Fanfics Brasil - Capítulo 14 Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 14

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Hoje é o dia anterior ao Dia da Visita. Penso no Dia da Visita da mesma maneira que penso no fim do mundo: nada depois dele importa. Tudo o que faço é um preparo para quando ele chegar. Talvez eu veja meus pais novamente. Talvez não. Qual seria a pior situação? Não sei dizer.
Tento vestir uma das pernas da calça, mas ela fica presa logo acima do meu joelho. Franzo as sobrancelhas e olho para minha perna. Uma saliência de músculos está impedindo que o tecido passe. Deixo que a calça caia no chão, depois olho para a parte de trás das minhas coxas, onde outro músculo sobressai.
Dou um passo para o lado e paro diante do espelho. Vejo músculos nos meus braços, pernas e barriga que não conseguia ver antes. Belisco o lado da minha cintura, onde uma pequena camada de gordura costumava indicar curvas que provavelmente cresceriam no futuro. Nada.
A iniciação da Audácia secou toda a maciez do meu antigo corpo. Não sei se isso é bom ou ruim.
Pelo menos estou mais forte do que antes. Enrolo-me na toalha outra vez e saio do banheiro feminino. Espero que não haja ninguém no dormitório para me ver andando por aí assim, masnão posso usar aquelas calças.
Quando abro a porta do dormitório, um peso desaba sobre meu estômago. Peter, Molly, Drew e alguns outros iniciandos estão em um canto, rindo. Eles levantam as cabeças quando entro e começam a rir de mim. O riso anasalado de Molly é o mais alto de todos.
Caminho até meu beliche, tentando fingir que eles não estão lá, e remexo a gaveta sob minha cama procurando o vestido que Anahí me obrigou a comprar. Com uma mão prendendo a toalha e outra segurando o vestido, eu me levanto, e Peter está bem atrás de mim.
O susto faz com que eu salte, quase batendo a cabeça contra o beliche de Anahí. Tento me espremer para passar, mas ele bate com a mão contra a beirada da cama, bloqueando a passagem. Eu deveria ter adivinhado que eles não me deixariam em paz tão facilmente.
– Eu ainda não havia percebido que você é tão magricela, Careta.
– Me deixa em paz. – Não sei como, mas minha voz é firme.
– Não estamos no Eixo, sabia? Ninguém é obrigado a obedecer as ordens dos Caretas aqui.
– Seus olhos percorrem meu corpo inteiro, não da maneira luxuriosa com a qual os homens costumam olhar as mulheres, mas cruelmente, examinando cada falha minha. Sinto as batidas do meu coração em meus ouvidos enquanto os outros aproximam-se mais, formando uma matilha atrás de Peter.
Isso não vai ser bom.
Preciso sair daqui.
Do canto do olho, vejo uma passagem livre até a porta. Se eu conseguir mergulhar por baixo do braço de Peter e correr até a porta, talvez consiga escapar.
– Olhem só para ela – diz Molly, cruzando os braços. Ela dá um sorriso cínico. – Ela é praticamente uma criança.
– Não sei não – diz Drew. – Ela até que pode estar escondendo algo sob esta toalha. Por que não damos uma espiada?
Agora! Eu mergulho sob o braço de Peter e me dirijo à porta. Algo agarra e prende a toalha enquanto me movimento, depois puxo-a com força. Vejo a mão de Peter, juntando o tecido em um punho. A toalha escapa da minha mão e sinto o ar frio em meu corpo nu arrepiando os cabelos da minha nuca.
Ouço uma sonora gargalhada e corro o mais rápido possível em direção à porta, segurando o vestido contra meu corpo para tentar cobri-lo. Desço o corredor voando, entro no banheiro e me encosto contra a porta, sem fôlego. Fecho os olhos.
Nada disso importa. Não ligo.
Um soluço escapa da minha boca e cubro-a imediatamente com a mão para silenciá-lo. Não importa o que eles tenham visto. Balanço a cabeça, como se o movimento fosse tornar o que estou pensando em realidade.
Com as mãos tremendo, eu me visto. O vestido é preto e liso, com uma gola cavada que deixa à mostra a tatuagem em minha clavícula, e bate nos meus joelhos.
Quando termino de me vestir e a vontade de chorar passa, sinto algo quente e violento remoendo minhas entranhas. Quero machucá-los.
Encaro meus olhos no espelho. Eu quero machucá-los, e é exatamente isso que vou fazer.


 


 


+++


 


 


 


Não posso lutar de vestido, então busco roupas novas no Fosso antes de andar até a sala de treinamento para minha última luta. Espero que seja contra Peter.
– Ei, onde você estava hoje de manhã? – pergunta-me Anahí quando entro. Forço os olhos para conseguir enxergar o quadro-negro do outro lado da sala. O espaço ao lado do meu nome está em branco; ainda não tenho um oponente.
– Tive que resolver algumas coisas – digo.
Quatro vai até o quadro e escreve um nome ao lado do meu. Por favor, seja o Peter, por favor, por favor...
– Você está bem, Dul? Você parece um pouco... – diz Al.
– Um pouco o quê?
Quatro sai da frente do quadro. O nome escrito ao lado do meu é o de Molly. Não é Peter, mas é bom o bastante.
– Um pouco tensa – diz Al.
Minha luta é a última da lista, o que significa que terei que esperar três lutas até poder encará-la. Edward e Peter lutarão logo antes de nós. Ótimo. Edward é o único capaz de vencer Peter. Anahí lutará contra Al, o que significa que Al perderá rápido, como tem feito a semana inteira.
– Pegue leve comigo, ok? – pede Al a Anahí.
– Não prometo nada – responde ela.
A primeira dupla, Afonso e Myra, já se encara no centro da arena. Por alguns segundos, eles apenas se movimentam para frente e para trás, desferindo socos no ar e errando chutes. Do outro lado da sala, Quatro apoia-se na parede, bocejando.
Olho para o quadro e tento prever o resultado de cada luta. Não é muito difícil. Depois, roo as unhas e penso em Molly. Anahí perdeu para ela, e isso significa que é boa. Ela tem um soco poderoso, mas não costuma mover os pés. Se não conseguir me atingir, não conseguirá me machucar.
Como já era de se esperar, a luta entre Anahí e Al é rápida e indolor. Al desaba depois de levar alguns golpes fortes no rosto e não levanta, fazendo com que Eric balance a cabeça, desapontado.
Edward e Peter demoram mais tempo. Embora sejam os dois melhores lutadores, a
diferença de qualidade entre eles é clara. O punho de Edward atinge o queixo de Peter com força, e eu me lembro do que Afonso nos falou a respeito dele, que tem estudado táticas de combate desde os dez anos de idade. Isso fica evidente durante a luta. Ele é mais rápido e esperto até mesmo que Peter.
Ao final da terceira luta, já roí minhas unhas até o talo e a fome da hora do almoço já está batendo. Caminho até a arena, sem olhar para nada e para ninguém, apenas para o centro da sala. Uma parte da minha raiva já passou, mas é fácil ressuscitá-la. Só preciso pensar no quão frio estava o ar e no quão altas foram as gargalhadas. Olhe para ela. Ela é praticamente uma criança.
Molly se posiciona diante de mim.
– Aquilo que eu vi na sua nádega esquerda era uma marca de nascença? – diz ela, sorrindo.
– Meu Deus, você é tão pálida, Careta.
Ela atacará primeiro. Sempre ataca.
Molly lança o corpo em minha direção, concentrando todo o peso em um soco. Quando avança, eu desvio e enterro o punho em sua barriga, bem acima do umbigo. Antes que ela consiga encostar em mim, escapo com as mão levantadas, pronta para a próxima investida.
Ela não está mais sorrindo. Corre em minha direção como se estivesse tentando me derrubar, e eu me jogo rapidamente para fora do caminho. Ouço a voz de Quatro na minha cabeça, dizendo-me que a melhor arma que tenho é o meu cotovelo. Só preciso descobrir uma maneira de usá-lo.
Bloqueio o soco seguinte com meu antebraço. A pancada machuca, mas quase não percebo.
Ela cerra os dentes e solta um grunhido de frustração, parecendo mais um bicho do que uma pessoa. Ela tenta desengonçadamente chutar o lado do meu corpo, mas eu me esquivo, e enquanto está desequilibrada, lanço-me para a frente e jogo o cotovelo em seu rosto. Ela puxa a cabeça para trás bem na hora, e meu cotovelo atinge seu queixo apenas de raspão.
Ela soca minhas costelas e eu tropeço para o lado, recuperando o fôlego. Com certeza, há alguma parte de seu corpo que está esquecendo de proteger. Quero esmurrar o rosto, mas sei que isso não seria inteligente. Suas mãos estão altas demais, protegendo o nariz e as bochechas, mas deixando a barriga e as costelas expostas. Molly e eu temos a mesma falha em combate.
Nossos olhares se encontram por um rápido instante.
Solto um gancho baixo, sob seu umbigo. Meu punho afunda em sua pele, forçando-a a soltar uma pesada baforada de ar pela boca, que sinto em meu ouvido. Enquanto ela recupera o fôlego, dou-lhe uma rasteira e ela se espatifa no chão, levantando uma nuvem de poeira no ar.
Puxo o pé para trás e chuto suas costelas com toda a força.
Minha mãe e meu pai não aceitariam que eu batesse em alguém caído no chão.
Não me importo.
Ela se encolhe para proteger o lado do corpo, e eu chuto outra vez, acertando sua barriga.
Como uma criança. Chuto mais uma vez, atingindo o rosto. O sangue jorra de seu nariz e se espalha. Olhe para ela. Outro chute acerta o peito.
Puxo o pé para trás mais uma vez, mas a mão de Quatro agarra meu braço, e ele me puxa para longe dela com uma força impressionante. Eu respiro por entre os dentes cerrados, olhando para o rosto de Molly, coberto de sangue, em um tom de vermelho-escuro, vivo e, de certa maneira, belo.
Ela solta um grunhido e ouço um gorgolejar vindo de sua garganta, depois vejo o sangue começar a escorrer dos seus lábios.
– Você já venceu – murmura Quatro. – Agora pare.
Enxugo o suor da testa. Ele olha para mim. Seus olhos estão muito arregalados; ele parece alarmado.
– Acho que você deveria ir embora – diz ele. – Vá dar uma volta.
– Estou bem – digo. – Agora eu estou bem – repito, para mim mesma.
Eu gostaria de poder dizer que me sinto culpada pelo que fiz.
Mas não me sinto.



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Autor(a): Fer Linhares

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O dia da visita. Assim que abro os olhos, eu me lembro. Meu coração salta, depoisafunda quando vejo Molly arrastando-se pelo dormitório, com o nariz roxo entreesparadrapos. Quando ela sai do quarto, confiro se Peter e Drew ainda estão lá. Nenhum dos dois está, então me troco rapidamente. Não me importo mais que alg ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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