Fanfic: Querido vampiro - Vondy - adaptada - TERMINADA

Mas não foi tão fácil quanto imaginava. Na verdade, jamais se sentira tão pouco confortável em sua vida, apesar da camiseta que a dona de casa havia lhe emprestado enquanto secava sua camisa. O problema eram os três pares de olhos assustados cravados em seu rosto dos diferentes pontos da mesa.
Dulce suspirou. Até então havia sido a única a falar, enquanto todos os outros trocavam olhares desconfiados.
— Espero que goste de sopa e sanduíches de atum, sr. Uckermann.
— Sim, eu gosto. Obrigado.
— Ouvi dizer que o rodeio anual de Jacinta acontecerá no próximo mês. É tão divertido quanto parece?
— Nada é tão divertido quanto espera que seja.
— Ah… Mora em Jacinta há muito tempo?
— Não. Sou de Chicago.
— Nós somos de Dallas. Alfonso e eu sempre quisemos nos mudar para um lugar como esse e criar nossos filhos no campo.
— Humm.
— Nosso pai morreu no cumprimento do dever. — Andy explicou.
— Sinto muito. — Christopher ofereceu, subitamente perturbado.
— Papai era um policial. Um herói — Mark complementou.
Dulce notou que Christopher ainda não comera nada.
— Algum problema com a comida?
Mark e Andy trocaram um olhar significativo e Christopher compreendeu que estava sendo testado.
— Não… A comida parece ótima — Disse, lamentando o momento em que decidira aceitar o convite da vizinha. Devia ter tomado um banho frio. Mas que estava ali…

Dulce esperou que ele provasse a sopa e olhou para o filho mais velho com ar triunfante.
— Por que tem um caixão em sua casa? — Katie perguntou de repente, agarrando o colar de alhos.
— Katie! — A mãe a censurou.
— O caixão foi presente de uma amiga — Christopher explicou relutante, arrependido por não ter se mantido afastado das pessoas, especialmente das crianças.
— Aposto que essa amiga mora na Transilvânia — Mark arriscou.
- Talvez seja da família do próprio Conde Drácula - Andy arregalou os olhos.
— Já chega — Dulce censurou os filhos com firmeza.
— O sr. Uckermann é nosso convidado e não vou admitir esse comportamento rude.
Os dois abaixaram as cabeças e resmungaram um pedido de desculpas.
— Minha amiga chama-se Anahi Portilla e mora em Nova York. — Christopher explicou.
— Ela ainda é sua amiga, mesmo depois daquele presente? — Katie torceu o nariz.
— Sim, ainda somos amigos. — Embora fosse um relacionamento profissional, Anahi era a única pessoa com quem conversava ultimamente. Com exceção dos pais, conseguira alienar todos os amigos e conhecidos ao deixar Chicago. Mas Anahi recusara-se a ser ignorada e o perseguira até forçá-lo a manter aberto o canal de comunicação. Seu esforço valera a pena para as duas partes envolvidas.
O presente macabro havia sido produto de seu senso de humor sombrio. — Foi apenas uma brincadeira, Katie.

Dulce não gostava do brilho que via em seus olhos ao falar de Anahi Portilla. Era evidente que a mulher tinha uma grande importância em sua vida e por alguma razão, isso a aborrecia.
— Não comeu o sanduíche, sr. Uckermann. Não gosta de atum? — Ela perguntou, notando o brilho triunfante nos olhos dos filhos.
— Gosto, mas prefiro não comer porque…
— Se também é contra a pesca indiscriminada, devo adverti-lo que só compro as marcas com o selo de aprovação das entidades ecológicas.
— Nesse caso… — Christopher apanhou o sanduíche e comeu-o com vontade.
— Quer mais um? — Mark ofereceu, relutando em aceitar as evidências.
— Sim, obrigado. Não tive tempo para tomar café esta amanhã e só agora percebi o quanto estava faminto.
Dulce sentiu vontade de perguntar qual era sua atividade, mas ele provavelmente responderia que o assunto não era de sua conta. Além do mais, o propósito do convite havia sido provar aos filhos que o vizinho não era um vampiro, e o plano parecia ter funcionado. Depois da sobremesa, um pudim de creme de bananas com merengue, as crianças pediram licença e saíram da sala, provavelmente para discutir os últimos eventos.