Fanfics Brasil - Capítulo 29 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 29 (3ª Temporada)

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Christopher



Meus pulsos ardem por causa da algema de plástico com a qual o guarda me prendeu. Corro as pontas dos dedos pelo queixo para conferir se estou sangrando.
– Você está bem? – pergunta Reggie.
Faço que sim com a cabeça. Já tive ferimentos piores. Já levei golpes mais fortes do que a coronhada que o soldado me deu no queixo ao me prender. Seus olhos estavam cheios de raiva.
Mary e Rafi estão sentados a poucos metros de distância. Rafi pressiona um punhado de gaze contra o braço ensanguentado. Um guarda está parado entre nós e eles, mantendo-nos separados. Quando olho para eles, Rafi me encara de volta e assente com a cabeça, como se dissesse, Você foi bem.
Se fui tão bem assim, por que me sinto nauseado?
– Ouça – diz Reggie, aproximando-se de mim. – Nita e as pessoas da margem vão assumir a culpa. Vai ficar tudo bem.
Assinto com a cabeça mais uma vez, mas não estou convencido. Tínhamos um plano B para o caso provável de sermos detidos, e o seu sucesso não me preocupa. O que me preocupa é a demora para lidarem conosco e a maneira casual como tudo ocorreu. Estamos sentados e encostados à parede de um corredor vazio desde que eles apreenderam os invasores, há mais de uma hora, e ninguém veio nos dizer o que vai acontecer conosco ou perguntar qualquer coisa.
Ainda não vi Nita.
Sinto um gosto amargo. O que quer que tenhamos feito parece tê-los abalado, e nada abala tanto as pessoas quanto vidas perdidas.
Por quantas dessas vidas perdidas eu sou responsável porque participei disso?
– Nita me disse que eles iriam roubar o soro da memória – falo para Reggie, e tenho medo de olhar para ele. – É verdade?
Reggie olha para a guarda que está parada a alguns metros de nós. Eles já gritaram conosco antes porque estávamos conversando.
Mas já sei a resposta.
– Era mentira, não era? – pergunto. Dul tinha razão. Nita estava mentindo.
– Ei! – A guarda caminha até nós e enfia o cano da arma entre mim e Reggie.
– Afastem-se. Vocês estão proibidos de conversar.
Reggie se move para a direita, e eu encaro a guarda.
– O que está acontecendo? – pergunto. – O que houve?
– Ah, até parece que você não sabe – responde ela. – Agora, cale a boca.
Eu a observo se afastar, depois vejo uma garota ruiva e pequena aparecer no fim do corredor. Dul. Um curativo cobre sua testa, e há manchas de sangue com o formato de dedos em suas roupas. Ela está segurando um pedaço de papel com firmeza.
– Ei! – diz a guarda. – O que você está fazendo aqui?
– Shelly – diz o outro guarda, correndo até ela. – Acalme-se. Esta é a garota que salvou David.
A garota que salvou David? Do que exatamente?
– Ah. – Shelly baixa a arma. – Bem, mesmo assim, minha pergunta faz sentido.
– Eles me pediram para trazer um informe para vocês – diz Dul ao oferecer o papel para Shelly. – David está em recuperação. Ele sobreviverá, mas não sabem dizer quando conseguirá andar novamente. A maioria dos outros feridos já foi tratada.
O gosto amargo em minha boca fica mais forte. David não pode andar. E, durante todo esse tempo, eles estiveram ocupados cuidando dos feridos. Toda essa destruição, para quê? Eu nem sei. Não sei a verdade.
O que será que eu fiz?
– Eles já sabem o número de mortos? – pergunta Shelly .
– Ainda não – responde Dul.
– Obrigada por nos avisar.
– Ouçam... – Ela apoia todo o seu peso em um só pé. – Preciso conversar com ele.
Ela me indica com a cabeça.
– Não podemos... – começa a dizer Shelly .
– Só por um segundo, juro – diz Dul. – Por favor.
– Deixe-a falar com ele – fala o outro guarda. – Que mal poderia fazer?
– Está bem – concorda Shelly . – Você tem dois minutos.
Ela acena para mim, e eu uso a parede para me levantar, minhas mãos ainda presas na frente do corpo. Dul se aproxima, mas não muito. O espaço e seus braços cruzados formam uma barreira entre nós que poderia ser um muro. Ela olha para algum lugar abaixo dos meus olhos.
– Dul, eu...
– Você quer saber o que seus amigos fizeram? – pergunta ela. Sua voz está trêmula, e não cometo o erro de achar que é de choro. Sua voz está trêmula de raiva. – Eles não planejavam pegar o soro da memória. Eles queriam o veneno, o soro da morte. Para assassinar um monte de gente importante do governo e começar uma guerra.
Olho para baixo, para as minhas mãos, para os ladrilhos, para as pontas dos
meus sapatos. Uma guerra.
– Eu não sabia...
– Eu estava certa. Eu estava certa, e você não me deu ouvidos. De novo – diz ela baixinho. Seus olhos encaram os meus, e percebo que não quero o contato visual que desejava porque ele me desmonta, pedaço por pedaço. – Uriah estava
parado bem diante de um dos explosivos que eles detonaram para causar distrações. Ele está inconsciente, e não se sabe se vai acordar.
É estranho como uma palavra, uma expressão, uma frase, podem parecer um golpe na cabeça.
– O quê?
Tudo o que consigo ver é o rosto de Uriah quando ele aterrissou na rede depois da Cerimônia de Escolha, o seu sorriso animado quando eu e Zeke o puxamos para a plataforma. Ou ele sentado no estúdio de tatuagem, puxando a orelha para a frente a fim de que não atrapalhasse Maite enquanto ela pintava a cobra em sua pele. Uriah talvez não acorde? Uriah, perdido para sempre?
E prometi. Prometi a Zeke que cuidaria dele, prometi...
– Ele é um dos últimos amigos que tenho – diz ela com a voz fraca. – Acho que nunca mais conseguirei olhar para você da mesma maneira.
Ela vai embora. Ouço a voz abafada de Shelly pedindo para que eu me sente e caio de joelhos, deixando os pulsos descansarem sobre as minhas pernas. Luto para encontrar uma forma de escapar disto, deste horror em relação ao que fiz, mas não há qualquer lógica sofisticada capaz de me liberar; não há qualquer saída.
Cubro o rosto com as mãos e tento não pensar, tento não imaginar absolutamente nada.


 


 


 


                                                         + + +


 


 


 


A luz do teto da sala de interrogatórios projeta um círculo difuso sobre o centro da mesa. É nele que mantenho os meus olhos ao narrar a história que Nita me contou, que é tão próxima da verdade que não tenho nenhuma dificuldade em relatá-la. Quando termino, o homem que a está registrando digita as últimas frases em uma tela, e letras aparecem nos lugares em que ele toca do vidro.
Então, uma mulher chamada Angela, que está atuando como substituta de David,
diz:
– Então, você não sabia por que Juanita pediu para você desabilitar o sistema de segurança?
– Não – respondo, e isso é verdade. Eu não sabia o motivo real; o que eu sabia era uma mentira.
Eles colocaram todos os outros sob o efeito do soro da verdade, mas não a mim. A anomalia genética que permite que eu fique consciente durante as simulações também sugere que eu talvez seja resistente a soros, e, por isso, um testemunho meu sob efeito do soro da verdade não seria confiável. Desde que a minha história bata com as dos outros, eles acreditarão que estou falando a verdade. Não sabem que, há algumas horas, todos nós fomos inoculados contra o soro da verdade. O informante de Nita entre os GPs deu a ela o soro de inoculação há meses.
– Então, como ela o convenceu a fazer aquilo?
– Somos amigos – digo. – Ela é, ou era, uma das minhas únicas amigas aqui. E pediu que eu confiasse nela, disse que era por um bom motivo, e eu concordei.
– E o que você acha da situação agora?
Enfim olho para ela.
– Nunca me arrependi tanto de algo na minha vida.
Os olhos duros e claros de Angela se suavizam um pouco. Ela assente com a
cabeça.
– Bem, a sua história bate com o que os outros nos disseram. Como você é novo nesta comunidade, não tinha ciência do plano e é geneticamente deficiente, estamos inclinados a ser clementes. Você está condenado à liberdade
condicional. Deverá trabalhar para o bem desta comunidade e ter comportamento exemplar durante um ano. Você não terá permissão de entrar em nenhum laboratório ou aposento privado. Não deixará este complexo sem permissão prévia. Todo mês, deverá se apresentar ao oficial de condicional, que lhe será designado ao final do nosso processo. Você entende esses termos?
Com as palavras “geneticamente deficiente” pairando em meu cérebro, eu
assinto e digo:
– Sim, entendo.
– Então, terminamos aqui. Você está livre. – Ela se levanta, empurrando a cadeira para trás. O homem que estava registrando o testemunho também se levanta, guardando a tela em sua bolsa. Angela toca na mesa para que eu olhe para ela.
– Não seja tão duro consigo mesmo – diz ela. – Você é muito jovem, sabe?
Não acho que a minha idade seja uma desculpa para o que fiz, mas aceito a tentativa de gentileza dela sem protestar.
– Posso saber o que vai acontecer com Nita? – pergunto.
Angela contrai os lábios.
– Quando ela se recuperar dos ferimentos, será transferida para a nossa prisão, onde passará o resto da vida.
– Ela não será executada?
– Não. Não acreditamos em pena capital para os geneticamente danificados.
– Angela caminha em direção à porta. – Afinal, não podemos nutrir as mesmas expectativas comportamentais em relação aos geneticamente danificados que nutrimos pelos que têm genes puros.
Com um sorriso triste, ela deixa a sala sem fechar a porta. Permaneço sentado por alguns segundos, absorvendo o impacto de suas palavras. Queria acreditar que eles estavam errados a respeito de mim, que não sou limitado pelos meus genes, que não sou mais danificado do que qualquer outra pessoa. Mas como isso pode ser verdade, quando minhas ações levaram Uriah para o hospital, quando Dul não consegue nem olhar nos meus olhos, quando tantas pessoas morreram?
Cubro meu rosto e trinco os dentes enquanto as lágrimas escorrem, absorvendo a onda de desespero como se ela fosse um punho a me golpear.
Quando enfim me levanto para ir embora, as mangas da minha camisa, usadas para enxugar o meu rosto, estão úmidas, e meu queixo dói.



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Autor(a): Fer Linhares

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Dul – você já conseguiu entrar?Cara está em pé ao meu lado de braços cruzados. Ontem, Uriah foi transferido do seu quarto isolado para um quarto com janela, acho que para evitar que ficássemos perguntando sobre ele o tempo todo. Anahí está sentada ao lado da cama, segurando sua mão inerte.Pen ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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