Fanfic: 101 coisas em 1001 dias | Tema: Vondy

Já tinha uma semana que Christopher havia ido embora e Dulce estava vivendo no modo automático, acordava todos os dias, tomava café, corria, voltava para casa, gravava ou editava seus vídeos, mas fazia aquelas coisas porque sabia que precisava fazer, não mais fazia por prazer. O único momento do dia em que se esquecia de Christopher era quando corria. Por isso passou a correr duas vezes por dia, corria tanto que sentia suas pernas doendo quando se deitava para dormir.

Mas apesar da dor quase física que a ausência dele lhe causa, Dulce estava de certa forma aliviada por não ter entregado seu coração de vez a ele, pois dois dias depois dele ter ido embora, o viu no shopping com Natalia e precisou se controlar para não chorar ali mesmo. Ainda mais quando Natalia havia lhe visto e dito apenas com os lábios “eu te avisei” enquanto o mesmo não estava olhando.

Dulce precisou ser forte, vira-se de costas e controlar as lagrimas, mas quando chegou em casa, desabou no sofá se perguntando como havia sido tão burra em acreditar que ele não correria para os braços daquela mulher.

Ela ouviu o interfone tocar e seu coração disparou ao pensar que poderia ser Christopher. Pulou do sofá, deixando o computador de lado e correu para atender.

- Alô?

- Dona Dulce – a voz do porteiro soou calma como sempre. – Tem duas senhoritas aqui para vista-las.

- Ah! Qual o nome delas? – perguntou decepcionada por não ser Christopher.

- Anahí e Maite.

Dulce arregalou os olhos surpresa por elas estarem ali e autorizou a entrada delas. Ficou preocupada no mesmo instante em que fez isso, será que algo tinha acontecido com Christopher? Assim que tocaram a campainha, ela abriu a porta encontrou as duas sorridentes.

- Oi, sumida! – disseram juntas enquanto a abraçavam e entravam.

- Oi, meninas – fechou a porta e as seguiu até a sala. – Aconteceu algo?

- Na verdade, o Christopher nos contou que vocês não estão mais morando juntos e ficando – Anahí admitiu. - Viemos saber como você está.

- Vieram?

- Dulce, o que está acontecendo? – Maite perguntou preocupada. – Você está meio estranha.

- Bom, não esperava ver vocês hoje... Para ser sincera, achei que não iríamos mais nos ver depois que o eu e o Christopher... – ela tragou a saliva. Os dois não tinham um relacionamento para terem terminado. – Que o Christopher se mudou.

As duas pareceram chateadas, mas Maite apenas suspirou alto.

- Não vamos deixar de falar com você por causa disso – rolou os olhos. – Vocês são grandinhos para se entenderem sozinhos.

- Nós falamos sério, Dulce. Queremos ser suas amigas, independente de você estar com o Christopher ou não.

- Eu... – tragou a saliva e suspirou. – Me desculpem ter pensando dessa forma.

As duas deram de ombros e começaram a puxar assunto com Dulce sobre outras coisas. Elas não falaram mais sobre Christopher e Dulce agradeceu mentalmente por isso, queria tirá-lo da cabeça ao menos por uma tarde. Depois delas insistirem bastante, Dulce concordou em irem ao cinema, correu até o seu quarto para trocar de roupa e as encontraram na sala.

- Nossa, Dulce! Emagreceu assim de saudade? – Maite brincou ao reparar no quanto a mesma havia emagrecido. Antes, Dulce estava usando um moletom que não dava para perceber.

- Espero que esteja se alimentando direito, dona Dulce – Anahí franziu o cenho a olhando. – Está muito magrinha.

- Eu estou me alimentando – sorriu pela preocupação delas. – É que ando correndo muito, acho que estou perdendo peso por isso e não por falta de comida. Só como besteiras.

As duas assentiram e logo elas saíram de casa rumo ao shopping. Elas passearam, fizeram compras, foram ao cinema e o mais importante de tudo, Dulce conseguiu tirar Christopher da cabeça por algumas horas.

- Iremos a um barzinho amanhã com os meninos, você deveria vir.

Maite falou no final da tarde, quando estavam prestes a se separar, pois cada uma iria para um lado.

- Acho que não é uma boa idéia – sussurrou.

- Deixa de besteira, Dulce – Anahí rolou os olhos. – Christopher não é nenhum idiota, ele não iria lhe tratar mal por sair com a gente. Além disso, foi ele quem apresentou você ao grupo.

- E você está nos devendo uma por pensar aquelas coisa – Maite chantageou e sorriu sabendo que a mesma já tinha cedido. – Além do mais, se acontecer alguma coisa, nós saímos e fazemos a noite das garotas.

- Vou pensar, eu prometo – sorriu docemente e se despediram.

{ ♡ }

Dulce havia decidido ceder ao pedido de Anahí e Maite, e ir ao barzinho em que elas estavam. Afinal era sábado a noite e ela não agüentava  mais ficar em casa sozinha e sofrendo. Além disso, queria ver Christopher, mesmo que ele não falasse com ela, queria vê-lo. Mas se arrependeu no momento em que se aproximou da mesa e viu Christopher sentado ao lado de Natália. Tragou a saliva e tentou ir embora sem que eles percebessem que ela esteve ali, mas Natalia não deixou que isso acontecesse.

- Olha só quem está aqui, Dulce Maria – sorriu de forma debochada. – Não me diga que achou mesmo que poderia vir até aqui sem estar com o Christopher?

- Dul, que bom que veio – Maite levantou-se rapidamente ignorando Natália. – Estávamos esperando por você – a abraçou. – Não sabíamos que o Christopher ia aparecer, muito menos que ele traria a Natália com ele, desculpe – sussurrou e seu ouvido.

- Está tudo bem, acho melhor eu ir embora – falou baixo quando se afastaram. – Eu e ele não estamos nos falando e, sinceramente, não quero ter que agüentar essa mulher o resto da noite.

- Nada disso, você vai ficar sim. Não vai dar o gostinho a ela de sair como vitoriosa.

- Mai...

- Ela está certa, Dul – Anahí falou assim que se levantou e a abraçou. – Prometo que vamos fazer você se divertir.

- Tudo bem.

Dulce cumprimentou Alfonso e Christian com um abraço e apenas acenou com a cabeça para Christopher enquanto se sentava entre Anahí e Maite. As três decidiram pedir um garrafa de tequila para beber enquanto conversam.

- Você não prefere ir para outro lugar agora que certas pessoas chegaram, meu bem?

Natália perguntou alto o suficiente para todos ouvirem, mas Dulce apenas a ignorou enquanto brindava com as novas amigas e virava a bebida do copo.

- Dulce, você não acha que está bebendo demais? – Christopher também havia ignorando completamente o que Natália havia dito, estava prestando atenção na quantidade de bebida que Dulce estava ingerindo. – Você não é acostumada a beber assim.

- Estou bem – respondeu friamente antes virar outro copo.

- Exatamente, nós estamos ótimas! Quanto mais melhor, não é Dul? – Anahí disse bastante alegre, fazendo Dulce rir abertamente.

- Sim.

As duas voltaram a encher o copo e beber a dose de uma só vez.

- Acho que essas duas vão ficar bêbadas bem rápido – Christian brincou.

- Dulce, por favor, você vai acabar passando mal.

- Eu estou bem, Ucker – ela voltou a responder no mesmo tom de antes, deixando-o claramente chateado.

A conversa na mesa era animada, Anahí, Dulce e Maite já estavam na metade da garrafa e já davam indícios de estarem bêbadas, principalmente Dulce, que não estava acostumada a beber daquele jeito. Christopher já havia praticamente parado de beber, porque estava bastante preocupado com Dulce.

- Boa noite – um homem alto e moreno falou ao se aproximar da mesa e sorriu abertamente para Dulce. – Gostaria de dançar comigo?

Dulce olhou de relance para Christopher e estava quase negando, mas viu Natália de pendurar no pescoço dele e rapidamente sorriu olhando para o homem.

- Sim. Acho que dançar vai ser ótimo.

Ela se levantou com gritinhos das meninas que estavam lhe encorajando. O homem apoiou a mão na cintura dela e a guiou para a pista de dança.

- Meu nome é Carlos – ele sussurrou em seu ouvido.

- O meu é Dulce – sorriu levemente.

A música que tocava era sertanejo e Dulce ficou bastante desconfortável ao câncer tão colada a ele, mas só de ver a cara que Christopher estava fazendo, ela relaxou completamente.

- Você e o Christopher não são discretos, se você quer saber.

- Desculpe, não entendi – ela o olhou confusa e ele riu baixo.

- Dulce, eu sou seu fã. Assisti os seus vídeos, não perco nenhum. Tenho certeza de que vocês dois têm alguma, apesar de vocês sempre negarem.

- Somos apenas amigos – respondeu sem graça.

- Não são não – sorriu. – Você só aceitou vir dançar comigo quando viu aquela mulher o abraçando. Além disso, estava olhando para ele, só para ter certeza de que ele não estava gostando disso.

- Você está errado – mentiu.

- Dulce, não se preocupe, não vou contar para ninguém. E também não se preocupe, não te chamei para dançar com segundas intenções, eu sou gay.

Dulce sorriu abertamente fazendo-os rir.

- E se você quer saber, ele está com bastante ciúmes.

- Você acha?

- Acho sim.

O sorriso de Dulce alargou ainda mais. Os dois continuaram dançando e conversando, por muito tempo. Carlos contava a Dulce várias histórias sobre ele que a faziam rir. Depois de quatro músicas, ela se cansou de dançar.

- Volte para mesa, diga o quanto está se divertindo, beba um pouco e daqui a pouco vou te chamar de novo. Garanto que ele vai morrer do coração.

- Eu sou uma idiota de estar querendo causar ciúmes nele. Na verdade, deveria deixar ele seguir a vida em paz.

- Querida, olhe para aquela mulher, ele nunca vai viver em paz com aquilo ao lado.

Dulce gargalhou e voltou para a mesa, sentando-se ao lado das meninas e virando um copo.

- Ei, pelo visto você está se divertindo bastante com aquele cara – Anahí falou fazendo-a concordar.

- O Carlos é ótimo.

Ela bebeu mais um pouco e logo ele estava chamando-a outra vez. Dulce não pôde deixar de perceber a cara que Christopher havia feito.

- Se você quiser, posso fazer com que ele não vá embora com aquela garota hoje – Carlos falou depois de alguns minutos.

- Como?

- Apenas diga que não quer que ele vá com ela e confie em mim.

Dulce respirou fundo e olhou para Christopher rapidamente. Ele estava com os olhos grudados nela e os dois se encararam por alguns minutos. Ela não queria que ele fosse embora com Natália, que ele terminasse a noite na cama dela. Além disso, ela estava bêbada, só iria se arrepende de qualquer coisa no dia seguinte.

- Eu não quero que ele vá embora com ela.

- Me empurre.

- Como assim? – Perguntou confusa.

- Apenas me empurre.

Dulce tentou o empurrar pelos ombros, mas não conseguiu, afinal, estava bêbada e ele era muito mais forte que ela. Quem via de longe, achava que ele estava tentando beijá-la a força e foi exatamente essa conclusão que Christopher tirou quando pulou da cadeira e correu até eles.

Em um piscar de olhos, Carlos estava longe de Dulce e antes que o mesmo apanhasse de Christopher, Dulce o segurou pelo braço.

- Não faz isso, por favor.

Christopher a olhou por vários antes de suspirar e arrastá-la até a mesa deles.