Fanfics Brasil - Capítulo 27 Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 27

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Na manhã seguinte, sinto-me abobalhada e leve. Sempre que tento apagar o sorriso do rosto, ele insiste em voltar. Acabo desistindo de reprimi-lo. Deixo meu cabelo solto e troco a camisa larga que costumo usar por uma que deixa meus ombros à mostra, revelando minhas tatuagens.
– O que há com você hoje? – pergunta Anahí, a caminho do café da manhã. Seus olhos ainda estão inchados de sono e seu cabelo bagunçado forma uma coroa frisada ao redor de seu rosto.
– Bem, sabe como é – digo. – O sol está brilhando. Os pássaros estão cantando.
Ela levanta uma sobrancelha, como se tentasse me lembrar de que estamos dentro de um túnel subterrâneo.
– Deixe a menina ficar de bom humor – diz Afonso. – Talvez isso nunca mais aconteça.
Dou um tapa em seu braço e me apresso para chegar ao refeitório. Meu coração bate forte, porque sei que, em algum momento na próxima meia hora, verei Christopher. Sento no meu lugar de costume, ao lado de Uriah e de frente para Afonso e Anahí. O assento à minha esquerda
permanece vazio. Será que Christopher sentará nele? Será que ele vai sorrir para mim durante o café da manhã? Será que ele vai me olhar da maneira secreta e furtiva que eu me imagino olhando para ele?
Pego uma torrada do prato e começo a passar manteiga nela com um entusiasmo um pouco excessivo. Sinto que estou agindo como uma louca, mas não consigo parar. Seria como parar de respirar.
De repente, ele entra. Seu cabelo está mais curto, parecendo mais escuro, quase preto. Está curto como os cabelos da Abnegação. Sorrio para ele e levanto a mão para convidá-lo a se
sentar conosco, mas ele se senta ao lado de Zeke, sem nem mesmo olhar para mim, então abaixo a minha mão novamente.
Encaro a minha torrada. Não é mais tão fácil sorrir.
– Está tudo bem? – pergunta Uriah, com a boca cheia de torrada.
Balanço a cabeça e dou uma mordida na minha torrada. O que eu esperava? Só porque nos beijamos não quer dizer que as coisas vão mudar. Talvez ele não goste mais de mim. Talvez ache que foi um erro me beijar.
– Hoje é dia de paisagem do medo – diz Afonso. – Será que veremos nossas próprias paisagens do medo?
– Não. – Uriah balança a cabeça. – Nós passaremos pela paisagem de um dos instrutores.
Meu irmão me disse.
– É mesmo? Qual instrutor? – diz Anahí, animando-se de repente.
– Sabe, realmente não é justo que vocês tenham acesso a todas essas informações internas, e nós não – diz Afonso, encarando Uriah.
– Até parece que você não usaria uma vantagem se pudesse – responde Uriah.
Anahí os ignora.
– Espero que seja a paisagem do Quatro – diz ela.
– Por quê? – pergunto. A pergunta soa incrédula demais. Eu mordo o lábio, arrependida de ter aberto a boca.
– Parece que alguém teve uma mudança repentina de humor. – Ela revira os olhos. – Até parece que você não quer saber quais são os medos dele. Ele age como se fosse tão durão que provavelmente tem medo de doces, um pôr do sol muito brilhante ou algo do gênero. Esse jeito durão dele deve ser só uma maneira de compensar isso.
Balanço a cabeça.
– Não será ele.
– Como você pode saber?
– É apenas um pressentimento.
Lembro-me do pai de Christopher na sua paisagem do medo. Ele não deixaria que todos vissem aquilo. Olho para ele. Por um instante, seus olhos encontram os meus. Ele me encara de maneira insensível. Depois, desvia o olhar.


 


 


 


 


                                              +++


 


 


 


 


Lauren, a instrutora dos iniciandos nascidos na Audácia, está parada, com as mãos nos quadris, na entrada da sala de paisagens do medo.
– Há dois anos – diz ela –, eu tinha medo de aranhas, de sufocamento, de ser espremida lentamente entre paredes, de ser expulsa da Audácia, de sangrar incontrolavelmente, de ser atropelada por um trem, da morte do meu pai, de ser humilhada em público e de ser raptada por homens sem rosto.
Todos a encaram inexpressivamente.
– A maioria de vocês terá entre dez e quinze medos nas suas paisagens. Essa é a média, em geral – diz ela.
– Qual é o número mais baixo que alguém já teve? – pergunta Lynn.
– No passado recente – diz Lauren –, quatro.
Eu não olhei para o Christopher desde que saímos do refeitório, mas não posso evitar olhá-lo agora. Ele mantém os olhos colados no chão. Eu sabia que quatro era um número baixo, baixo o bastante para inspirar um apelido, mas não sabia que era menos da metade da média.
Eu encaro os meus pés. Ele é excepcional. E agora nem olha mais para mim.
– Vocês não descobrirão o seu número hoje – diz Lauren. – A simulação está programada para a minha paisagem do medo. Portanto, vocês vivenciarão os meus medos, e não os seus.
Lanço um olhar mordaz para Anahí. Eu estava certa; nós não vamos entrar na paisagem do Quatro.
– Para este exercício, no entanto, cada um de vocês enfrentará apenas um dos meus medos, para sentirem como funciona a simulação.
Lauren aponta para nós aleatoriamente, designando um medo para cada um. Eu estava mais para trás do grupo, então ficarei com um dos últimos, o do rapto.
Como não estou conectada ao computador enquanto espero, não consigo ver as simulações, apenas as reações das pessoas a elas. Assisto-as para tentar me distrair da preocupação em relação ao Christopher. Cerro os punhos enquanto Afonso tenta afastar aranhas que não consigo ver e Uriah empurra paredes que são invisíveis para mim, e rio quando Peter fica completamente vermelho com o que quer seja que ele vivencia como uma “humilhação pública”. Finalmente,
é a minha vez.
O obstáculo não será agradável, mas, como fui capaz de manipular todas as simulações anteriores e como já passei pela paisagem do Christopher, não fico preocupada quando Lauren injeta a agulha no meu pescoço.
De repente, o cenário muda e o rapto começa. O chão sob meus pés torna-se um gramado, e mãos agarram meus braços e cobrem minha boca. Está escuro demais para ver qualquer coisa.
Encontro-me diante do abismo. Ouço o ronco do rio. Grito, com a boca abafada pela mão que a cobre, e me debato para tentar me libertar, mas os braços são fortes demais; meus sequestradores são fortes demais. A imagem do meu corpo caindo para dentro da escuridão surge na minha mente; a mesma imagem que eu agora carrego comigo em meus pesadelos.
Grito novamente; grito até a minha garganta doer e cerro os olhos, derramando lágrimas quentes.
Eu sabia que eles viriam me pegar; sabia que eles tentariam novamente. A primeira vez não foi o suficiente. Grito outra vez, não por socorro, já que eu sei que ninguém irá me socorrer, mas porque esta é a única opção para alguém que está prestes a morrer e não pode fazer mais nada a respeito.
– Parem – diz uma voz severa.
As mãos desaparecem, e a luz se acende. Estou em pé sobre o cimento da sala de paisagens.
Meu corpo treme, e eu caio de joelhos, com as mãos sobre o rosto. Eu acabei de falhar. Perdi toda a noção, toda a consciência. O medo de Lauren se transformou em um dos meus.
E todos me viram. Christopher me viu.
Ouço passos. Christopher marcha em minha direção e me levanta violentamente.
– O que diabos foi isso, Careta?
– Eu... – Soluço ao respirar. – Eu não...
– Recomponha-se! Isso é patético.
Algo rompe dentro de mim. Minhas lágrimas cessam. Uma onda de calor atravessa o meu corpo, afastando minha fraqueza, e dou um tapa tão forte no rosto de Christopher que as juntas dos meus dedos doem com o impacto. Ele me encara, com uma das faces completamente vermelha, e eu o encaro de volta.
– Cala a boca – digo. Arranco meu braço da sua mão e caminho para fora da sala.



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Autor(a): Fer Linhares

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Aperto a jaqueta ao redor dos meus ombros. Faz muito tempo que não vejo o ar livre.O sol brilha tenuamente em meu rosto, e observo a minha respiração se condensando no ar.Pelo menos, consegui uma coisa: convencer Peter e seus amigos de que não sou mais uma ameaça. Só preciso me certificar de que amanhã, quando passar pela ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


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