Fanfic: Tentadora Paixão | Tema: Adaptada Vondy

Tomara pílulas para dormir. Ela não sabia quantas, nem quando, mas o vidro não estava lá quando estivera no quarto mais cedo. Havia recolhido os vidros da biblioteca e os guar­dara. Isso significava que tinha um suprimento secreto para usar quando quisesse, evidentemente com a cumplicidade de alguém da casa.
Dulce chamou Christopher pelo nome para acordá-lo.
Sem resposta. Chamou de novo.
— Sr. Uckermann, já passa de meio-dia, hora de acor­dar.
Nada.
— Sr. Uckermann.
Aproximou-se da cama e disse, em voz mais alta:
— Já passa do meio-dia, Sr. Uckermann. Hora de levan­tar. Não pode dormir o dia todo.
Christopher não se moveu. Também não estava morto. Mas, certamente, não tinha vontade de se levantar. Ela quase gritou:
— Christopher Uckermann, é hora de levantar.
Ele a ouviu. Como poderia não ouvir? Soava como uma buzina. Mas não queria acordar.
Queria dormir.
Precisava continuar dormindo, o sono profundo e sem so­nhos que fazia tudo parecer escuro, quieto e pacífico.
Mas a voz não parava, apenas se tornava mais alta.
Então, sentiu que os cobertores eram puxados e no mo­mento seguinte estava descoberto.
— Vá embora.
— E mais de meio-dia, Sr. Uckermann, hora de levan­tar. Sua primeira sessão de fisioterapia é em menos de uma hora.
E, então, se lembrou: não estava lidando apenas com uma velha enfermeira, mas com a enfermeira número 7. Dulce Saviñón, a enfermeira inglesa enviada para fazer de sua vida um inferno.
Ele se virou.
— Você não tem permissão para me acordar.
— Tenho, sim. Já passa do meio-dia e o senhor não pode dormir o dia todo.
— Por que não? Fiquei acordado a maior parte da noite.
— Sua primeira sessão de terapia física começa daqui a pouco.
— Você está louca.
— Nem louca, nem zangada. Apenas pronta para reco­meçar o tratamento, seguindo um programa apropriado de exercícios.
— Não.
Dulce não discutiu. De uma forma ou de outra ele re­tomaria a terapia física.
— Pano está chegando com seu café-da-manhã. Eu lhe disse que o senhor o tomaria na sala de jantar, como um ho­mem civilizado, mas ele insistiu em servi-lo na cama.
— Bom sujeito — disse Christopher.
— Mas este é o último dia em que será servido na cama. Não é um inválido, nem um príncipe. Pode comer à mesa como todo mundo.
Ela levou a cadeira de rodas para perto da cama.
— Sua cadeira está aqui, se precisar dela. Agora vou apa­nhar algumas coisas.
Pegou o vidro de remédio da mesa-de-cabeceira e foi ao banheiro, onde abriu gavetas e portas de armários. Voltou para o quarto com outros dois vidros de remédio nas mãos.
— O que está fazendo? — perguntou Christopher, sentando-se e ouvindo-a abrir e fechar gavetas em sua cômoda.
— Procurando o restante do seu suprimento secreto.
— Suprimento secreto de quê?
— O senhor sabe muito bem.
— Se soubesse, não perguntaria.
Ela encontrou outro vidro de pílulas na gaveta de cima da cômoda, atrás dos cintos.
— Quantas dessas pílulas está tomando?
— Tomo muito pouco... 
— Então, por que tem um estoque quê daria para encher uma farmácia?
Ele ficou em silêncio enquanto ela terminava de dar busca em seu quarto. Não encontrou mais nada, e esperava que não houvesse mesmo mais nenhum vidro.
— Agora o quê? — perguntou, quando Dulce juntou os vidros e saiu pelas janelas francesas do quarto, para a pis­cina.
— Apenas terminando o trabalho — disse, deixando as portas abertas e passando pelo pátio iluminado pelo sol em direção à piscina e à fonte.
— Isso é meu — ele gritou, furioso.
— Não é mais — ela respondeu.
— Não posso dormir sem elas...
— Poderia, se tivesse ar fresco e fizesse exercícios regu­larmente.
Dulce caminhava depressa, mas ouvia Christopher se es­forçar para se sentar na cadeira de rodas.
— Parakalo — pediu. — Por favor, espere um momen­to.
Ela esperou, por que era a primeira vez que o ouvia pedir por favor. Enquanto estava parada, ouviu Christopher bater com força na porta aberta, antes de recuar e sair. Com a mesma falta de jeito empurrou a cadeira pelo deque de pedras.
— Esperei — disse ela, andando de novo —, mas não vou devolvê-las. São tóxicas e lhe fazem mal.