Fanfics Brasil - Capítulo 32 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 32 (3ª Temporada)

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Dul



David pede que eu compareça ao seu escritório no dia seguinte, e temo que ele se lembre da maneira que o usei como escudo humano enquanto me afastava do Laboratório de Armas e de como apontei uma arma para a sua cabeça e disse que não me importava se ele morresse.
Zoe me encontra no saguão do hotel e segue na minha frente pelo corredor central, depois por outro corredor, comprido e estreito, com janelas à minha direita que mostram a pequena frota de aviões estacionados em fileiras sobre o concreto. A neve escassa toca a janela, oferecendo um sabor precoce de inverno, e derrete em questão de segundos.
Olho de relance para Zoe algumas vezes enquanto caminhamos, tentando ver como age quando acha que não está sendo observada, mas ela parece sempre igual, animada, ainda que com uma aparência profissional. Como se o ataque nunca tivesse acontecido.
– Ele está em uma cadeira de rodas – avisa ela quando chegamos ao final do corredor estreito. – É melhor não comentar. Ele não gosta que sintam pena dele.
– Não sinto pena dele. – Esforço-me para controlar o tom de raiva em minha voz. Isso levantaria suspeitas. – Não é a primeira pessoa do mundo a ser baleada.
– Sempre esqueço que você testemunhou muito mais violência do que nós – diz Zoe, passando sua credencial no posto de segurança seguinte. Espio os guardas do outro lado através do vidro da porta. Eles mantêm o corpo ereto e as armas apoiadas nos ombros, olhando para a frente. Imagino que sejam obrigados a ficar assim o dia inteiro.
Sinto-me pesada e dolorida, como se meus músculos estivessem comunicando uma dor mais profunda e emocional. Uriah continua em coma. Ainda não consigo olhar para Christopher quando ele está no dormitório, no refeitório, no corredor, sem ver a parede explodindo ao lado da cabeça de Uriah. Não sei quando, ou se, as coisas vão melhorar e não sei se essas feridas podem ser curadas.
Passamos pelos guardas, e os ladrilhos sob meus pés dão lugar a tábuas corridas. Vejo pequenas pinturas com molduras douradas penduradas nas paredes, e, bem do lado de fora do escritório de David, há um pedestal encimado por um buquê de flores. São pequenos detalhes, mas fazem-me sentir que minhas roupas estão imundas.
Zoe bate à porta, e uma voz lá dentro grita:
– Pode entrar!
Ela abre a porta para mim, mas fica do lado de fora. O escritório de David é espaçoso e quente, as paredes repletas de livros nos espaços onde não há janelas.
No lado esquerdo, vejo uma mesa com telas de vidro suspensas, e, no lado direito, um pequeno laboratório com móveis de madeira, e não de metal.
David está sentado em uma cadeira de rodas, e suas pernas estão cobertas por um material rígido, cujo propósito, imagino, seja mantê-las imóveis, para que possam sarar. Apesar de pálido e abatido, está com uma aparência saudável.
Embora saiba que ele teve alguma coisa a ver com a simulação de ataque e com todas aquelas mortes, é difícil ligar essas ações ao homem que vejo diante de mim. Será que é assim com todos os homens maus? Será que, para quem os vê, eles parecem homens bons, falam como homens bons e são tão simpáticos quanto homens bons?
– Dul. – Ele empurra a cadeira de rodas na minha direção e aperta a minha mão entre as suas. Mantenho a mão firme, ainda que sua pele pareça seca como papel e que seu toque me provoque repulsa.
– Você é tão corajosa – diz ele, depois solta a minha mão. – Como estão seus ferimentos?
Dou de ombros.
– Já estive pior. E quanto aos seus?
– Levarei algum tempo até voltar a andar, mas eles estão confiantes de que conseguirei. Além disso, alguns dos nossos funcionários estão desenvolvendo sofisticados suportes para as pernas, e posso ser a primeira cobaia se necessário – diz ele, enrugando os cantos dos olhos. – Você poderia me empurrar para trás da mesa novamente? Ainda não aprendi a conduzir isto direito.
Eu o empurro, guiando suas pernas rígidas para debaixo da mesa e deixando
que o restante do seu corpo as siga. Depois de me assegurar de que ele está posicionado de maneira correta, sento-me na cadeira à sua frente e tento sorrir.
Até encontrar uma forma de vingar a morte dos meus pais, preciso manter intactas a confiança e a afeição que ele sente por mim. E não conseguirei fazer isso sendo antipática.
– Pedi que viesse aqui principalmente para lhe agradecer – diz ele. – Poucos jovens teriam ido me resgatar daquela maneira, em vez de fugir para se proteger, ou teriam a capacidade de salvar este complexo, como você fez.
Penso em como encostei uma arma na cabeça dele e ameacei a sua vida e engulo em seco.
– Você e as pessoas que vieram com você estão em um estado de transição lamentável desde que chegaram – fala ele. – Para ser sincero, não sabemos muito bem o que fazer com todos vocês, e tenho certeza de que vocês mesmos não sabem bem o que fazer, mas pensei em algo que gostaria que você fizesse. Sou o líder oficial deste complexo, mas, na realidade, temos um sistema de governo parecido com o da Abnegação, e, portanto, sou ajudado por um pequeno grupo de conselheiros. Gostaria que você começasse um treinamento para assumir um desses postos.
Minhas mãos agarram os descansos da cadeira com força.
– Sabe, vamos precisar fazer algumas mudanças por aqui agora que fomos atacados. Precisaremos defender a nossa causa de forma mais enfática. E acho que você sabe fazer isso.
Não há como discordar dele.
– O que... – Limpo a garganta. – O que eu teria que fazer para treinar para essa posição?
– Comparecer às nossas reuniões, por exemplo, e aprender os pormenores do nosso complexo, a maneira como ele funciona em todos os seus setores, nossa
história, nossos valores e assim por diante. Não posso permitir que você faça parte do conselho oficialmente porque ainda é jovem demais, e há um processo pelo qual deve passar como assistente de um dos membros atuais do conselho, mas estou convidando você a seguir por esse caminho se for do seu interesse.
Seus olhos, e não a sua voz, é que fazem a pergunta.
Os conselheiros devem ser as pessoas que autorizaram a simulação de ataque e garantiram que o soro fosse entregue a Jeanine no momento certo. E ele quer que eu me sente entre eles, aprenda a me tornar um deles. Apesar do gosto amargo em minha boca, não hesito em responder.
– É claro – digo, sorrindo. – Seria uma honra.
Ao receber uma oportunidade de se aproximar do seu inimigo, sempre aceite.
Sei disso sem que ninguém tenha me ensinado.
Ele deve acreditar no meu sorriso, porque também abre um pequeno sorriso de volta.
– Imaginei que você aceitaria – diz ele. – É algo que eu queria que sua mãe tivesse feito comigo antes de se voluntariar para entrar na cidade. Mas acho que ela se apaixonou a distância pela cidade e não conseguiu resistir.
– Se apaixonou... pela cidade? – pergunto. – Acho que existe mesmo gosto para tudo.
É apenas uma piada, mas não estou sendo sincera. Apesar disso, David solta uma risada, e sei que falei a coisa certa.
– Você era... próximo da minha mãe, durante o período no qual ela esteve aqui? – pergunto. – Tenho lido o diário dela, mas ela não é muito prolixa.
– Não, isso não faria o tipo dela, não é? Natalie sempre foi muito direta. Sim, sua mãe e eu éramos próximos. – A voz de David se torna mais suave ao falar dela. Ele deixa de lado a persona de líder calejado do complexo e se torna um homem velho, pensando com carinho no passado.
O passado que ocorreu antes de ele causar a morte dela.
– Tivemos uma história parecida. Também fui resgatado de um mundo danificado quando criança... meus pais eram pessoas extremamente disfuncionais, que foram presas quando eu ainda era jovem. Em vez de sucumbir a um sistema de adoção sobrecarregado de órfãos, eu e meus irmãos decidimos fugir para a margem, o mesmo lugar onde sua mãe se refugiou anos depois, e fui o único a sair de lá com vida.
Não sei o que dizer, nem o que fazer com a compaixão que está brotando dentro de mim por um homem que fez coisas terríveis. Apenas encaro as minhas mãos e imagino que minhas entranhas são feitas de metal líquido e que estão se solidificando em contato com o ar, assumindo uma forma que nunca mais mudará.
– Você terá que ir lá com nossas patrulhas amanhã. Assim, poderá ver a margem com os próprios olhos – diz ele. – É importante que um futuro membro do conselho veja isso.
– Estou muito interessada.
– Ótimo. Bem, lamento encerrar a nossa conversa, mas preciso recuperar um bocado de tempo perdido de trabalho – fala ele. – Vou pedir que alguém
notifique você a respeito das patrulhas, e nossa primeira reunião de conselho será na sexta-feira, às dez da manhã, então nos veremos em breve.
Fico tensa. Não perguntei o que queria perguntar. Acho que a oportunidade não surgiu. De qualquer maneira, agora é tarde demais. Levanto-me e caminho até a porta, mas ele fala comigo novamente.
– Dul, sinto que devo ser franco com você, já que pretendemos estabelecer uma relação de confiança.
Pela primeira vez desde que o conheci, David parece estar quase... com medo. Seus olhos estão arregalados como os de uma criança. Mas, segundos depois, a expressão desaparece.
– Mesmo sob a influência do coquetel de soros, ouvi o que você disse a eles
para que não atirassem em nós. Sei que você disse que me mataria para proteger
o que há dentro do Laboratório de Armas.
Minha garganta aperta, e mal consigo respirar.
– Não se preocupe – diz ele. – Essa é uma das razões pelas quais lhe ofereci essa oportunidade.
– Por... por quê?
– Você demonstrou a qualidade de que mais preciso em um conselheiro – explica ele. – A habilidade de fazer sacrifícios pelo bem maior. Se pretendemos vencer esta batalha contra os danos genéticos, se pretendemos evitar que os experimentos sejam encerrados, precisaremos fazer sacrifícios. Você entende isso, não entende?
Sinto uma onda de raiva tomar conta de mim, mas me forço a assentir com a cabeça. Nita já nos disse que os experimentos corriam o risco de serem encerrados, e, por isso, não fico surpresa em saber que é verdade. Mas o desespero de David para salvar o trabalho ao qual dedicou a sua vida não é nenhuma desculpa para matar toda uma facção, a minha facção.
Fico parada por um instante, com a mão na maçaneta, tentando me recompor, e então decido correr o risco.
– O que teria acontecido se eles tivessem detonado outra bomba para conseguir entrar no Laboratório de Armas? – pergunto. – Nita disse que outra explosão ativaria uma medida de segurança auxiliar, mas, para mim, parecia a solução mais óbvia para o que eles queriam.
– Um soro teria sido lançado no ar... Um soro para o qual as máscaras não teriam servido como proteção por ser absorvido pela pele – diz David. – Um soro ao qual nem os geneticamente puros são capazes de resistir. Não sei como Nita sabe disso, já que é uma informação confidencial, mas acho que vamos descobrir.
– O que esse soro faz?
O sorriso dele se transforma em uma careta.
– Digamos que é tão ruim que Nita preferiu passar o resto da vida na prisão a entrar em contato com ele.
Ele tem razão. Não é preciso dizer mais nada.



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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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