa, ninguém pode saber?
- E você quer o quê? Que a gente tranque ela no sótão?


Martín e Tomás se aproximaram.


- Claro que não, seu idiota! Greta, acorda! - exclamou Anahí.
- O que aconteceu com ela? - Martín se desesperou.
- Vocês mataram ela? - perguntou Tomás.
- Podem parar de falar essas coisas? Saiam daqui! Ela só desmaiou, não é nada demais. Vai, sai! - disse Nicolás.
- Não, não, calma! O chofer, como ele chama?, Pedro, perguntou se a gente vai mesmo viajar.
- E o que você disse?
- Que eu ia ver com a Greta.


Analisando a situação, Nicolás teve uma ideia e saiu da cozinha.


- Pedro, a ida pro interior está suspensa, e a Greta te deu o dia livre! Por que essa cara?
- É estranho que eu tenha o dia livre. E se você permite, queria falar com ela, se não não vou poder ir.
- Claro, claro, você quer falar então vamos, mas se ela brigar com você, depois não reclama!


Ele abriu a porta da cozinha.


- Gretita, o Pedro não acredita que você liberou ele! Não é verdade?


Anahí, Martín e Tomás, que estavam estrategicamente posicionados atrás da governanta ainda inconsciente, mexeram o braço e a cabeça dela em um movimento de concordância.


- Bom, então obrigado, senhorita Greta! - ele saiu.
- E agora o que fazemos? - questionou Martín.
- E se ela estiver morta? - perguntou Tomás, mexendo um funil em frente ao rosto da senhora.
- O que você tá fazendo, Tomás?
- Já vi isso em um montão de filmes. Se ficar embaçado, é porque tá tudo bem.
- Greta, e agora? Não sei se fico ou se vou para o... - Antoine entrou na cozinha e, com o susto de ver Greta inconsciente, deixou sua mochila cair. - O que aconteceu aqui?


Já no hospital, Antoine se aproximou de Nicolás na sala de espera. O rapaz se levantou, ansioso.


- E? O que o médico falou?
- Ela teve um pico de pressão, mas já passou, não foi nada grave. Vai ficar aqui até amanhã em observação.
- Sério?
- Sim. Vamos fazer o seguinte, eu vou com os seus irmãos e você fica aqui com a Greta, sim?
- Não, não, eu fico impressionado com essas coisas de sangue, melhor você ficar.
- Que sangue? Foi um pico de pressão!
- É que eu vi que pode sair um pouco de sangue do nariz depois, e se eu vejo sangue eu desmaio, vou dar mais trabalho que ela, por favor, fica você.
- Nananinanão. Me pede o que quiser, mas dessa vez você vai ficar com ela.
- Não Antoine, por favor, não faz isso, não seja mal, lembra daquela vez que eu peguei você bebendo licor...
- Mas o que... Você tá me chantageando?
- Não, não, nada a ver, é só um favor, além disso, tenho certeza que o Christopher vai te recompensar.
- Não me diga! Com um aumento, será?
- É! Um aumento! Vai lá e não saia do lado dela, assim eu aproveito e te deixo bem na fita, tá certo?
- Combinado!
- Então eu já vou, tchau - e saiu.
- Esse Nicolás é o melhor dos Uckermann! - Antoine falou sozinho.


Christian encontrou Dulce chorando escondida embaixo de uma escada de incêndio.


- O que aconteceu? - ele perguntou com delicadeza.
- Nada - Dulce disse enquanto limpava o rosto com as mãos.
- Nada, e por isso você tá aí derrubando meleca pra todo lado...
- Não tô não.
- Toma - ele deu um lenço para Dulce. - Quer dizer então que não foi nada?
- Não, é que eu escutei o que vocês falaram, e vocês têm razão, eu sempre derrubo tudo, quebro tudo, me sinto mal quando essas coisas acontecem...
- Mas Dul, não, não pensa nisso, não é bem assim. Você é maravilhosa, sabe? Tá sempre bem e é isso que importa! Vai, vamos!
- Não, melhor vocês procurarem outra cantora...
- Não, para com isso... - Christian se sentou ao lado dela.
- Eu fico mal quando quebro as coisas, não acho engraçado, não faço isso porque me diverte...
- Olha, você me escuta primeiro, e depois tira suas próprias conclusões, pode ser? No tengo nada... - Dulce riu. - Ah, olha, eu não sei cantar, tá? Você precisa me ajudar. No tengo nada y tengo, tengo todo... - o rapaz começou a batucar em um cano próximo.


- Soy rico en sueños y pobre, pobre en oro, y que me importa, si con la plata no compro amigos, ni amores ni lunas, ni almas, ni soles... - cantavam juntos. Se levantaram e começaram a dançar, repetindo o refrão.


Nico se aproximou com um sorriso no rosto, mas os dois amigos não perceberam sua presença. Derrick chegou e cutucou Christian.


- Viu só? Ela é ótima - comentou o baterista.
- É, ela é mesmo. Mas não adianta, não faz diferença.O Fernando, nosso produtor, ligou. O tal empresário não vem.
- Como que não vem? É sempre a mesma história, ele promete, promete, promete e ninguém vem! Não tocamos nem campainha com esse cara!


Dulce não ouviu a conversa dos dois amigos e ainda cantava, empolgada. Nicolás começou a bater palmas, interrompendo os três.


- Bravo! Vocês são ótimos!
- Ahh, você gostou! - Dulce foi na direção dele, que segurou suas mãos.
- Muito, adorei! Sou Nicolás, prazer. Como você se chama?
- Prazer, eu sou Dulce María Saviñón.
- Eu gostei, gostei muito!
- Que bom! Você quer vir nos ver? Esta noite!
- Tá bom, eu topo!


Vendo o rumo da conversa, Christian cutucou Dulce.


- Então, Dul, não. O tal empresário cancelou.
- Não, para com isso - Dulce disse, sorrindo, achando que o amigo estivesse brincando.
- É verdade.
- Mas é sério mesmo ou é porque vocês não querem que eu cante?
- Não, é sério mesmo - disseram os dois rapazes.
- Não acredito nisso! Só porque era a primeira vez que eu ia cantar, poxa! - ela se virou para Nicolás, triste.
- Não, não fica assim! Acho que a sorte de vocês acabou de mudar - ele sorriu.
- Como assim?


Já na mansão Uckermann, Nicolás ligava para o pessoal do colégio. Martín e Tomás observavam.


- Vai ter uma festa aqui? - questionou Martín. - Excelente pra socializar! De quem foi a ideia?
- Da mente brilhante! - disse o irmão mais novo.


- Vai ter uma banda tocando ao vivo aqui, vai ser ótimo! - Nicolás falava ao telefone. - Bom, não, tudo bem se você já tinha um compromisso tudo bem... Tchau. - desligou.


- Sabe qual é o problema? Nenhuma menina dá bola pro Nico - Tomás comentou com Martín.
- Dá pra você calar a boca, pirralho? - Nicolás se irritou.
- UHUL! Consegui! Consegui! Sou um gênio! - Anahí entrou no quarto dos irmãos pulando e dançando.
- Conseguiu o quê? - perguntaram os dois mais novos.
- A máquina de espuma! - ela respondeu animada, e acrescentou no mesmo tom para os irmãos mais novos: - mas vocês não vão participar da nossa festa!
- Por que não? Se nós também temos direito! Hein? - questionaram os meninos.
- Olha, me escutem, essa é a nossa última noite de liberdade antes que o Christopher chegue, então vocês não vão arruinar tudo! Tchau, fora... - ela foi empurrando os irmãos mais novos para fora do quarto dos gêmeos.
- Eu quero morrer, Annie, a gente tem tudo: comida, bebida, banda, a máquina de espuma, mas não consigo arranjar nenhuma menina pra vir!
- Mas eu achei que você tinha uma lista!
- É, mas o Franco não tá e quando ele não tá elas não querem vir, não sei...
- Ah, não, a gente já organizou tudo, não vamos cancelar a festa agora! Chamo minhas amigas e pronto.
- Não, nem pensa nisso, suas amigas nem me dão bola.
- Qual é o problema com elas, hein?


Nisso, o telefone tocou.


- Alô? Franco!
- Nico, como você tá? Liguei na casa de campo e não tinha ninguém, achei que vocês iam pra lá! O que foi?
- É... É uma história meio complicada, depois te conto. Como foi aí?
- Mais ou menos...
- Você perdeu do brasileiro?
- Nicolás, você não me conhece? Acha que tá falando com quem? Passei por cima dele!
- Eu sabia!! - disse Nicolás, e Anahí, ao seu lado, comemorou. - Uma pena que você não tá aqui, porque vamos fazer uma festa e podíamos festejar... - ele disse, desanimado.
- Por mim tudo bem, podem fazer! Mas por que você ficou assim?
- É que como você não tá, não sei o que acontece, as meninas não querem vir.
- Ah, é isso? Pode ficar tranquilo que eu dou um jeito rapidinho e essa casa fica cheia.
- Mas do Brasil?
- Sim, no Brasil, seu irmãozinho vai resolver o seu problema! Fica tranquilo, vai dar tudo certo. Tchau.


Assim que desligou a ligação, Franco discou outro número.


- Alô, Luli? Oi, aqui é o Franco, tudo bem? Sim, tô no Brasil ainda. Tô ligando pra te avisar que vai ter uma festa lá em casa hoje à noite. Vão comemorar minha última vitória. Ué, e o que é que tem que eu tô no Brasil? Você pode ir do mesmo jeito! Pode levar umas amigas também! Além disso, meu irmão gêmeo vai estar lá. Ah, não sabia? Juro, é igualzinho a mim!


De certo modo, Franco tinha razão. Os gêmeos eram loiros, assim como a mãe, Alexandra, e todos os irmãos Uckermann, e tinham olhos muito azuis. Mas as semelhanças paravam aí. Franco era considerado muito bonito e fazia sucesso com as meninas, ao passo que Nicolás era mais tímido, fechado e extremamente inteligente. Não era tão atraente quanto o irmão e por isso as meninas o rejeitavam. Na verdade, à primeira vista era difícil acreditar que eram irmãos gêmeos, mas os meninos se amavam mais que tudo e nem eles nem a família se viam dessa forma.


Mais tarde, Anahí e Nicolás arrumavam tudo na cozinha da mansão.


- Vai rápido, moleque, que tem que estar tudo pronto a hora que as pessoas chegarem!
- Não pira, vai, por favor - diz Nicolás, se virando para a irmã. - Você pode ir trocar esse vestido? Põe um mais comprido! - ele disse ao ver o comprimento da saia da irmã.
- Ah, só porque você quer, né? Nem em sonho! - Anahí cantarola, dançando em frente ao irmão.
- Ou você se troca ou não tem festa!


Emburrada, Anahí sai da cozinha, mas no meio do caminho volta.


- Ah, e essa banda, quando vai chegar? Até eles terminarem de instalar tudo vai ser de madrugada! - ela reclamou.
- Eles chegaram! - exclama Martín, entrando na cozinha pela porta de serviço.
- E trouxeram um monte de coisas! - completou Tomás. - Podemos ajudar?
- Não, não podem ajudar, podem subir e ir pra cama! - Anahí respondeu no mesmo tom animado dos irmãos mais novos.


Tristes, Martín e Tomás se encaminham para a sala.


- Oi, oi pessoal! Tudo bem? Podem passar e ir arrumar as coisas... Essa aqui é a minha irmã, Anahí, que estava indo trocar de roupa, né Annie? - Nicolás puxa a irmã.
- Me solta! Passem, gente!
- Olha, parceiro, nós temos o costume de cobrar uma parte adiantado - Derrick diz a Nicolás.
- Ah, você se importa de falar disso depois? Vem, é por aqui - Nicolás vai mostrar aos outros integrantes o caminho para a sala.
- Derrick! Pra que falar isso? Olha só pra essa casa! Por que não iam nos pagar? - questiona Dulce em voz baixa.
- É, sabe no que eu tava pensando? Não dá pra cantar "Pobre los Ricos" aqui...
- Por que não? É na sala de estar! - Dulce respondeu, e Derrick apenas a olhou com uma expressão incrédula. - Ah, já sei, já sei, cantamos uma da Thalia, que tal? Todo mundo conhece.
- Boa!


No hospital, Greta arrumava suas malas, e Antoine tentava argumentar.


- Greta, por favor, não seja caprichosa!
- Eu não ser caprichoso, eu ser responsável!
- Mas o médico falou que é pra você ficar em observação!
- Eu não tô nem aqui pro que dizer a médico, eu tem que cuidar meus pichonos!
- Bom, você não tá me deixando alternativa...
- Pichonos! - exclamou Greta, se dirigindo à porta do quarto.
- Doutor! Enfermeira! - chamou Antoine, na esperança de que alguém pudesse acalmar os nervos da alemã.


Na mansão Uckermann, a festa era um sucesso. Nicolás olhava as pessoas ao seu redor.


- De onde é que o Franco tira tantas amigas? - perguntou para si mesmo. Anahí se aproximou.
- Pronto, "guarda-saias"! E agora, estou melhor? - ela mostrou o comprimento de sua nova roupa, que ia até a metade da canela.
- Sim, bem melhor - aprovou Nicolás depois de verificar o comprimento. Outra menina se aproximou.
- Oii, tudo bem? Você sabe quem é o irmão gêmeo do Franco?
- Sei, sim, claro, sou...
- Porque ele me disse que eles são iguais, mas não sei como podem existir dois meninos tão lindos!
- Ah... Ele deve estar pra chegar. Você quer beber alguma coisa? Vem, pra cá tem bebida...


Em um canto, Anahí tirou escondida a saia comprida que usava, revelando a mesma roupa que estava antes por baixo. Christian bateu com as baquetas nos pratos da bateria e ligou seu microfone.


- Oi, oi, e aí! Boa noite gente! Por favor! Em um segundo começa o nosso show, é nosso único propósito é fazer a maior festa!


Todos aplaudiram. Em um canto da sala, Dulce espiava, e viu uma pequena cabeça loira embaixo de um sofá. Ao perceber que fora pego, o mais novo dos irmãos Uckermann assumiu uma expressão de derrota. A cantora se ajoelha no chão e puxa assunto.


- O que você tá fazendo aí?
- Por favor, não me dedura! Meus irmãos não me deixaram participar da festa porque falaram que eu sou muito pequeno.
- Bom, um pouco novo você é.
- Mas por favor, não me dedura! Por favor!
- Eu? Como, se eu nem te vi?
- Oba! Valeu!


Christian mais uma vez chamou a atenção dos presentes no microfone.


- Bom, pessoal, agora vai começar, e eu vou pedir pra vocês abrirem um espaço aí na plateia, porque está chegando a única, a líder, a inconfundível Dulce María! - os outros integrantes da Banda se posicionaram. - 1, 2, 3, vai!


A música escolhida, "A Quien Le Importa", de Thalia, começou. A plateia abriu um corredor e Dulce passou entre as pessoas, mas, quando chegou ao palco, congelou. Ela começou a fazer que não levemente com a cabeça e se virou para os amigos, que aos poucos pararam de dançar.


"Não posso. Não consigo cantar", ela pensou.


Tomás, ao não ouvir a voz da nova amiga, saiu debaixo do móvel onde estava escondido. A plateia começou a perceber a insegurança de Dulce, que se virou na direção de Christian, pedindo socorro com o olhar.


"Não consigo."


Ele fez que sim com a cabeça e tentou fazer com que a cantora se animasse. Dulce tirou a noz de sua mãe de dentro do cós da saia, beijou-a e colocou de volta onde tinha guardado, após o que deu sinal para que Christian retomasse a música.


- Ei, ei, ei, não façam essas caras! - ele falou ao microfone. - Vamos lá, eu disse que vai ser uma grande festa! De novo! 1, 2, 3, vai!


Tomás olhou em direção ao palco, sorriu e acenou para Dulce como forma de apoio. Ela respirou fundo e começou.


- Esses são Christian... Derrick... Chucky... Nata... E Clara! - ela apontou cada um dos membros da banda conforme falava seus nomes, e eles acenavam quando eram chamados.


La gente me señala
Me apuntan con el dedo
Susurra a mis espaldas
Y a mi me importa um bledo
Que más me dá
Si soy distinta a ellos
No soy de nadie
No tengo dueño
Yo sé que me critican
Me consta que me odian
La envidia les corroe
Mi vida les agobia
¿Por qué será?
Yo no tengo la culpa
Mi circunstancia les insulta
Mi destino es el que yo decido
El que yo elijo para mi
¿A quien le importa lo que yo haga?
¿A quien le importa lo que yo diga?
Yo soy asi y asi seguiré
Nunca cambiaré


O show foi um grande sucesso. A plateia se animou e imitava a coreografia da banda.
Luli, uma das amigas de Franco, subiu as escadas, impaciente, quando a música acabou. Nicolás foi atrás dela.


- Luli, onde você vai? Não quer beber mais alguma coisa?
- O que aconteceu com o Nicolás que não aparece?
- É... Ele deve estar pra chegar... Já... - Martín desceu as escadas correndo.
- Greta! A Greta e o Antoine estão voltando! - ele avisou ao irmão.
- Quê? Ai, o que a gente faz? - assustou-se Anahí.
- Todo mundo pra cozinha, já!


Todos correram, muitos questionando qual era o motivo de tanta confusão.


- Pessoal, presta atenção! Eu vou cortar a luz agora, mas fiquem calmos e façam silêncio!
- Mas qual é o problema? - Dulce insistiu.
- É que a Greta está chegando e se vir tudo isso, nos mata. - explicou Martín.


Nicolás desligou a chave geral da casa.


- Quem é Greta? - a cantora perguntou.
- Sshhh, silêncio!


Nesse momento, Greta e Antoine entravam na mansão pela porta da frente.


- Ah, eu não consigo acreditar! Antoine, nunca vou te perdoar por chamar o médica.
- Mas você queria o quê? Sair do hospital com o soro pendurado? Mal tive tempo de pegar sua mala!
- Eu precisava sair rápida! - ela tentou acender as luzes. - Ah, com certezo estar com problema... - Nesse momento, o telefone da mansão toca. - Hallo? Mansão Uckermann?
- Gretita, que bom que eu te encontrei, a gente ficou preocupado! - Nicolás havia ligado para a casa usando seu celular. - Como você tá?
- Melhor. Onde estar todos?
- Como, onde estamos? Na casa de campo, não era pra cá que você queria que a gente viesse? - Nesse momento, todos os presentes começaram a imitar animais até que o rapaz os silenciou.
- Ah, que boa! Me passar com o chofer!
- Ah, não, é que ele já tá dormindo! - mais uma vez, os festeiros contribuíram com os efeitos de som. - Tava muito cansado, sabe...
- E por que você não estar dormindo também?
- É que eu vim tomar um pouco de ar aqui fora, desfrutar da paisagem... - mais uma vez, do outro lado da linha se escutaram barulhos de animais.
- Ah, bom, então nós vamos tomar uma ônibus e ir praí em seguida. Você entrar e dormir, tá bom? - e desligou o telefone, virando-se para Antoine. - Pra casa de campo!
- Mas escuta uma coisa...
- Menos nada, vamos! Carregar minha mala por favor.
- Pelo amor de Deus... - o chef reclamou antes de fechar a porta da mansão.


Na cozinha, a festa recomeçou. Nicolás ligou a luz novamente e todos começaram a gritar, animados.


- Vamos recuperar o tempo perdido gente! Hora de ligar a máquina de espuma!


E a festa continuou...


Sem que ninguém percebesse, Tomás aumentou a potência da máquina para o máximo.
O telefone tocava incansavelmente, mas, por conta da música alta, ninguém ouviu.
No carro, um frustrado Christopher encerrou a ligação e suspirou.


- Não acredito, ninguém atende em casa, será possível? Que estranho... Não sei, alguma coisa nessa história não bate...
- Escuta o que eu estou dizendo - Belinda comentou. - Você vai ver que assim que a Greta te ver ela vai renunciar.
- É, você tem razão. Motorista, para aqui, por favor! - ele pediu, indicando uma floricultura. - Já sei como fazer pra ela não querer sair de casa.


Na mansão, a festa seguia a todo vapor, mas Dulce estava preocupada. A Banda tinha parado de cantar, e Chucky, Christian e Derrick se empenhavam em desmontar a bateria e tirá-la dali.


- Dul, o que foi? Você não gosta de espuma? - Clara perguntou vendo a expressão da ruiva.
- Não, não é isso, é que eu tenho medo que nosso equipamento estrague...
- É, melhor diminuir um pouco essa espuma se não não vamos conseguir passar com as coisas! É capaz que estrague - comentou Derrick.
- Anahí! - Dulce chamou. - Desliga a máquina de espuma um pouco, por favor!


A adolescente foi até a máquina, quase se afogando em meio a tanta espuma, e não conseguiu desligar o equipamento.


- E se a gente buscar tudo amanhã? - sugeriu Chucky.
- Tá doido? Aí é que vai estragar de vez! Melhor levarmos agora ou não vai ter conserto! - disse Derrick.


Cada um segurando uma coisa, eles começaram a se retirar da casa. Os outros convidados, encharcados dos pés à cabeça, também saíram. Alguns até escorregaram na espuma, mas ainda era tudo festa.
Dulce ficou na porta se certificando de que todos saíam em segurança.


- Gente, todo mundo aí? Todo mundo bem? - ela perguntou quando a sala já parecia vazia. De repente, lhe deu um estalo. - Pessoal! Espera! O menininho!
- Que menininho? - Christian perguntou.
- Um menininho, assim, pequeno... Ai, espera! - e voltou para dentro da casa. Os amigos tentaram chamá-la, mas era tarde demais.
Após muita procura, ela saiu da mansão com Tomás nos braços e o entregou aos irmãos.


- Tomás! - Anahí desesperou-se.
- Tomás, tá tudo bem? Você tá sentindo alguma coisa? - perguntou Nicolás.
- Bom, vamos então? - Derrick perguntou para a banda.
- Sim, vamos - Dulce respondeu. - Não! Espera!
- O que foi? - Christian perguntou.
- Minha noz!
- Que noz?
- Minha noz! Peraí, gente, um segundo!


Ao ver Dulce entrar mais uma vez na casa, os amigos desistiram de esperá-la e começaram a caminhar.
Desesperada, Dulce tateava o chão em busca da noz de sua mãe.


- Pirralho, eu não te disse que não era pra você não se meter na nossa festa?
- Anahí, chega! - Nicolás protegeu o irmão. - Já foi, já passou, e graças a Deus que tá tudo bem, se não fosse por essa moça nem sei o que teria acontecido.
- É, verdade... - o pequeno concordou, meio grogue.


Nesse momento, um carro preto encostava na entrada da mansão.


- E esse aí, quem é?
- É o Christopher! - Anahí e Nicolás responderam, ansiosos, ao verem o irmão mais velho sair do carro com um buquê de flores nas mãos.
Ao ver o caos e a trilha de espuma na porta de sua casa, Christopher foi adentrando o terreno devagar. Belinda tentou acompanhar, mas quase escorregou na espuma e achou melhor ficar do lado de fora.
Christopher continuou caminhando, tentando entender o que acontecera, até que, bem na porta da mansão, deu de cara com Dulce.
Dulce, por sua vez, não conseguia acreditar. Era a mesma cena de seu sonho! Bom, tirando a parte em que ela escorregava, é claro, mas... Aquelas flores... Aquele rosto... Segurando o buquê, ela escorregou e caiu pra trás. Sonho completo.
Com cuidado, e olhando atentamente a criatura em sua frente, Christopher a ajudou a se levantar. A jovem engasgou um pouco com a espuma e ele fez um som com a boca sinalizando para que ela ficasse quieta, enquanto ele limpava a espuma dos seus olhos o suficiente para olhar para eles. Apenas uma pergunta saiu do jovem empresário.


- E você, quem é?


Dulce sorriu.


En la espuma te encontré
La noche estava terminando
Me dijiste "¿vos quien sós?"
Te sonreí
Te estava amando...


----///----


Oi, pessoal! Me desculpem pela demora no post, mas como estou adaptando uma novela, cada capítulo são aproximadamente quarenta minutos pra transcrever e, como esse semestre eu termino a faculdade, ando meio sem tempo, mas daqui duas semanas faço a primeira entrega do tcc e vou poder dar uma respirada! Espero que vocês tenham gostado do primeiro capítulo, do primeiro encontro, e que essa história seja tão especial para vocês como é pra mim. Preparem-se para rir loucamente, chorar como crianças, ficar com raiva, se apaixonar... Por favor, comentem, e até o próximo capítulo!



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Autor(a): sahprado_

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- Você não me respondeu ainda, você, quem é? - Eu sou... Eu... Com licença. - Cuidado! - Ai, menina, quase me matou! - Desculpa, desculpa... - Quem é essa louca, Christopher? - Não sei... Dulce caminhava pelas ruas dançando enquanto se lembrava do que acabara de acontecer. Entretanto, pareceu lembrar-se de alguma coisa e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 14



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  • Lilly Perronita Postado em 23/12/2017 - 21:25:23

    Tadinha da Dulce, vai levar a culpa de tudo

    • sahprado_ Postado em 24/12/2017 - 11:04:05

      É... Sobrou pra ela, coitada! E foi pra cadeia ainda :O

  • Lilly Perronita Postado em 21/12/2017 - 12:21:26

    A Suzy Rêgo é minha diva, linda, maravilhosa! Amo demais hahahaha

  • Lilly Perronita Postado em 21/12/2017 - 12:20:59

    Amei... muito gostoso reviver a novela! estava com saudade hahahhaa

    • sahprado_ Postado em 22/12/2017 - 17:34:31

      Ahh essa história é demais! Me dá uma saudade... Lembra de tempos mais simples rs

  • Lilly Perronita Postado em 21/12/2017 - 12:08:36

    Amooooo Floricienta!!!! Assisti Floribella porque sou super fã da Suzy Rêgo que fez a Malva hahahah Vou ler e já já comento

    • sahprado_ Postado em 21/12/2017 - 12:14:34

      Ebaaa seja bem vinda! A Suzy foi ótima como Malva, nem dava pra ter raiva dela né?

  • btrutte Postado em 06/12/2017 - 11:20:42

    Ô, gente, Dulce é inocente. Já tô vendo que a coitada vai sofrer nas mãos do Christopher e da Belinda. Coitada

    • sahprado_ Postado em 21/12/2017 - 12:12:58

      O Christopher tem esse jeitão meio bruto, rígido, mas no fundo ele é um príncipe! Já a Belinda... Bom, vamos esperar pra ver né? Postado! :*

  • btrutte Postado em 29/11/2017 - 15:43:33

    Afe, Christopher vai dar um treco sozinho com essas crianças. Crianças caloteiras, por sinal né? Afe!

    • sahprado_ Postado em 06/12/2017 - 01:28:49

      O Christopher faz o tipo sargentão, mas no fundo é um príncipe <3 e os irmãos dele são terríveis mesmo! Mas a situação deles é bem difícil mesmo, praticamente sozinhos no mundo... É o jeito que eles encontram de chamar atenção. Obrigada por comentar! Postado (:

  • Rebeca Postado em 04/09/2016 - 10:34:25

    Ahhhh eu adoro o jeito infantil da Flor :* Mas posso superar isso u.u Nossa, eu assistir Floribella pela primeira vez e Rebelde não :P isso eu com certeza nunca vou superar.

  • Rebeca Postado em 04/09/2016 - 10:29:34

    Continua <3 Meu Deus, amo Floribella e em Vondy então :O *---*

  • candy1896 Postado em 04/09/2016 - 09:23:17

    Continua


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