Fanfics Brasil - Capítulo 31 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 31 (3ª Temporada)

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Christopher



Não posso voltar para os olhares acusatórios e as perguntas silenciosas das pessoas do dormitório. Sei que também não deveria voltar para a cena do meu enorme crime, apesar de não ser uma das áreas restritas onde sou impedido de entrar, mas sinto que preciso ver o que está acontecendo na cidade. Como se precisasse lembrar que existe um mundo além deste, onde não sou odiado.
Caminho até a sala de controle e me sento em uma das cadeiras. Cada monitor na estrutura acima mostra uma parte diferente da cidade: o Merciless Mart, o saguão da sede da Erudição, o Millenium Park, o pavilhão do lado de fora do edifício Hancock.
Durante muito tempo, vejo as pessoas perambularem pela sede da Erudição usando as braçadeiras dos sem-facção e com armas nas cinturas, trocando palavras rápidas e distribuindo latas de comida para o jantar, um hábito antigo dos sem-facção.
De repente, ouço alguém da sala de controle dizer para um dos colegas de
trabalho:
– Lá está ele.
Vasculho os monitores para encontrar a pessoa de quem estão falando. De
repente, eu o vejo, parado diante do edifício Hancock: Víctor, perto da porta da
frente, conferindo o relógio.
Levanto-me e levo o dedo indicador à tela para aumentar o som. Por um instante, ouço apenas o sopro do vento saindo dos autofalantes sob a tela, mas depois ouço passos. Johanna Rey es se aproxima do meu pai. Ele oferece a mão
para cumprimentá-la, mas ela o ignora, e meu pai fica com a mão pairando no ar, como uma isca que ela não mordeu.
– Eu sabia que você tinha ficado na cidade – diz ela. – Estão procurando você
por toda a parte.
Algumas pessoas na sala de controle param atrás de mim para assistir. Quase não as noto. Estou vendo o meu pai abaixar o braço, cerrando o punho.
– Por acaso fiz alguma coisa que a ofendeu? – pergunta Víctor. – Contatei você porque pensei que fosse minha amiga.
– Pensei que você tivesse me contatado porque sabe que ainda sou a líder dos Leais e porque você quer uma aliada – diz Johanna, virando o pescoço para deixar uma mecha de cabelo cair sobre seu olho marcado pela cicatriz. – E, dependendo de qual for o seu objetivo, ainda posso ser sua aliada, Víctor, mas acho que nossa amizade não existe mais.
Víctor franze as sobrancelhas. Meu pai aparenta ter sido um homem bonito, mas, à medida que envelhecia, as bochechas se tornaram ocas, e as feições, duras e rígidas. Seu cabelo, raspado rente à cabeça, no estilo da Abnegação, não ajuda a melhorar essa impressão.
– Eu não entendo – diz Víctor.
– Conversei com alguns dos meus amigos da Franqueza – diz Johanna. – Eles me contaram o que o seu filho disse sob o efeito do soro da verdade. Aquele
boato asqueroso que Jeanine Matthews espalhou, sobre você e seu filho... era verdade, não era?
Meu rosto esquenta, e me encolho, curvando os ombros para a frente.
Víctor balança a cabeça.
– Não, Christopher...
Johanna levanta a mão. Ela fala de olhos fechados, como se não suportasse olhar para ele.
– Por favor. Observei a maneira como o seu filho se comporta e como a sua esposa se comporta. Sei como são pessoas marcadas pela violência. – Ela prende o cabelo atrás da orelha. – Sabemos reconhecer aqueles que são como nós.
– Você não pode acreditar mesmo... – Víctor começa a dizer, depois balança a cabeça. – Sim, sou disciplinador, mas só queria o melhor...
– O papel de um marido não é disciplinar a mulher – diz Johanna. – Nem mesmo na Abnegação. E, quanto ao seu filho... bem, digamos apenas que acredito, sim, que você seja capaz de uma coisa dessas.
Os dedos de Johanna tocam a cicatriz em sua bochecha. Sou sobrepujado pelo ritmo do meu coração. Ela sabe. Ela sabe, não por ter me ouvido confessar a minha vergonha na sala de interrogação da Franqueza, mas simplesmente porque sabe, porque já passou por isso também, tenho certeza. Quem será o culpado?
Sua mãe? Pai? Ou outra pessoa?
Parte de mim sempre se perguntou o que meu pai faria se fosse confrontado com a verdade. Imaginei que talvez ele fosse se transformar do modesto líder da Abnegação para o pesadelo com o qual eu vivia em casa, que talvez ficasse agressivo e revelasse quem de fato é. Seria uma reação satisfatória para mim, mas não é o que acontece.
Ele apenas fica parado, com um olhar confuso, e, por um momento, pergunto-me se de fato está confuso, se, em seu coração doentio, ele acredita nas próprias mentiras sobre me disciplinar. Esse pensamento cria uma tormenta dentro de mim, um ronco de trovão e um tufão de vento.
– Agora que já fui honesta com você – diz Johanna, um pouco mais calma –, pode me dizer por que pediu que eu viesse aqui.
Víctor muda de assunto como se nunca tivesse discutido o tópico anterior.
Vejo nele um homem que se divide em compartimentos e que consegue mudar de um para o outro à vontade. Um desses compartimentos era reservado apenas a minha mãe e a mim.
Os funcionários do Departamento aproximam a câmera, e o edifício Hancock
se torna apenas um fundo preto atrás de Víctor e Johanna. Sigo uma viga do outro lado da tela com os olhos, para não precisar olhar para ele.
– Alexandra e os sem-facção são tiranos – diz Víctor. – A paz na qual vivíamos nas facções, antes do primeiro ataque de Jeanine, pode ser restaurada, tenho certeza. E quero tentar. Acho que você também quer.
– Sim, quero – afirma Johanna. – Como acha que devemos fazer isso?
– Acho que você não vai gostar desta parte, mas espero que tente manter a mente aberta – responde Víctor. – Alexandra controla a cidade porque controla as armas. Se tirarmos as armas dela, ela perderá boa parte do seu poder, e poderemos desafiá-la.
Johanna concorda com a cabeça e arrasta o sapato no calçamento. Desse
ângulo, só consigo ver o lado liso de seu rosto, o cabelo cacheado e sem volume e
a boca grossa.
– O que você quer que eu faça? – pergunta ela.
– Permita que eu me junte a você na liderança dos Leais – sugere ele. – Eu era um dos líderes da Abnegação. Era quase o líder desta cidade. O povo vai se unir sob a minha liderança.
– O povo já se uniu – diz Johanna. – E não sob uma pessoa, mas sob o desejo de restaurar as facções. Quem disse que precisamos de você?
– Não quero menosprezar suas conquistas, mas os Leais ainda são insignificantes demais para representar algo além de um pequeno levante – diz Víctor. – Os sem-facção estão em maior número do que imaginávamos. Vocês precisam de mim, sim. E sabe disso.
Meu pai sabe convencer as pessoas sem ser carismático, mas nunca entendi direito como. Ele apresenta suas opiniões como se fossem fatos, e, de alguma forma, sua certeza absoluta convence as pessoas a acreditarem nele. Essa qualidade me assusta agora, porque sei o que ele me disse: que eu era fraco, que eu era inútil, que eu não era nada. Em quantas dessas coisas ele me convenceu a acreditar?
Percebo que Johanna está começando a acreditar nele, pensando no pequeno número de pessoas que conseguiu reunir em prol da causa Leal. Pensando no grupo que enviou para o lado de fora da cerca com Cara, de quem nunca mais teve notícias. Pensando em como está sozinha e em como Víctor possui um histórico de liderança. Quero gritar para ela através da tela para que não confie nele, para dizer que ele só quer voltar a assumir sua posição como líder das facções. Mas minha voz não pode alcançá-la. Nem que eu estivesse parado ao seu lado, ela a alcançaria.
Com cuidado, Johanna pergunta:
– Você pode me prometer que, sempre que possível, tentará limitar o nível de destruição que causaremos?
– É claro – responde ele.
Ela faz que sim outra vez, mas, agora, parece que o gesto é para si mesma.
– Às vezes, precisamos lutar pela paz – diz ela, mais para a calçada do que
para Víctor. – Acredito que esta seja uma dessas situações. E acredito mesmo que você seria útil e que as pessoas o seguiriam.
É o início da rebelião Leal que tenho esperado acontecer desde que fiquei sabendo da formação do grupo. Mesmo que isso parecesse inevitável para mim, desde que vi a maneira como Alexandra decidiu governar a cidade, sinto-me nauseado. Parece que as rebeliões nunca terminam, na cidade, neste complexo, em todo lugar. Existem apenas intervalos entre elas, e, tolos, chamamos esses breves períodos de “paz”.
Afasto-me do monitor com a intenção de deixar a sala de controle para respirar um pouco de ar puro, onde quer que eu consiga.
Mas, ao me afastar, vejo outro monitor, que mostra uma mulher de cabelo escuro andando de um lado para o outro em um escritório da sede da Erudição. Alexandra. É claro que eles exibem as imagens de Alexandra no maior monitor da sala de controle. Faz sentido.
Alexandra corre as mãos pelo cabelo, agarrando as mechas mais grossas. Ela desaba em um sofá, com papéis jogados no chão ao redor, e eu penso, Ela está
chorando, mas não sei por quê, já que não vejo seus ombros se mexendo.
Pelas caixas de som do monitor, ouço alguém bater à porta do escritório.
Alexandra se ajeita, arruma o cabelo, enxuga o rosto e diz:
– Entre!
Therese entra no escritório com a braçadeira dos sem-facção desarrumada.
– Acabo de receber uma informação das patrulhas. Disseram que não viram qualquer sinal dele.
– Ótimo. – Alexandra balança a cabeça. – Eu o exilo, e ele fica na cidade. Deve estar fazendo isso apenas para me irritar.
– Ou talvez tenha se juntado aos Leais, e eles o estão abrigando – sugere
Therese, lançando o corpo sobre uma das cadeiras do escritório. Ela torce um
dos papéis no chão com as solas da bota.
– Sim, claro. – Alexandra apoia o braço na janela e se inclina, olhando para a cidade abaixo e para o pântano, mais além. – Obrigada pela informação.
– Nós o encontraremos – diz Therese. – Ele não pode ter ido muito longe.
Prometo que o encontraremos.
– Só quero que ele vá embora – diz Alexandra com a voz sufocada e baixa como a de uma criança. Será que ela ainda sente medo dele, como eu sinto, como um pesadelo que continua a reaparecer durante o dia? O quão semelhantes eu e minha mãe somos por dentro, onde realmente importa?
– Eu sei – diz Therese, deixando o escritório.
Fico parado por um longo tempo, observando Alexandra olhar pela janela com os dedos trêmulos.
Sinto que me tornei algo entre a minha mãe e o meu pai, violento e impulsivo, desesperado e receoso. Sinto que perdi o controle sobre o que me tornei.



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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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