Fanfics Brasil - Capítulo 41 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 41 (3ª Temporada)

23 visualizações Denunciar


Dul



O cheiro de água sanitária irrita o meu nariz. Estou parada ao lado do esfregão no depósito do porão; acabei de contar a todos que a pessoa que invadir o Laboratório de Armas embarcará em uma missão suicida. O soro da morte é irrefreável.
– A questão é: isso é realmente algo pelo qual estamos dispostos a sacrificar
uma vida? – pergunta Matthew.
Esta é a sala onde Matthew, Caleb e Cara estavam desenvolvendo o novo soro antes da mudança de planos. Frascos, béqueres e cadernos rabiscados estão espalhados sobre a mesa de laboratório diante de Matthew. Ele está mastigando, distraído, o próprio cordão.
Christopher se apoia na porta de braços cruzados. Lembro-me de como ele ficava parado do mesmo jeito, durante a iniciação, enquanto nos observava lutando um contra o outro, tão alto e forte que nunca imaginei que fosse me olhar de outra maneira que não de relance.
– A questão não é apenas vingança – digo. – A questão não é o que eles fizeram com a Abnegação. A questão é impedi-los antes que eles façam algo igualmente cruel com as pessoas de todos os experimentos. A questão é tirar o poder deles de controlar milhares de vidas.
– É verdade, vale a pena – diz Cara. – Uma morte para salvar milhares de pessoas de um destino terrível? E cortar o poder do complexo pela raiz? Resta alguma dúvida?
Sei o que ela está fazendo. Comparando a importância de uma única vida com a importância de tantas vivências e memórias e tirando uma conclusão óbvia do resultado. É assim que funciona a mente de um membro da Erudição e de um membro da Abnegação, mas não sei ao certo se esse é o tipo de mente de que precisamos agora. Uma vida em troca de milhares de memórias, é claro que a resposta é fácil, mas precisa ser uma de nossas vidas? Será que precisamos ser as pessoas a agir?
Mas, como já sei qual será a minha resposta, minha mente se volta para outra questão. Se tem que ser um de nós, quem deve ser?
Meus olhos vagam de Matthew para Cara, parada atrás da mesa, para Christopher,
para Anahí, com o braço apoiado em um cabo de vassoura, e param em Caleb.
Ele.
Um segundo depois, sinto nojo de mim mesma.
– Ah, falem logo – diz Caleb, encontrando os meus olhos. – Vocês querem que seja eu. Todos vocês querem.
– Ninguém disse isso – fala Matthew, cuspindo o seu cordão.
– Todos estão olhando para mim – insiste Caleb. – Vocês acham que eu não percebi? Fui eu que escolhi o lado errado, que trabalhei com Jeanine Matthews; nenhum de vocês liga para mim, então é melhor que seja eu a morrer.
– Por que você acha que Christopher se ofereceu para tirá-lo da cidade antes da sua execução? – Minha voz soa fria e baixa. O cheiro de água sanitária paira em meu nariz. – Porque não me importo se você está vivo ou morto? Porque não me importo com você?
Ele deveria ser a pessoa a morrer, pensa uma parte de mim.
Não quero perdê-lo, argumenta a outra.
Não sei em qual parte confiar ou em qual acreditar.
– Você acha que não sei reconhecer o ódio? – Caleb balança a cabeça. – Eu o vejo sempre que você olha para mim. Nas raras ocasiões em que você olha para mim.
Seus olhos estão marejados. É a primeira vez, desde a minha quase execução, que o vejo com ar de remorso, não defensivo ou cheio de desculpas. Talvez esta também seja a primeira vez que o vejo como meu irmão, e não como o covarde que me entregou a Jeanine Matthews. De repente, tenho dificuldade em engolir.
– Se eu fizer isso...
Balanço a cabeça para dizer não, mas ele levanta a mão.
– Pare – pede ele. – Dulce, se eu fizer isso... você vai conseguir me perdoar?
Para mim, quando uma pessoa faz mal a outra, as duas compartilham o ônus dessa maldade. A dor dela pesa sobre as duas. O perdão, então, é a opção por carregar o peso sozinho. A traição de Caleb é algo que ambos carregamos, e, já que ele foi o responsável por ela, tudo o que eu queria é que ele retirasse esse peso de cima de mim. Não sei se conseguirei carregá-lo todo sozinha. Não sei se sou forte ou boa o bastante. Mas eu o vejo se preparando para enfrentar esse destino e sei que preciso ser forte e boa o bastante se ele for se sacrificar por
todos nós.
Concordo com a cabeça.
– Vou – respondo, engasgada. – Mas esse não é um bom motivo para ser você.
– Tenho muitos motivos – diz Caleb. – Eu faço. É claro que faço.


