Fanfic: Os Cavaleiros da Energia Divina | Tema: Saint Seiya

Atena tinha sido selada de novo. O olhar surpreso dos cavaleiros mostrava raiva e incompreensão perante aquilo que se havia passado. O que teriam de fazer agora? Estavam sozinhos nisto? Poucas informações tinham e sentiam que algo de muito importante estava prestes a acontecer.

— Cavaleiros de ouro de Atena, permitam-me a intromissão...

Uma voz feminina chamou a atenção dos guerreiros. Era Liz, a fiel serva de Atena, muitas chamada por esta de "companheira de todas as horas".

— Diga o que pretende, serva. - pede, resmungando impaciente, Saga.

Liz aproximou-se do grupo e começou então a falar:

— Antes de mais, chegarão na próxima semana os novos futuros cavaleiros, que serão treinados por vós, a pedido de Atena. A deusa me incumbiu de vos informar caso algo lhe acontecesse aquando da vossa ressurreição.  

— Porquê nós?? - refilou Mask.

— E porquê agora?! Vamos entrar em batalha! - intrometeu-se Aldebaran de Touro.

— Avizinham-se tempos perigosos, cavaleiros. Mas quero vos falar de algo mais importante ainda. A deusa Atena estava convicta que os cavaleiros da energia divina tinham caído no esquecimento de todos, mas tal não é completa verdade. Em criança, a minha mãe contava-me inúmeras histórias, contos magníficos dos quais nunca me esqueci, que mencionavam vezes sem conta esses guerreiros. E a vós, também, cavaleiros de ouro.

— Fale connosco acerca daquilo que sabe... - pediu Mu de Aries.

A atenção de todos os cavaleiros estava agora centrada naquilo que Liz iria dizer de seguida. 

— As histórias eram imensas, mas lembro-me de duas em especial. A primeira fala da era mitológica, em que os guerreiros foram vistos pela primeira  e última vez até agora. Eram cinco jovens formosos, incrivelmente bonitos, fazendo jus à tremenda força que possuíam. Diziam que Milky Way e Black Hole eram inimigos, apesar de lutarem juntos, Black Hole seria teoricamente o mais poderoso, mas tal não era visto na prática. Milky Way  absorvera e conseguia controlar na perfeição três sentimentos, amor, tortura e ódio. Seu poder era tão forte que ele chegava a conseguir que os seus inimigos desenvolvessem sentimentos de amor em seus corações, vencendo assim facilmente as batalhas. No entanto, Black Hole, também ele poderosíssimo, decidiu vingar-se  da boa fama do companheiro de batalha e camuflar o amor do coração de Milky Way. Este, cego pelo ódio e pela tortura, sem lembranças da sua alma amorosa massacrou mais de mil pessoas em segundos, dando-lhes a morte mais cruel que possam imaginar. 

— Como foi isso possível? Black Hole tinha poder suficiente para apagar um sentimento do coração de alguém? - questionou Aioria.

— Esqueci-me de referir que os restantes cavaleiros absorviam para si um sentimento, emoção ou estado, e Black Hole preferiu abdicar do seu para ver Milky Way destruir vidas. Mas eu não terminei a história de há pouco! Milky Way matou seu pai velhinho, sua irmã e sua mulher. Foi ao ver o olhar do filho de quatro anos que, aterrorizado, suplicava por piedade em lágrimas, que o guerreiro despertou do seu estado malvado. A sua dor foi de tal forma forte e angustiante que Milky Way não sobreviveu muito mais tempo. A mágoa consumia-o e as lembranças do que havia feito não lhe largavam a alma. Roubou um cavalo e correu por todo o mundo distribuindo amor, até cair por terra, morto de fome e sede, pois havia-se privado de tudo desde que saíra em viagem. Encontraram-no morto, junto a um rio.

O espanto dos dourados era inevitável. Choque e, ao mesmo tempo, dor. 

— Que crueldade, chega a fazer-me confusão como alguém é capaz de agir assim por inveja apenas... - intrometeu-se Dohko.

— Isso é apenas uma lenda, certo? - questionou Milo. - É que é um pouco difícil de acreditar nisso... 

— Qual era o sentimento absorvido pelo cavaleiro de Black Hole? - perguntou Shaka, serenamente.

— Vingança, cavaleiro. - suspirou a serva.

Os cavaleiros falavam entre si e tinham chegado à conclusão de que provavelmente o renascimento destes guerreiros fosse vir a trazer imensos problemas ao Santuário.

— Ficou a faltar uma história, Liz. - lembrou Mu.

— É verdade, mas não sei até que ponto esta lenda vos poderá ajudar. 

— Continue...

— Dizia-se que a energia poderosíssima de Milky Way foi sentida na Guerra Santa anterior a esta, ou seja, há mais de duzentos anos, quando Dohko e Shion lutaram juntos e sobreviveram. 

— COMO??! - exaltou-se Dohko.

— Foi sentida por menos de um segundo por Dégel de Aquário. Não se sabe bem ao certo o que aconteceu, mas crê-se que possa ter sido um pedido de socorro, visto que em milhares de anos nunca se voltara a manifestar.

— Pode ter sido um erro de Dégel?

— Apenas sei isto, cavaleiro.

Quase todos os guerreiros se começaram a dispersar. Saga permanecia sereno e com ar despreocupado, saindo de seguido em direção à casa de Gémeos.

Apenas Mu, Aldebaran e Dohko permaneceram juntos e ao lado de Liz.

— Atena falou-nos de um livro. - recomeçou a falar o cavaleiro de Touro.

— Não sei do que possa estar a falar.

— Nem onde o poderemos encontrar?

— Talvez na biblioteca da vila próxima ao santuário. Fui lá algumas vezes e reparei que tinham uma parte mais antiga, bem mais antiga do que a zona dos livros normais. E aquele local tem fama de ter livros raros, alguns que até podem ser abertos apenas por pessoas específicas. 

Mu rapidamente se ofereceu para ir até lá procurar.

— Conheço bem a vila, nunca entrei na biblioteca, mas sei onde fica. Deixarei aqui a minha armadura, para não causar estranheza entre os habitantes. Caso algo de estranho aconteça, a convocarei e trajarei em instantes.

— Não se esqueça que teremos de começar a treinar os novos cavaleiros em breve, Mu. E os seus conhecimentos são incrivelmente importantes nesta altura.

— Não se preocupe, mestre ancião. Eu não me magoarei, nem demorarei a voltar.

Dito isto, saiu em direção à vila, sem imaginar o que estaria prestes a começar. E o quanto aquela biblioteca iria definir o futuro. O seu futuro. O futuro do Santuário. O futuro de Atena.