Fanfic: 101 coisas em 1001 dias | Tema: Vondy

- Aonde você vai? – Dulce perguntou sonolenta ao vê-lo se arrastar para fora da cama.

- Vou para o meu quarto, baixinha – a olhou com um leve sorriso. – Não quero que seus avôs acordem e nos encontrem dormindo juntos, não quero causar má impressão neles.

- Fica mais um pouco, até eu dormir de novo? – Pediu puxando-a pelo braço. – Gosto de dormir em seus braços.

Christopher sorriu com o pedido e sentiu seu coração se aquecer. Sem pensar duas vezes, vou a deitar na cama e sentiu ela se aninhando em seu peito.

- Se ficar deitada assim, vai acordar quando eu levantar.

- Essa é a intenção, assim você nunca vai sair daqui.

Christopher riu baixo e passou a acariciar os cabelos dela. Sentia a respiração suave de Dulce contra seu pescoço e sentia-se em paz daquele jeito. Não conseguia mais se enganar, estava apaixonado por ela, sentia uma enorme necessidade de lhe proteger e estar sempre presente. Dulce parecia corresponder seus sentimentos, mas seria apenas confusão? Tinha medo de se magoar e de magoá-la também.

Cerca de uma hora depois, quando ela já estava ferrada no sono, conseguiu se arrastar para fora da cama e caminhou para seu quarto sem fazer nenhuma zoada. Na manhã seguinte ainda teria de acordar cedo para fazer uma surpresa a ela.

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Antes mesmo de abrir os olhos, tateou a cama a procura dele, mas não o encontrou. Espreguiçou-se e então tomou coragem de abrir os olhos, tornando-o a fechar por causa da claridade. Com certeza sua avó tinha entrado ali e aberto a cortina para ela acordar.

Quando se adaptou a claridade, pegou o celular e viu que já passava das dez horas, se levantou, tomou um banho rápido e desceu, encontrando sua avó na cozinha.

- Bom dia, vó! - beijou-a na bochecha. – Porque me deixou dormir até tão tarde?

- Bom dia, minha filha! Vocês foram dormir tarde ontem, deixei você descansar bastante.

- Acho melhor ir chamar o Chris para tomar café!

- Seu namorado já tomou café – desdenhou com a mão.

- Vó, o Chris não é meu namorado – alertou sentando-se a mesa. – Ele é só meu amigo.

Maria olhou confusa para a neta enquanto cortava os legumes.

- Vocês não estavam ficando? Achei que o próximo passo seria o namoro e não voltarem à amizade.

- Estávamos... – suspirou. – Mas eu estava muito confusa com meus sentimentos e... Bem, a menina que ele ficava antes de mim apareceu um dia e eu meio que... Como posso dizer...

- Ele ficou com ela também, é isso? – franziu o cenho tentando entender.

- Não, não ficou. Mesmo que não tivéssemos nenhum compromisso, ele estava apenas comigo – admitiu em meio a um suspiro. – Mas eu estava muito confusa e fiquei com muito ciúme, então acabei afastando ele. Terminei algo que nem começamos.

Maria encarou a neta por longos segundos antes de assentir e começar a encher uma panela de água.

- E o que aconteceu depois?

- Bom, ficamos alguns dias nos evitando, e ele achou melhor ir morar no apartamento do amigo – confessou brincando com um copo. – Ficamos alguns dias sem nos falar e ele voltou a ficar com a menina.

- E mesmo assim o convidou para passar o natal aqui?

- Bom, alguns dias atrás nós conversamos, falei que estava confusa, falei do meu ciúme, combinamos de voltar a sermos amigos ate descobrir o que de fato sentimos.

- Minha filha, eu devo dizer que não precisa muito para perceber que está apaixonada por esse rapaz – Dulce sentiu o rosto esquentar de vergonha e abaixou a cabeça. – Mas você já sabe disso, então porque não contou para ele o que de fato sente?

- Não sei.

Dulce suspirou, nunca tinha conversado com sua avó sobre relacionamento antes, mas falar sobre aquilo com alguém estava sendo bom.

- Vó, quando sabemos que estamos prontas para nós entregarmos a alguém?

Maria arregalou os olhos e a olhou atentamente.

- Dulce, você é virgem? – perguntou surpresa e a neta assentiu envergonhada. – Sei que você só teve aquele namoradinho na escola e depois dele nunca soube de ninguém antes que o Christopher tivesse aparecido, mas... Bom, apesar de ser velha, sei que hoje em dia não precisa estar em um relacionamento para fazer essas coisas.

Dulce sentia o rosto quente de vergonha e evitava olhar para a avó.

- Nem mesmo com o Christopher aconteceu algo?

- Às vezes quando nos beijamos, sinto vontade de ir até o final, mas... Não sei, eu o interrompo antes disso, ou algo nos atrapalha, até ele, às vezes, se afasta e... Não sei, sinto depois que esse momento passa que eu não estava pronta e foi melhor assim.

- Foi por isso que terminou com ele? Ele te pressionava?

Dulce negou rapidamente com a cabeça e viu a avó sentar-se ao seu lado na mesa.

- Ele é um anjo, vó. Sempre carinhoso e atencioso, se digo não, ele para na mesma hora, só... Sinto-me tão confusa – sentiu os olhos lacrimejando. – Não quero perder ele.

Maria sentiu-se penalizada pelo sofrimento da neta, mas sorriu e segurou as mãos dela entre as suas.

- Eu estou surpresa com tudo isso – admitiu. – No seu aniversário, acordei muito cedo e estranhei a porta estar aberta, quando fui até a varanda, vi vocês dois dormindo juntos na rede, assim como ontem à noite. Você estava tão agarrada a ele, de uma forma tão íntima... Achei que vocês já tivessem feito sexo.

- Christopher me faz perder os sentidos das coisas, é como se tudo fosse novo, sabe?

Maria assentiu, lembrava-se perfeitamente de quando se apaixonou pelo seu marido. Lembrava-se de sofrer algo parecido com o que Dulce estava sofrendo.

- Querida, quando chegar a hora, seu coração vai lhe dizer. Você vai sentir uma vontade incontrolável de terminar o que começou, é mesmo que algo os interrompa, essa vontade não vai passar. Confie em seu coração.

- Obrigada, vó! Fico feliz em ter conversando com a senhora!

- Sei que sua mãe não esteve presente em sua adolescência para que vocês pudessem conversar sobre isso, e hoje me sinto arrependida de não ter sido mais aberta, mas saiba que sempre pode conversar comigo!

- Eu sei! Amo a senhora! - beijou-a no rosto. – Acho melhor ir procurar o Chris, não quero deixar ele sozinho.

- Ele saiu logo cedo com seu avô, foram até a cidade.

- Saiu com o vovô?

- Sim, ele estava acordado e não queria te acordar, então seu avô o levou junto para comprar algumas coisas na cidade.

- Tudo bem.