 


 


 


                                                             + + +


 


 


 


Não sei exatamente o que acabou de acontecer.
Matthew e Caleb ficam para trás, para ajustar a roupa de laboratório de Caleb. A roupa que vai mantê-lo vivo no Laboratório de Armas por tempo o suficiente para que ele ative o vírus do soro da memória. Espero até os outros saírem antes de ir embora também. Quero voltar para o dormitório acompanhada apenas pelos meus pensamentos.
Há algumas semanas, eu mesma teria sido voluntária para a missão suicida, como de fato fui. Eu me ofereci para ir à sede da Erudição, sabendo que a morte me esperava lá. Mas não fiz aquilo por ser altruísta ou corajosa. Fiz aquilo porque me sentia culpada, e uma parte de mim queria perder tudo; a parte de mim que estava sofrendo queria morrer. Será que é essa a motivação de Caleb? Será mesmo que devo permitir que ele morra para que sinta que quitou sua dívida comigo?
Caminho pelo corredor, com seu arco-íris de luzes, e subo as escadas. Não consigo nem pensar em uma alternativa. Será que eu estaria mais disposta a perder Anahí, Cara ou Matthew? Não. A verdade é que eu estaria menos disposta a perdê-los porque eles têm sido bons amigos, e Caleb não, há muito tempo que não. Mesmo antes de me trair, ele me abandonou para se juntar à Erudição, sem olhar para trás. Eu é que fui visitá-lo durante a iniciação, e ele passou o tempo todo se perguntando por que eu estava lá.


E não quero mais morrer. Estou preparada para o desafio de suportar a culpa e a tristeza, disposta a enfrentar as dificuldades que a vida colocou no meu caminho. Alguns dias são mais difíceis do que outros, mas estou preparada para viver cada um deles. Não posso me sacrificar desta vez.
Nas partes mais honestas do meu ser, consigo admitir que foi um alívio ouvir Caleb se voluntariando.
De repente, não consigo mais pensar no assunto. Chego à entrada do hotel e ando até o dormitório, esperando conseguir simplesmente desabar na cama e dormir, mas Christopher está me esperando no corredor.
– Você está bem? – pergunta ele.
– Estou – respondo. – Mas não deveria estar. – Levo a mão por um instante à cabeça. – Sinto que já venho sofrendo a perda dele. Como se ele tivesse morrido no momento em que o vi na sede da Erudição quando estive lá. Você entende?
Confessei a Christopher, pouco depois daquilo, que eu havia perdido toda a minha família. E ele me assegurou de que passara a ser a minha família.
É assim que me sinto. Como se tudo entre nós estivesse misturado, amizade, amor e família, e eu não conseguisse distinguir entre um e outro.
– Sabe, a Abnegação tem ensinamentos a respeito disso – diz ele. – Sobre deixar que outras pessoas se sacrifiquem por nós, mesmo que isso seja egoísta.
Eles dizem que, se o sacrifício for a melhor maneira de a pessoa nos mostrar que nos ama, devemos permitir que ela o faça. – Ele apoia o ombro na parede. – E, em tal situação, essa é a maior dádiva que podemos dar à pessoa. Assim como foi quando seus pais morreram por você.
– Mas não acho que seja o amor que o está motivando. – Fecho os olhos. – Parece mais ser a culpa.
– Talvez – admite Christopher. – Mas por que ele se sentiria culpado por tê-la traído se não amasse você?
Assinto com a cabeça. Sei que Caleb me ama, e sempre amou, até quando estava me ferindo. Também sei que o amo. Mas, mesmo assim, me parece errado.
Apesar disso, consigo ser consolada por um momento, sabendo que isso é algo que talvez meus pais teriam entendido se estivessem aqui agora.
– Talvez não seja o melhor momento, mas quero dizer uma coisa.
Na mesma hora, fico tensa, temendo que ele cite algum crime meu que passou despercebido, uma confissão que o está corroendo por dentro ou algo igualmente difícil. Não consigo decifrar a sua expressão.
– Só quero agradecer – diz ele em voz baixa. – Um grupo de cientistas disse a você que meus genes eram danificados, que havia algo de errado comigo, e mostraram resultados de testes como prova. E até eu comecei a acreditar naquilo.
Ele toca o meu rosto, acariciando a minha bochecha com o dedão, e seus olhos seguem os meus, intensos e insistentes.
– Mas você nunca acreditou neles. Nem por um segundo. Você sempre continuou insistindo que eu era... não sei, inteiro.
Cubro a mão dele com a minha.
– Bem, você é.
– Ninguém jamais me disse isso – diz ele baixinho.
– É o que você merece ouvir – falo com firmeza, a visão embaçada pelas lágrimas. – Que você é inteiro, que vale a pena amá-lo e que você é a melhor pessoa que já conheci.
Assim que essas últimas palavras deixam a minha boca, ele me beija.
Beijo-o de volta com tanta força que dói e torço os dedos na sua camisa. Eu o empurro pelo corredor, por uma das portas, para dentro de um quarto pouco mobiliado perto do dormitório. Chuto a porta com o calcanhar para fechá-la.
Assim como tenho insistido que Christopher tem valor, ele sempre insistiu que sou forte, insistiu que a minha capacidade é maior do que acredito. E eu sei, sem que ninguém precise me dizer, que é isso que o amor faz quando é certo. Ele torna você algo maior do que é, maior do que acreditava ser capaz de ser.
Isso é certo.
Seus dedos deslizam pelos meus cabelos e se enroscam neles. Minhas mãos tremem, mas não me importo se ele perceber ou não, não me importo se ele souber que tenho medo do quão intensa é essa sensação. Puxo sua camisa e o arrasto mais para perto e suspiro o seu nome contra a sua boca.
Esqueço que ele é outra pessoa; parece que é apenas mais uma parte de mim, tão essencial quanto um coração, um olho ou um braço. Levanto a sua camisa e a puxo pela cabeça. Corro as mãos pela pele que exponho, como se ela fosse minha.
Suas mãos agarram a minha camisa e eu a tiro, mas então me lembro.
Lembro que sou pequena, que meus seios são pequenos e que sou doentiamente pálida e me retraio.
Ele olha para mim, não como se estivesse esperando uma explicação, mas como se eu fosse a única coisa na sala para a qual vale a pena olhar.
Também olho para ele, mas tudo o que vejo faz com que me sinta pior. Ele é tão bonito, e até a tinta preta que se contorce em sua pele o transforma em uma obra de arte. Há poucos segundos, eu estava convencida de que éramos um par perfeito, e talvez ainda sejamos, mas apenas vestidos.
Mas ele continua a olhar para mim daquela maneira.
Ele sorri, um sorriso pequeno e tímido. Depois, pousa as mãos na minha cintura e me puxa para si. Ele se agacha e beija entre seus dedos e suspira “linda” contra o meu estômago.
E eu acredito nele.
Ele se levanta e pressiona seus lábios nos meus, com a boca aberta, suas mãos no meu quadril nu, seus dedões deslizando para debaixo da minha calça jeans.
Toco o seu peito, apoio-me nele e sinto o seu suspiro cantando em meus ossos.
– Amo você, sabia? – digo.
– Eu sei – responde ele.
Com uma expressão ardilosa em suas sobrancelhas, ele dobra os joelhos e agarra as minhas pernas com o braço, lançando-me sobre seu ombro. Uma risada escapa da minha boca, metade de alegria e metade de nervosismo. Ele me carrega pela sala e, sem cerimônias, me deixa cair no sofá.
Christopher se deita ao meu lado, e eu corro os dedos pelas chamas que envolvem suas costelas. Ele é forte, esbelto e seguro.
E é meu.
Encaixo a minha boca na dele.


 


 


 


                                                               + + +


 


 


 


Temia que continuássemos a colidir um contra o outro se ficássemos juntos e que o impacto me quebraria. Mas agora sei que sou uma navalha, e ele é uma pedra de amolar...
Sou forte demais para quebrar com facilidade e me torno melhor, mais afiada, toda vez que o toco.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Christopher  As primeiras coisas que vejo quando acordo, ainda no sofá do quarto do hotel, são os pássaros voando na clavícula dela. Sua camisa, apanhada do chão no meio da noite por causa do frio, está caída em um dos lados, e Dul está deitada sobre ela.Já dormimos juntos antes, mas, neste c ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais