Fanfic: Tentadora Paixão | Tema: Adaptada Vondy

Uma das empregadas serviu o almoço, mas Dulce es­perou um pouco, com a esperança de que Christopher mudasse de idéia.
Esperou 15 minutos e desistiu. Christopher não iria almoçar com ela. Ela almoçou, saboreando a excelente refeição e fa­zendo o possível para não pensar no confronto seguinte com seu teimoso paciente.
Quando terminou, Dulce decidiu verificar como esta­va Christopher. Na biblioteca escura, ele ergueu a cabeça quan­do a ouviu entrar.
— Almoçou bem? — perguntou em grego. Ela se encolheu com a amargura em sua voz.
— Sim, obrigada. O senhor tem uma excelente cozinheira.
— Gostou da vista?
— Sim, é espetacular — concordou, embora tivesse pas­sado mais tempo pensando nele do que contemplando o pa­norama. Não se sentira envolvida assim com um caso em anos. Mas também passara anos sem trabalhar como enfer­meira.
Depois de se formar em enfermagem, trabalhara por três anos num hospital e resolvera voltar à escola para tirar o di­ploma de MBA, com especialização em administração médi­ca e hospitalar. Formada, encontrara logo um bom emprego, até decidir abrir sua própria agência, a pequena e exclusiva First Class Rehab.
Mas o caso de Christopher Uckermann era especial. Ele não melhorara sob os cuidados de sua agência, piorara. E para Dulce isso era inaceitável.
Pegou a agenda na pequena mesa onde a deixara mais cedo e sentou-se no sofá.
— Sr. Uckermann, sei que não quer uma enfermeira, mas precisa de uma. Na verdade, precisa de diversas.
— Por que não convoca uma frota? — perguntou com sarcasmo.
— Acho que farei isso. — Abriu a agenda e começou a escrever de novo. — Uma enfermeira que viva na casa para ajudar com banhos, higiene pessoal. De preferência um ho­mem. Alguém forte para erguê-lo na hora de sentá-lo e tirá-lo da cadeira, já que o senhor não parece disposto a andar.
— Não posso andar, sra...
— Srta. Saviñón — informou, antes de continuar. — E o senhor poderia andar se tivesse trabalhado com sua última terapeuta física. Todas tentaram, Sr.Uckermann, mas o se­nhor estava mais interessado em apavorá-las do que em fazer progressos.
Dulce escreveu mais duas notas, depois fechou a ca­neta.
— O senhor também vai precisar de uma terapeuta ocupacional, já que precisa de alguém para mudar seu estilo de vida. Se não quer melhorar, sua casa e seus hábitos terão de mudar. Rampas, mais um elevador, um banheiro e a piscina com parapeito e barras...
— Não — disse com raiva, o rosto se contraindo. — Nada de barras e parapeitos malditos nesta casa.
Ela abriu a caneta de novo.
— Talvez esteja na hora de pedirmos a ajuda de um psi­quiatra, alguém para avaliar sua depressão e recomendar uma terapia. Pílulas, talvez, ou sessões de análise.
— Nunca falarei... 
— O senhor está falando agora — disse sem emoção, es­crevendo outra nota e olhando Christopher Uckermann atentamente. Seu maxilar estava tenso e a raiva lhe endurecia a co­luna, melhorando sua postura, as mãos fechadas em punho.
Deus, pensou ela com uma batida desafiadora da caneta. Ele não desistiu de viver, apenas de ficar bom. Havia alguma coisa que ela e sua agência ainda poderiam fazer.
Olhou-o por um longo momento.
— Sessões de análise ajudarão a diminuir sua depressão, que está impedindo o senhor de se recuperar.
— Não estou deprimido.
— Então, alguém para tratar de seu rancor. Por que o se­nhor está rancoroso, Sr. Uckermann. Já prestou atenção no seu tom?
— Meu tom? — Ele se atirou nas costas da cadeira, as mãos dando pancadas nos aros das rodas — Meu tom? Você invade minha casa e me faz sermões sobre meu tom? Quem diabos você pensa que é?
A selvageria na voz assustou-a, e ela ficou calada
— Você acha que é tão boa, tão certa, tão segura de tudo? Mas seria tão segura se alguém puxasse o tapete sob seus pés? Seria tão indiferente?