Fanfics Brasil - Capítulo 3 (2ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 3 (2ª Temporada)

446 visualizações Denunciar


Aquela noite, volto para meu quarto e enfio a mão sob o colchão, para me certificar de que a arma ainda está lá. Meus dedos tocam o gatilho, e minha garganta aperta como se eu estivesse tendo uma reação alérgica. Puxo a mão de volta e ajoelho ao lado da cama, respirando fundo até a sensação desaparecer.
O que há com você? Balanço a cabeça. Recomponha-se.
E é exatamente assim que me sinto: recompondo as partes diferentes de mim mesma, como se as puxasse para dentro do meu corpo com um cadarço. Sinto-me sufocada, mas pelo menos me sinto forte.
Percebo um movimento no canto da minha visão e olho para a janela que dá para o pomar de macieiras. Lá fora, Johanna Reyes e Víctor Uckermann caminham lado a lado, depois param no canteiro de ervas para arrancar folhas de menta dos galhos. Deixo o quarto antes que consiga avaliar os motivos que me levam a querer segui-los.
Saio correndo do edifício para não me perder deles. Quando chego do lado de fora, preciso tomar mais cuidado. Caminho pelo outro lado da estufa e, depois de ver Johanna e Víctor desaparecendo atrás de uma fileira de árvores, me esgueiro até a fileira seguinte, esperando que os galhos me escondam caso algum dos dois decida olhar para trás.
– ... tem me confundido é o momento do ataque – diz Johanna. – Será que Jeanine simplesmente terminou de bolar seu plano e resolveu colocá-lo em ação, ou será que houve algum incidente que a incitou?
Vejo o rosto de Víctor através de um tronco partido. Ele contrai os lábios e diz:
– Hum.
– Acho que nunca vou saber. – Johanna ergue a sobrancelha boa. – Não é?
– É, talvez não.
Johanna apoia a mão em seu braço e o encara. Contraio o corpo, temendo que ela me veja, mas ela só olha para Víctor. Agacho-me e engatinho até uma das árvores, para que o tronco me esconda. A casca da árvore incomoda as minhas costas, mas não me mexo.
– Mas a verdade é que você sabe – diz ela. – Você sabe por que ela resolveu atacar naquele momento. Posso não pertencer mais à Franqueza, mas ainda sei reconhecer quando alguém está escondendo a verdade de mim.
– A curiosidade é uma característica egoísta, Johanna.
Se eu fosse Johanna, brigaria com ele por um comentário como esse, mas ela apenas diz, gentilmente:
– Minha facção depende de mim para aconselhá-la, e, se você tiver conhecimento de informações tão cruciais, é importante que eu também as saiba, para que possa compartilhá-las com ela. Sei que você será capaz de entender isso, Víctor.
– Há um motivo por que você não sabe tudo o que sei. Há muito tempo, uma informação confidencial foi confiada à Abnegação – diz Víctor. – Jeanine nos
atacou porque queria roubá-la. E, se eu não for cuidadoso, ela vai destruí-la. Isso é tudo o que posso dizer.
– Mas, certamente...
– Não – Víctor a interrompe. – Essa informação é muito mais importante do que você imagina. A maioria dos líderes da cidade arriscou a vida para evitar que Jeanine se apoderasse dela e acabou morrendo por isso, e eu não vou colocar isso em risco agora só para saciar a sua curiosidade egoísta.
Johanna se cala por alguns segundos. Está tão escuro que mal consigo ver minhas próprias mãos. Há um odor de terra e maçãs no ar, e eu tento não respirar alto demais.
– Desculpe – diz Johanna. – Devo ter feito algo que levou você a acreditar que não sou confiável.
– Da última vez que confiei essa informação ao representante de uma facção, todos os meus amigos acabaram mortos – responde ele. – Não confio em mais ninguém.
Não consigo me conter. Inclino o tronco para a frente, a fim de olhar por trás da árvore. Víctor e Johanna estão imersos demais na conversa para notar o movimento. Eles estão próximos um do outro, mas não se encostam, e eu nunca vi Víctor parecer tão cansado ou Johanna com uma aparência tão irritada. No entanto, seu rosto relaxa, e ela toca novamente o braço de Víctor, acariciando o levemente dessa vez.
– Para que alcancemos a paz, precisamos primeiro ter confiança – diz Johanna. –
Portanto, espero que você mude de ideia. Lembre-se de que sempre fui sua amiga,
Víctor, mesmo quando você não tinha muitos amigos.
Ela se inclina e beija a bochecha de Víctor, depois caminha até a saída do
pomar. Ele fica ali parado durante alguns segundos, aparentemente atordoado, depois caminha em direção ao complexo.
As revelações que ouvi na última meia hora zunem em minha mente. Pensava que Jeanine havia atacado a Abnegação para ganhar poder, mas o fez para roubar informações; informações que só eles conheciam.
De repente, o zunido para, e eu me lembro de outra coisa que Víctor falou: A maioria dos líderes desta cidade arriscou a vida por isso. Será que meu pai foi um desses líderes?
Preciso saber. Preciso saber o que poderia ser tão importante que tenha levado os membros da Abnegação a morrer, e os da Erudição a matar.


 


 


 


 


                                                         +++


 


 


 


 


Paro antes de bater à porta de Christopher, e ouço o que está acontecendo dentro do quarto.
– Não, assim não – diz Christopher, rindo.
– Como assim, “assim não”? Eu imitei você perfeitamente. – A outra voz pertence a Caleb.
– Não imitou nada.
– Bem, faça de novo, então.
Abro a porta no exato momento em que Christopher, sentado no chão com uma das pernas esticada, lança uma faca de manteiga contra a parede à sua frente. A faca finca, com o cabo para trás, em uma enorme fatia de queijo que eles colocaram sobre a cômoda. Caleb, em pé ao seu lado, encara, incrédulo, primeiro o queijo e depois a mim.
– Por favor, diga-me que ele é algum tipo de prodígio na Audácia – diz Caleb. –
Você sabe fazer isso também?
Seu aspecto está melhor do que antes. Os olhos não estão mais vermelhos e recuperaram um pouco do antigo brilho de curiosidade, como se ele tivesse voltado a se interessar pelo mundo. Seu cabelo preto está despenteado e os botões da sua camisa estão nas casas erradas. Meu irmão é bonito, mas de uma maneira
descuidada, como se quase nunca tivesse a menor ideia de como está a sua aparência.
– Talvez com a minha mão direita – digo. – Mas, sim, o Quatro é um tipo de prodígio da Audácia. Vocês podem me explicar por que estão lançando facas contra um queijo?
Os olhos de Christopher encontram os meus quando digo a palavra “Quatro”. Caleb
não sabe que Christopher carrega sua excelência o tempo inteiro no apelido.
– Caleb veio aqui discutir algo – diz Christopher, encostando a cabeça contra a parede enquanto olha para mim. – E, não sei como, acabamos falando sobre lançar facas.
– Como costuma acontecer – falo, começando a esboçar um pequeno sorriso.
Ele parece tão relaxado, sua cabeça está inclinada para trás e seu braço apoiado no joelho. Nós nos encaramos por alguns segundos a mais do que seria socialmente aceitável. Caleb limpa a garganta.
– Bem, acho que está na hora de voltar para o meu quarto – diz Caleb, olhando para Christopher, depois para mim e novamente para Christopher. – Estou lendo um livro sobre sistemas de filtragem de água. O garoto que me deu o livro olhou para mim como se eu fosse louco por querer ler aquilo. Acho que era para ser um tipo de manual, mas é fascinante.
Ele para de falar por um instante, depois diz:
– Desculpem. Vocês também devem achar que sou louco.
– Que nada – diz Christopher, fingindo sinceridade. – Talvez você devesse ler esse
manual também, Dul. Acho que você ia gostar.
– Posso emprestar-lhe o livro – diz Caleb.
– Talvez depois – respondo. Quando Caleb sai e fecha a porta, olho irritada para Christopher.
– Muito obrigada – digo. – Agora ele vai encher meus ouvidos com todos os detalhes sobre filtragem de água e como funciona. Mas acho que prefiro isso ao
que ele realmente quer falar comigo.
– É mesmo? E sobre o que ele realmente quer falar com você? – Christopher franze as sobrancelhas. – Sobre aquaponia?
– Aqua o quê?
– É uma das formas como eles produzem comida aqui. Não é algo pelo qual você se interessaria.
– Tem razão, não me interessa. Sobre o que ele veio falar com você?
– Sobre você. Acho que foi um sermão de irmão mais velho. Tipo “não mexa com a minha irmã mais nova”.
Ele se levanta.
– O que você disse a ele?
E se aproxima de mim.
– Eu contei a história de como nós acabamos juntos. Foi assim que começamos a falar sobre arremesso de facas – diz ele. – E eu disse a ele que não estou de brincadeira.
Sinto um calor invadir todo o meu corpo. Ele aperta as mãos contra os meus quadris e me pressiona gentilmente contra a porta. Seus lábios encontram os meus.
Não lembro mais por que vim parar aqui.
E não ligo.
Envolvo-o com meu braço saudável, puxando-o contra mim. Meus dedos encontram a barra da sua camiseta e escorregam para dentro, percorrendo a parte de baixo das suas costas. Ele parece ser tão forte.
Ele me beija novamente, de forma mais insistente, apertando a minha cintura com as mãos. Sua respiração, minha respiração, seu corpo, meu corpo, estamos
tão perto que as diferenças desaparecem.
Ele se afasta alguns poucos centímetros. Não o deixo ir muito longe.
– Não foi para isso que você veio aqui – diz ele.
– Não.
– Então, por que veio?
– Quem se importa?
Passo os dedos pelo seu cabelo e puxo a sua boca para a minha novamente. Ele
não oferece resistência, mas, depois de alguns segundos, murmura contra a minha
bochecha:
– Dul.
– Tudo bem, tudo bem. – Fecho os olhos. Realmente, vim aqui por um motivo importante: para contar-lhe sobre a conversa que ouvi.
Sentamos lado a lado na cama de Christopher, e eu começo do início. Conto a ele sobre como segui Víctor e Johanna até o pomar. Conto sobre a pergunta de Johanna a respeito do momento do ataque da simulação e sobre a resposta de Víctor e a discussão que se seguiu. Enquanto falo, observo seu rosto. Ele não parece chocado ou curioso. Em vez disso, sua boca se contrai em uma expressão amarga, como acontece sempre que alguém menciona o nome de Víctor.
– Bem, o que você acha? – pergunto, depois de terminar a história.
– Eu acho – diz ele cuidadosamente – que Víctor está tentando se sentir mais importante do que realmente é.
Não era essa a resposta que eu estava esperando.
– Então... você acha que ele está falando besteira?
– Acho que provavelmente existe alguma informação que a Abnegação tinha e que Jeanine queria descobrir, mas acho que ele está exagerando a sua importância. Acho que está tentando inflar o próprio ego, fazendo com que Johanna
pense que ele tem algo que ela quer e que ele não vai dar.
– Acho... – Franzo as sobrancelhas. – Acho que você está errado. Ele não parecia estar mentindo.
– Você não o conhece como eu. Ele é um ótimo mentiroso.
Ele está certo. Não conheço Víctor. Certamente, não tão bem quanto Christopher.
Mas meus instintos me levaram a acreditar em Víctor, e eu costumo confiar neles.
– Talvez você tenha razão – digo –, mas não deveríamos tentar descobrir o que está acontecendo? Só para ter certeza.
– Acho mais importante lidarmos com a situação atual – diz Christopher. – Voltar para a cidade. Descobrir o que está acontecendo por lá. Descobrir uma maneira de derrubar a Erudição. Depois, quando tudo isso estiver resolvido, podemos tentar
descobrir sobre o que Víctor estava falando. Tudo bem?
Aceno com a cabeça. Parece um bom plano. Um plano sensato. Mas não acredito nele. Não acredito que seja mais importante seguir em frente do que descobrir a verdade. Quando eu descobri que era Divergente... quando descobri que a Erudição ia atacar a Abnegação... essas revelações mudaram tudo. A verdade costuma mudar os planos das pessoas.
Mas é difícil convencer Christopher a fazer algo que ele não queira, e ainda mais difícil justificar o que sinto sem qualquer prova além da minha intuição.
Por isso, aceito o plano dele. Mas não mudo de ideia.




Comentem!!!


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

– A biotecnologia existe há bastante tempo, mas nem sempre foi muito eficaz – diz Caleb. Ele começa a comer a casca da sua torrada. Comeu o miolo primeiro, como fazia quando éramos crianças.Caleb está sentado na minha frente no refeitório, à mesa mais próxima da janela. Alguém entalhou ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais