Fanfics Brasil - Capítulo 4 (2ª Temporada) Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.)

Fanfic: Divergente, Insurgente, Convergente (Vondy adp.) | Tema: Série Divergente


Capítulo: Capítulo 4 (2ª Temporada)

325 visualizações Denunciar


– A biotecnologia existe há bastante tempo, mas nem sempre foi muito eficaz – diz Caleb. Ele começa a comer a casca da sua torrada. Comeu o miolo primeiro, como fazia quando éramos crianças.
Caleb está sentado na minha frente no refeitório, à mesa mais próxima da janela. Alguém entalhou as letras “D” e “T” na beirada da mesa, ligadas por um coração e tão pequenas que quase não as enxerguei. Passo os dedos sobre elas enquanto Caleb continua a falar.
– Mas há algum tempo os cientistas da Erudição desenvolveram uma solução mineral altamente eficaz. É melhor para as plantas do que terra – explica ele. – É uma versão mais antiga da pomada que eles usaram no seu ombro. Ela acelera o crescimento de células novas.
Seus olhos estão acesos com essas novas informações. Nem todos da Erudição têm a mesma sede de poder e falta de consciência que a sua líder, Jeanine Matthews. Alguns são como Caleb: pessoas fascinadas por tudo e que não sossegam enquanto não descobrem como as coisas funcionam.
Apoio o queixo sobre a mão e sorrio discretamente para ele. Parece estar animado hoje. Fico feliz que tenha encontrado algo que o distraia do seu sofrimento.
– Então, a Erudição e a Amizade trabalham juntas? – pergunto.
– A Erudição é mais próxima da Amizade do que qualquer outra facção – diz ele.
– Você não se lembra disso do nosso livro de História das Facções? Segundo o livro, são as “facções essenciais”. Sem elas, não conseguiríamos sobreviver. Alguns dos livros da Erudição se referem a elas como as “facções enriquecedoras”. E uma das missões da Erudição como facção era se tornar as duas coisas: essencial e enriquecedora.
Não gosto disso. Da maneira como a nossa sociedade precisa da Erudição para funcionar. Mas as duas facções realmente são essenciais. Sem elas, a agricultura seria ineficiente, os tratamentos de saúde seriam insuficientes e não haveria qualquer avanço tecnológico.
Mordo a minha maçã.
– Você não vai comer a sua torrada? – pergunta ele.
– O pão está com um gosto estranho – respondo. – Pode ficar com ele, se quiser.
– A maneira como eles vivem aqui me fascina – continua ele, enquanto pega a torrada do meu prato. – São completamente autossustentáveis. Contam com uma fonte de energia própria, bombas de água próprias e um sistema de filtragem próprio, sem falar nas fontes de alimento... Eles são independentes.
– Independentes – digo – e neutros. Deve ser legal.
E, pelo que eu estou percebendo, realmente é. A grande janela ao lado da nossa mesa deixa entrar tanta luz que parece que estou sentada do lado de fora. Grupos de membros da Amizade sentam-se a outras mesas com roupas de cores vivas e pele bronzeada. Em mim, o amarelo fica sem graça.
– Então, acho que a Amizade não foi uma das facções para as quais você mostrou aptidão – comenta ele, sor rindo.
– Não.
Um grupo de membros da Amizade a algumas cadeiras de distância começa a rir.
Eles nem olharam em nossa direção desde que me sentei aqui para comer.
– Mas fale baixo, está bem? Não quero que todos saibam disso.
– Desculpe – diz ele, inclinando-se sobre a mesa para poder falar mais baixo. – Mas quais foram as facções?
Começo a ficar tensa e me ajeito em meu lugar.
– Por que você quer saber?
– Dul, sou seu irmão. Você pode me dizer qualquer coisa.
Seus olhos verdes não vacilam. Ele abandonou os óculos inúteis que usava quando era membro da Erudição e agora usa uma camisa cinza e o cabelo curto da Abnegação. Está com a mesma aparência que tinha há alguns meses, quando nossos quartos ficavam no mesmo corredor e considerávamos mudar de facção, mas não tínhamos coragem suficiente para revelar isso um para o outro. Não confiar nele o bastante para contar a verdade foi um erro que não quero cometer novamente.
– Abnegação, Audácia e Erudição.
– Três facções? – Ele ergue as sobrancelhas.
– Sim. Por quê?
– Parece muita coisa – diz ele. – Todos tivemos que escolher um tema de pesquisa na iniciação da Erudição, e eu escolhi a simulação do teste de aptidão.
Por isso, sei bastante sobre a maneira como é projetado. É muito difícil alguém alcançar um resultado duplo. Na verdade, o programa não permite isso. Mas um resultado triplo... Nem sei como isso é possível.
– Bem, a administradora do teste foi obrigada a alterá-lo. Ela forçou o programa a simular a situação do ônibus para que pudesse eliminar a opção da Erudição. Mas não deu certo.
Caleb apoia o queixo sobre a mão fechada.
– Uma alteração no programa – diz ele. – Como será que a administradora do
teste sabia fazer isso? Não é algo que eles normalmente aprendem.
Franzo as sobrancelhas. Maite era tatuadora e voluntária no teste de aptidão.
Como será que ela aprendeu a alterar o programa do teste de aptidão? Se ela era boa com computadores, era apenas por hobby, e duvido que alguém que tenha a computação como hobby saiba manipular a simulação da Erudição.
De repente, lembro-me de algo que ela falou em uma das nossas conversas.
Tanto meu irmão quanto eu nos transferimos da Erudição.
– Ela era da Erudição – explico. – Ela se transferiu de facção. Talvez seja por isso.
– Talvez – diz ele, batendo os dedos, da esquerda para a direita, na bochecha.
Quase nos esquecemos de comer nosso café da manhã. – O que será que isso indica a respeito da sua química cerebral? Ou da sua anatomia?
Solto uma pequena risada.
– Não sei. Só sei que estou sempre consciente durante as simulações e às vezes consigo acordar delas. Às vezes, elas nem funcionam. Como na simulação do ataque.
– Como consegue acordar delas? O que você faz?
– Eu... – Tento me lembrar. Parece que faz muito tempo desde que participei de uma simulação, mas faz apenas algumas semanas. – É difícil dizer, porque as simulações da Audácia eram programadas para acabar quando nos acalmávamos.
Mas em uma das minhas... naquela vez em que Christopher descobriu o que eu sou... fiz algo impossível. Quebrei um vidro simplesmente encostando a mão sobre ele.
Caleb assume uma expressão distante, como se estivesse olhando para um lugar muito longe. Sei que nada do que acabei de descrever aconteceu com ele na simulação do teste de aptidão. Por isso, talvez ele esteja tentando imaginar como é a sensação ou como algo assim é possível. Minha bochecha esquenta. Ele está analisando meu cérebro como se analisasse um computador ou uma máquina.
– Ei – digo. – Volte aqui.
– Desculpe – diz ele, concentrando-se novamente em mim. – Mas é simplesmente...
– Fascinante. É, eu sei. Sempre parece que algo sugou a vida do seu corpo
quando você fica fascinado por alguma coisa.
Ele ri.
– Mas podemos mudar de assunto? – peço. – Pode não haver traidores da Erudição e da Audácia por aqui, mas falar sobre isso em público ainda é um pouco estranho.
– Tudo bem.
Antes que Caleb possa prosseguir, a porta do refeitório se abre, e um grupo de
membros da Abnegação entra. Eles vestem roupas da Amizade, como eu, mas também está na cara a qual facção pertencem. Eles são silenciosos, mas não
carrancudos. Sorriem para os membros da Amizade por quem passam, inclinando a cabeça, e alguns deles param para trocar cortesias.
Susan senta-se ao lado de Caleb com um pequeno sorriso no rosto. Seu cabelo loiro está preso em um nó, como de costume, e brilha como ouro. Caleb e ela sentam-se um pouco mais perto do que amigos se sentariam, mas não se tocam.
Ela acena com a cabeça para me cumprimentar.
– Desculpe – diz ela. – Interrompi alguma coisa?
– Não – responde Caleb. – Como vai?
– Vou bem. E você?
Estou prestes a fugir do refeitório para não ter que participar desse tipo de conversa calculada e educada da Abnegação quando Christopher entra no salão com uma expressão perturbada. Ele deve ter trabalhado na cozinha esta manhã, como parte do acordo com a Amizade. Terei que trabalhar na lavanderia amanhã.
– O que aconteceu? – pergunto quando ele se senta ao meu lado.
– Em meio ao entusiasmo para resolver conflitos, parece que a Amizade esqueceu que se meter na vida dos outros só ajuda a criar mais conflitos – diz Christopher. – Se ficar aqui muito mais tempo, vou acabar socando alguém, e não vai ser nada bonito.
Caleb e Susan levantam as sobrancelhas quando olham para ele. Alguns dos membros da Amizade na mesa ao nosso lado param de conversar e o encaram.
– Vocês me ouviram – diz Christopher para eles. Todos desviam o olhar.
– Mas, então – digo, cobrindo a boca para esconder um sorriso –, o que aconteceu?
– Depois eu conto.
Deve ter alguma coisa a ver com Víctor. Christopher não gosta da maneira suspeita com a qual os membros da Abnegação olham para ele quando fala sobre a crueldade de Víctor, e Susan está sentada bem na sua frente. Fecho as mãos sobre meu colo.
Os membros da Abnegação sentam-se à nossa mesa, mas não ao nosso lado.
Eles se sentam a uma distância respeitável, a duas cadeiras da gente, mas a maioria deles acena para nós. Eles eram os amigos, vizinhos e colegas de trabalho da minha família, e, há algum tempo, a presença deles me incentivaria a agir de maneira discreta e humilde. Mas agora ela me faz querer falar ainda mais alto, para me distanciar ao máximo daquela antiga identidade e da dor que a acompanha.
Christopher fica completamente paralisado quando uma mão pousa em meu ombro
direito, causando pontadas de dor por todo o meu braço. Cerro os dentes para não gemer.
– Ela levou um tiro no ombro – diz Christopher, sem olhar para o homem atrás de mim.
– Perdão. – Víctor levanta a mão e se senta à minha esquerda. – Olá.
– O que você quer? – pergunto.
– Dulce – diz Susan baixinho. – Não há necessidade de...
– Susan, por favor – diz Caleb. Ela fecha os lábios em uma linha reta e desvia o olhar.
Franzo a testa ao olhar para Marcus.
– Eu fiz uma pergunta.
– Gostaria de discutir algo com você – diz Víctor. Sua expressão é tranquila, mas ele está nervoso. A tensão em sua voz o entrega. – Eu e os outros membros da Abnegação discutimos e decidimos que não devemos ficar aqui. Acreditamos que, dada a inevitabilidade de maiores conflitos em nossa cidade, seria egoísmo nosso ficar aqui enquanto o que resta da nossa facção continua do lado de dentro daquela cerca. Gostaríamos que você nos escoltasse.
Por essa eu não esperava. Por que Víctor quer voltar para a cidade? Será que é realmente apenas uma decisão da Abnegação, ou será que ele pretende fazer algo por lá, algo ligado à informação que a Abnegação tem?
Eu o encaro por alguns segundos, depois olho para Christopher. Ele relaxou um pouco, mas mantém os olhos fixos na mesa. Não sei por que age assim na presença do pai. Ninguém, nem mesmo Jeanine, assusta Christopher.
– O que você acha? – pergunto.
– Acho que devemos sair daqui depois de amanhã – diz Christopher.
– Tudo bem. Obrigado – diz Víctor. Ele se levanta e senta no outro canto da mesa, com os outros membros da Abnegação.
Aproximo-me de Christopher sem saber como confortá-lo de uma maneira que não acabe piorando as coisas. Levanto a maçã com a mão esquerda e seguro a mão dele sob a mesa com a direita.
Mas não consigo desviar o olhar de Víctor. Quero saber mais sobre o que ele falou com Johanna. E, às vezes, quando queremos a verdade, precisamos exigi-la.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Fer Linhares

Este autor(a) escreve mais 10 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Depois docafé da manhã, falo para Christopher que vou dar uma caminhada, mas sigo Víctor. Achava que ele iria para o dormitório de hóspedes, mas atravessa o campoatrás do refeitório e entra no edifício de filtragem de água. Paro no primeiro degrau que leva à porta. Será que realmente quero faze ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • manoellaaguiar_ Postado em 09/10/2016 - 14:43:04

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 06/10/2016 - 22:22:23

    Continua ❤️

  • manoellaaguiar_ Postado em 04/10/2016 - 18:30:16

    Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 21:14:21

    Brigadaaa! Continuaaa

  • manoellaaguiar_ Postado em 03/10/2016 - 15:53:35

    Continuaaa! Faz maratonaaa!

  • manoellaaguiar_ Postado em 02/10/2016 - 14:43:08

    Eu nunca li o livro convergente pq eu N TO preparada pra aquele negocio que acontece hahahah! Já comprei a quase um ano e ainda tá guardado lá, um dia eu pego ele!

  • manoellaaguiar_ Postado em 01/10/2016 - 19:20:24

    Tá maravilhosaaa! Já vi esse filme e adorei! E tô amando a adaptação agora

  • manoellaaguiar_ Postado em 28/09/2016 - 22:35:16

    Cnttt

  • manoellaaguiar_ Postado em 27/09/2016 - 20:38:10

    Continuaaa

  • Postado em 25/09/2016 - 21:24:21

    Aaai deusss! Continuaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais