Fanfics Brasil - Capítulo 48 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 48 (3ª Temporada)

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Christopher



A sede dos sem-facção, que, para mim, sempre será a sede da Erudição, independentemente de qualquer coisa, está silenciosa sob a neve, com nada além de janelas acesas para sinalizar que há pessoas lá dentro. Paro diante das portas e produzo um som de insatisfação com a garganta.
– O que foi? – pergunta Peter.
– Odeio este lugar.
Ele afasta dos olhos o cabelo encharcado de neve.
– Então, o que devemos fazer? Quebrar uma janela? Procurar uma porta dos fundos?
– Vou simplesmente entrar. Sou o filho dela.
– Você também a traiu e deixou a cidade quando ela proibiu todo mundo de fazer isso – lembra ele. – E ela mandou pessoas atrás de você para detê-lo.
Pessoas armadas.
– Pode ficar aqui se quiser – digo.
– Aonde o soro for, eu vou. Mas, se atirarem em você, vou agarrar o frasco e sair correndo.
– Não esperava outra coisa.
Ele é uma pessoa estranha.
Entro no saguão, onde alguém reconstruiu o retrato de Jeanine Matthews, mas desenhou um X sobre cada um dos seus olhos com tinta vermelha e escreveu “lixo das facções” embaixo.
Várias pessoas com braçadeiras dos sem-facção avançam contra nós com armas apontadas. Reconheço algumas delas das fogueiras no armazém dos sem-facção ou do tempo que passei ao lado de Alexandra como líder da Audácia. Outros são completos estranhos, o que me lembra que a população sem-facção é muito maior do que jamais suspeitamos.
Levanto as mãos.
– Vim ver Alexandra.
– Claro – diz um deles. – Porque nós deixamos qualquer pessoa que quiser falar com ela entrar assim.
– Tenho uma mensagem das pessoas do lado de fora – aviso. – Tenho certeza de que ela gostará de ouvir.
– Christopher? – diz uma mulher sem-facção. Eu a reconheço, não do armazém dos sem-facção, mas do setor da Abnegação. Ela era minha vizinha. Seu nome é Grace.
– Olá, Grace. Só quero falar com a minha mãe.
Ela morde o interior da bochecha e me estuda, depois passa a segurar a arma com menos firmeza.
– Bem, mesmo assim, não devemos deixar ninguém entrar.
– Pelo amor de Deus! – exclama Peter. – Que tal ir contar o que está acontecendo e ver o que ela tem a dizer sobre isso, então? Podemos esperar.
Grace recua para o meio da multidão que se reuniu ao nosso redor enquanto conversávamos, depois baixa a arma e sai apressada por um corredor próximo.
Ficamos parados ali por um tempo que parece muito longo, até que meus ombros doem de tanto suportar o peso dos meus braços levantados. Depois, Grace retorna e faz um sinal para que a sigamos. Desço os braços, os outros baixam suas armas, e entro no foyer, passando pelo centro da multidão, como um fio passando pelo buraco de uma agulha. Ela nos guia até um elevador.
– O que está fazendo com uma arma, Grace? – pergunto. Nunca soube de alguém da Abnegação usando uma arma.
– Os costumes das facções não existem mais – diz ela. – Agora posso me
defender. Posso ter um senso de autopreservação.
– Que bom – digo, e estou sendo sincero. A Abnegação era tão problemática quanto qualquer outra facção, mas seus males eram menos óbvios, disfarçados pela máscara do altruísmo. Exigir que uma pessoa desapareça, que suma em meio à paisagem aonde quer que for, não é melhor do que a encorajar a socar outra pessoa.
Subimos até o andar onde o escritório administrativo de Jeanine costumava ficar, mas não é para lá que Grace nos leva. Ela nos leva para uma grande sala de reuniões com mesas, sofás e cadeiras organizadas em quadrados arrumados.
Enormes janelas na parede dos fundos deixam entrar a luz da lua. Alexandra está sentada a uma mesa à direita, olhando pela janela.
– Pode ir, Grace – diz Alexandra. – Você tem uma mensagem para mim, Christopher?
Ela não olha para mim. Seu cabelo espesso está preso em um nó, e ela veste uma camisa cinza com uma braçadeira dos sem-facção. Parece exausta.
– Você se importa em esperar no corredor? – digo para Peter, e, para a minha surpresa, ele não discute. Apenas sai da sala, fechando a porta.
Eu e minha mãe estamos sozinhos.
– As pessoas do lado de fora não têm nenhuma mensagem para nós – digo, aproximando-me dela. – Querem roubar as memórias de todos nesta cidade.
Acreditam que não há como argumentar conosco, não há como apelar para nosso lado bom. Eles decidiram que seria mais fácil nos apagar do que conversar conosco.
– Talvez tenham razão – diz Alexandra. Enfim, ela me encara, apoiando a maçã do rosto em suas mãos. Há um círculo vazio tatuado em um dos seus dedos, como uma aliança. – Então, o que você veio fazer aqui?
Eu hesito com a mão no frasco em meu bolso. Olho para ela e consigo ver a maneira como o tempo a exauriu, como um pedaço de pano velho, puído e com as fibras expostas. E também consigo ver a mulher que conheci na minha infância, a boca que se abria em um sorriso, os olhos que brilhavam com alegria.
Mas, quanto mais olho para ela, mais me convenço de que a mulher feliz nunca existiu. A mulher é apenas uma versão tênue da minha mãe real, vista através dos olhos egocêntricos de uma criança.
Sento-me à mesa, de frente para ela, e pouso o frasco de soro da memória entre nós.
– Vim fazer você beber isto – digo.
Ela olha para o frasco, e acho que vejo lágrimas nos seus olhos, mas poderia ser apenas a luz.
– Pensei que seria a única maneira de prevenir a destruição absoluta – digo. –
Sei que Víctor, Johanna e o pessoal deles vão atacar e sei que você fará o que for preciso para detê-los, incluindo usar o soro da morte que possui. – Inclino a cabeça. – Estou errado?
– Não. As facções são más. Elas não podem ser restauradas. Eu preferiria ver todos nós destruídos.
A mão dela aperta a beirada da mesa, e suas juntas ficam brancas.
– O motivo pelo qual as facções eram más é que não ofereciam uma saída – digo. – Elas nos davam a ilusão da escolha, sem de fato nos oferecer uma. É a mesma coisa que você está fazendo ao aboli-las. Você está dizendo: Faça uma escolha. Mas que a sua escolha não seja pelas facções, ou vou acabar com você!
– Se você pensava assim, por que não me disse nada? – pergunta ela, com a voz mais alta e os olhos evitando os meus, me evitando. – Por que não me disse, em vez de me trair?
– Porque eu tinha medo de você! – As palavras escapam da minha boca, e eu me arrependo delas, mas, ao mesmo tempo, fico feliz de tê-las dito. Fico feliz pelo fato de que, antes de pedir que ela abra mão da sua identidade, eu possa pelo menos ser honesto. – Você... você me faz lembrar dele!
– Não ouse falar isso. – Ela cerra os punhos e quase cospe as palavras em mim. – Não ouse.
– Não me importa se você não quiser ouvir – digo, levantando-me. – Ele era
um tirano em nossa casa, e agora você é uma tirana nesta cidade e nem consegue enxergar que é a mesma coisa!
– Então, foi por isso que você trouxe isto – diz ela, fechando a mão ao redor do frasco, levantando-o e o analisando. – Porque acha que é a única maneira de consertar as coisas.
– Eu... – Estou prestes a dizer que é a maneira mais fácil, a melhor, talvez a única pela qual eu possa confiar nela.
Se eu apagar sua memória, posso criar uma nova mãe para mim mesmo, mas...
Mas ela é mais do que a minha mãe. É uma pessoa por si só e não pertence a mim.
Eu não posso decidir o que ela vai se tornar só porque não consigo lidar com quem é.
– Não – digo. – Não, eu vim lhe oferecer uma escolha.
De repente, sinto-me aterrorizado, as mãos dormentes e o coração batendo rápido...
– Pensei em visitar Víctor esta noite, mas não fui. – Engulo em seco. – Eu vim ver você porque... porque acredito que ainda existe alguma chance de reconciliação entre nós. Não agora, nem tão cedo, mas algum dia. E, com ele, não existe nenhuma esperança, nenhuma chance de reconciliação.
Ela me encara com os olhos ferozes, mas se enchendo de lágrimas.
– Não é justo lhe dar essa escolha – digo. – Mas é o que preciso fazer. Você pode liderar os sem-facção, pode lutar contra os Leais, mas terá que fazer isso sem mim, para sempre. Ou pode abandonar essa cruzada, e... e terá o seu filho de volta.
É uma oferta fraca, eu sei, e é por isso que estou com medo. Com medo de que Alexandra se recuse a escolher, que escolha o poder, e não a mim, que diga que sou uma criança ridícula, que é exatamente o que sou. Sou uma criança. Tenho meio metro de altura e estou perguntando se ela me ama.
Os olhos de Alexandra, escuros como terra molhada, estudam os meus durante um longo tempo.
Depois, ela estende a mão sobre a mesa e me puxa com força para os seus braços, que formam uma gaiola ao redor de mim, com uma força surpreendente.
– Deixe que eles fiquem com a cidade e tudo o que há dentro dela – diz ela, com o rosto mergulhado no meu cabelo.
Não consigo me mover, não consigo falar. Ela me escolheu. Ela me escolheu.



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Autor(a): Fer Linhares

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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