Fanfic: Floricienta (adaptada - vondy/DyC) | Tema: Vondy

Tomás, que assistia a tudo da porta do escritório, escondido, desesperou-se. A governanta e seu irmão mais velho continuavam alheios à sua presença.

- Está pensando mesmo nisso? - questionou Greta.

Christopher riu.

- Não! Não, como vou pensar nisso? Só estou tentando achar um jeito de te ajudar com eles aqui em casa.
- Não há ajuda que valha - ela respondeu, se levantando, e Christopher a acompanhou. - Eu vou embora - ela se levantou e caminhou em direção à porta do escritório.
- Greta...
- E... E... Não tentar me convencer a ficar - ela pediu antes de sair.

Tomás entrou em seu quarto, triste. Olhava para tudo como se fosse a última vez que via aquele lugar. Caminhou até uma mesa onde ele costumava jogar, se sentou no sofá azul turquesa tamanho infantil próximo a ela e começou a brincar com seus carrinhos. Martín, que dividia o quarto com o pequeno, fechou o livro que lia e estudou o irmão.

- O que é que foi, inseto? Viu um fantasma?
- Cala a boca. Vi coisa pior! O Chris... O Chris vai mandar a gente pra um internato! - ele disse, quase chorando.
- Não, o Chris é incapaz de fazer algo assim. Fica tranquilo - ele pôs uma mochila nas costas. - Sabe o que o meu terapeuta diz? Que os irmãos mais velhos, quando tem que cuidar dos menores...
- NINGUÉM VAI ME METER NUM INTERNATO! - Tomás gritou, interrompendo o irmão.

Martín suspirou, levantou de sua cama e sentou ao lado do pequeno.

- Olha, micróbio, você precisa relaxar, porque o Chris não é capaz de fazer uma coisa tão horrível, e mesmo que fosse, o superego dele não permitiria - ele se levantou. - Bom, eu tenho que ir pra aula de alemão.

Martín pegou sua mochila preta em cima da cama, colocou sobre o ombro direito e saiu do quarto, deixando para trás um irmão caçula extremamente cabisbaixo. Tomás começou a chorar.

- Não... Eu não vou pro internato... Não...

Na sala de estar da mansão, Christopher, exausto, sentou no sofá branco com um suspiro e apoiou as costas no encosto, quase deitando, enquanto Belinda passava por trás do móvel.

- O que a gente faz agora sem a Greta?

Belinda se apoiou no encosto do sofá com os braços esticados de modo que suas mãos ficaram uma de cada lado da cabeça do namorado.

- Nos divertimos um pouco por aí.

Christopher virou a cabeça para olhá-la, incrédulo.

- A verdade é que precisamos de uma mulher na casa - Belinda disse, contornando o sofá e se sentando no braço direito do móvel, ao lado de onde Christopher estava sentado. Ela pegou um porta-retrato em uma mesinha e começou a usar o vidro como espelho, examinando a própria sobrancelha. - Chris eu quero ir com você ao desfile dessa tarde.

Christopher se ajeitou no sofá, olhou atentamente para o porta-retrato na mão de Belinda e suspirou.

- A verdade é que eu sinto um pouco a falta deles, sabe?
- Hã? - Belinda ficou confusa, até perceber que seu espelho improvisado carregava uma foto de Alexandra e Luís Uckermann. Ela alternou seu olhar repetidas vezes entre Christopher e a foto, pensando no que dizer. - Sim! Sim, claro, eu estava vendo justamente o quanto seus pais estavam felizes nessa foto... É... - ela se levantou de onde estava e foi sentar do outro lado de Christopher. - Eles estariam muito orgulhosos de você, sabia?

Christopher riu de leve.

- Eu te entendo, porque... O meu pai, é tão recente...

Penalizado, o rapaz fez carinho no braço de Belinda, que colocou o porta-retrato na mesa de centro.

- Sabe o que eu acho, Chris?
- O quê?
- Que a gente devia se distrair um pouco. Não? Sair pra se divertir... - ela completou com um beijo na bochecha do namorado. - Você não vem comigo ao desfile?

Christopher a olhou, angustiado. A campainha tocou.

- Sabe o que é, Beli...
- O quê?

A campainha tocou novamente.

- Tudo bem. Podemos ir.
- Sério? - ela sorriu.
- Sim - Christopher devolveu o sorriso.
- Obrigada! - Belinda beijou-lhe a bochecha. - Obrigada, meu amor!
Você vai ver, as crianças vão ficar bem. Obrigada!

A campainha insistiu. Quem quer que fosse, já estava impaciente. Christopher suspirou, irritado, e se levantou.

- Mas o que acontece que ninguém atende? Amália!!
- Eu vou decidir que roupa colocar! - Belinda saiu da sala rapidamente, animada.

Christopher saiu da casa e caminhou até o portão.

- Oi!
- Oi, não queremos nada, obrigado - ele dispensou a pessoa com a mão.
- Não, desculpe, eu vim ver o Nicolás! - respondeu Derrick.
- O Nicolás não está, o que você quer?
- Cobrar o show de ontem à noite.
- Ah não me diga. Cobrar o show de ontem? - Christopher abriu o portão. - Você é daquela bandinha que trouxe a cantora que organizou tudo?

Dulce, que estava estacionando sua bicicleta, se aproximou do portão enquanto Christopher falava, mas parou antes que ele pudesse vê-la.

- Sim.
- Bom, então você diga pra ela que se ela aparecer por aqui eu não me responsabilizo. Fala que eu sou capaz de mandar ela presa, especialmente por se meter com um menino como o Nicolás.
- Não, olha, te contaram mal... - Derrick tentou explicar.
- Não, não, não, não, não. Não me "contaram mal". Eu não sou bobo de achar que meus irmãos são santos, mas me diz você, que tipo de pessoa se aproveita de quatro órfãos que ficam sozinhos?

Dulce ouvia tudo, indignada, até que Christopher a viu.

- E você, quem é?
- Eu... - Dulce se aproximou. - Eu sou... A verdureira. Vim trazer um pedido.
- Ah, muito bem - ele se virou para dentro da casa. - Amália, por favor, atende a verdureira aqui e leva ela pra descarregar lá na porta dos fundos... Por que é que eu tenho que andar cuidando dessas coisas? - ele se virou para Derrick mais uma vez. - Olha, moleque, se você quer cobrar se acerta com o Nicolás, não toca mais a campainha dessa casa, e por favor tira esses equipamentos da minha sala!

Amália se aproximou.

- Mas eu não tenho como levar o equipamento agora!
- Problema seu - Christopher voltou para dentro da casa.
- Com licença - Derrick entrou também.
- Mas quem pediu tudo isso? - perguntou Amália, confusa, para Dulce. - Greta?

A jovem sorriu e assentiu, e Amália a guiou até a entrada de serviço.

- Vem por aqui, por favor, pode colocar aqui em cima, mas cuidado pra não amassar...
- Fica tranquila, você acha que eu não sei fazer meu trabalho? - Dulce respondeu e, sem querer, bateu a sacola com as verduras e legumes no móvel da pia.

Tomás, vendo a bicicleta com bagageiro sozinha, saiu da casa e se escondeu.

- E a notinha? - Amália perguntou enquanto acompanhava Dulce até a porta.
- Que notinha?
- Pra eu te pagar.
- Ah, nossa, que coisa! Eu esqueci lá no mercado, depois eu te trago, tudo bem?
- Claro, então tchau.
- Tchau - Dulce caminhava até sua bicicleta, mas, no meio do caminho, voltou para a mansão. - Só uma coisa, como tá o menininho?
- Menininho? Qual? Tem muitos aqui.
- Um assim, pequenininho, com cara de arteiro...
- Ah, o Tomás! Bem, bem... Por quê?
- Bem? Ah, não, por nada. Obrigada, tchau!
- Tchau!

Dulce voltou para onde estava sua bicicleta e Derrick se aproximou.

- O que você tá fazendo aqui? Esse pedido não era dessa casa!
- Calma, confia em mim, eu sei o que tô fazendo. Vamos?
- Vamos.

Eles montaram suas bikes e partiram.

- De verdade, eu não entendi porque a luz falou pra eu tomar cuidado com a bicicleta. Ninguém tentou me roubar, eu não bati... Parece que dessa vez ela errou.

Tomás, que estava escondido no bagageiro, levantou a cabeça quando Dulce começou a pedalar.