Fanfics Brasil - Capítulo 55 (3ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 55 (3ª Temporada)

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Nos dias seguintes é o movimento, e não a imobilidade, que mantém a tristeza afastada, então caminho pelos corredores do complexo em vez de dormir. Assisto à recuperação do soro da memória que alterou a todos de maneira permanente como se estivesse a uma grande distância.
Aqueles que estão perdidos no torpor do soro da memória são divididos em
grupos para aprender a verdade: que a natureza humana é complexa, que todos os nossos genes são diferentes, mas que não são nem danificados nem puros. Eles também aprendem uma mentira: que suas memórias foram apagadas por causa de um acidente e que estavam prestes a pressionar o governo pela igualdade dos GDs.
Sinto-me o tempo todo sufocado pela companhia de terceiros e depois incapacitado pela solidão quando estou sozinho. Estou morrendo de medo, mas nem sei do que, porque já perdi tudo. Minhas mãos tremem quando paro na sala de controle para assistir à cidade nos monitores. Johanna está organizando um sistema de transporte para as pessoas que querem deixar a cidade. Eles virão aqui aprender a verdade. Não sei o que acontecerá com aqueles que ficarem em Chicago e não sei se me importo.
Enfio as mãos nos bolsos e assisto aos monitores por alguns minutos, depois me afasto de novo, tentando sincronizar meus passos com meu batimento cardíaco ou evitar os espaços entre os ladrilhos. Quando passo pela entrada, vejo um pequeno grupo de pessoas reunidas perto da escultura de pedra, e uma delas está em uma cadeira de rodas: Nita.
Atravesso a barreira de segurança inútil e fico parado a certa distância, observando-os. Reggie pisa a laje de pedra e abre uma válvula na parte inferior do tanque d’água. As gotas se transformam em um rio, e logo a água começa a jorrar do tanque, molhando toda a laje e encharcando a bainha da calça de Reggie.
– Christopher?
Estremeço de leve. É Caleb. Afasto-me da voz, procurando uma rota de fuga.
– Espere. Por favor – implora ele.
Não quero olhar para ele e acabar medindo o quanto está sofrendo ou não pela morte dela. E não quero pensar em como ela morreu por um covarde tão miserável, em como ele não valia a vida dela.
Mesmo assim, olho para ele, perguntando a mim mesmo se conseguirei ver alguma coisa dela no rosto dele, ainda a desejando, mesmo sabendo que ela se foi.
O cabelo dele está sujo e despenteado, seus olhos verdes estão vermelhos, sua boca está trêmula, formando uma careta.
Ele não se parece com ela.
– Não quero incomodar – diz ele. – Mas preciso dizer uma coisa. Uma coisa que... ela me pediu para dizer, antes...
– Fale logo – interrompo-o.
– Ela me disse que, se não sobrevivesse, eu deveria lhe dizer que... – Caleb engasga, depois ajeita o corpo, segurando as lágrimas. – Que ela não queria deixar você.
Eu deveria sentir alguma coisa ouvindo as últimas palavras dela para mim, não deveria? Não sinto nada. Sinto-me mais distante do que nunca.
– É mesmo? – pergunto, áspero. – Então por que ela me deixou? Por que não deixou você morrer?
– Acha que não estou me perguntando a mesma coisa? – diz Caleb. – Ela me amava. A ponto de me ameaçar com uma arma para morrer por mim. Não tenho a menor ideia de por que fez isso, mas foi o que aconteceu.
Ele se afasta antes que eu possa responder, e talvez seja melhor assim, porque não consigo pensar em nada para dizer que faça jus à minha raiva. Pisco os olhos para afastar as lágrimas e sento-me no chão, bem no meio do saguão.
Eu sei por que Dul queria me dizer que não tinha a intenção de me deixar. Ela queria que eu soubesse que não estava repetindo o que fez no caso da sede da Erudição e que não era apenas uma mentira contada para me fazer dormir enquanto ela seguia para a morte, não era um sacrifício desnecessário. Esfrego os olhos com força, como se fosse possível empurrar as lágrimas de volta para dentro do meu crânio. Não chore, eu me censuro. Se eu permitir que um pouco da emoção saia, toda ela vai começar a sair e nunca vai parar.
Algum tempo depois, ouço vozes perto de mim, de Cara e Peter.
– Esta escultura era um símbolo de mudança – diz ela. – Mudança gradual, mas agora eles vão derrubá-la.
– É mesmo? – Peter soa ansioso. – Por quê?
– É... eu explicarei depois, está bem? – diz Cara. – Você se lembra do caminho até o dormitório?
– Sim.
– Então... volte para lá um pouco. Alguém estará esperando lá para ajudar você.
Cara se aproxima de mim, e faço uma careta em antecipação a sua voz. Mas tudo o que ela faz é se sentar ao meu lado no chão, as mãos dobradas sobre o colo e as costas eretas. Alerta, mas relaxada, assistindo à escultura, onde Reggie está em pé sob a água que jorra.
– Você não precisa ficar aqui – digo.
– Não tenho nenhum lugar para ir – diz ela. – E gosto deste silêncio.
Então, sentamo-nos lado a lado, encarando a água, em silêncio.


 


 


 


                                                                 + + +


 


 


 


– Aí estão vocês – diz Anahí, correndo em nossa direção. Seu rosto está inchado, e sua voz, apática, como um suspiro alto. – Venham. Está na hora. Vão desligar os aparelhos dele.
Estremeço ao ouvir as palavras dela, mas me levanto mesmo assim. Hanna e Zeke têm ficado ao lado de Uriah desde que chegamos aqui, segurando sua mão enquanto seus olhos procuram por algum sinal de vida. Mas não sobrou vida alguma, apenas a máquina fazendo seu coração bater.
Cara caminha atrás de nós enquanto seguimos até o hospital. Não durmo há dias, mas não estou cansado ou pelo menos não como costumo ficar, embora meu corpo doa quando caminho. Anahí e eu não conversamos, mas sei que estamos pensando o mesmo, focados em Uriah, em seus últimos suspiros.
Alcançamos a janela de observação do lado de fora do quarto de Uriah, e Alexandra está lá. Amah foi buscá-la para mim há alguns dias. Ela tenta tocar o meu ombro, e eu me afasto, porque não quero que tentem me consolar.
Dentro do quarto, Zeke e Hanna estão em pé, cada um de um lado de Uriah.
Hanna segura uma das suas mãos, e Zeke segura a outra. Um médico está parado ao lado do monitor cardíaco, estendendo uma prancheta, não para Hanna ou Zeke, mas para David. Sentado em sua cadeira de rodas, o corpo curvado, e atordoado, como todos os outros que perderam a memória.
– O que ele está fazendo aqui? – Parece que todos os meus músculos, ossos e nervos estão em chamas.
– Ele ainda é tecnicamente o líder do Departamento, pelo menos até que o substituam – diz Cara atrás de mim. – Christopher, ele não se lembra de nada. O homem que você conheceu não existe mais; é como se estivesse morto. Este homem não se lembra de ter mata...
– Cale a boca! – grito. David assina a prancheta e vira a cadeira, empurrando-a em direção à porta. Ela se abre, e eu não consigo me conter. Lanço-me na direção ele, e apenas o físico rijo de Alexandra consegue impedir que eu aperte a sua garganta. Ele me olha de maneira estranha, depois empurra a cadeira pelo corredor enquanto tento me libertar do braço da minha mãe, que parece uma barra contra os meus ombros.
– Christopher – diz Alexandra. – Acalme-se.
– Por que ninguém o prendeu? – pergunto, e meus olhos estão embaçados demais para enxergar.
– Porque ele ainda trabalha para o governo – explica Cara. – Só porque eles declararam que tudo não passou de um infeliz acidente, não significa que demitiram todo mundo. E o governo não vai prendê-lo só porque ele matou uma rebelde em uma situação de pressão.
– Uma rebelde – repito. – É só isso que ela é agora?
– Era – diz Cara de maneira suave. – E não, é claro que não. Mas é assim que o governo a vê.
Estou prestes a responder, mas Christina me interrompe.
– Gente, eles vão desligar os aparelhos – diz ela.
No quarto de Uriah, Zeke e Hanna juntam suas mãos livres sobre o corpo de Uriah. Vejo os lábios de Hanna se movendo, mas não consigo decifrar o que ela está dizendo. Será que os membros da Audácia têm preces para aqueles que morrem? Os membros da Abnegação reagem à morte com silêncio e servidão, não com palavras. Sinto minha raiva se esvair e me perco novamente em um sofrimento embotado, desta vez, não apenas por Dul, mas também por Uriah, cujo sorriso está marcado na minha memória. O irmão do meu amigo, que depois virou meu amigo também, embora não por tempo o bastante para que eu pudesse absorver seu humor, não por tempo o bastante.
O médico aperta alguns interruptores com a prancheta junto à barriga, e as máquinas param de respirar por Uriah. Os ombros de Zeke estremecem, e Hanna aperta a sua mão com força, até que suas juntas ficam brancas.
Depois, ela fala alguma coisa, abre as mãos e se afasta do corpo de Uriah. Permitindo que ele parta.
Afasto-me da janela, primeiro andando e depois correndo, abrindo caminho pelos corredores, descuidado, cego, vazio.



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Autor(a): Fer Linhares

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No dia seguinte, pego uma das caminhonetes do complexo. As pessoas ainda estão se recuperando da perda de memória, então ninguém tenta me impedir. Dirijo pelos trilhos do trem em direção à cidade, os olhos vagando sobre o horizonte, mas sem realmente absorver a vista.Quando alcanço os campos que separam a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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