Fanfic: Querido vampiro - Vondy - adaptada - TERMINADA

Uckermann deu um passo à frente e ela finalmente pôde vê-lo. Não era velho e devia ter cerca de um metro e oitenta de altura, bem distribuídos. Os cabelos negros precisavam de um bom corte e a barba não via cuidados há três dias, pelo menos. A camisa preta e a calça jeans estavam amassadas, como se houvesse dormido com elas. Seus olhos eram desconfiados por trás das lentes dos óculos e os dentes brancos alinhavam-se em fileiras perfeitas. Não, definitivamente, Uckermann não era um vampiro, mas ainda podia ser um pervertido.
— O que quer, sra. Saviñon?
— Eu… Gostaria que fosse almoçar em minha casa amanhã.
O convite o pegou de surpresa.
— Não, obrigado. Boa noite.
— É sempre tão rude?
— Só quando tenho de me livrar de pessoas estranhas e inconvenientes.
— Estou apenas tentando ser simpática.
— Não se preocupe com isso, sra. Saviñon. Não preciso de sua simpatia.
Gostaria de mandá-lo para o inferno, mas precisava tranqüilizar a imaginação dos filhos e só ele poderia ajudá-la.
— Não é um homem muito gentil.
— Tem razão. Pela última vez, boa noite, sra. Saviñon.
— Ainda tenho algo a dizer — Ela apressou-se, sentindo que ele pretendia fechar a porta.
— Então seja breve, por favor. Estou ocupado. Fazendo o quê? A casa estava escura e o silêncio era absoluto, exceto pela respiração do cachorro. Ou seriam as batidas das asas dos morcegos?

— Meus filhos pensam que você é um vampiro e dorme num caixão em sua sala de estar.
Christopher sorriu. Numa cidade pequena como Jacinta, fofoca e especulação eram apenas passatempos sem nenhuma maldade e sabia que era a principal fonte de rumores. Ouvira algumas coisas do encanador, mas nada tão divertido quanto a teoria dos filhos dessa encantadora vizinha.
— E você, o que acha? — Devolveu, tentando conter o riso.
— Acho que você é um ermitão com delírios paranóicos e uma possível agorafobia. Mesmo assim, gostaria que fosse à minha casa e provasse àquelas crianças teimosas que não é um vampiro.
Uckermann sorriu e Dulce sentiu-se desarmada pela beleza inesperada de seus traços.
— Lamento, mas não posso ajudá-la. - Ele respondeu. — Durmo durante o dia. — Preferia trabalhar à noite, quando podia concentrar-se melhor. A escuridão e o silêncio o inspiravam e também o mantinham protegido contra os tipos diurnos.
— Dorme num leito de terra da Transilvânia?
— Se quer mesmo saber, prefiro um colchão de água. —Problemas na coluna?
— Mais ou menos. - Ele admitiu.
Dulce sentiu-se encorajada com a conversa.
— Posso me sentar? — E acomodou-se numa das cadeiras de vime da varanda sem sequer esperar pela resposta. — Sr. Uckermann, sei que não me conhece e que não tem motivos para se preocupar com meus problemas, mas preciso de sua ajuda.

Nesse momento uma criatura negra e peluda surgiu na varanda, assustando-a. O cão! Katie tinha razão. Era mesmo horroroso e enorme. Mas parecia amistoso ou não teria apoiado a cabeça em seu colo.
— Não tenha medo de Klute. — Christopher avisou. — Ela é grande, mas nunca fez mal a ninguém.
— Meu filho acredita que ela seja da família. Sabe o que isso significa?
— Sei. Espero que ela não tenha assustado as crianças.
— Vão sobreviver. Quanto a mim… Essa história de vampiro está me enlouquecendo. Andy insiste em dizer que viu um caixão em sua sala.
— No escritório. - Ele corrigiu. —Você e seu marido deviam ensinar aos seus filhos o significado da palavra privacidade.
Então havia mesmo um caixão!
— Sou viúva, sr. Uckermann e tenho feito o melhor que posso. Enterrei todo o dinheiro que tinha em Jacinta Inn e trabalho noite e dia para concluir a reforma.
— Jacinta Inn?
— E o nome que pretendo dar à minha casa quando a transformar numa pousada, o que deve acontecer dentro de alguns meses.
— Deve ser maluca. Aquele lugar está caindo aos pedaços!
— Tem razão. Se Jonathan Dark queria escrever algo realmente assustador, devia ter escolhido o tema reforma.
— Jonathan Dark?
— O escritor de contos de horror. Ele é o principal culpado pela imaginação ativa de meus filhos. Talvez tenha de bani-lo de nossa biblioteca para impedir Mark de continuar assustando o irmão e a irmã.
— Que coisa!