Fanfic: Harry Potter e os Pesadelos do Passado | Tema: Harry Potter

CAPÍTULO

06

            A sensação foi como a de aparatar pela primeira vez. O ministério da magia desapareceu, tudo escureceu e todo o ar pareceu se solidificar ao redor dos três. Harry sentia Rony e Hermione segurando seu braço com todas as forças, as unhas dela já tinham feito profundas feridas em seu pulso. Então, o mundo se materializou, os três caíram esparramados no chão, aspirando grandes golfadas de ar.

            Harry manteve os olhos fechados por muito tempo. A sua volta, podia ouvir o barulho de água correndo pelo que julgou serem encanamentos que pareciam ter quilômetros de extensão, tamanho era o eco que faziam. Haviam vozes no ar também, vozes conhecidas. Ele ouviu os fragmentos de uma frase:

            –...Onde está Riddle? A última coisa que me lembro é dele saindo do diário...

            Harry arregalou os olhos e conseguiu conter um grito. Rony e Hermione estavam caídos no chão, assim como ele, e o encaravam absolutamente aterrorizados. Os três haviam voltado no tempo. Estavam na câmara secreta, em seu segundo ano em Hogwarts, com doze anos de idade.

Harry sabia que acabara de enfiar uma espada pelo cérebro do Basilisco de Salazar slytherin, e a voz que ouvira era de Gina, sua esposa, irmã de Rony, com 11 anos de idade.

            – Harry, não podemos ser vistos!  – Sussurrou Hermione, quando ele fez menção de se levantar.

            Ainda assim Harry se levantou, estavam dentro de um dos tantos encanamentos que o Basilisco usara para se movimentar por toda a escola sempre que era solto. Através de uma grade, Harry podia ver ele próprio, ao lado de Gina, mostrando para ela o diário de Tom Riddle, completamente destruído pelo dente do Basilisco. Acima dos dois, Fawkes, a Fênix de Dumbledore, voava serenamente, observando o grande corpo da serpente morta.

            Fawkes partiu em direção a entrada da câmara secreta e o Harry do passado conseguiu fazer Gina se levantar e seguir a ave. Quando os dois passaram pela entrada, as portas de pedra se fecharam com um silvo agudo, selando a câmara com os Harry, Rony e Hermione do presente dentro.

            Rony se levantou, amparou Hermione e então se virou para Harry, tentando se controlar, sem muito sucesso.

            – Por que você foi tocar naquele armário? – Explodiu.

            – Eu, não...

            – Quim só pediu uma coisa! – Exclamou Rony. – Não toque no armário! Onde você estava com a cabeça?

            Harry tentou responder, mas não saiu som algum de sua boca. Rony continuou.

            – “Várias pessoas desapareceram”, “o armário é perigoso”, “está moldando o futuro das pessoas”. Será que você não teve avisos o suficiente? Olhe onde você nos meteu! Voltamos vinte e quatro anos no passado!

            – Rony! – Chamou Hermione, chorosa. – Tenho certeza de que Harry não fez por querer. O armário estava nos instigando, não lembra?

            Rony se virou furioso para ela.

            – Não venha defende-lo de novo! – E se virou mais uma vez para Harry. – Afinal o que você viu de tão importante que o fez tocar no armário?

            Harry murmurou alguma coisa inaudível.

            – O que disse?

            – Eu vi o Sirius, está bem? – Gritou, encarando Rony. – Ele estava lá, na minha frente, caindo pelo véu mais uma vez! Eu, não... eu não pensei...

            Rony o encarou com um mescla de raiva e pena, mas não deu o braço a torcer.

            – Esse é o seu problema, Harry, você nunca pensa.

            – Calem-se! Os dois, agora! Estão parecendo duas crianças!

            Rony jogou as mãos para o alto. Pela primeira vez ele percebeu que suas próprias roupas estavam grandes demais.

            – E o que você queria? Voltamos a ter doze anos!

            Hermione tentou falar alguma coisa, mas não conseguiu, se escorou em uma das paredes do encanamento e cobriu o rosto com as mãos. Rony caminhou em direção ao Basilisco, chutando pedras pelo caminho. E Harry ficou parado, sem saber o que fazer, nem sentir, nem pensar, simplesmente não lhe vinha nada em mente.

            Quando ele e Hermione usaram o vira-tempo juntos, em seu terceiro ano de escola, voltaram apenas algumas horas no passado e tudo o que tiveram que fazer para voltar ao presente foi esperar as horas passarem. Desta vez, porém, parecia que tinham voltado vinte e quatro anos no tempo, não podiam simplesmente esperar os anos passarem.

            – O que faremos, Mione? – Perguntou Harry.

            A garota tirou o rosto das mãos, várias lágrimas escorriam por suas faces e ela estava absolutamente aflita.

            – Harry, você conhece as regras: Não podemos ser vistos. Como você espera passar vinte e quatro anos se escondendo do mundo? Você... Rony, venha cá! Vocês precisam entender a gravidade da situação.

            Ela esperou Rony voltar, a cara emburrada e as orelhas vermelhas, arrastando os pés, antes de continuar.

            – Se é verdade que voltamos vinte e quatro anos no tempo, e me parece que é – ela sacudiu as mangas, longas demais para seus braços. – Tudo o que fizemos, tudo o que aconteceu nesse tempo, desapareceu. Esse período ainda existe, mas ainda está para acontecer, entenderam?

            Harry apanhou a varinha de fênix.

            – Então, você quer dizer que...

            – Sim, Harry. Neste momento, Sirius está em Azkaban, Você-sabe-Quem ainda não voltou a ter um corpo próprio, Dumbledore ainda está vivo, Dobby ainda está vivo. Nada do que vivemos até agora realmente aconteceu.

            – Mas então nós podemos... – balbuciou Harry.

            – Não! Nós não podemos fazer nada! – Exclamou Hermione. – Qualquer deslize que dermos, qualquer um, pode mudar tudo. Se qualquer um nos vir, pode mudar todo o futuro. Pode alterar o resultado da batalha de Hogwarts, Harry, e Voldemort vencê-lo!

            Harry engoliu em seco, finalmente entendo a magnitude do que estava acontecendo. Fitou Rony, que parecia tão pasmo quanto ele.

            – Então tudo o que fizemos até hoje foi em vão? – Perguntou Rony.

            Hermione balançou a cabeça, negativamente.

            – Tudo o que fizemos ainda vai acontecer da mesma maneira – Harry e Rony sentiram um fiozinho de esperança crescendo dentro de si, só para ele desaparecer completamente quando Hermione completou –, se, e somente se, ninguém nos ver, e não fizermos absolutamente nada que possa mudar, minimamente, o futuro.

            Harry levou as mãos à cabeça, desesperado.

            – Estamos ferrados! – Exclamou Rony. – Para começar, como vamos sair daqui sem ninguém nos ver? Estamos em Hogwarts, tem milhares de estudantes em todos os corredores.

            Harry teve que aceitar que o amigo estava correto. Aceitar isso mostrava o quão encrencados os três estavam, pois, de uma maneira ou de outra, teriam de sair dali alguma hora, nem que fosse quando o estomago mandasse.

            – Ficarmos parados aqui não vai ajudar...

            Harry parou de falar, observando Hermione atentamente. Os cabelos da amiga estavam se alongando, os dentes, que naquela idade eram um pouco maiores do que o normal, ficaram retos e perfeitos, e ela começou a crescer centímetro a centímetro diante de seus olhos.

 Quando Harry percebeu o que estava acontecendo quase foi tarde demais. Ele se jogou para a frente, agarrou Rony e Hermione com força e não os soltou mais enquanto o ar mais uma vez solidificava e eles eram jogados para um outro tempo, em outro lugar.

Mais uma vez a câmara secreta ficou vazia.