Fanfics Brasil - Capítulo 50 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 50 (3ª Temporada)

20 visualizações Denunciar


Dul



– Como você se vacinou contra o soro da morte? – pergunta David. Ele continua sentado em sua cadeira de rodas, mas não precisa andar para disparar uma arma.
Pisco os olhos ao olhar para ele, ainda atordoada.
– Não me vacinei.
– Não seja idiota – diz David. – É impossível sobreviver ao soro da morte sem a vacina, e sou a única pessoa do complexo que tem a substância.
Eu apenas o encaro sem saber o que dizer. Não me vacinei. O fato de que continuo em pé é impossível. Não há mais nada a dizer.
– Acho que não importa mais – diz ele. – Estamos aqui agora.
– O que está fazendo aqui? – murmuro. Meus lábios parecem desagradavelmente inchados, e é difícil falar. Ainda sinto o peso oleoso em minha pele, como se a morte se agarrasse a mim, apesar de eu tê-la vencido.
Tenho vaga ciência de que deixei a minha arma no corredor por onde passei, certa de que não precisaria usá-la quando chegasse aqui.
– Eu sabia que algo estava acontecendo – conta David. – Você tem andado com pessoas geneticamente danificadas a semana inteira, Dul. Pensou que eu não fosse perceber? – Ele balança a cabeça. – Depois, sua amiga Cara foi pega tentando manipular as luzes, mas, muito esperta, desmaiou antes que pudesse nos contar qualquer coisa. Então, resolvi vir para cá, por via das dúvidas. Fico triste em dizer que não estou surpreso em encontrá-la aqui.
– Você veio sozinho? – pergunto. – Não foi muito esperto, não é?
Ele semicerra um pouco os olhos brilhantes.
– Bem, sou resistente ao soro da morte e tenho uma arma, e não há como você lutar contra mim. Não há como roubar quatro dispositivos de vírus enquanto aponto minha arma para você. Temo que tenha chegado tão longe à toa, e isso custará sua vida. O soro da morte pode não a ter matado, mas eu vou. Você com certeza entenderá. Oficialmente, não acreditamos em penas capitais, mas não posso permitir que você sobreviva a isto.
Ele acha que estou aqui para roubar as armas que vão reprogramar os experimentos, e não ativá-las. É claro que é isso que ele pensa.
Tento manter minha expressão neutra, embora tenha certeza de que ela continua frouxa. Observo a sala, à procura do dispositivo que lançará o vírus do soro da memória. Eu estava presente quando Matthew o descreveu para Caleb de
maneira extremamente detalhada, mais cedo: uma caixa preta com um teclado numérico prateado, marcada por uma fita azul com o número do modelo. É um dos únicos objetos no balcão da parede esquerda, a poucos metros de distância.
Mas não posso me mover, ou ele vai me matar.
Precisarei esperar o momento certo e agir rápido.
– Eu sei o que você fez – digo. Começo a me afastar, esperando que a acusação o distraia. – Sei que você projetou a simulação de ataque. Sei que é
responsável pela morte dos meus pais. Pela morte da minha mãe. Eu sei.
– Não sou responsável pela morte dela! – exclama David, com as palavras escapando da boca, altas e repentinas demais. – Eu avisei o que estava por vir logo antes do começo do ataque para que ela tivesse tempo o bastante para levar seus entes queridos até um abrigo. Se ela tivesse ficado onde estava, teria sobrevivido. Mas era uma mulher tola, que não entendia que é preciso fazer sacrifícios pelo bem maior, e foi isso que a matou!
Franzo a testa ao olhar para ele. Há algo em sua reação, em seus olhos marejados, algo que ele murmurou quando Nita injetou o soro do medo nele, algo a respeito dela.
– Você a amava? – pergunto. – Durante todos aqueles anos, quando ela lhe enviava aquelas correspondências... a razão pela qual você não quis que ela ficasse lá... a razão pela qual você disse que não poderia mais ler seus relatórios depois que ela se casou com o meu pai...
David fica parado, como uma estátua, como um homem feito de pedra.
– Sim, eu a amava – diz ele. – Mas esse tempo passou.
Deve ter sido por isso que ele me acolheu dentro do seu círculo de confiança, por isso que me deu tantas oportunidades. Porque sou um pedaço dela, tenho o cabelo dela e falo com a sua voz. Porque ele passou a vida tentando tê-la e não conseguiu nada.
