Fanfics Brasil - Capítulo 37 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 37 (3ª Temporada)

295 visualizações Denunciar


Dul



Chego ao escritório do David para a minha primeira reunião de conselho no instante exato em que o meu relógio marca dez horas, e ele chega logo depois em sua cadeira de rodas. David parece ainda mais pálido do que da última vez que o vi, e suas olheiras estão muito salientes, parecendo hematomas.
– Olá, Dul – cumprimenta ele. – Está ansiosa? Chegou bem na hora.
Ainda sinto meus membros um pouco pesados por conta do soro da verdade que Cara, Caleb e Matthew testaram em mim mais cedo, como parte do nosso plano. Eles estão tentando desenvolver um soro da verdade mais potente, ao qual não sejam imunes nem mesmo GPs resistentes aos soros como eu.
Ignoro o peso que sinto e digo:
– É claro que estou ansiosa. É minha primeira reunião. Você quer ajuda?
Parece cansado.
– Está bem, está bem.
Vou para trás da cadeira de rodas e começo a empurrá-la.
Ele suspira.
– Acho que estou mesmo cansado. Passei a noite em claro lidando com a nossa crise mais recente. Vire à esquerda aqui.
– Que crise?
– Você logo vai descobrir. Não vamos nos afobar.
Seguimos pelos corredores mal-iluminados do Terminal 5, como o local é chamado. David diz que é um nome antigo. Os corredores não têm janelas, nem qualquer outra pista do mundo exterior. Quase posso sentir a paranoia que emana das paredes, como se o próprio terminal morresse de medo de olhares de estranhos. Se eu ao menos soubesse o que meus olhos estão procurando.
Enquanto seguimos pelo corredor, observo as mãos de David, agarradas ao descanso da cadeira. A pele ao redor das unhas está ferida e vermelha, como se ele a tivesse roído a noite inteira. As unhas também estão roídas. Lembro-me de quando a minha mão também tinha essa aparência, quando as memórias das simulações de medo invadiam todos os meus sonhos e pensamentos. Talvez sejam as memórias do ataque que estejam causando isso a David.
Eu não me importo, penso. Lembre-se do que ele fez. E faria novamente.
– Chegamos – diz David.
Empurro a cadeira de rodas entre um par de portas duplas mantidas abertas por pesos. A maioria dos membros do conselho parece estar presente, mexendo as xícaras de café com pequenos palitos, e quase todos têm mais ou menos a mesma idade de David. Mas há também alguns membros mais jovens. Zoe está entre eles e sorri para mim de maneira forçada, embora educada.
– Vamos começar a reunião! – anuncia David, e empurra a cadeira de rodas até a cabeceira da mesa de conferências.
Sento-me em uma das cadeiras num dos cantos da sala, ao lado de Zoe.
Claramente, não devemos nos sentar à mesa com todas as pessoas importantes, e não vejo problema nenhum nisso. Assim será mais fácil tirar um cochilo se a reunião ficar muito monótona. Porém, se essa nova crise for séria o bastante para manter David acordado a noite inteira, duvido que a reunião vá ser monótona.
– Ontem à noite recebi uma ligação muito tensa dos funcionários na sala de controle – conta David. – Parece que a violência em Chicago está prestes a eclodir de novo. Pessoas convergentes aos ideais das facções, que batizaram a si mesmas de Leais, começaram uma rebelião contra os sem-facção, atacando depósitos de armas. O que eles não sabem é que Alexandra Johnson descobriu uma nova arma: estoques de soro da morte escondidos na sede da Erudição. Como sabemos, ninguém consegue resistir ao soro da morte, nem mesmo os
Divergentes. Se os Leais atacarem o governo sem-facção, e Alexandra Johnson retaliar, o número de mortes com certeza será catastrófico.
Encaro o chão diante dos meus pés enquanto todos na sala começam a falar ao mesmo tempo.
– Silêncio – ordena David. – Os experimentos correm o risco de serem encerrados se não conseguirmos provar aos nossos superiores que somos capazes de controlá-los. Outra revolução em Chicago os convenceria de que essa iniciativa já não tem mais utilidade alguma, algo que não podemos permitir que aconteça se quisermos continuar combatendo os danos genéticos.
Atrás da expressão cansada e abatida de David, existe algo mais duro e forte.
Eu acredito nele. Acredito que ele não vai permitir que isso aconteça.
– Está na hora de usarmos o vírus do soro da memória para uma reprogramação em massa – diz ele. – E acho que devemos usá-lo em todos os
quatro experimentos.
– Uma reprogramação? – pergunto, porque não consigo me conter. Todos na sala olham para mim. Parecem ter esquecido que eu, que costumava pertencer a um dos experimentos a que eles estão se referindo, estou presente.
– “Reprogramação” é a palavra que usamos para nos referir ao processo de apagamento generalizado de memórias – explica David. – É o que fazemos quando experimentos que incorporam modificações comportamentais correm o risco de dar errado. Fizemos isso quando criamos cada experimento com algum componente de modificação comportamental, e a última reprogramação feita em Chicago ocorreu algumas gerações antes da sua. – Ele sorri de maneira estranha para mim. – Por que você acha que o setor dos sem-facção estava tão destruído? Houve um levante, e fomos obrigados a reprimi-lo da forma mais limpa possível.
Fico sentada em minha cadeira, estarrecida, pensando nas ruas rachadas, nas janelas quebradas e nos postes derrubados do setor dos sem-facção, uma destruição que não é visível em nenhuma outra parte da cidade, nem ao norte da ponte, onde os edifícios estão vazios, mas parecem ter sido evacuados de modo pacífico. Sempre imaginei que os setores em ruínas de Chicago tivessem chegado àquele estado naturalmente e que aquilo fosse apenas evidência do que acontece quando as pessoas não pertencem a uma comunidade. Nunca imaginei
que aquilo fosse o resultado de um levante e de uma subsequente reprogramação.
Fico nauseada de tanta raiva. Já é ruim o bastante que eles queiram deter uma revolução não para salvar vidas, e sim para salvar seu precioso experimento.
Mas por que acham que têm o direito de apagar as memórias das pessoas, suas identidades, só porque é conveniente?
É claro que já sei a resposta. Para eles, as pessoas na nossa cidade são apenas recipientes de material genético, apenas GDs, valiosos pelos genes corrigidos que podem passar adiante, e não pelos cérebros em suas cabeças ou pelos corações em seus peitos.
– Quando? – pergunta um dos membros do conselho.
– Dentro de, no máximo, quarenta e oito horas – diz David.
Todos assentem com a cabeça, como se sua resposta fosse sensata.
Lembro-me do que ele me disse em seu escritório. Se pretendemos vencer esta batalha contra os danos genéticos, precisaremos fazer sacrifícios. Você entende isso, não entende? Eu deveria ter imaginado que ele não teria problemas em trocar milhares de memórias e vidas de GDs pelo controle sobre seus experimentos. Que ele as trocaria sem nem cogitar uma alternativa, sem nem se preocupar em tentar salvá-las.
Afinal, elas são danificadas.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Christopher Apoio o sapato na ponta da cama de Dul e firmo os nós dos cadarços. Pela grande janela, vejo a luz da tarde se refletindo nos painéis laterais dos aviões estacionados na pista de pouso. GDs de uniformes verdes caminham sobre as asas e se enfiam embaixo dos bicos, conferindo os aviões antes da decolagem.– Co ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais