Fanfics Brasil - Capítulo 34 Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 34

341 visualizações Denunciar


Eu apoio todo o peso em Christopher. Um cano de arma pressionado contra minha espinha me empurra para frente, pelo portão da sede da Abnegação, um edifício cinza simples de dois andares. Sangue escorre da lateral do meu corpo. Não tenho medo do que está por vir; a dor é grande demais para eu conseguir pensar a respeito disso.
O cano da arma me empurra em direção a uma porta vigiada por dois soldados da Audácia.
Christopher e eu a atravessamos e entramos em um escritório simples, com apenas uma mesa, um computador e duas cadeiras vazias. Jeanine está sentada atrás da mesa, falando ao telefone.
– Bem, então envie alguns deles de volta pelo trem – diz ela. – Precisamos proteger isso direito. É a parte mais importante. Eu não vou falar... Preciso desligar. – Ela desliga o telefone com força e volta os olhos cinzentos para mim. Eles me lembram aço derretido.
– Rebeldes Divergentes – diz um dos membros da Audácia. Ele deve ser um líder da Audácia ou talvez um recruta que tenha sido tirado da simulação.
– Sim, já percebi. – Ela tira os óculos, dobra-os e os coloca sobre a mesa. Ela
provavelmente usa os óculos apenas por vaidade, porque eles fazem com que pareça mais esperta. Pelo menos, foi isso o que meu pai disse.
– Você – diz ela, apontando para mim – eu já esperava. Todos aqueles problemas com o seu teste de aptidão me fizeram suspeitar desde o princípio. Mas você...
Ela balança a cabeça ao voltar os olhos para Christopher.
– Você, Christopher... Ou devo chamá-lo de Quatro? Você conseguiu me enganar – diz ela em um tom moderado. – Tudo a seu respeito parecia impecável: os resultados nos testes, as simulações de iniciação... tudo. Mas, apesar disso, aqui está você. – Ela dobra as mãos e apoia o queixo sobre elas. – Será que você poderia me explicar como isso pôde ocorrer?
– Você é o gênio – diz ele friamente. – Por que não me explica?
A boca de Jeanine forma um sorriso.
– Minha teoria é que você realmente pertence à Abnegação. Que a sua Divergência é mais fraca.
Seu sorriso se alarga, como se ela estivesse se divertindo. Eu ranjo os dentes e considero a ideia de saltar sobre a mesa e estrangulá-la. Se eu não estivesse com uma bala cravada no ombro, talvez fosse isso mesmo que eu fizesse.
– Seus poderes dedutivos são impressionantes – diz Christopher, cuspindo as palavras. – Estou realmente embasbacado.
Olho para ele de relance. Já havia quase me esquecido desse lado dele, dessa faceta que explodiria antes de se entregar para a morte.
– Agora que você já provou a sua inteligência, que tal acabar logo com isso e nos matar de uma vez? – Christopher fecha os olhos. – Afinal de contas, você ainda tem muitos líderes da Abnegação para assassinar.
Se seus comentários incomodam Jeanine, ela não deixa isso transparecer. Ela continua sorrindo e se levanta calmamente. Está usando um vestido azul grudado ao corpo, dos ombros aos joelhos, revelando uma camada de gordura em sua cintura. A sala gira enquanto eu tento me concentrar no seu rosto, e me apoio ainda mais em Christopher. Ele coloca o braço ao redor do meu corpo, sustentando-me pela cintura.
– Não seja tolo. Não há pressa alguma – diz ela de maneira tranquila. – Vocês dois estão aqui por um motivo extremamente importante. Veja só. Eu fiquei perplexa em saber que os Divergentes eram imunes ao soro que desenvolvi, então tenho trabalhado para corrigir isso.
Pensei que eu tinha conseguido com a última leva, mas, como vocês já perceberam, estava errada. Por sorte, agora tenho uma nova leva para testar.
– E por que você se importaria com isso? – Ela e os líderes da Audácia não tiveram nenhum problema em matar os Divergentes no passado. Por que isso seria diferente agora?
Ela lança um sorriso sarcástico para mim.
– Uma questão me preocupa desde que eu comecei o projeto Audácia, e ela é a seguinte. – Jeanine desvia o corpo da mesa, passando o dedo sobre sua superfície. – Por que será que a maioria dos Divergentes são pessoas de vontade fraca, insignificantes e tementes a Deus e, de todas as facções possíveis, geralmente originárias logo da Abnegação?
Eu não sabia que a maioria dos Divergentes vinha da Abnegação e não entendo qual seria o motivo disso. E provavelmente não sobreviverei tempo o bastante para descobrir.
– Vontade fraca – fala Christopher com deboche. – Ao que me parece, é necessária uma vontade bastante forte para manipular uma simulação. Vontade fraca é controlar a mente de um exército inteiro porque é difícil demais treinar um por conta própria.
– Não sou uma tola – diz Jeanine. – Uma facção de intelectuais não é nenhum exército. Nós estamos cansados de ser dominados por um bando de idiotas moralistas que rejeitam a riqueza e o avanço, mas não conseguiríamos fazer isso sozinhos. E todos os líderes da Audácia ficaram felizes em ajudar, desde que eu lhes garantisse um lugar em nosso governo renovado e melhorado.
– Melhorado – diz Christopher com escárnio.
– Sim, melhorado – responde Jeanine. – Melhorado e trabalhando em prol de um mundo no qual as pessoas viverão com riqueza, conforto e prosperidade.
– À custa de quem? – pergunto, com a voz grossa e arrastada. – Toda essa riqueza... não brota do chão.
– No momento, os sem-facção representam um dispêndio de nossos recursos – Jeanine responde. – Assim como a Abnegação. Tenho certeza de que, uma vez que os que sobrarem da sua antiga facção forem absorvidos pelo exército da Audácia, a Franqueza também irá cooperar e nós finalmente poderemos seguir adiante.
Absorvidos pelo exército da Audácia. Eu sei o que ela quer dizer. Ela quer controlá-los também. Ela quer que todos se tornem manipuláveis e fáceis de controlar.
– Seguir adiante – repete Christopher amargamente. Ele levanta a voz. – Pode ter certeza. Você estará morta antes do fim do dia, sua... 


– Talvez, se você conseguisse se controlar – diz Jeanine, cortando as palavras de Christopher secamente com as suas –, você nem estaria nesta situação.
– Estou nesta situação porque você me colocou aqui – grita ele. – No instante em que resolveu organizar um ataque contra pessoas inocentes.
– Pessoas inocentes. – Jeanine solta uma gargalhada. – Eu acho isso um pouco cômico, vindo de você. Eu esperaria que o filho do Víctor entendesse que nem todas aquelas pessoas eram inocentes. – Ela se senta na beirada da mesa, e sua saia se levanta acima dos joelhos, que são marcados por estrias. – Você poderia me dizer, com toda a honestidade, que não ficaria feliz em descobrir que seu pai foi morto durante o ataque?
– Não – diz Christopher, por entre dentes cerrados. – Mas pelo menos a maldade dele não envolvia a manipulação generalizada de toda uma facção e o assassinato calculado de cada líder político que nós temos.
Eles se encaram durante alguns segundos, tempo o bastante para eu me sentir tensa até o osso, e então Jeanine limpa a garganta.
– O que eu ia dizer é que logo dezenas de membros da Abnegação e seus filhos estarão sob minha responsabilidade, para que eu os mantenha em ordem, e não cai bem para mim se um grande número deles for Divergente como vocês, incapazes de serem controlados pelas simulações.
Ela se levanta e dá alguns passos para a esquerda, com as mãos presas uma à outra na frente do corpo. Suas unhas, como as minhas, estão roídas até o talo.
– Portanto, tornou-se necessário desenvolver uma nova forma de simulação à qual eles não são imunes. Fui obrigada a rever minhas próprias hipóteses. É aí que vocês se encaixam. – Ela caminha um pouco para a direita. – Você está certo em dizer que vocês têm uma vontade forte.
Eu não posso controlar a sua vontade. Mas existem algumas coisas que posso controlar.
Ela para e se vira para nós. Eu encosto a cabeça no ombro de Christopher. O sangue escorre pelas minhas costas. A dor tem sido tão constante nos últimos minutos que já me acostumei a ela, como uma pessoa se acostuma ao soar de uma sirene, se for contínua.
Jeanine junta uma palma da mão à outra. Não vejo nenhum traço de prazer doentio em seus olhos ou do sadismo que eu esperaria dela. É mais uma máquina do que uma maníaca. Vê problemas e cria soluções, baseada nos dados que coleta. A Abnegação estava atrapalhando sua busca por poder, então ela encontrou uma maneira de eliminá-la. Ela não tinha um exército, então encontrou um na Audácia. Sabia que precisaria controlar grupos enormes de pessoas para se manter segura, então encontrou uma maneira de fazer isso com soros e transmissores. A Divergência é apenas mais um problema que ela precisa solucionar, e é isso o que a torna tão assustadora: é inteligente o bastante para solucionar qualquer coisa, até mesmo o problema da nossa existência.
– Posso controlar o que vocês veem e ouvem – diz ela. – Então, criei um novo soro que adaptará seu ambiente para manipular suas vontades. Aqueles que se recusarem a aceitar nossa liderança deverão ser monitorados cuidadosamente.
Monitorados ou privados de vontade própria. Ela sabe usar bem as palavras.
– Você será a primeira cobaia, Christopher.Dulce, no entanto... – Ela sorri. – Você está machucada demais para ser útil para mim, então a executaremos assim que terminarmos esta reunião.
Tento esconder o tremor que atravessa meu corpo quando a ouço falar em “execução” e, com o ombro ardendo de dor, olho para Christopher. É difícil conter as lágrimas quando vejo o pavor nos seus olhos arregalados e escuros.
– Não – diz Christopher. Sua voz treme, mas seu semblante é severo enquanto ele balança a cabeça. – Eu preferiria morrer.
– Temo que você não tenha muita escolha – responde Jeanine, leviana.
Christopher toma meu rosto em suas mãos e me beija, e a pressão dos seus lábios faz os meus se separarem. Esqueço a dor e o terror da minha morte iminente e, por um instante, sinto gratidão pelo fato de que a memória deste beijo estará fresca na minha mente quando chegar o meu fim.
De repente, ele me solta, e eu preciso me apoiar na parede para sustentar o corpo. Com um movimento tão repentino quanto o contrair de um músculo, Christopher se lança pelo lado da mesa
e agarra o pescoço de Jeanine com as duas mãos. Os guardas da Audácia que estavam na porta saltam sobre ele, com suas armas em riste, e eu grito.
São necessários dois soldados da Audácia para afastar Christopher de Jeanine e empurrá-lo contra o chão. Um dos soldados o imobiliza, com os joelhos em seus ombros e as mãos segurando sua cabeça, pressionando o rosto dele contra o tapete. Eu me atiro contra eles, mas outro guarda empurra meus ombros, jogando-me contra a parede. Perdi muito sangue e sou pequena demais.
Jeanine se apoia na mesa, arquejando e balbuciando algo. Ela esfrega a garganta, que está muito vermelha, com as marcas dos dedos de Christopher. Não importa o quão mecânica ela pareça, ainda é humana; há lágrimas em seus olhos e ela retira uma caixa da gaveta da mesa e a abre, revelando uma seringa e uma agulha.
Ainda ofegante, ela a carrega até Christopher, que range os dentes e dá uma cotovelada no rosto de um dos guardas. O guarda dá uma coronhada na cabeça de Christopher, e Jeanine enfia a agulha em seu pescoço. Seu corpo fica mole.
Um som escapa da minha garganta. Não um soluço ou um grito, mas um lamento áspero e arrastado que soa distante, como se estivesse vindo de outra pessoa.
– Deixem-no se levantar – diz Jeanine, com a voz rouca.
O guarda se levanta, assim como Christopher. Ele não se parece com os soldados sonâmbulos da Audácia; seus olhos estão alerta. Ele olha ao redor por alguns segundos, como se estivesse confuso com o que vê.
– Christopher – digo. – Christopher!
– Ele não reconhece você – diz Jeanine.
Christopher olha para trás. Seus olhos se estreitam e ele começa a se aproximar de mim, rápido.
Antes que os guardas consigam detê-lo, ele agarra o meu pescoço com uma de suas mãos, apertando minha traqueia com as pontas dos dedos. Eu perco o ar e meu rosto esquenta com o sangue.
– A simulação está manipulando-o – diz Jeanine. Mal consigo ouvi-la por trás da pulsação os meus ouvidos. – Alterando o que vê e fazendo-o confundir seus amigos com seus inimigos.
Um dos guardas afasta Christopher de mim. Eu arquejo, puxando ruidosamente o ar para dentro dos meus pulmões.
Ele se foi. Controlado pela simulação, ele agora irá matar as pessoas que chamou de inocentes há menos de três minutos. Seria menos doloroso para mim se Jeanine simplesmente o tivesse matado.
– A vantagem desta versão da simulação – diz ela, com o olhar aceso –, é que ele pode agir de maneira independente e, portanto, é muito mais efetivo do que um soldado irracional. – Ela olha para os guardas que seguram Christopher. Ele luta para se soltar, com os músculos tesos e os olhos focados em mim, mas sem me ver, sem me ver da maneira como via antes. – Mandem-no para a sala de controle. – Precisaremos de um senciente para monitorar as coisas e, ao que me consta, ele costumava trabalhar lá.
Jeanine junta as palmas das mãos em frente ao seu corpo.
– E levem-na para a sala B13 – diz ela. Faz um gesto com a mão para me dispensar. Seu gesto é uma ordem para me executarem. Para ela, no entanto, não passa de um item a menos na lista de coisas para fazer: a única progressão lógica do caminho que ela está trilhando.
Jeanine me examina de maneira fria enquanto dois soldados da Audácia me puxam para fora da sala.
Eles me arrastam pelo corredor. Sinto-me anestesiada por dentro, mas, por fora, sou uma força de determinação gritante e esperneante. Mordo a mão do homem da Audácia à minha direita e sorrio ao sentir o gosto de sangue. Em seguida, ele me bate, e então não vejo mais nada.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Acordo no escuro, largada em um canto duro. O chão sob mim é liso e frio. Levo a mão à minha cabeça latejante e um líquido desliza das pontas dos meus dedos. Vermelho: sangue.Quando abaixo novamente a mão, meu cotovelo esbarra em uma parede. Onde estou? Uma luz tremula acima de mim. Uma lâmpada se acende, azul ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais