Fanfic: 101 coisas em 1001 dias | Tema: Vondy

Christopher dormiu cerca de uma hora depois em que começou a ver o filme, mas ela não se importou dele continuar deitado em seu colo, desligou a televisão para não acordá-lo e aproveitou que seu notebook estava próximo para editar o próximo vídeo a ir ao ar.

Ele acordou cerca de quatro horas depois, ouvindo seu celular tocar, apesar do som estar distante. Ainda sonolento por causa do remédio, percebeu que ainda estava deitado no colo de Dulce e ergueu um pouco a vista para olhá-la. Dulce estava linda e totalmente concentrada na tela do computador, a observou por poucos segundos, pois seu celular continuou a tocar e ele se levantou chamando a atenção dela.

- Ei, está sentindo alguma coisa? – perguntou tirando o fone e o olhando preocupada.

- Não, baixinha – sorriu. – Meu celular estava tocando, mas acho que já parou – coçou os olhos e bocejou. – Que horas são?

Dulce olhou na tela do computador antes de responder.

- Nove horas – esticou as pernas sentindo um pouco de câimbra pelas horas em que ele ficou deitado, mas não mencionou nada. – Você precisa tomar o remédio outra vez em uma hora e precisa comer mais alguma coisa.

Ele assentiu.

- Tenho a sensação de que dormir o dia inteiro e que poderia continuar dormindo – alongou o pescoço enquanto bocejava outra vez.

- Você realmente precisa descansa, está doente.

Antes que ele pudesse responder, o celular voltou a tocar e com um suspiro cansado ele se levantou e o encontrou no quarto de Dulce. Quando viu o nome de Natalia na tela, lembrou-se que tinha marcado com ela naquela noite e arrependeu-se na mesma hora.

- Oi, Natalia – falou baixo olhando para a porta, não queria que Dulce ficasse magoada. – Eu não estou te fazendo de idiota, é que tive um imprevisto e só agora pude olhar o celular. Vou passar ai em uma hora, pode ser? Só preciso tomar um banho e comer alguma coisa. 

Assim que desligou o celular, foi para o seu quarto pegar uma roupa e viu que Dulce tinha voltado a atenção para o computador, ele tomou um banho rápido e para sua surpresa, quando saiu do mesmo, Dulce colocava a mesa.

- Ouvi você tomando banho e fui esquentando a comida, você precisa se alimentar e tomar remédio – falou assim que o viu entrar na sala e percebeu que ele estava de calça jeans e uma blusa bem arrumada. – Vai sair?

- Depois do jantar eu preciso ir embora, tenho um compromisso que quero resolver logo.

Dulce tragou a saliva lembrando-se que ele iria se encontrar com Natalia e assentiu. Esperou que ele se sentasse, para começar a servi-lo e se servi. Dessa vez comeram em silêncio e quando terminaram, Dulce outra vez disse que ele não precisa se preocupar, que ela limparia tudo.

Christopher terminou de se arrumar e quando chegou à cozinha viu uma caneca com o chá, um copo de água e um comprimido no balcão. Ele tomou o chá e o remédio outra vez sem reclamar e terminou quando ela se virou segurando uma sacola.

- Você vai para o apartamento do seu amigo depois? – ele assentiu e ela estendeu a sacola. – É mais canja, para você comer amanhã. Coloquei ingredientes do chá para você fazer e tomar, e o remédio.

- Obrigado, Dulce – sorriu docemente.

- Tem que tomar o chá até a tosse passar por completo, e os comprimidos por sete dias, mesmo que você fique melhor antes disso.

- Tudo bem, prometo que vou fazer isso.

Dulce o levou até a porta sentindo um aperto no peito e o abraçou com força, sentindo como ele envolvia sua cintura e a apertava contra si.

- Não pretendo demorar lá – falou para tranqüilizá-la. – E assim que eu chegar em casa, eu te ligo, vou precisar que me ensine a fazer o chá.

Ela assentiu e beijou a bochecha dele.

- Confio em você. 

Se despediram com outro abraço, Christopher beijou-lhe a testa e foi embora.

{ ♡ }

Dulce andava de um lado para o outro na sala, Christopher já havia ido embora há uma hora e ela já havia terminado de editar o vídeo, ou seja, não tinha mais nada em que pudesse se concentrar para tentar esquecer que ele tinha ido à casa de Natalia para dispensar ela.

As palavras dela ainda estavam em sua cabeça, lembrava-se da noite anterior e de como, mais uma vez, não havia terminado o que começou, e se preocupava com o que ele podia estar fazendo.

- Chega, Dulce! – falou consigo mesma. – Depois de tudo que nós falamos ontem, eu devo um voto de confiança a ele. Preciso deixar essa insegurança de lado ou vou perdê-lo de vez.

Decidida a não pensar nisso, ela tomou banho e deitou-se para dormir. Christopher estava doente, talvez tivesse chegado em casa e tivesse ido dormir. Não precisava ficar se preocupando com isso.

Mas quando o celular dela tocou e ela viu na tela uma foto sua com Christopher, ela sorriu aliviada e o atendeu rapidamente.

- Cheguei em casa agora, desculpa a hora, o Uber se perdeu no caminho.

- Tudo bem, ainda estou acordada – mordeu o lábio nervosa, queria perguntar como havia sido a conversa, mas tinha vergonha demais para isso. – Como você está se sentindo?

- Com sono – bocejou. – Acabei de guardar as coisas que me deu e deitei na cama, o remédio me deixa muito sonolento.

- Quer desligar? Eu entendo que queira dormir.

- Ainda não, quero falar com você – ela sorriu largamente. – Que horas tenho que tomar o próximo remédio?

- Às quatro da manhã, é bom colocar um despertador.

- Vou fazer isso - suspirou. – Não vai me perguntar da conversa?

Dulce ruborizou e demorou alguns segundos para responder.

- Não quero parecer enxerida...

- Mas você quer saber o que aconteceu?

- Sim, se você não se importar em falar.

- Besteira, Dulce – desdenhou. – Eu pedi desculpas, caso tivesse lhe dado alguma esperança, disse que nunca havia sido minha intenção magoá-la, mas que eu estava interessado em outra pessoa e que não era certo estar com ela para lhe tirar da minha cabeça.

Dulce sentiu o coração acelerar com as palavras dele.

- Ela tentou me persuadir a mudar de idéia, mas lhe disse que isso não tinha como acontecer e vim embora. 

- Fico feliz que não tenha mudado de idéia então – admitiu. – Me desculpe ser tão confusa.

- Dulce, não se desculpe por isso. Gosto de você, de verdade. Só precisamos descobrir se queremos ser só amigos ou algo mais.

- Acho que isso não vai demorar acontecer...

- Concordo com você! Ah, aconteceu tanta coisa de ontem para hoje que esqueci de lhe perguntar, você está comendo direito?

­- Estou sim. Bom, não tão bem quanto quando você era responsável pela cozinha, mas eu estou testando algumas receitas aqui e ali, ou peço em algum restaurante.

- Se isso é verdade, então porque emagreceu tanto? Ontem quando estávamos...  – os dois suspiraram juntos - Bom, quando você chegou ao bar, eu tinha percebido que você tinha emagrecido, mas quando ficamos juntos, percebi que tinha emagrecido mais do que imaginei.

- É porque estou correndo – respondeu timidamente. – Às vezes saio para correr duas vezes no dia, e sempre corro mais que no dia anterior. Meu recorde foram treze quilômetros.

- E porque está correndo tanto assim? Antes eu tinha que te arrastar da cama...

- Quando eu corro, eu preciso me concentrar em dar um passo de cada vez e não cair,  desse jeito consigo não pensar em você – confessou envergonhada e o ouviu respirar fundo do outro lado.  – Estou tão magra assim?

­- Está, mas não pense que está menos bonita ou gostosa por causa disso, porque não está. Quando vi você nua em baixo de mim, tive medo de gozar antes mesmo de estar dentro de você – Dulce ruborizou, ele nunca havia sido tão direto assim antes. As lembranças da noite anterior invadiram sua mente, e ela sentiu seu corpo esquentar. – Desculpe falar as coisas assim... Você tira todo o meu autocontrole, Dulce.

- Tu-tudo bem – gaguejou nervosa. – Você também me deixou nesse estado ontem – admitiu rapidamente. - Agora é melhor você ir dormir, precisa descansar, Chris.

- Tudo bem, mas posso te ligar amanhã? Preciso que me ensine a fazer o chá.

- Pode me ligar sempre que quiser – sorriu largamente. – Boa noite, Chris.

- Boa noite, baixinha.