Fanfic: Querido vampiro - Vondy - adaptada - TERMINADA

— Belinda não concordou comigo. Ela disse que Corey já havia sofrido muito e que estava fraco demais para suportar uma cirurgia de oito horas de duração. Tivemos uma discussão terrível. Nosso filho estava morrendo e nós estávamos gritando como loucos no corredor. Belinda achava que, se Corey tinha de morrer, que fosse em paz e sem sofrimento. Ela só estava pensando na criança, mas fui egoísta e insisti na cirurgia. A diferença de opiniões acabou criando um abismo entre nós. Por que as pessoas viram as costas uma para as outras quando mais precisam de ajuda?
— Não sei, Christopher. Quando coisas ruins acontecem, costumamos despejar a culpa e a revolta sobre aqueles que mais amamos. Talvez seja uma maneira de nos proteger contra sentimentos dolorosos demais.
— Talvez... — ele suspirou. — Quando Corey piorou e foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva, aproveitei que Belinda havia ido até em casa para descansar e apanhar algumas roupas e autorizei a cirurgia.
Havia uma dor tão intensa nos olhos de Christopher, que Dulce teve de respirar fundo para conter as lágrimas.
— Continue — Pediu.
— Ele morreu na mesa de operação. Nunca fui capaz de me perdoar por isso.
— Oh, Christopher! — Ela o abraçou. — A culpa não foi sua. Você tomou a única decisão possível naquelas circunstâncias. Não deve continuar culpando-se pelo que aconteceu.

— Belinda me culpou. Disse que eu matei nosso filho com meu egoísmo e as coisas nunca mais foram às mesmas entre nós.
— O que aconteceu?
— Nós nos divorciamos algumas semanas depois do enterro de Corey.
Dulce abraçou-o e Christopher mergulhou em sua aceitação silenciosa. Ela não o culpava, nem o considerava o monstro que Belinda o acusara de ser. Desabafar com Dulce havia sido um alívio,e talvez fosse hora de lhe contar tudo de uma vez.
— Há mais uma coisa que deve saber sobre mim. - Ele murmurou, soltando-se do abraço carinhoso e apoiando-se no encosto da cama.
— Estou ouvindo.
— Uma semana depois do funeral de Corey, vendi minha primeira novela. Estava escrevendo havia anos, mas só vendia alguns artigos, o suficiente para arcar com parte das despesas da casa. O que eu realmente queria era escrever ficção. E quando finalmente aconteceu, estava tão devastado que nem dei importância.
— Você é escritor? Mas eu pensei…
— Eu nunca disse que era carpinteiro. Fiz alguns trabalhos para ajudar meu pai e ganhar dinheiro enquanto estava na universidade, mas foi só isso.
— Escritor! Por isso trabalha à noite e dorme durante o dia!
— A princípio só queria evitar as interrupções, mas depois percebi que a escuridão me inspirava. Adquiri o hábito de fazer compras em San Antônio para fugir da curiosidade dos moradores de Jacinta. Ninguém sabe quem sou realmente.

— E quem você é? Realmente…
— Jonathan Dark. - Ele disparou sem rodeios. Dulce ficou perplexa. Christopher Uckermann e Jonathan Dark eram a mesma pessoa? O escritor que os críticos chamavam de Mestre das Sombras?
— Diga alguma coisa. - Ele pediu.
— Não sei o que dizer. — Agora que conhecia sua história, compreendia de onde tirava as idéias sombrias com que enchia as páginas de seus livros. Jonathan Dark povoava seus contos com criaturas da noite num esforço para exorcizar os demônios que assombravam Christopher Uckermann, um homem culpado e perseguido pelo passado. — Acho que entendo por que aceitou conhecer as. crianças, afinal. Sentiu-se responsável pelo fascínio deles por vampiros.
— Bem, você disse que Mark havia aprendido tudo nos livros de Jonathan Dark.
— Mas… Por que aceitou trabalhar para mim? Como escritor famoso e reconhecido, não precisa do dinheiro.
— Não pretendia aceitar o dinheiro. Queria usar o trabalho como uma válvula de escape para a tensão, uma forma de reencontrar a inspiração que havia perdido. Além disso, gostei de me sentir útil, de fazer as refeições nos horários certos e com uma família de verdade.
— Virou sua vida de cabeça para baixo e trabalhou como um louco por comida e companhia?
— Fiz isso por você, Dulce. Senti-me atraído desde aquela primeira noite, quando a vi em minha varanda.

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