Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente
De mãos dadas, descemos em direção ao Fosso. Controlo cuidadosamente a força com que seguro sua mão. Às vezes, penso que não estou segurando forte o bastante, depois, acho que estou apertando demais. Eu nunca havia entendido por que as pessoas andavam de mãos dadas, mas quando ele acaricia a palma da minha mão com a ponta do dedo, eu estremeço e entendo imediatamente.
– Então... – Eu me agarro ao último pensamento lógico do qual consigo me lembrar. – Quatro medos.
– Quatro medos no passado; quatro medos agora – diz ele, acenando com a cabeça. – Eles não mudaram, então continuo entrando lá, mas... ainda não progredi em nenhum deles.
– Você não pode ficar totalmente sem medo, lembra? – digo. – Afinal, você ainda se importa com as coisas ao seu redor. Com sua vida.
– Eu sei.
Caminhamos pela beirada do Fosso, por um caminho estreito que leva às pedras no fundo do abismo. Eu nunca havia reparado nele antes, porque se confundia com o paredão de pedra.
Mas Christopher parece conhecê-lo muito bem.
Não quero destruir o clima do momento, mas preciso perguntar-lhe sobre seu teste de aptidão. Preciso saber se ele é Divergente.
– Você ia falar alguma coisa sobre o seu teste de aptidão... – digo.
– Ah. – Ele coça a nuca com a mão livre. – E isso importa?
– Sim. Eu quero saber.
– Você é realmente muito exigente. – Ele sorri.
Alcançamos o final da passagem e chegamos ao fundo do abismo, onde o chão de rochas é pouco seguro, com inclinações íngremes saindo da água turbulenta. Ele me guia para cima e para baixo, passando por pequenas falhas e fileiras de pedras pontiagudas. Meus sapatos grudam nas pedras ásperas. Suas solas marcam cada pedra com uma pegada molhada.
Ele encontra uma pedra relativamente plana à beira do rio, onde a corrente não é tão forte, e se senta com os pés balançando da beirada. Sento-me ao seu lado. Ele parece se sentir confortável neste lugar, apenas alguns centímetros acima do perigoso rio.
Ele solta minha mão. Observo a ponta escarpada da pedra.
– Não falo dessas coisas para qualquer um, sabia? Nem para os meus amigos – diz ele.
Eu entrelaço os dedos das minhas mãos e aperto-os uns contra os outros. Este é o lugar perfeito para ele me contar que é Divergente, se for isso mesmo o que ele é. O ronco do abismo nos protege de sermos ouvidos por alguém. Não sei por que pensar nisso me deixa tão
nervosa.
– Meu resultado foi o esperado – fala ele. – Abnegação.
– Ah. – Algo murcha dentro de mim. Eu estava errada a respeito dele.
No entanto, pensei que, se ele não fosse Divergente, seu resultado teria certamente sido a Audácia. E, teoricamente, eu também tirei a Abnegação como resultado. Pelo menos, é isso o que consta no sistema. Será que a mesma coisa aconteceu com ele? E, se for isso, por que ele não conta a verdade?
– Mas você escolheu a Audácia mesmo assim? – pergunto.
– Por necessidade.
– Por que você precisava sair da Abnegação?
Seus olhos se afastam rapidamente dos meus e encaram o espaço à sua frente, como se procurassem uma resposta. Ele não precisa dizer nada. Ainda sinto a presença e a dor do cinto no meu pulso.
– Você precisava fugir do seu pai – digo. – É por isso que você não quer ser um líder da Audácia? Porque você talvez precisasse vê-lo novamente?
Ele ergue um ombro.
– Por isso e porque eu nunca me senti como se realmente pertencesse à Audácia. Pelo menos, não da maneira como ela é agora.
– Mas você é... incrível – digo. Eu paro um pouco e limpo a garganta. – Quer dizer, pelos padrões da Audácia. Quatro medos é algo inédito. Como este poderia não ser o seu lugar?
Ele dá de ombros. Não parece ligar para o seu talento ou para a sua posição dentro da Audácia, e é exatamente isso o que eu esperaria de alguém da Abnegação. Não sei bem o que pensar.
– Eu tenho a teoria de que o altruísmo e a coragem não são tão diferentes assim – diz ele. – Se você passou a vida inteira treinando para se esquecer de si mesmo quando está diante do perigo, isso se torna o seu instinto natural. Meu lugar poderia ser a Abnegação tão facilmente quanto é aqui.
Subitamente, sinto-me pesada. Uma vida inteira de treinamento não foi o bastante para mim.
Meu instinto natural ainda é a autopreservação.
– Pois é – concordo. – Deixei a Abnegação porque não era altruísta o bastante, por mais que eu tentasse.
– Isso não é inteiramente verdade. – Ele sorri para mim. – E aquela garota que deixou que alguém atirasse facas contra ela para poupar um amigo; que bateu com um cinto no meu pai para me proteger; aquela garota altruísta não era você?
Ele descobriu mais a meu respeito do que eu jamais soube. E, embora, ao considerar todas as minhas falhas, pareça impossível que ele sinta algo por mim... Quem sabe? Franzo as sobrancelhas ao olhar para ele.
– Você tem prestado bastante atenção, não tem?
– Gosto de observar as pessoas.
– Talvez seu lugar seja mesmo na Franqueza, Quatro, porque você é um péssimo mentiroso.
Ele apoia a mão na pedra ao seu lado, com os dedos próximos dos meus. Eu olho para nossas mãos. Ele tem dedos longos e finos. Mãos feitas para movimentos precisos e hábeis.
Não são as mãos de alguém da Audácia, que costumam ser grossas e rudes, prontas para quebrar coisas.
– Tudo bem. – Ele aproxima o rosto do meu, com o olhar concentrado em meu queixo, meus lábios e em meu nariz. – Eu a observei porque gosto de você. – Ele fala isso de maneira simples, corajosa, erguendo os olhos até os meus. – E não me chame de “Quatro”, está bem? É bom ouvir meu nome novamente.
E, assim, ele finalmente se declarou para mim, e eu não sei o que responder. Com o rosto quente, a única coisa que consigo pensar em dizer é:
– Mas você é mais velho do que eu... Christopher.
Ele sorri para mim.
– Ah, claro. A enorme diferença de dois anos é intransponível, não é mesmo?
– Não estou tentando ser autodepreciativa – digo. – Mas não entendo. Eu sou mais nova. Não sou bonita. Eu...
Ele solta uma risada profunda, que soa como se viesse das profundezas do seu ser, e encosta os lábios na minha têmpora.
– Não precisa fingir – digo, ofegante. – Você sabe que eu não sou. Não sou feia, mas certamente não sou bonita.
– Tudo bem. Você não é bonita. E daí? – Ele beija minha bochecha. – Eu gosto da sua aparência. Você é extremamente esperta. Você é corajosa. E, mesmo que tenha descoberto a questão com o Víctor... – Sua voz fica mais suave. – Você não está me olhando daquele jeito.
Como se eu fosse algum tipo de cachorrinho abandonado.
– Bem – digo. – Você não é.
Por um instante, seus olhos escuros encaram os meus, e ele fica em silêncio. Então, toca meu rosto e se inclina para perto de mim, roçando os lábios nos meus. O rio solta um ronco e sinto uma nuvem de água bater nos meus tornozelos. Ele sorri, depois aperta sua boca contra a minha.
A princípio, fico tensa e insegura e, quando ele se afasta, tenho certeza de que fiz algo de errado, ou malfeito. Mas ele segura meu rosto, com os dedos firmes contra a minha pele, e me beija outra vez, com mais segurança, mais certeza. Eu o envolvo em meus braços, deslizando a mão por seu pescoço, até seu cabelo curto.
Beijamo-nos por alguns minutos, no fundo do abismo, cercados pelo ronco da água ao nosso redor. Quando nos levantamos, de mãos dadas, me dou conta de que, se nós dois tivéssemos feito escolhas diferentes, talvez acabássemos fazendo a mesma coisa, em um lugar mais seguro, usando roupas cinza em vez de pretas.
Autor(a): Fer Linhares
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Na manhã seguinte, sinto-me abobalhada e leve. Sempre que tento apagar o sorriso do rosto, ele insiste em voltar. Acabo desistindo de reprimi-lo. Deixo meu cabelo solto e troco a camisa larga que costumo usar por uma que deixa meus ombros à mostra, revelando minhas tatuagens.– O que há com você hoje? – pergunta Anah&iacut ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 13
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manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23
Continua ❤️
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manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16
Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21
Brigadaaa! Continuaaa
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manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35
Continuaaa! Faz maratonaaa!
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manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08
Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!
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manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24
Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora
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manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16
Cnttt
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manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10
Continuaaa
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Postado em 25/09/2016 - 21:24:21
Aaai deusss! Continuaaa