Ouço passos no corredor do lado de fora. Os soldados estão vindo. Que bom.
Preciso que eles venham. Preciso que sejam expostos ao soro, que é transportado por via aérea, a fim de que o transmitam para o restante do complexo. Espero que aguardem até que o ar esteja livre do soro da morte.
– Minha mãe não era tola – digo. – Ela apenas entendia algo que você não entende. Não é nenhum sacrifício quando é a vida de outra pessoa que você está jogando fora. Isso é apenas maldade.
Dou mais um passo para trás.
– Ela me ensinou tudo sobre verdadeiros sacrifícios – continuo. – Que devem ser feitos por amor, e não por um nojo equivocado pelo código genético alheio.
Que devem ser feitos por necessidade e apenas quando não existem opções. Que devem ser feitos para pessoas que precisam da nossa força, porque não dispõem de força o bastante. É por isso que preciso impedi-lo de “sacrificar” todas aquelas pessoas e suas memórias. É por isso que preciso livrar o mundo de você de uma vez por todas.
Balanço a cabeça.
– Não vim aqui roubar nada, David.
Eu me viro e salto em direção ao dispositivo. A arma dispara, e uma dor atravessa o meu corpo. Nem sei onde a bala atingiu.
Ainda consigo ouvir Caleb repetindo o código para Matthew. Com a mão trêmula, digito os números no teclado.
A arma dispara outra vez.
Mais dor, e os cantos da minha visão escurecem, mas ouço a voz de Caleb
falando novamente. O botão verde.
Tanta dor.
Mas como, se meu corpo está tão dormente?
Começo a desabar e bato com a mão no teclado ao cair. Uma luz acende atrás do botão verde.
Ouço um bipe, e o som de algo chacoalhando.
Deslizo até o chão. Sinto algo morno em meu pescoço e sob a minha bochecha. Vermelho. Sangue tem uma cor estranha. Escura.
Pelo canto do olho, vejo David caído sobre sua cadeira.
E a minha mãe aparece atrás dele.
Ela usa as mesmas roupas que vestia quando a vi pela última vez, o cinza da Abnegação manchado com seu sangue, e seus braços estão descobertos, mostrando sua tatuagem. Ainda há furos de balas em sua camisa; através deles, consigo ver sua pele ferida, vermelha, mas já sem sangrar, como se ela estivesse congelada no tempo. Seu cabelo loiro-claro está amarrado em um coque, mas alguns fios soltos formam uma moldura dourada ao redor do seu rosto.
Sei que ela não pode estar viva, mas não sei se a vejo porque estou delirando, por causa do sangue perdido, se o soro da morte aturdiu a minha mente ou se ela está aqui de alguma outra maneira.
Ela se ajoelha ao meu lado e leva sua mão fria ao meu rosto.
– Olá, Dulce – diz ela, depois abre um sorriso.
– Acabou? – pergunto, mas não sei se falo isso mesmo ou se apenas penso, e ela consegue escutar.
– Acabou – responde ela, os olhos marejados. – Minha doce criança, você se saiu muito bem.
– E os outros? – Eu engasgo em um soluço quando a imagem de Christopher aparece na minha mente, quando penso em como seus olhos eram escuros e tranquilos, em como suas mãos eram fortes e quentes, quando ficamos cara a cara pela primeira vez. – Christopher, Caleb, meus amigos?
– Eles vão cuidar uns dos outros – diz ela. – É isso que as pessoas fazem.
Eu sorrio e fecho os olhos.
Sinto um fio me puxar de novo, mas, desta vez, sei que não é uma força sinistra me arrastando em direção à morte.
Desta vez, sei que é a mão da minha mãe, puxando-me para os seus braços.
E, feliz, aceito o seu abraço.


 


 


 


                                                              + + +


 


 


 


Será que poderei ser perdoada pelo que fiz para chegar aqui?
Quero ser.
Eu posso.
Eu acredito.




Comentem!!


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Christopher Alexandra enxuga as lágrimas dos olhos com o dedão. Estamos parados diante das janelas, lado a lado, assistindo à neve rodopiar no ar. Alguns dos flocos se acumulam no parapeito, do lado de fora, amontoando-se nos cantos das janelas.Minha mão não está mais dormente. Enquanto encaro o mundo lá fora,& ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais